A Teoria da Arte à louz das suas prerrogativas de análise: uma síntese.

18 Fevereiro 2016, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

O programa da disciplina visa definir conceitos, fundamentos, objectivos fundamentais e também limites da História da Arte como ramo científico da Ciência das Humanidades que visa estudar, interpretar, avaliar e dialogar com as obras artísticas. Importa, assim, estruturar as bases de teorização dos fenómenos de criação, recepção, re-criação e fruição, com recurso ao estudo de artistas, movimentos estéticos, correntes, posições críticas e discurso das obras segundo uma reflexão plural.

Dá-se enfoque à Iconografia e à Iconologia, instrumentos operativos da ciência histórico-artística, e ao modo como a disciplina foi posta em prática desde Aby Warburg e Erwin Panofsky, passando por E. H. Gombrich, Ernst Cassirer, Meyer Schapiro, Gertrud Bing, Frances Yates, Michael Baxandall, George Kubler, David Freedberg, George Didi-Huberman, Daniel Arasse,  e  vários outros, até à Sociologia da Arte (Pierre Francastel), ao marxismo (Frédéric Antal, Nicos Hadjinicolaou), ao feminismo e outras correntes ‘de género’, e à tradição recente de estudos iconológicos (Hans Belting), sem esquecer as visões de Umberto Eco e Arthur C. Danto sobre a arte, a fim de se explicar a operacionalidade do pensamento iconológico na sua análise.

Estudam-se as essências e transcendências da imagem artística (obras de arte) e os seus tipos comportamentais (trans-contextuais, trans-memoriais), os fenómenos de repulsa e fascínio (iconofilia, iconoclastia), recorrendo a exemplos antigos, medievais, modernos e contemporâneos. Aborda-se a prática da História da Arte à luz da sua base de teorização com enfoque nas correntes positivistas e formalistas, na História Social da Arte, Semiótica, Psicologia da Arte, nas correntes que estudam o «género», como o Feminismo, e na chamada História da Arte Total, com suas visões globalizantes. A disciplina visa dar um balanço necessário sobre os problemas teóricos a par do bom uso das novas metodologias pluri-disciplinares no campo da investigação em História da Arte, sem perder nunca a conceptualização analítico-descritiva-crítica dos fenómenos do mundo da criação que envolvem o facto artístico. O ensino assenta numa tipologia onde se procura uma exposição clara e objetiva dos casos de estudo. Estimula-se o debate, com a participação crítica dos alunos. A acompanhar a perspetiva conceptual, são referidos exemplos práticos resultantes da aplicação dos critérios de atuação. É fornecida uma abundante documentação visual para estimular a compreensão do processo de actuação. A avaliação é ponderada entre o nível e qualidade de participação, um teste presencial obrigatório (50%) e a realização de um relatório relacionado com o tema da disciplina, objeto de apresentação e discussão (50%). Para este relatório pede-se, o contributo crítico e os preceitos metodológicos adquiridos nas aulas aplicados ao trabalho de investigação desenvolvido pelo aluno, de acordo com os princípios teórico-artísticos ministrados.


1. A História da Arte e a globalização: eppure si muove…

1.2. Consciência da trans-contemporaneidade das artes.

1.2. Perspectivas antigas, discursos novos.

1.3. Fortuna crítica da globalização.

1.4. O consumismo e o discurso das artes.

1.5. Globalização e progresso.

1.6. Investigar com arte, hoje.

1.7. História e Crítica da Arte, um destino comum.


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