Viajar na arte com diário de bordo

18 Outubro 2016, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

Dedicámos a aula a um assunto de grande importância para nós – o diário de bordo – que deve ser considerado um instrumento de trabalho para quem assiste, em moldes pré-profissionais mas sobretudo como espectador orientado, a espectáculos artísticos, independentemente do género dos mesmos. Mantemos regularidade na escuta e comentário destes contributos que sinalizam os espectáculos prioritariamente vistos em conjunto ou de forma independente mas sempre escolhidos por todos.

É nossa intenção criar por fixação escrita pequenos recortes individuais que recuperem de um espectáculo aquilo que prevaleceu da memória do mesmo no espectador. Este exercício, que não pretende ser um objecto crítico ao espectáculo, tem antes a função de traçar um percurso espácio-temporal de confluência entre diferentes estimulações a que o espectador é sujeito durante a função. Convergem, assim, num determinado momento ou sequência de momentos, emoções e sentimentos de emoção (Damásio, 2010: 160), estimulados pelo que se vê e escuta mas também por outros sentidos, e sobretudo pelo efeito causado de forma interactiva pelo passado do espectador através da sua memória.

Os testemunhos escutados até ao presente revelam um grau de compatibilidade entre o que terá acontecido e aquilo que o testemunhante de forma verdadeira relata. Este exercício pode contribuir para melhor conhecermos o que connosco acontece durante um espectáculo e como a nossa disponibilidade para a arte, para as artes performativas, se torna mais sinergética em relação a nós mesmos e ao objecto espectado.

 

Vimos e comentámos um documento por mim redigido e que dá deste fenómeno – espectação artística – uma perspectiva geral dos muitos diários de bordo que terei escrito ou pensado.

 

 

Documento de acompanhamento regular:

MENDES, Anabela, Pequeno manual para espectadores que desejam aprender a ver melhor o que por vezes escapa ao seu interesse e que, assim vendo, se posicionam para melhor sentirem que são vistos, dactiloscrito, Fevereiro de 2015.