Oskar Schlemmer, o trabalho político e a descendência

7 Dezembro 2020, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

DEZEMBRO                      2ª FEIRA                              19ª Aula

 

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Os endereços electrónicos aconselhados para serem visualizados em casa permitiram alargar o âmbito do trabalho coreográfico posterior à vida de Oskar Schlemmer, mas baseado nas suas obras para dança.

Tivemos oportunidade de visualizar em imagem a relação geometricamente medida e desenhada através da qual o espaço circunscreve a figura humana criando com ela uma abrangência total. Seguindo a presença humana no centro do desenho, apercebemo-nos de um duplo movimento a realizar. Por um lado, o bailarino, na sua dimensão ínfima expande toda a sua actuação pelo espaço e em todas as direcções, permitindo-lhe essa característica fruir a distância a três dimensões e sem fronteiras. Por outro lado, porém, o bailarino tem a percepção de que o espaço geometricamente construído se torna numa limitação ao seu desempenho. Aparentemente perdendo a identidade artística, os bailarinos de Schlemmer ocupam-se de uma adaptação entre as duas leituras do espaço. A construção das partituras coreográficas torna salientes as movimentações de inspiração mecânica e repetitiva que obrigam a marcações de chão, também elas desenhadas geometricamente (Homem e Máscara). No caso desta coreografia, encontramos, porém, variações entre os elementos do trio em acção. Nessas variações é expressa a vertente de crítica social que é também apresentada pelos exercícios vocais. Apercebemo-nos assim de processos de evolução de exercício coreográfico para exercício coreográfico, se bem que os maillots almofadados e as máscaras promovam processos de identificação igualitária.

Esta coreografia-exercício é de uma simplicidade fenoménica e traduz claramente o espírito de crítica social à burguesia de época. Nem sempre Schlemmer se ocupa deste tema.

Deixámo-nos fascinar por uma Dança dos Paus contemporânea, quase esquecendo que a coreografia original tinha sido concebida para um trio e não para um solo. E mais havia a relembrar que os manipuladores das estruturas de paus desempenhavam a função de manipuladores-construtores como acontece com as marionetas de vara.

A composição de Gheorghe Iancu (2010) ganhou asas em relação à proposta do Mestre. O exercício só idêntico à Dança dos Paus de Schlemmer no rigor e na destreza e na precisão das mudanças de posição dos paus, joga com um elemento fundamental - a música de J. S. Bach. Também o efeito de luz abre espaço para outras interpretações. Tudo está à vista, questão que não se colocou a Schlemmer.

Apesar das diferenças é importante que não esqueçamos que as opções de Schlemmer inspiraram um bailarino contemporâneo. De certo modo o espírito da Bauhaus mantém-se vivo.

 

Vídeos aconselhados:

https://www.youtube.com/watch?v=mHQmnumnNgo&t=148s ( Ballet Triádico)

https://www.youtube.com/watch?v=wt4Hl8zcOt4 (versão inglesa de Homem e Máscara de 2019)

https://www.youtube.com/watch?v=m40jBghI0To (apenas a parte final de Homem e Máscara)

https://www.youtube.com/watch?v=0j0x325uR8s (dança dos paus)

https://www.youtube.com/watch?v=cjOXj0AVRk8 (recriação da dança dos paus de Oskar Schlemmer, com música de Johann Sebastian Bach, por Gheorghe Iancu, 2010)

https://www.youtube.com/watch?v=lSpowyovAwo ( momento do teatro total)

https://www.youtube.com/watch?v=lSpowyovAwo (espaço, movimento e o corpo tecnológico – um tributo à Bauhaus e a Oskar Schlemmer)

https://www.youtube.com/watch?v=m40jBghI0To