Teste de TEORIA DA HISTÓRIA DA ARTE

12 Maio 2016, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TESTE DE TEORIA DA HISTÓRIA DA ARTE – Licenciatura em História da Arte  (1ª chamada) – 17 de Maio de 2016 – Prof. Vitor Serrão

 

I

Leia atentamente as sete seguintes questões e responda de modo suficiente, com estilo bem organizado e claro, e com recurso a exemplos se e quando necessário, a apenas TRÊS delas: 

1.            Defina o conceito de bel composto avançado no tratado romano de Giovan Pietro Bellori (1672). Refira a sua importância, tanto no contexto contra-reformista do decorum como no reforço da ulterior corrente historiográfica do Formalismo ?

2.            Quais os limites que foram, de um modo geral, apontados à prática da Iconologia como processo de análise das obras de arte ? E em que medida esses ‘limites’ podem ser exactos ?

3.            Porque ordem de razões, segundo o historiador de arte Giulio Carlo Argan, a História da Arte e a Crítica da Arte são faces da mesma moeda ?

4.            Em que medida o conceito ginsburghiano de Micro-História da Arte veio alargar e requalificar as possibilidades de intervenção da História da Arte ?

5.            O conceito de aura de Walter Benjamin (A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica, 1936) expressa o modo como soube entrever relações, mais estreitas e clarificantes do que se pensava, entre a matéria bruta, o imaginário da produção de bens de consumo e a singularidade das qualidades auráticas das obras de arte. Comente.

6.            O contributo do marxismo no campo da Teoria da Arte encontra no conceito de ideologia imagética de Nicos Hadjinicolaoui (1973) um papel muito significativo. Defina o conceito e o papel dessa corrente no quadro da História Crítica da Arte.

7.            Em que medida o conceito de Trans-Contextualidade, formulado por Arthur C. Danto, veio alargar e reestruturar a prática da História Crítica da Arte, abrindo novas vias de análise e fruição das obras de arte ?

 

II

Leia atentamente os três seguintes textos e escolha UM deles para um comentário claro, bem estruturado, suficientemente desenvolvido e com reflexão original.

1.            Comente o seguinte texto: «Uma visão globalizante (e ontológica) sobre o mundo das artes define as linhas-mestras da produção à luz do que ela traz de perene e de sublime: a impressão que se renova, o debate aberto, as questões que se agitam, a marca das formas, a tactibilidade, o movimento contínuo algures entre o efémero e o inesgotável» (Theodor Adorno). Será o conceito de sublime, definido por esse filósofo marxista (Escola de Frankfurt), uma justificação para a História-Crítica da Arte, nos dias de hoje ?

2.            Como afirmou o historiador de arte e iconólogo alemão Aby Warburg (1866-1929), «a História da Arte é a investigação orientada e inter-disciplinar que visa o entendimento globalizante (estético, histórico, ideológico, contextual, trans-contextual) das obras de arte à luz da compreensão dos seus ’pontos de vista’ intrínsecos, isto é, das condições culturais, políticas, socio-económicas, ideológicas, perdurações, continuidades – ou seja, o entendimento iconológico das obras». Comente o texto.

3.            Comente o seguinte texto: «A busca de um estatuto de dignificação laboral que fosse também de justificação ética, consumiu os interesses de várias gerações de artistas, fascinados pelos exemplos da Antiguidade narrados por Plínio. Desses interesses se fortaleceram as teses neoplatónicas e as teorias globalizantes sobre a ideia criadora das artes, nas suas múltiplas componentes, bem como a dimensão estética e ética ordenadora do mundo. A obra de arte, desse ponto de vista, devia ser sempre sentida como um “verdadeiro remédio para os males da humanidade”, tal como escrevia em 1577 o humanista Benito Arias Montano num poema em louvor da Pintura composto em Roma quando aí preparava a edição da Bíblia Poliglota. Nesse poema, a defesa da harmonia e da base ontológica da vivência humana, a par do rigor doutrinário e, também, da carga pedagógica (em contexto tridentino), com a força da emotividade nas representações artísticas, torna-se um imperativo moral expresso na valência estética. Quando se admira a estampa A verdadeira Inteligência inspira o Pintor (StaatlischeMuseum, Berlim) e se lê o poema latino de Arias Montano que a acompanha, vemos um discurso sobre pedagogia, emoção e beleza ideal aliada à alegoria clássica e aos conceitos neoplatónicos da bondade inata» (Vitor Serrão).