Bauhaus - Escola aberta a muitas influências
6 Outubro 2020, 15:30 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
Colaboração de convidados:
Ângela Orbay, especialista em Têxteis e Performance, artista e professora - 1 sessão completa de 90 min. X 3 dedicada ao tema dos têxteis e à ligação com a nova anatomia da Bauhaus.
Têxteis nas artes performativas
Parte 1
Introdução
Têxteis coreológicos, propriedade dos têxteis na criação e produção coreográfica, apresentação do documento.
1-Funcionalidades e Propriedades;
-Contacto com materiais, recolha e identificação de amostras de tecido;
-Organização por características físicas dos materiais;
Elasticidade, resiliência, transparência, peso, cor e textura.
2-Mensagem e significado
- Matéria têxtil e a informação que carrega, e as mensagens que pode gerar em experimentos visuais/ tácteis;
- Experiência subjetiva com os materiais;
-As sensações, percepções, movimento e simbolismo.
Parte 2
Bauhaus /Figurinos/ Movimento
O novo perímetro do corpo, as novas anatomias, que por si provocam novas (i)mobilidades e alteração do movimento.
26 e 27 (Zoom) de Outubro
Sara Anjo, bailarina, coreógrafa e professora - 1 sessão completa de 90 min. X 3 dedicada à apresentação do trabalho da coreógrafa norte-americana e centenária, Anna Halprin, e em como a sua actividade artística foi influenciada pelo movimento da Bauhaus; 1 sessão completa de 90 min. X 3 dedicada à apresentação do novo projecto coreográfico de Sara Anjo, Danças a Traçar - partituras para respirar, caminhar e relação com o trabalho da Anna Halprin, seguida de exercício de escrita de partituras dedicado às acções de respirar, caminhar e parar.
2 e 3 de Novembro (Zoom), 9 e 12 de Novembro (Zoom)
Mário Afonso, bailarino, coreógrafo e professor.
Partituras para um espaço cénico.
Nestas duas sessões vamos explorar diferentes abordagens à criação de partituras de movimento, mais ou menos formais, no âmbito das artes performativas. Estas propostas serão desenvolvidas individualmente e em grupo.
23 e 30 de Novembro
Maria João Vicente, actriz, dramaturgista, produtora e professora na Escola Superior de Teatro e Cinema, doutoranda do curso em Estudos de Teatro, FLUL.
A professora convidada fará uma reflexão sobre os defeitos e as virtudes da Escola da Bauhaus, ajustando o seu modelo a experiências artísticas da realidade portuguesa.
7 de Dezembro
TEORIA E ESTÉTICA DAS ARTES DO ESPECTÁCULO
TEORIA E ESTÉTICA DO TEATRO
Calendarização lectiva
Versão sempre em actualização
Horário: 2ªs das 14:00 às 15:30 – aulas presenciais TP1A
2ªs das 15:30 às 17:00 - aulas presenciais TP1B
Sala – 7.1
e 3ªs das 15:30 às 17:00 – aulas ZOOM
Recepção de alunos – 2ª feira das 13:00 às 14:00 (marcação prévia) na sala 2.2 ou em lugar alternativo.
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AULA ZOOM
Discurso sobre proximidade e distância
Iniciaremos este semestre num particular modo experimental e adaptativo como nunca antes acontecera. Aquilo a que fomos sujeitos entre Março e Junho/Julho não é bem a mesma coisa do que nos espera agora.
Há a vontade e a iniciativa de repor o modelo presencial, condicionando-o a relações de espaço e de ajuntamento. O figurino de aulas a que agora nos sujeitamos, representado pela fórmula simples 90x3, é um modo de lidarmos com uma realidade que separa e junta ao mesmo tempo.
Quero crer que daremos o nosso melhor e para isso precisamos de espírito de equipa. A entreajuda constitui o nosso pilar fundamental.
Temos uma longuíssima tradição de muitos e muitos séculos de aprendizagem escolar ao vivo, em espaço fechado e nem sempre muito arejado, mas também ao ar livre. Naturalmente que esta última possibilidade mantém correspondência com a nossa natureza como seres sociais e que continuamos a considerar ser o ensino em presença um bem muito caro a todos.
Neste novo quadro de gestão de espaços (presencial e digital), por razões sanitárias, faz sentido recordar o modo como os filósofos peripatéticos, na Grécia Antiga, mantinham os seus diálogos com Aristóteles caminhando. Exercitavam o corpo ao ar livre, convictos de que o movimento físico ajudava ao desenvolvimento mental.
