Ainda a discussão sobre o papel da História Crítica da Arte, e da Teoria que a suporta, em contexto de globalização.

1 Abril 2020, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

Ainda a discussão sobre o papel da  História Crítica da Arte, e da Teoria que a suporta, em contexto de globalização. A partir do ensaio de Eric Hobsbawm, alarga-se o debate sobre o tema a partir do texto, já disponililizado,  A produção artística e a História da Arte face à globalização: conceito, criação e fruição das artes no limiar do século XXI , in Estudos sobre a G lobalização, coord. de Diogo Ramada Curto, Lisboa, Edições 70 e Caixa Geral de Depósitos, 2016, pp. 485-507. (ISBN13 9789724419046).

Numa fase histórica de globalização planetária, nem a produção das artes esmoreceu na busca de caminhos e experiências inovadoras, nem a História Crítica da Arte, que a estuda, deixou de cumprir o seu papel de análise dos fenómenos da criação. 

Neste mundo global, quando falamos de 'arte' destaca-se o facto de dispormos de novas bases para analisar a sua génese, à luz da especificidade das civilizações, das realidades decorrentes do pós-colonialismo, da ascensão de um capitalismo ultra-liberal sem regulação, do crescendo da desideologização, etc: as artes continuam a fluir, contra os vaticínios que fadaram a sua morte certa. 

Nunca o ‘mundo da arte’ (seguindo o conceito de Arthur C. Danto) se mostrou espaço tão interventivo, apto a repensar o seu papel de identidade-memória e intervenção-sinal. A globalização agitou, com as suas contradições, ‘etapas’ desreguladas, consumismo, etc, novos ‘saltos no escuro’ que estimulam o auto-conhecimento, a criação artística, que cria, por antítese, uma cidadania de valores. 

Para a discussão retomam-se conceitos de Warburg, Gombrich, Danto, Arasse, Didi-Hubermann, Belting e Bolvig, entre outros autores, defende-se que as produções artísticas contemporâneas ganharam estímulo, assim como os equipamentos de crítica assumiram frescura de debate, e o objecto de estudo dos historiadores de arte abriu-se as novas possibilidades de investigação, com incidências do mercado das artes e dinâmicas de crescimento, no seio de um Artworld definido por Danto ganha espaço plural de redefinição. 

A produção das artes e a História-Crítica que a analisa, estuda, valoriza e promove, continuam firmes: criam obras, exprimem ideias, agitam o ‘mundo das artes’, conferem-lhe qualidade – ou seja, oferecem a imagem de um espaço operativo reforçado, porque útil, socialmente interventivo, capaz ainda e sempre de gerar emoções.