Oficina de Tradução Multilingue tem uma orientação mais panorâmica e a um nível mais abstrato, sendo focada mais na consciência metalinguística dos alunos do que no seu conhecimento sobre as várias línguas de trabalho, dado que uma tal consciência lhes permite serem mais autónomos e mais competentes para identificar e resolver problemas de tradução. Portanto, além de soluções concretas de tradução, os temas propostos são dirigidos aos mecanismos mais subtis da língua que um(a) tradutor(a) deve conhecer para conseguir um texto proficiente na língua de chegada. Os alunos serão incentivados a ir além da mera comparação entre estruturas correspondentes nas várias línguas, para serem capazes de ver, analisar e descrever os mecanismos em que se baseia a decodificação e a transferência de uma mensagem expressa na língua de partida em estruturas válidas na língua de chegada. Dito de outra forma, a cadeira de tradução multilingue vai se posicionar na interface entre a linguística e a tradução e vai ter como objetivo final a formação de um conhecimento metalinguístico (uma consciência metalinguística) sobre os processos cognitivos e linguísticos que ocorrem no processo de tradução e qual a sua ligação com os aspetos culturais e sociais do contexto extralinguístico da língua de partida e da língua de chegada. Deste modo, o desenvolvimento do conhecimento metalinguístico, definido em Bialystok (2001: 124) como “a representação explícita dos aspetos abstratos da estrutura linguística que se torna acessível através do conhecimento linguístico de uma língua particular”, vai ajudar os alunos a identificar as qualidades mais abstratas das línguas e a natureza das (potenciais) relações cross-linguísticas (Halverson, 2018: 12).  

Dessa forma, este seminário vem contribuir para a aquisição pelos alunos da competência de tradução, principalmente definida pela tradução correta de palavras, frases e textos, que é parte componente da competência de tradutor, isso é “saber usar instrumentos e informações para conseguir textos eficientes do ponto de vista comunicativo, que são reconhecidos como boas traduções pela respetiva comunidade” (Kiraly, 2000: 13-14).

Objetivos:
  1. definir e explicar a competências de tradução e as suas componentes;
  2. pensar de uma maneira crítica sobre tradução como habilidade humana e como instrumento de pensamento humano e de expressão; 
  3. apreciar o valor da discordância entre teorias que apresentam respostas alternativas a determinados assuntos relacionados com a tradução e a linguagem humana, sempre acompanhadas de argumentação;
  4. entender o comportamento das línguas em contextos culturais diversos;
  5. descrever a relação entre tradução, linguagem, pensamento e cultura nos seres humanos;
  6. formular perguntas e tentar encontrar respostas relativas às questões teóricas ou práticas ligadas à tradução, usando o enquadramento teórico adequado e a terminologia linguística apropriada; 
  7. familiarizar-se com conceitos linguísticos chave relevantes para a tradução;
  8. aplicar métodos e instrumentos adequados de análise linguística e terminológica;
  9. propor como soluções de tradução os itens lexicais e as formas e estruturas linguísticas mais apropriadas conforme ao tipo de texto para traduzir;
  10.  avaliar alternativas e tomar decisões relativas às formas consideradas adequadas (com justificação bem argumentada das escolhas);
  11.  adequar o estilo ao contexto e ao objetivo dos textos traduzidos;
  12. desenvolver competências de investigação e escrita académica adequadas ao nível universitário de estudos, através de trabalhos escritos e do portfólio de tradução.