The frozen waste theory e a reacção democrática.
8 Março 2018, 10:00 • Rodrigo Furtado
I. A construção da República: um processo longo.
II. Os instrumentos: prosopografias.
1. Prosopographia Imperii Romani saec. I, II, III, editio altera, VIII partes, Berlin, 1933-2009 (= PIR2).
2. M. Th. Raepsaet-Charlier, ed. (1987), Prosopographie des femmes de l'ordre sénatorial : Ier-IIe siècles, Lovanii, 2 vol. (= FOS).
III. A frozen waste theory.
1. Textos fundamentais:
a. M. Gelzer (1915), Die Nobilität der römischen Republik, Berlin, 1912 [trad. ingl. (1969), Roman nobility, Oxford].
b. F. Münzer (1920), Römische Adelsparteien und Adelsfamilien, Stuttgart (trad. ingl. Roman Aristocratic Parties and Families, Baltimore and London, 1999rev.).
c. N. Rouland (1979), Pouvoir politique et dépendance personelle dans l’antiquité romaine, Bruxelles.
d. L. Burckhardt (1990), ‘The political elite of the Roman Republic: comments on recent discussion on the concepts of Nobilitas and Homo Nouus’, Historia 39, 80-84.
2. Teses:
a. Pequena oligarquia muito fechada e endogâmica que controla a cidade (cf. árvore genealógica dos Cipiões-Paulos);
b. Eleições e votações determinadas pelas relações de clientela;
c. Processo eleitoral e votações meramente formal: comportamento eleitoral determinado por pré-conceitos sociais.
3. As liturgias da visibilidade:
a. O culto aos deuses Manes;
b. As máscaras dos antepassados;
c. Os funerais de um nobre;
‘Sempre que um dos seus homens ilustres morre, durante o funeral, o corpo […] é levado para o forum, para os Rostros, como se chama uma espécie de plataforma aí erguida. […] O seu filho […] sobe aos Rostros e faz um discurso sobre as virtudes do falecido e as façanhas por ele realizadas ao longo da vida. […] Depois do funeral, […] colocam uma imagem do falecido no local mais visível da casa […]. Estas imagens são mostradas nos sacrifícios públicos, adornadas com muito cuidado. E quando algum outro membro ilustre da família morre, estes máscaras são levadas por homens […] o mais parecidos possível com os originais, em tamanho e peso. E estes substitutos vestiam-se com roupas de acordo com o estatuto da pessoa representada. […] Quando chegavam aos Rostros, todos eles se sentavam nas carruagens de marfim, de acordo com a sua ordem de precedência. Dificilmente haveria espectáculo mais inspirador para um nobre jovem ambicioso e com aspirações virtuosas’ (Políbio 6.52-54).
d. A generosidade aristocrática: o do ut des aristocrático.
4. Os critérios das escolhas dos senadores.
a. Nascimento;
b. Currículo político e militar;
‘A maior parte dos Romanos concorda que este homem, Lúcio Cipião, foi o melhor de entre os homens bons. Filho de Barbato, aqui foi cônsul, censor, edil [?]. Ele tomou a Córsega e a cidade de Aléria. Ofereceu às Tempestades um templo merecido’ (CIL 12.8–9).
c. Mos maiorum.
‘Conseguiu as dez coisas maiores e melhores que os homens sábios passam a vida a procurar: quis ser um o primeiro dos guerreiros, o melhor orador, o general mais forte, administrar os mais elevados assuntos com a sua autoridade, gozar da máxima honra, ter a máxima sabedoria, ser tido como o mais importante senador, conseguir grande riqueza de forma honesta, deixar muitos filhos e ser o mais ilustre homem na cidade’ (elogio fúnebre de Lúcio Cecílio Metelo, cos. 251, 247 apud Plin. nat. 7. 62).
IV. A reacção democrática.
1. Textos fundamentais:
a. L. Perelli (1982), II movimento populare nell'ultimo secolo della repubblica, Turin.
b. K. Hopkins, - G. Burton (1983), Death and Renewal. Sociological studies in Roman history, Cambridge.
c. F. Millar (1984), ‘The political character of the classical Roman Republic’, JRS 74, 1 -19;
d. R. Develin (1985), The practice of politics at Rome, Bruxelles.
e. P. A. Brunt (1988), The fall of the Roman Republic, Oxford.
2. Teses:
a. Oligarquia aberta à entrada de novas gentes no sistema;
b. Relações clientelares: menos fechadas e previsíveis, mais negociadas;
c. Carácter imprevisível das votações.
V. Os dados sociológicos [cf. Hopkins-Burton (1983)].
Quadro 1 |
232-183 a.C. |
182-133 a.C. |
132-83 a.C. |
82-33 a.C. |
Gentes patrícias com cônsules |
13 |
11 |
10 |
7 |
Nº total de cônsules patrícios |
47 |
34 |
22 |
20 |
Gentes plebeias com cônsules |
25 |
28 |
40 |
39 |
Nº total de cônsules plebeus |
43 |
53 |
67 |
65 |
Gentes patrícias ou plebeias com apenas um cônsul eleito durante o período |
17 |
17 |
30 |
24 |
Quadro 2 |
Cônsules de (datas a.C.) que tiveram antepassados ou descendentes consulares (%): |
||||||
|
249-220 |
219-195 |
194-170 |
169-140 |
139-110 |
109-80 |
79-50 |
Avô e Pai consulares |
8 |
22 |
20 |
24 |
23 |
25 |
17 |
Apenas Pai consular |
30 |
16 |
10 |
18 |
33 |
16 |
17 |
Apenas Avô consular |
8 |
8 |
16 |
11 |
5 |
12 |
16 |
Apenas Bisavô consular |
2 |
5 |
0 |
4 |
2 |
8 |
16 |
Quadro 3 |
Cônsules |
Cônsules |
|||
249-220 a.C. |
219-195 a.C. |
194-140 a.C. |
139-80 a.C. |
79-50 a.C. |
|
% de cônsules/pretores com filhos com sucesso político |
53 |
62 |
48 |
43 |
34 |
% de cônsules/pretores provenientes de famílias consulares ou pretorianas |
64 |
86 |
59 |
52 |
36 |
VI. Problemas.
1. Entre 2/3 e 4/5 da elite consular não era estável;
2. Contudo: confirma-se existência de uma elite senatorial hereditária;
3. Por que razão se perdia estatuto social? Qual é o elemento de controlo? Apoio do populus?
4. Era o processo de aceitação ou de rejeição determinado apenas ou sobretudo pelas eleições ou pelo apoio do populus?
5. O apoio dos nobiles a um dado candidato era determinante ou não no processo eleitoral?