III. Paradoxos Semânticos - 5

21 Março 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão

C. O Problema de Moore
8. A análise do problema no âmbito da Teoria dos Actos de Fala (Speech-Acts Theory).
  
8.1. Há casos nos quais frases de conteúdo psicológico na primeira pessoa do singular têm um valor claramente referencial e não expressivo; para estes casos, a solução wittgensteiniana não pode aplicar-se.
8.2. A asserção é um acto de fala; enquanto tal, ela tem condições constitutivas. 
8.3. As condições constitutivas que um acto de fala de que p tem que satisfazer para poder ser considerado como uma asserção de que p são as seguintes: i) a prolação tem que ser acompanhada por uma intenção do falante de providenciar informação à audiência de que p e a audiência tem que reconhecer que essa é a intenção do falante; ii) a condição necessária para que a audiência reconheça que a intenção do falante é providenciar informação de que p é a de que ela desenvolva, em simultâneo, a crença de que o falante crê que p. Portanto, uma asserção de que p tem que ter o propósito de gerar na audiência a seguinte conjunção de crenças: a crença de que p e a crença de que o falante crê que p.     
8.4. Ora, tomar um acto de fala com o conteúdo 'p e não creio que p' como uma asserção verdadeira significaria que seria suposto que, em consequência do mesmo, a audiência teria que gerar a crença de que o falante teria a seguinte conjunção contraditória de crenças 'Creio que p e não creio que p'; nessas circunstâncias, porém, a audiência não poderia reconhecer ao falante a intenção de providenciar informação de que p à audiência; logo, nessas circunstâncias, uma das condições constitutivas da asserção não se encontraria satisfeita e a prolação em causa não poderia ter constituído uma asserção, apesar de ter sido proferida com o aspecto externo de uma asserção.  
8.5. Deste modo, a teoria dos actos de fala é capaz de reconduzir a intuição de absurdo à violação de uma conexão conceptual.

9. A análise doxástica do problema de Moore

9.1. As frases de Moore como definindo conteúdos proposicionais inacessíveis à atitude da crença (e.g., a tese dos pontos cegos de Sorensen)
9.1.1. O problema da definição de critérios de admissibilidade doxástica.
9.1.1.1. A inconsistência como critério de incribilidade.
9.1.1.2. Como definir inconsistência enquanto critério de incribilidade?
9.1.1.2.1. A sugestão da distância dedutiva
9.1.1.2.2. Críticas à sugestão da distância dedutiva
9.1.1.3. As dificuldades de uma definição lógica de critérios de incribilidade.
9.1.2. O problema mais geral da definição dos desideratos subjacentes à formação de crenças.