Rafael Sanzio, Escola de Atenas, 1509-1510, Palácio Apostólico, Vaticano, afresco, 500 cm X 700 cm
Os danos colaterais, mas também as vantagens, decorrentes do modelo misto, não nos podem ser imputados de forma ligeira. É o caso, por exemplo, das aulas por ZOOM que ao não nos arredarem do espaço privado desencadeiam uma postura de relaxamento que não invalida, em muitos casos, a composição coreográfica. Tornamo-nos artífices daquilo que queremos mostrar aos outros. Em aulas presenciais não nos preocupamos com o espaço: inserimo-nos nele. Quando muito abrimos ou fechamos uma janela, uma porta. Sentamo-nos junto de colegas com quem temos afinidades. Eu costumo andar na sala em várias direcções. Desta vez, porém, as razões que orientam o processo lectivo não presencial são alheias ao modo como estamos habituados a trabalhar. Tal circunstância poderá despertar em nós vontade colaborativa face aos desafios a que formos sujeitos. Estamos todos descalços e à procura dos mais confortáveis sapatos com que possamos caminhar. Também é verdade que, ao contrário de mim, a maioria dos alunos possui grande agilidade no domínio digital. É para essas capacidades que apelo desde já, na firme convicção de que estaremos todos a aprender com uma realidade que directamente nos afecta.
· Data de realização do 1º teste de avaliação: dia 16 de Novembro de 2020. Duração da prova com consulta: uma hora e vinte minutos. O resultado e a correcção desta prova serão apresentados no dia 24 de Novembro de 2020, salvo se houver qualquer imponderável.
· Data de realização do 2º teste de avaliação: dia 14 de Dezembro de 2020. Duração da prova com consulta: uma hora e vinte minutos.
· Os resultados do 2º teste, sua correcção e toda a avaliação final de cada aluno serão apresentados e discutidos no dia 4 de Janeiro de 2021, em horário de aula.
Apresentação do filme documental Bauhaus – Modell und Mythos (Bauhaus – modelo e mito) de 2009.
Abertura
Optei por criar uma atmosfera de choque imediato em relação ao programa proposto, avançando com a apresentação do filme Bauhaus – Modell und Mythos (Bauhaus – modelo e mito) de 2009, dos realizadores Kerstin Stutterheim (professora de Ciências da Comunicação) e Niels Bolbrinker.
Perante um objecto documental e artístico, orientado por testemunhos de antigos alunos da Escola, em diferentes fases da sua existência, julgo que tenhamos estímulos necessários para introduzir o programa a partir da experiência de visionamento.
A apresentação do documentário decorrerá em duas aulas, não só pela sua extensão, mas também porque queremos interrogar este objecto de forma apropriada. Questionar-nos-emos a partir dos nossos pontos de vista sobre a matéria visualizada e que incide sobre um tempo que não vivemos, sobre uma realidade histórico-artística e política para a qual iremos despertar durante este semestre.
Este filme é um possível cartão-de-visita para o entendimento da construção de uma utopia artístico-pedagógica que se baseou em princípios ideológicos democráticos, por vezes anarquistas, aceitando o conservadorismo de alguns mestres, ou a simpatia por ideias comunistas de outros tantos, sempre com o propósito de reformar o ensino das artes e torná-lo rico em experiência multiorientada entre a prática e a teoria.
Diagrama curricular introduzido nos estatutos da Bauhaus, 1922
O espírito de reforma anunciado nos primeiros anos da Escola procurava abrir-se a tendências estéticas, pedagógicas e de formação que dependiam da aprovação do Conselho de Mestres em exercício, mas que adquiriam nas aulas e oficinas a verificação das suas potencialidades. Foi o caso, numa primeira fase, da aplicação de algumas das ideias do movimento filosófico do neo-zoroastrismo (Johannes Itten e Gertrud Grunow) que a Europa então descobria, ou o aval dado ao movimento Arts & Crafts desenvolvido em ateliers no Reino Unido e que defendia a criação artesanal como alternativa à produção em série e mecanizada. O referido movimento estético e pedagógico defendia ainda uma linha de conduta que recusava pudesse haver qualquer diferença entre o artesão e o artista.
A inspiração vinda do exterior, por exemplo, recebe através do Construtivismo soviético e do funcionalismo (Hannes Meyer, Lásló Moholy-Nagy) estímulo suficiente para marcar as artes gráficas, a arquitectura e o design.
A Escola da Bauhaus também se interessou, no campo das influências, por recuperar em termos arquitectónicos o Gótico medieval germânico e de lhe dar nova configuração.