Sumários
Os Paradoxos das Viagens no Tempo
4 Maio 2021, 11:00 • Ricardo Santos
David Lewis sobre os paradoxos das viagens no tempo (VT). Tese de Lewis: as VT têm consequências estranhas, mas são possíveis. Dois tipos de VT: deslizamentos (time-slides) e saltos (time-jumps). A teoria da relatividade restrita implica a possibilidade de deslizamentos para o futuro. Análise de VT (do tipo deslizamento para o passado): a distância temporal entre Partida e Chegada é dupla: e.g. 1 hora no tempo do viajante, 50 anos no tempo exterior. Diferença entre tempo exterior e tempo pessoal. Consequência do perduracionismo de Lewis: o viajante para o passado é uma "lagarta" temporal com forma de zig-zag. Os acontecimentos adquirem localizações múltiplas. Conexões com o problema da identidade pessoal: a continuidade psicológica é o que une os segmentos temporais de uma pessoa. A causalidade invertida é uma consequência das VT. A possibilidade de loopings causais. Pode o viajante mudar o passado? A resposta de Lewis: da mesma maneira que "actuamos" sobre o presente ou futuro, também podemos "actuar" sobre o passado. Formas paradoxais de VT: o caso do auto-infanticídio. Explicação de Lewis para ambiguidade de "pode": o possível é aquilo que é compossível com certos factos, que mantemos fixos; considerável dependência contextual dos juízos de possibilidade. Uma dificuldade para esta solução: a experiência mental de Horwich ("instituto para o auto-infanticídio") e o problema das "demasiadas coincidências".
O Desafio da Relatividade
27 Abril 2021, 11:00 • Ricardo Santos
Exame minucioso do conflito entre as teorias dinâmicas do tempo e a teoria da relatividade restrita (TRR). A TRR implica que a simultaneidade é relativa a um referencial de inércia e não é uma relação transitiva. A tese presentista afirma uma equivalência forte entre as noções de 'presente' e 'existente' (ou real). Há uma relação analítica entre as noções de 'presente' e 'simultâneo'. Pode aquilo que existe estar dependente do referencial adoptado? O argumento de Putnam contra o presentismo. Putnam pretende transformar a sua refutação do presentismo numa demonstração de eternismo -- e, adicionalmente, do fatalismo. Três observações críticas de Howard Stein: (i) o argumento a favor do eternismo parte de premissas inconsistentes e, por isso, não vale como prova; (ii) o fatalismo usa noções absolutas de passado, presente e futuro, cuja legitimidade foi posta em causa pela TRR; (iii) a TRR é compatível com uma nova concepção da evolução temporal como um tornar-se real de algo que não é ainda (aqui-e-agora) real.
Os presentistas clássicos (Prior, Markosian, Bourne, Zimmerman) tentam manter a transitividade da simultaneidade, o que implica defender a simultaneidade absoluta. Com que base se poderia defender a existência de uma foliação privilegiada do espaço-tempo? Seria viável um regresso à teoria do éter de Lorentz? A teoria da relatividade geral é mais favorável ao presentismo? Que forma terá uma teoria quântica da gravidade? Será compatível com a existência de simultaneidade absoluta? É possível que o tempo seja simplesmente ilusório?
Uma estratégia alternativa: "preparar-se para o pior" (em vez de "esperar para ver"). A ideia de um novo presentismo relativista. A relativização a pontos do espaço-tempo é aceitável? Uma objecção e três réplicas. A proposta de uma lógica espácio-temporal (Correia e Rosenkranz). Redefinir o presente: o presentismo de laço.
A Relatividade Contra o Presente
20 Abril 2021, 11:00 • Ricardo Santos
As teorias dinâmicas do tempo, como o presentismo, postulam uma distinção real e objectiva entre o passado e o futuro e, por isso, consideram que o presente é um tempo especial. Questão principal: o presentismo foi refutado pela teoria da relatividade restrita (TRR) (Einstein 1905). A constância da velocidade da luz e a relatividade da simultaneidade. Análise de uma experiência mental que ilustra a relatividade da simultaneidade. Dilatação do tempo e contracção do espaço. Viajar para o futuro. A geometria do espaço-tempo de Minkowski. O intervalo de espaço-tempo como quantidade invariante, que admite valores positivos (distância do tipo espaço), nulos (distância do tipo luz) ou negativos (distância do tipo tempo). Os cones de luz, passado e futuro, de um ponto do espaço-tempo. Futuro absoluto, passado absoluto e alhures absoluto. Os acontecimentos localizados no alhures absoluto de um ponto são afectados pela relatividade da simultaneidade. A TRR contra o privilégio do presente.
O Problema das Bases
13 Abril 2021, 11:00 • Ricardo Santos
A objecção das bases contra o presentismo: se o passado não existe, como pode haver verdades acerca (de aspectos contingentes) do passado? A ideia intuitiva de que a verdade depende do mundo. O princípio de que a verdade requer fazedores-de-verdade (truthmakers). Dificuldades para este princípio: existenciais negativas; verdades necessárias; necessidade de uma ontologia de estados de coisas ou de factos. O princípio da sobreveniência da verdade relativamente a que coisas existem e que propriedades (ou relações) são por elas exemplificadas. Reformulação da objecção das bases: de acordo com o presentismo, o mundo poderia ser exactamente como é, mas ter tido um passado diferente.
Realismo modal ersataz, ou actualismo, e presentismo ersatzer: mundos e tempos como entidades abstractas - conjuntos de proposições (com as propriedades especiais da consistência e da maximalidade). A resposta ersatzer à objecção das bases: a série ordenada de tempos abstractos que representa a história actual do mundo faz parte de como o mundo é presentemente.
Duas dificuldades para o presentismo ersatzer: (1) Os tempos abstractos são fazedores-de-verdade apropriados? (2) Como conciliar o presentismo com o temporarismo e com a dependência das proposições singulares relativamente aos objectos sobre os quais são?