Sumários

Translationes imperii/regni: Roma – Aquisgrano, Toledo – Oviedo – Leão.

6 Outubro 2022, 15:30 Rodrigo Furtado


I.                O conceito de translatio imperii/translatio regni.

1.      Emílio Sura (s. II a.C.), Dionísio de Halicarnasso e Vergílio: a unificação do orbe;

2.      Eusébio de Cesareia e a Crónica: o esquema do livro.

3.      Orósio e a nova Translatio imperii: Babilónia/Pérsia, Macedónia, Cartago, Roma. Roma como fim da história.

4.      Quem sucede a Roma? A resposta óbvia: Constantinopla.

 

II.              Roma mantém-se: os Ostrogodos de Teodorico, o Grande.

1.     A Itália do ano 476: a deposição de Rómulo Augústulo e a devolução das insígnias imperiais por Odoacro.

2.     A chegada de Teodorico (489-493):

                                             1.     Um homem educado em Constantinopla que sabia mais Grego que a maioria dos Itálicos;

                                             2.     Ostrogodos empurrados para Ocidente;

                                             3.     Os títulos de patricius e de rex;

3.      O valor da estabilidade e a ‘conquista’ da aristocracia senatorial: prosperidade e crescimento económico na primeira metade do s. VI. Roma afinal mantém-se.

3.1   A imitação imperial por Teodorico;

3.2   O restauro e construção de monumentos; panes et circenses; o aduentus e os tricennalia em Roma do ano 500; semper Augustus;

 

III.             A translatio hispânica: de Roma para Toledo para Oviedo.

1.      Leovigildo (569-585) e a conquista visigótica de quase toda a Península Ibérica.

                                               i.     Os símbolos do poder régio: diadema, ceptro, púrpura, trono;

                                              ii.     Fundações: Recópolis; uma nova capital: Toledo: uma nova Constantinopla;

2.     Recaredo e o III Concílio de Toledo (589): o vocabulário: princeps, rex, Flavius.

3.     Oviedo e o reino das Astúrias na primeira metade do século IX.

O neoplatonismo.

6 Outubro 2022, 09:30 Angélica Varandas


O neoplatonismo. A doutrina das emanações de Plotino. As filosofias de Orígenes e Santo Agostinho.

Inscrever Deus no Espaço e reconhecê-lo no tempo: a inteligibilidade do mundo e da história.

4 Outubro 2022, 15:30 Rodrigo Furtado


  1. A representação do espaço no mundo antigo.
    1. Concepção aristotélica: o museu de Alexandria;

                                               i.     A esfericidade da terra: o cálculo da circunferência por Eratóstenes (s. II a.C.);

                                              ii.     Os três continentes do hemisfério norte; o desconhecimento do hemisfério sul.

                                             iii.     Os mapas: Eratóstenes, Ptolemeu;

                                             iv.     Objectivos: ciência mensurável; vivência prática e utilitária do espaço.

    1. Concepção platónica/‘romana’: a terra como metáfora.

                                               i.     Representação da terra como um plano circular;

                                              ii.     Centro: 3 continentes; Mediterrâneo: centro geométrico; Roma: centro do Mediterrâneo = centro do mundo; o oceano.

 

2.     Triunfo da concepção romana a partir da Antiguidade tardia.

a.      O contexto: o triunfo de ‘Platão’ sobre Aristóteles = triunfo do Cristianismo. O que é a realidade?

    1. Triunfo de uma concepção simbólica do espaço: qualitativa e não quantitativa:

                                               i.     Espaço não é entendido como valor quantitativo, relacionado com a distância a percorrer

                                              ii.     Natureza: conjunto de símbolos decifráveis; livro onde se podem ler os sinais da obra divina;

                                             iii.     Símbolos: compreender quem é Deus. Geometrização/esquematização do espaço.

c.      O espaço como reflexo da vontade de Deus;

                                               i.     A intervenção de Deus no espaço como criador e como actor;

 

3.     A tendência para a geometrização das formas de representação da realidade.

600px-Diagrammatic_T-O_world_map_-_12th_c.jpg s. XII

220px-T_and_O_map_Guntherus_Ziner_1472.jpg

469px-T-O_Mappa_mundi_z.jpg

 

- Colagem estrita à representação bíblica do mundo;

- Jerusalém no centro: junção dos três continentes;

- Interpretação bíblica do espaço terrestre:

-       Círculo: perfeição divina;

-        T: prefiguração da cruz; aponta para a Ressurreição

 

REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO TERRESTRE:

                  - Anunciaria desde sempre:

                                                     - marca do Criador

                                                     - redenção

           - Permitiria detectar sinais da presença de Deus.

 

 

4.     O tempo histórico.

6.1   Visões clássicas do tempo:

6.1.1        O pessimismo histórico hesiódico;

6.1.2        O tempo cíclico: tempo histórico e tempo natural;

6.1.3        As intervenções dos deuses e a ausência de plano;

6.2   A (re)fundação cristã:

6.2.1        O nascimento de Cristo;

6.2.2        A Parúsia;

6.2.3        O Antigo Testamento e a Criação do Mundo.

6.3   A coincidência Cristo/Augusto: Pax Romana=Cristianização. Os Christiana Tempora. A felicidade do presente.

A Patrística.

4 Outubro 2022, 09:30 Angélica Varandas


A Patrítisca.

