O Desafio da Relatividade

27 Abril 2021, 11:00 Ricardo Santos

Exame minucioso do conflito entre as teorias dinâmicas do tempo e a teoria da relatividade restrita (TRR). A TRR implica que a simultaneidade é relativa a um referencial de inércia e não é uma relação transitiva. A tese presentista afirma uma equivalência forte entre as noções de 'presente' e 'existente' (ou real). Há uma relação analítica entre as noções de 'presente' e 'simultâneo'. Pode aquilo que existe estar dependente do referencial adoptado? O argumento de Putnam contra o presentismo. Putnam pretende transformar a sua refutação do presentismo numa demonstração de eternismo -- e, adicionalmente, do fatalismo. Três observações críticas de Howard Stein: (i) o argumento a favor do eternismo parte de premissas inconsistentes e, por isso, não vale como prova; (ii) o fatalismo usa noções absolutas de passado, presente e futuro, cuja legitimidade foi posta em causa pela TRR; (iii) a TRR é compatível com uma nova concepção da evolução temporal como um tornar-se real de algo que não é ainda (aqui-e-agora) real.

Os presentistas clássicos (Prior, Markosian, Bourne, Zimmerman) tentam manter a transitividade da simultaneidade, o que implica defender a simultaneidade absoluta. Com que base se poderia defender a existência de uma foliação privilegiada do espaço-tempo? Seria viável um regresso à teoria do éter de Lorentz? A teoria da relatividade geral é mais favorável ao presentismo? Que forma terá uma teoria quântica da gravidade? Será compatível com a existência de simultaneidade absoluta? É possível que o tempo seja simplesmente ilusório?

Uma estratégia alternativa: "preparar-se para o pior" (em vez de "esperar para ver"). A ideia de um novo presentismo relativista. A relativização a pontos do espaço-tempo é aceitável? Uma objecção e três réplicas. A proposta de uma lógica espácio-temporal (Correia e Rosenkranz). Redefinir o presente: o presentismo de laço.