Sumários
Historiografia
9 Outubro 2018, 16:00 • Susana Tavares Pedro
História e historiografia da Paleografia.Autores mais relevantes, suas contribuições para o desenvolvimento da disciplina.Escolas franco-belga, italiana e portuguesas.
A Paleografia surge sob alçada da Diplomática, da necessidade de estabelecer critérios científicos de crítica histórica para determinar a autenticidade dos documentos. De forma simplista, podemos dizer que enquanto critério de análise, o tipo de escrita de um documento não-datado permite datá-lo criticamente, dentro de limites amplos e, inversamente, permite detectar uma cópia ou um falso quando o tipo de escrita não se adequa à data expressa.
Tendo como objecto a escrita, é uma ciência auxiliar da História, na vertente de leitura de documentos, e da Filologia (mais propriamente da Crítica Textual), na questão do estabelecimento do texto.
Nasce em ambiente de renovação da historiografia católica e protestante nos séculos XVII e XVIII, na França e na Alemanha. A polémica original ficou conhecida como Bella Diplomatica, na Alemanha com carácter prático-judiciário — disputas acerca da posse dos bens monásticos—, em França como posição científica — debates entre os beneditinos da congregação de S. Mauro (mauristas), da abadia de S. Germain-des-Prés e os jesuítas (bollandistas), em torno da pesquisa documental para a elaboração de vidas de santos. Mabillon publica, em 1681 os De re diplomatica libri sex, seguido de De re diplomatica supplementum, em 1704. Com a primeira obra Mabillon estabelece o método crítico científico da Diplomática e um conjunto de critérios de classificação empírica das escritas, segundo um método descritivo das formas gráficas, analisadas de um ponto de vista externo e estático. Divide as escritas em librárias (ou livrescas) e documentais, em função da natureza do texto, literário ou jurídico-administrativo, identificando três tipos de escrita romana: uncial, de minuta e forense (dos textos notariais), em contraste os tipos da escrita ‘bárbara’: gótica, saxónica, lombarda e merovíngia, estas consideradas formas autóctones e independentes das escritas romanas. Reconhece pela 1.ª vez a procedência da escrita carolina de formas romanas e merovíngias e localiza-a no reinado de Carlos Magno. Ao separar a escrita romana clássica das “escritas nacionais”, distribuídas de acordo com áreas histórico-geográficas, ignora o substracto comum à grande variedade tipológica dos signos alfabéticos.
A objecção à classificação de Mabillon foi feita por Scipione Maffei (Istoria diplomatica, 1727) ao formular o princípio da unidade de base das escritas latinas desde a antiguidade até à idade média. Intui o facto gráfico como um fenómeno histórico, partindo da premissa de que só existe escrita romana, sendo as escritas nacionais variedades provocadas pela alteração e degeneração do modelo original.
Com Jean Mallon (Paléographie Romaine,1952) entra em campo o estudo da evolução das formas gráficas através do elemento físico — posição da mão, do suporte e do instrumento no acto material do traçado. Mallon introduz conceitos e métodos de análise da escrita, entendida no seu aspecto dinâmico, e explica, pela primeira vez, a evolução da escrita romana através das duas forças principais que actuam sobre o traçado: a tendência simplificadora inerente à prática mecânica constante e a tendência conservadora formal da visão. Parte-se para um "novo" conceito de paleografia, o da paleografia crítico-analítica, no qual ao "onde" e ao "quando" na análise de uma escrita se acrescenta o "como", ou seja, a sua execução técnica. Mallon, arquivista-paleógrafo, não só atribui primordial importância à escrita documental como propõe a abolição das barreiras que dividem o estudo da escrita segundo os suportes.
Giorgio Cencetti, em Lineamenti di storia della paleografia latina (1956) faz a história da escrita latina segundo critérios estritamente historicistas aos quais adapta os conceitos introduzidos por Mallon, com algumas alterações. Desenvolve a noção da escrita usual como sendo o motor das mudanças gráficas que influenciam a evolução das escritas A paleografia contemporânea — o estudo da história da escrita no seu devir — explora a dialéctica entre o elemento fisiológico, que condiciona a estrutura do signo gráfico, e o elemento espiritual, que preside à evolução das formas como produto da criatividade humana.
Visionamento do film "Ductus", de Jean Mallon
Suportes, instrumentos e tintas - continuação
2 Outubro 2018, 16:00 • Susana Tavares Pedro
O papel, fabrico e cronologia. Tintas ferro-gálicas e corrosão do suporte.
O formato do livro desde a Antiguidade. Passagem do rolo ao codex e contribuição do cristianismo na difusão do novo formato. Utilização de tabuinhas enceradas para apontamentos efémeros.
Suportes, instrumentos e tintas
25 Setembro 2018, 16:00 • Susana Tavares Pedro
Breve resenha dos suportes de escrita mais comuns desde a Antiguidade Pré-Clássica.
As tabuinhas de argila e a escrita cuneiforme. O papiro, sua técnica de fabrico, instrumento de escrita e composição da tinta de base carbónica. O pergaminho, sua utilização na Europa, utilização de cálamo e pena de ave.Apresentação
18 Setembro 2018, 16:00 • Susana Tavares Pedro
Apresentação do programa do seminário, da bibliografia, da documentação disponível na plataforma moodle.
1. A avaliação é feita com base num trabalho escrito, a ser entregue na penúltima semana de aulas do semestre.
2. O trabalho pode ser entregue em formato digital ou impresso.
3. O trabalho consiste na análise gráfica de um espécime manuscrito aplicando os conhecimentos adquiridos durante as aulas e por via de leituras orientadas.
4. Perante uma reprodução digital de um manuscrito, pretende-se que o aluno caracterize a escrita — identificação do tipo/família; enquadramento cronológico — e a analise segundo os elementos inicialmente descriminados por Jean Mallon (1952) e reformulados por outros autores.