Teste (1ª chamada)
23 Novembro 2017, 10:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
TESTE DE METODOLOGIA DE HISTÓRIA DA ARTE
Licenciatura em História da Arte (1ª chamada) 23 de Novembro de 2017, 10-12 h. Docente: Prof. Vitor Serrão
I
Leia atentamente as seis seguintes questões e responda de modo claro, com adequada exposição, em bom português (e caligrafia legível !), com bom domínio de análise e com recurso a exemplos se e quando for necessário, a apenas TRÊS delas:
1. Defina em linhas gerais o que entende por Fortuna Histórica, Fortuna Crítica e Fortuna Estética, etapas fundamentais na organização, estruturação e faseamento de qualquer pesquisa em História da Arte, tendo como objectivo perceber a obra artística em apreço e explicá-la o melhor possível.
2. Em que consiste a vertente da nossa disciplina a que podemos chamar a Cripto-História da Arte e qual a sua utilidade no estudo integrado do Património artístico, em casos de devastação natural, de maus restauros, de incúria, ou de atentados iconoclásticos ? Dê exemplo adequado.
3. Defina o conceito de scintilla divina utilizado por Léon Battista Alberti na sua célebre tratadística e explique a importância prática que auferiu na consciencialização estatutária dos artistas a partir do século XV.
4. De acordo com o historiador de arte Giulio Carlo Argan, a História da Arte e a Crítica de Arte constituem parcelas do mesmo corpo analítico e não é possível vê-las como dimensões diferentes. Qual a sua opinião a este respeito ? Será que todas as obras de arte são mesmo, dentro das suas características de identidade, trans-contemporâneas ?
5. Defina em breves palavras os conceitos de Iconografia, Iconologia e Icononímia. Em que consistem e qual a utilidade que assumem no nosso trabalho de análise da arte ?
6. Entre os novos ‘géneros literários’ que nascem com o Renascimento no mundo das artes, que se entende por parangona ? Dê um exemplo.
II
Desenvolva e comente, com a maior clareza e objectividade, num discurso estruturado e fluente, e recorrendo a factos e exemplos adequados sempre que necessário, UM dos dois seguintes temas:
1. O estatuto social de artista nasceu em circunstâncias especiais – históricas, socio-culturais, tratadísticas, económicas, artísticas – no início do século XV, com o Renascimento e o Humanismo, mas só foi verdadeiramente sedimentado, entre nós, no pleno século XVI. Comente a carta dirigida ao rei D. Sebastião pelo pintor Diogo Teixeira em 1577, à luz da sua argumentação, e explique o modo como tal estatuto laboral se reflectiu na prática dos artistas portugueses pela reivindicação da liberalidade criadora. A carta afirma, entre outras coisas, o seguinte: «Diz dioguo Teixeira, caualeiro da casa do Snor Dom Antonio, que elRei vosso avô, não sendo a arte da Pintura então da calidade em que ora está, (…) anexou individamente os pintores à Bamdeyra de Sam Jorge… como se fossem mecaniquos, quando he uma arte iminente asi dos antíguos, e com numeada antre as liberais em todos os tempos, e celebrada por reis…, e assim, havendo respeito ao sobredito, e por ser hum dos milhores oficiais de imaginarya de olio que há nestes Reynos, pede a S. M. o isente dos serviços a prestar à dita Bamdeira (…)».
2. Como afirmou o historiador de arte e iconólogo alemão Aby Warburg (1866-1929), «a História da Arte é a investigação orientada e inter-disciplinar que pretende atingir o entendimento globalizante (estético, histórico, ideológico, contextual, trans-contextual) das obras de arte à luz da compreensão dos seus ’pontos de vista’ intrínsecos, isto é, das condições culturais, políticas, socio-económicas, laborais, perdurações, continuidades, ideologias – ou seja, o entendimento iconológico das obras». Comente o texto, à luz da nossa disciplina, enfatizando a utilidade de que se reveste para analisar melhor as imagens da arte.