Formação e investigação em história do império português: desafios e perspectivas englobantes (esta aula foi ministrada por Manuel Lobato)

4 Fevereiro 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

O estudo dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa: os caminhos sinuosos e as problemáticas da historiografia. "Sem se sair da Índia não se pode explicar a Índia" encontra o seu contraponto na afirmação "Sem se sair de Lisboa, não se compreende o império colonial português". O longo caminho da historiografia portuguesa do Estado Novo aos tempos atuais: de perspetivas estruturadas em torno de personagens heroicas e duma giesta expansionista e nacionalista, de exaltação da Fé e do Império, com forte pendor ideológico ligado à ascensão dos fascismos na Europa a visões críticas que consideram a presença dos portugueses a nível global, compreendida no âmbito dos espaços e das populações extraeuropeias e de olhares "a partir do terreno". Como análise marcante desenvolvida a partir dos anos 1950/70, considerem-se as influências braudelianas e marxistas presentes nas discussões que analisam as origens da expansão portuguesa à luz da crise de 1383-85 e das formas de guindar ao poder os grupos sociais excluídos (burguesia). Os temas não estudados pela historiografia tradicional: o tráfico de escravos e a mestiçagem. O império português como uma "construção mestiça" e a importância da etno-história nesta análise. "Novas" produções historiográficas marcam o retorno a preocupações e temas que constituíram, no passado, a história do império colonial. 

Historiadores: Sanjay Subrahmanyam; Marc Block; Duarte Leite; António Borges Coelho; António Sérgio; Vitorino Magalhães Godinho; Alexandre Lobato; Tamar Herzog; Malyn Newitt

Cronistas: Fernão Lopes; Gomes Eanes de Zurara