teste presencial

5 Maio 2022, 11:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TESTE DE TEORIA DA ARTE

Licenciatura de História da Arte

(2ª chamada) – 5 de Maio de 2021 – Prof. Vitor Serrão.

 

I

Leia atentamente as seguintes questões e responda de modo suficiente e claro, recorrendo a exemplos se e quando necessário, a apenas DUAS delas:

1.      Será que as bases teóricas e práticas do Formalismo se esgotaram na produção oitocentista de Giovanni Morelli ou, pelo contrário, a metodologia formalista conseguiu conquistar o seu necessário lugar na História da Arte em renovadas bases de aferição crítica ?

 

2.      Tendo em atenção a definição de ArtWorld (Mundo das Artes), formulado por Arthur C. Danto, de que modo este conceito veio alargar e reestruturar a prática da História Crítica da Arte, abrindo novas vias de análise das obras de arte e alargando o espaço de fruição ?

 

3.      Em que consiste o conceito de nachleben, uma das categorias fundamentais da teoria das artes elaborada pelo iconólogo alemão Aby Warburg (1866-1929) ? Comente a utilidade da análise trans-memorial para o desenvolvimento de uma História da Arte mais operativa.

 

4.      A um século de distância, pode o conceito warburghiano de Denkraun ser fermento de uma História da Arte capaz de superar os limites tradicionais e colocar a questão da prática histórico-artística em moldes mais eficazes ?

 

II

Leia atentamente os três seguintes textos e escolha UM deles para um comentário claro, bem estruturado, com reflexão original e suficientemente desenvolvido.

1.      Para Aby Warburg, a História da Arte não se define no sentido cronológico ou evolutivo da análise estilístico-formal, mas sim através do estudo do sentido da involução morfológica que afecta de anacronismo todos os modos históricos e estilos. Urge estabelecer, portanto, um espaço de reflexão e de investigação – a que chamou Denkraun – que permita o projecto de uma psicologia histórica da expressão humana a partir do estudo das imagens. Esse teatro será a Biblioteca por si imaginizada, construída a partir de 1926 em Hamburgo para albergar a célebre Kultgurwissenschstliche Bibliothek Warburg. 

 

2.      Segundo Hans Belting, antropólogo das artes, importa perceber o sentido das imagens internas e externas: «as primeiras são endógenas, produzidas pelo próprio corpo, enquanto as segundas precisam sempre de uma intermediação técnica para chegar aos nossos olhos». Perpetuar a dicotomia entre matéria e espírito é um erro, pois «somos os únicos que, pela nossa maneira de pensar ocidental, consideramos os dois tipos de imagens como irremediavelmente antinómicas». Acresce que as imagens interiores têm uma origem colectiva, historicamente delimitada, tal como as imagens exteriores dependem também das imagens interiores. Comente o texto, não esquecendo o que este autor defende no livro Florença e Bagdad. Uma História do Olhar entre Oriente e Ocidente (2011).

 

3.      Tendo em atenção o que diz Georges Didi-Hubermann em Devant l’image. Question posée aux fins d’une histoire de l’art (Paris: Minuit, 1990), importa não só pensar a imagem, mas pensar por imagens, isto é, aprender a abrir, a desdobrar as imagens, para nelas se redescobrir (na perspectiva aberta por Walter Benjamin) os seus profundos valores de uso persistentes no nosso tempo. O antropólogo, o cientista social, o historiador de arte, tem de ir além da descrição, do registo, da documentação da história presente dos homens e das culturas, etc, pois deve «atentar nas pulsões e sofrimentos do mundo, e transformá-los e remontá-los numa forma explicativa implicativa e alternativa». Como deve ser entendido o conceito de visibilidade em relação aos dilemas do visível e à ideia de que todas as obras de arte estão aptas a criar o seu próprio tempo e a renová-lo face a novos públicos ?