Sumários

Art Outsider: uma abordagem teórico-prática de um género

1 Fevereiro 2023, 14:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão


Art Outsider: uma abordagem teórico-prática de um género. A obra de Hans Prinzhorn (1922). Jan Dubuffet. Casos de estudo: a Art Brut. O acervo do Hospital Miguel Bombarda.

Hans Prinzhorn

30 Janeiro 2023, 14:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão


O alargamento da História da arte a novos 'géneros', fruto do pensamento e DO debate teóricos: a análise do inconsciente criativo e a arte dos 'doentes mentais' e  o célebre livro de Hans Prinzhorn (1886-1933) intitulado Artistery of the Mentally Ill (1922), que continua de grande actualidade. Será alvo da repressão nazi, e assassinado. Em 1920 Prinzhorn reuniu na Clínica Psiquiátrica de Heidelberg, ponde trabalhava compo médico, cerca de cinco mil obras de arte de doentes mentais provenientes de asilos de vários pontos da Europa. Em 1922  escreve o seu famoso livro, onde analisa a obra de dez doentes psiquiátricos (the schizophrenic masters) seleccionados a partir da colecção de Heidelberg. Um novo campo se abre para a História da Arte...

Sumário geral do programa e Bibliografia.

25 Janeiro 2023, 14:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão


A História da Arte mudou: hoje sabe interrogar, ver, desvendar memórias, desdobrar-se em visões globalizantes, percepcionar as obras à luz das suas valências e limites. A análise assenta num corpo de princípios onde destaco cinco sentidos, constatando que, afinal, toda a Arte é Contemporânea -- quando é convocada para um renovado diálogo/confronto de olhares, em que as obras se apresentam na sua funcionalidade sempre renovada.

 O alargamento dos 'modos de ver' no campo da História da Arte, tal como hoje se configura e torna operativa, parece delimitar cinco sentidos da pintura, que serão, afinal, estes:

1. O Sentido da Trans-Contextualidade da Arte, noção sobre a capacidade das obras, através de um movimento contínuo, renovarem discursos apelativos em novas situações de recepção e acolhimento;

2. O Sentido da Cripto-História da Arte, noção operativa sobre a vida póstuma das obras destruídas (ou que nem sequer chegaram a ser criadas) através dos fragmentos ou indícios que deixaram;

3. O Sentido da Trans-Memória da Arte, noção operativa sobre o poder multiplicado de nexos na construção das imagens artísticas;

4. O Sentido da Micro-História da Arte, noção operativa sobre o poder de realização artística fora dos «centros» e em contextos de periferismo mais ou menos atávico;

5. O Sentido da Trans-Contemporaneidade da Arte, noção operativa sobre a capacidade de actualização das obras de arte face aos sucessivos olhares geracionais.

 

 

BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL

 

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PROGRAMA DE TEORIAS DA HISTÓRIA DA ARTE

23 Janeiro 2023, 14:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão


Objectivos gerais 

      O programa deste Seminário visa definir os conceitos, fundamentos, objectivos maiores e também os limites da História da Arte como ramo científico da Ciência das Humanidades. Daí a necessidade de estruturar a sua base de teorização dos fenómenos criativos -- tanto de criação, como de re-criação, de recepção e de fruição. Nem por isso o programa não deixará de ser prático – i. e., convoca constantemente os alunos, os artistas e as obras, através de propostas em globalidade de visões para deleite e reflexão plural.

     Dá-se enfoque ao campo da Teoria das Artes e ao campo da Iconografia e da Iconologia como instrumentos operativos de base no âmbito da ciência histórico-artística, narrando o modo como foi posta em prática desde as experiências de Aby Warburg e Erwin Panofsky, passando por E. H. Gombrich, Meyer Schapiro, Gertrud Bing, Frances Yates, Michael Baxandall, David Freedberg, Didi-Huberman, Daniel Arasse, etc, até à Sociologia da Arte de Pierre Francastel e à análise marxista, de Theodor Adorno a Frédéric Antal e Nicos Hadjinicolaou, e à tradição mais recente de estudos de Antropologia artística de Hans Belting, e outros, sem esquecer Umberto Eco ou Arthur C. Danto, para reflectir sobre a operacionalidade do pensamento iconológico na análise de obras de arte.

     Estudam-se neste programa as essências e transcendências da imagem artística (as obras de arte) e dos seus tipos comportamentais -- trans-contextuais, trans-memoriais -- incluindo a análise de fenómenos de repulsa e fascínio – iconofilia, iconoclastia --, com exemplos antigos, medievais, modernos ou contemporâneos. Aborda-se, ainda, a Teoria da Arquitecturaq, e a prática da História da Arte à luz das suas bases de teorização, com enfoque nas correntes positivistas e formalistas, na Micro-História da Arte, na História Social da Arte e na contribuição do Marxismo, na Semiótica, no Feminismo e estudos de Género, e na História da Arte Total, com as suas visões  mais ou menos globalizantes.

     Um balanço necessário sobre o uso das novas metodologias pluri-disciplinares no campo da investigação em História da Arte, sem perder nunca a conceptualização analítico-descritiva e crítica dos fenómenos do mundo da criação que envolvem o facto artístico, segue, com naturalidade, os pontos de análise propostos em programa.