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29 Abril 2019, 08:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
TESTE DE TEORIA DA HISTÓRIA DA ARTE – Licenciatura em História da Arte (1ª chamada) – 29 de Abril de 2019 – Prof. Vitor Serrão
I Leia atentamente as cinco seguintes questões e responda de modo suficiente, com estilo claro e num texto bem estruturado, com recurso a exemplos se e quando necessário, a apenas DUAS delas:
1. Em que sentido o conceito de aura formulado pelo filósofo Walter Benjamin (1892-1940) num ensaio de 1936 se mantém actual face ao reconhecimento que possa existir da singularidade das obras de arte num mundo globalizado como é o nosso ? Quais as dimensões auráticas que definem a produção artística em termos de discurso trans-contextualizável ? Será que as auras morrem mesmo, ou se transformam, e adaptam, e podem (no limite) sobreviver ?
2. Face à sua prática pessoal de investigação, acha que o conceito operativo de ArtWorld, tal como foi formulado por Arthur C. Danto (1924-2013), ajudou a estruturar a prática da História Crítica da Arte e abriu, ou não, novas vias de análise e fruição das obras de arte ? Não esqueça o que diz Howard Becker (Mundos da Arte), numa visão mais ampla do conceito de Danto, ao discorrer sobre a (in)definição do território da arte e ao destacar o momento em que as obras se mostra, isto é, quando decorre o seu momento de exposição.
3. O conceito de iconologia do intervalo, definido no início do século passado por Aby Warburg, fiel a uma espécie de Antropologia das imagens ancorada nos conceitos de pathos (sobrevivência de formas) e de Nachleben (vida póstuma de códigos imagéticos que tendem a adquirir novas corporalidades), alertou os historiadores de arte para a necessidade de um olhar em globalidade para o seu objecto de estudo. Em que termos o conceito ajuda a situar os fenómenos da produção, sem constrangimentos crono-estilísticos ou visões preconcebidas e pré-determinadas ?
4. Será que a vasta abertura da História da Arte, com a viragem do milénio, a vertentes «de género» (Feminismo, Art Outsider/Art Brut, arte pós-colonial, arte ingénua, street art, gay and lesbian studies, ‘novos primitivos’, arte pública, etc), veio acentuar, num mundo globalizado como é o nosso, a adequação da Teoria da História da Arte aos seus verdfadeiros objectivos programáticos ?
II Leia atentamente os dois seguintes textos e escolha UM deles para um comentário claro, bem estruturado, suficientemente desenvolvido e com reflexão original.
1. Homem do «largo tempo do Renascimento», Benito Arias Montano (1527-1598), humanista, teólogo, poeta, latinista, bibliotecário, jurista, biblista, antiquário, homem ligado às artes da imagem e autor de uma Bíblia Poliglota, contribuiu com as suas ideias e as suas escolhas para a sedimentação de uma Teoria da Arte onde defendeu a bondade inata da criação artística. «A arte é o maior remédio para os males da humanidade», disse, em tempos de guerras fratricidas e intolerâncias sem limites. Esse seu sentido de tolerância, rigor doutrinário e força emotiva, visto em nome de uma concepção neoplatónica e um saber profundo da ut pictura poesis, percebe-se bem no seu poema composto para acompanhar a gravura A verdadeira Inteligência (Idea) inspira o Pintor, de Cornelis Cort segundo desenho de Frederico Zuccaro, que foi editado em 1577-78 em Roma. Aí foca o papel de bondade das artes, verdadeira síntese dos princípios do Humanismo cristão, espécie de visão estética e ecumenista do mundo. Comente estas ideias e a sua plausível actualidade na reflexão teórica e na investigação da História da Arte do presente.
2. Uma visão globalizante e ontológica sobre o mundo das artes, tal como foi definido pelo filósofo marxista Theodor Adorno (1903-1969), atesta o quanto esse mundo nos traz de perene e de sublime, espécie de «movimento contínuo algures entre o efémero e o inesgotável». Será o conceito aurático de inexprimível e de inefável definido por esse filósofo da Escola de Frankfurt uma justificação para se perceber a arte numa dimensão permanentemente renovada e, como tal, trans-contemporânea ? Qual, pois, o alcance e actualidade do pensamento estético de Adorno para a História da Arte no sentido da sua maior abertura analítica e crítica ?