Como fazer história do império asiático português no século XXI (aula ministrada por Jorge Flores)

11 Março 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

O império asiático português como uma realidade política e administrativa que se estende de Moçambique à China e ao Japão, constituído por feitorias e fortalezas, formado desde o século XVI. Novos problemas: pensar este império como sendo um império à distância, a circulação e a comunicação, o tempo da viagem. O império português da Ásia visto pelos historiadores nos últimos 50 anos. O período do Estado Novo: uma visão apologética do império, uma história linear e centrada em factos e grandes figuras heroicas, valorizando a conquista e o pioneirismo dos portugueses. A historiografia deste período foi condicionada pelo regime político-intelectual-ideológico. A valorização das fontes e a edição de coletâneas documentais. A historiografia depois dos anos de 1970: o triunfo da história econômica e social e a influência da historiografia dos Annales. Debates em torno da gênese dos descobrimentos e da expansão portuguesa: uma expansão moldada pela ideia de economia-mundo, pela circulação de produtos, mercadores, redes de comércio, quantidades, preços. O império visto como uma máquina económica. Os novos caminhos para uma história dos império português em conexão com outros impérios europeus. A noção, cada vez mais nítida, que os "outros" não são passivos; outras formas de estudar os impérios e as dinâmicas imperiais. A importância de se conhecerem a sociedade, a política, a geografia das outras organizações políticas em contacto com o império; a história marítima. O processo de "desnacionalizar" as perspectivas nacionais imperiais com o objetivo de obter visões globais e conectadas, que quebrem as "insularidades" da história dos impérios europeus. A importância da cultura visual e da circulação das formas. Embora não se esquecendo o que se fazia antes, deve-se, contudo, estar atento às novas problemáticas do século XXI.


Fontes: Documentação para a História das Missões do Padroado Português no Oriente, Documentação Ultramarina Portuguesa; Boletim da Filmoteca Ultramarina Portuguesa

Historiadores: António da Silva Rego, Fernand Braudel, Vitorino Magalhães Godinho, António Borges Coelho, Virginia Rau, A.H. de Oliveira Marques, Romain Bertrand, George Winius. Sarah Mazer, Bruno Cardoso Reis