O principado augustano: um rei? Um cidadão?

2 Abril 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

I.                O que é Octaviano em Roma?


                          i.       Poderes extraordinários (32-27).

                         ii.       Cônsul (31-23).

                       iii.       Imperium proconsulare (27-23).

                        iv.       Princeps senatus (27-).

                         v.       Augustus (27-).

                        vi.       Imperium pronconsulare maius (23-).

                      vii.       Tribunitia potestas (23-).

                     viii.       Pontifex Maximus (12-).

                        ix.       Pater patriae (2 a.C.-).


 

II.              O forum de Augusto.

 

plan of the Forum of Augustus

 

III.             A literatura.

 

No meio de tudo isto, corria ao longe a imagem de um mar túmido, feita de ouro, mas as ondas do mar espumavam com uma alva vaga; e à volta, claros delfins de prata em círculo varriam a planície das águas com as caudas e cortavam o refluxo das ondas. No meio do mar, era possível di­visar frotas de bronze — os combates de Áccio; com Marte a postos, via-se todo o promontório de Leucates ferver, e refulgirem de ouro as vagas. De um lado, estava César Augusto conduzindo os povos itálicos à guerra, junta­mente com os senadores e o povo, com os Penates e os grandes deuses; es­tava de pé, na elevada popa do navio, as suas têmporas cheias de esperan­ça vomitam duas chamas e vê-se a constelação paterna no cimo do elmo. Noutra parte, Agripa com deuses e ventos favoráveis, conduzindo do alto o seu exército; as suas têmporas refulgem cingidas com a coroa naval orna­da de esporões. De outro lado, António com as hastes bárbaras .e as suas armas confusas, que regressava vitorioso dos povos da Aurora e do mar Ver­melho; traz consigo o Egipto, as forças do Oriente e a longínqua Báctria, e segue-o — sacrilégio! — uma esposa egípcia. Ao mesmo tempo, todos se precipitam e toda a planície do mar espuma, revolta pelos remos e pelos es­porões com três dentes dos navios. Dirigem-se para o alto-mar: julgar-se-ia que no pélago navegavam, arrancadas, as Cíclades, ou que altos montes cor­riam para chocar com outros montes, de tal modo os guerreiros investem com os navios munidos de enormes torres! Com a mão se espalha a chama ateada na estopa, e o ferro voa nas armas arremessadas — os campos de Neptuno ficam vermelhos com o morticínio, de uma maneira nova, nunca vista. No meio, a rainha chama as suas tropas com o sistro pátrio, sem ver ainda as duas serpentes atrás de si. Monstruosas figuras divinas de todas as espécies e o ladrador Anúbis empunham armas contra Neptuno e Vénus, contra Minerva. No meio da peleja se agiganta o colérico Marte, cinzelado no ferro do escudo, e as funestas Fúrias descem do alto éter. Rejubilante, com a túnica rasgada, avança a Discórdia, a quem Belona"' segue com o sangrento azor­rague. Vendo isto, Apoio Áccio"' distendia lá do alto o seu arco: com tal ameaça, todo o Egipto e toda a índia, todos os Árabes e Sabeus fugiam. Até se via a própria rainha a entregar as velas aos ventos que invocara em seu socorro, soltando os cordames cada vez mais. No meio do morticínio, páli­da por pressentir a morte próxima, assim a esculpiu o Ignipotente, a ser le­vada pelas ondas e por Jápix; à sua frente, entristecido, o Nilo de grande cor­po, abrindo a prega da túnica, estendendo as vestes e chamando os povos vencidos para o seu cerúleo regaço e para os secretos esconderijos dos seus afluentes. Ao lado, César, conduzido às muralhas de Roma por um triplo triunfo'", oferecia aos deuses itálicos um sacrifício imortal — trezentos mag­níficos templos, por toda a cidade. Estremeciam de alegria as ruas, ao som dos jogos e dos aplausos. Em todos os templos, um coro de matronas; em todos eles, altares; diante dos altares, bois imolados jazem por terra, O pró­prio César em pessoa, sentado no níveo trono do candente Febo, observa com atenção as oferendas do povo e prende-as às soberbas portas. Em lon­ga fila avançam os povos vencidos: tão diversas são as línguas quantas as ar­mas e as formas de trajar. Aí gravara Múlciber as raças dos Nómadas e os Afros que não. cingem as vestes; aí figuravam também os Léleges e os Cá-ios, e os Gélones armados de flechas; o Eufrates a correr, já mais apazigua­do no seu curso; os Morinos, homens que habitam os confins do mundo, o Reno bicorne"', os indómitos Daas e o Araxes indignado com a sua pontes".

Vergílio, Eneida 8.675-728 (trad. L. Cerqueira)

 

“Quando eu queria falar sobre batalhas e cidades

vencidas, Febo repreendeu-me batendo na lira,

     não fosse eu navegar através do mar Tirreno,

com minha pequena vela. A tua idade, César,

trouxe de novo aos campos as férteis searas,

restituiu ao nosso Júpiter as insígnias,

    arrancando-as das arrogantes portas

dos Partos, e fechou,

livre de guerras, o templo de Jano Quirino,

e pôs um freio à devassidão que se afastava

    do bom caminho, eliminou as nossas culpas,

e fez reviver o antigo modo de vida,

mercê do qual cresceu o nome latino

e a força da Itália, e a fama e a majestade do Império,

     que se estende donde o sol nasce

até a Hespéria, onde se deita”.

Horácio, carm. 4.15.1-16 (trad. P. Braga Falcão).

 

IV.             A arte.

 

primaporta1 

↑ Augusto (ca. 20 a.C.)

primaporta5

↑ couraça (pormenor)

primaportacuirass2

↑ Submissão do rei dos Partos a Roma, simbolizada pela entrega do estandarte a um general romano (os Partos eram o povo que governava a Mesopotâmia e a Pérsia).

primaporta12

↑(da esq. para a dta.) Apolo, deus do sol, Celo [deus do Céu, que desdobra um véu que simboliza o arco celeste]; Diana, deusa da lua, e Aurora, a deusa alada do nascer do dia.      

 

primaporta7

 ↑ personificação da Terra