Padres gregos: Clemente e Orígenes. Ireneu de Lyon e o Tetramorfo. 
Padres latinos: Ambrósio de Milão, S. Jerónimo e a Vulgata, Santo Agostinho.

O saque de Roma e Agostinho: o nascimento da filosofia política medieval.

29 Setembro 2022, 15:30 Rodrigo Furtado


  1. Um homem do seu tempo (354-430):
    1. De Tagaste a Milão: aristocracia local; região densamente cristianizada; professor de retórica: Tagaste (373-4), Cartago (374-84), Roma (384-6), Milão (386-7). O baptismo: 387. Bispo de Hipona: 397.

 

2.     O saque de Roma de 24 de Agosto de 410.

a.      Orbis terrarum ruit;

Chega-me um terrível rumor do Ocidente: Roma foi cercada, a vida dos cidadãos resgatada com ouro e de novo os espoliados foram cercados, de tal modo que, depois dos seus bens, também perderam a vida. Embarga-se a voz e os soluços entrecortam as palavras quando dito esta carta. Foi tomada a Cidade que tomou todo o orbe; morre com fome antes de morrer pela espada; e dificilmente se encontram uns poucos para serem capturados: Ó vergonha, o círculo da terra desmorona, mas os nossos pecados não desaparecem. A ínclita Cidade e cabeça do poder romano foi consumida por um único incêndio. Não há região que não tenha refugiados vindos de lá. Em cinzas e em brasas caíram igrejas outrora sagradas. E, ainda assim, teimamos na avareza. (Hier. ep. 128.5).

b.     A primeira resposta de Agostinho: O De excidio urbis Romae.

O que havemos de dizer, irmãos? Tremenda e veemente questão nos é aqui lançada, sobretudo por homens que, sem piedade alguma, assaltam as nossas escrituras (não decerto por aqueles que piamente as perscrutam) e que dizem, sobretudo acerca da recente destruição de tão grande cidade: «Não haveria em Roma cinquenta justos? Em tão grande número de fiéis, de pessoas consagradas, de tantos que vivem em continência, em tão grande número de servos e servas de Deus, não foi possível encontrar cinquenta justos, nem quarenta, nem trinta, nem vinte, nem dez? Se isto é pouco provável, por que razão Deus por cinquenta ou mesmo por dez [justos] não poupou a cidade?» (…) Então, eu apresso-me a responder: «Ou encontrou aí alguns justos e poupou a cidade ou, se não poupou a cidade, é porque não encontrou nenhum justo.» Dir-me-ão que é evidente que Deus não poupou a cidade. Eu porém respondo: «Para mim, não é de modo nenhum evidente.» A devastação da cidade que então aconteceu não foi como a de Sodoma. Quando Abraão interrogou Deus, a pergunta era acerca de Sodoma. E Deus, então, disse: «Não destruirei a cidade»; não disse: «Não castigarei a cidade». Deus não poupou Sodoma, destruiu Sodoma, consumiu-a completamente nas chamas. Não lhe adiou o Juízo, mas exerceu sobre ela o que tem guardado para os outros perversos no dia do Juízo. De Sodoma não restou absolutamente nada (…) Da cidade de Roma, porém, muitos fugiram e hão-de voltar, muitos ficaram e salvaram-se, muitos, nos lugares sagrados, não foram atingidos! «Mas – dir-me-ão – muitos foram levados como cativos». Também Daniel, não para seu castigo mas para consolação dos outros. «Mas muitos – dirão ainda – foram mortos.» Também muitos justos profetas desde o sangue do justo Abel até ao de Zacarias. Também os apóstolos, e o próprio senhor dos profetas e dos apóstolos, Jesus. «Mas muitos – dirão – foram atormentados por toda a sorte de aflições.» Imaginamos porventura que o foram tanto quanto o próprio Job? (2.2; trad. C. Urbano)

 

3.     Repensar a escatologia: o sentido da história para lá da morte: a resposta a 410 e a Cidade de Deus.

 

a.      A cidade de Deus e a cidade do Homem: duas comunidades não materializadas em termos institucionais (e.g. a pertença à Igreja não é condição de salvação).

b.     História de duas cidades: sobrepõem-se e misturam-se; todos pertencem à cidade da terra durante a vida na terra.

c.      Cidade de Deus: amor de Deus e dos mandamentos. Diferente da Igreja. Ser cristão ou pertencer à igreja não é garantia de salvação.

 

4.     Dois problemas da Filosofia Antiga: a procura da sabedoria=felicidade/ a origem do mal na história.

4.1   O Cristianismo e a procura da sabedoria=felicidade. Como é que o Cristianismo e a Sabedoria se podem identificar? Fundamental para compreender mais de 1500 euros de História da Cultura;

4.1.1        Ser feliz é ser sábio: primeiro princípio. Deus é sabedoria (Logos). Logo ser sábio é conhecer Deus.

4.1.2        Como se atinge a sabedoria? Através da Filosofia. Logo, o cristianismo é a verdadeira filosofia.

4.1.3        O processo de conversão: a ascensão do intelecto até à contemplação da verdadeira Sabedoria.

 

5      Reconsideração da História e a origem do mal.

5.1   A criação de um mundo bom por Deus.

5.2   O mal advém da vontade+liberdade humanas. Os homens são, pois, responsabilizáveis como agentes morais.