Estratificação social, cerimónias religiosas animistas e sobrevivência da etnia Bijagó

6 Dezembro 2019, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

DEZEMBRO                                               6ª FEIRA                                          23ª Aula

 

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Nesta aula fizemos leitura acompanhada e comentada de excertos da obra Inventário sobre artesanato, dança e cantiga Bijagó de Rui Jorge Semedo com a intenção de salientar as diversas fases por que passam homens e mulheres na sociedade Bijagó e que correspondem a processos de crescimento e amadurecimento orientados por cerimónias e rituais, considerados de grande importância na integração social deste povo.

Verificámos ainda que a estruturação destas fases, cada uma delas designada por nome específico em língua Bijagó, mantém um carácter de absoluta inflexibilidade o que acentua a dependência hierárquica do funcionamento destas celebrações que se praticam desde há séculos e que suportam a coesão entre as várias gerações. O bem comum está acima da individualização e a expressão artística (artesanato, dança e canto) incorpora o modo como estas etapas são assinaladas e como é justificada a relação com Nindo (Deus) e Irãs (espíritos que povoam a Terra e as águas oceânicas podendo sempre intermediar entre os seres humanos e o divino).

Foi-nos perceptível que existem fissuras em alguns comportamentos de jovens em relação aos mais velhos, em função do natural desejo de querer experimentar mundos diversos fora do horizonte do Arquipélago. O processo de adaptabilidade geracional, a par das novas opções de cultivo da terra (cultura extensiva de caju) e dos frequentes actos predatórios em relação à pesca parecem constituir as principais preocupações deste povo.

No entanto, a representatividade da arte mantém-se de forma tradicional. E isso deverá constituir motivo da nossa reflexão.

Veremos na próxima aula obra completa (64’), cedida pela LX-Filmes, sobre estas questões. Também faremos visionamento sobre a importância de conhecer as plantas sagradas.

Estes dois objectos documentais permitem-nos perceber a importância da Natureza nas tomadas de posição entre velhos e jovens.

 

 

Leituras recomendadas

DAMÁSIO, António 2017. A Estranha Ordem das Coisas – A vida, os sentimentos e as culturas humanas, Lisboa: Temas e Debates | Círculo de Leitores. Pesquisa orientada a partir de índice de conceitos no final da obra. O conceito em estudo é homeostasia. A referência no volume em papel é a p. 374.

SARAIVA, Clara 2015. Os Sítios Sagrados no Arquipélago dos Bijagós, Lisboa: Instituto Marquês de Valle Flor.

http://www.imvf.org/wp-content/uploads/2018/02/estudositiossagradosfinal.pdf

SEMEDO, Rui Jorge 2015. Inventário sobre artesanato, dança e cantiga Bijagó, Lisboa: Instituto de Marquês de Valle Flôr.

http://www.imvf.org/wp-content/uploads/2017/12/estudoartesanato_final.pdf

 

Pequenos vídeos

https://www.youtube.com/watch?v=P9EN8_jvOfI 4’32

https://vimeo.com/300486291 (No reino secreto dos Bijagós, um excerto do filme) 12’54

https://www.youtube.com/watch?v=6cEQAKYnFoA (Neram N’Dok) 40’54

 

Mapas observados

http://www.africa-turismo.com/mapas/guine-bissau.htm

https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Modelo-digital-de-terreno-da-Guine-Bissau_fig1_276550761

http://carlserra2003.tripod.com/mapaGB.htm

http://www.africa-turismo.com/guine-bissau/mapa-bijagos.htm

https://www.uniaonet.com/afgarqbijagos.htm