Sumários
Estrutura geral da Poética de Aristóteles
21 Março 2018, 14:00 • Adriana Veríssimo Serrão
Transforma-se
o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho logo mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se
nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas
esta linda e pura semidéia,
que, como o acidente em seu sujeito,
assim co’a alma minha se conforma,
está
no pensamento como idéia;
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como matéria simples busca a forma.
Luís de Camões, Sonetos
TORMENTO DO IDEAL
Conheci a Beleza que não morre
E fiquei triste. Como quem da serra
Mais alta que haja, olhando aos pés a terra
E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre,
Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;
Assim eu vi o mundo e o que ele encerra
Perder a cor, bem como a nuvem que erra
Ao pôr-do-sol e sobre o mar discorre.
Pedindo à forma, em vão, a ideia pura,
Tropeço, em sombras, na matéria dura,
E encontro a imperfeição de quanto existe.
Recebi o baptismo dos poetas,
E assentado entre as formas incompletas
Para sempre fiquei pálido e triste.
Antero de Quental, 1860-1862 (In: JÚDICE, Nuno. Antero de Quental – Sonetos. Lisboa, IN-CM, 1994)
Obras de carácter geral e introdutório
France Farago, L'art, Paris, Armand Colin, 1998, trad, port. A Arte, Porto, Porto Editora, 2002.
Raymond Bayer, Histoire de l'Esthétique, Paris, Armand Colin, 1961, trad. port. História da Estética, Lisboa, Ed. 70, diversas edições.
David Cooper (ed.), A Companion to Aesthetics. Oxford/Cambridge (USA), Blackwell, 1996.
Dizionario di estetica. A cura di Gianni Carchia e Paolo d’Angelo, Roma-Bari, Laterza, 1999, há trad. port.: Dicionário de Estética.
Jean Lacoste, La Philosophie de l'art, Paris, PUF, 1981
Sobre Platão
Pierre‑Maxime Schuhl, Platon et l'art de son temps. Paris, F. Alcan, 1933.
Léon Robin, La théorie platonicienne de l'amour. Paris, PUF, 1964.
Erwin Panofsky, Idea. Ein Beitrag zur Begriffsgeschichte der älteren Kunsttheorie. Berlin, W. Volker Spiess, 1985, 5ª ed; trad. franc.; Idea. Contribution à l'histoire du concept de l'ancienne théorie de l'art. Paris, Gallimard, 1983; múltiplas traduções.
José Pedro Serra, Pensar o Trágico. Categorias da Tragédia Grega, Lisboa, Gulbenkian, 2006.
Warner Jaeger, Paideia
Questão: é preferível ser amante ou ser amado?
- A dialéctica do amante e do amado (discurso de Alcibíades), Banquete 215 a e ss.
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Estrutura geral da Poética
Caps. 1-3: arte poética e mimèsis
· Meios (por meio de quê): ritmo/ metro/ palavras / canto: imitação poética
cores /sons /figuras: imitação não poética
· Objecto (o quê): acções: de homens bons ou maus: tragédia e epopeia / comédia
· Modo (como): narração (epopeia) ou drama (tragédia e comédia)
*Cap. 4: Causas naturais da imitação; fonte de conhecimentos / e prazer
(prazer do reconhecimento # prazer imediato, sensitivo/ agradável
Arte como imitação da natureza (physis), Física II, 2, 194a 21;
II, 8, 199a 15: “a technè termina (realiza) o que a natureza não pôde levar a cabo”.
Mimèsis como processo, transposição para o plano da arte
Caps. 4-5: comparação dos géneros (comédia/epopeia/ tragédia)
Caps. 6-18: a poièsis trágica
* Cap. 6: definição de tragédia, os elementos da composição
· objecto: a história/mito/ enredo (muthos) / os caracteres (ethos, pl. ethè) / o pensamento (dianoia)
· meios: a expressão, ou elocução (lexis) / música ou o canto (melopoia)
· modo: o espectáculo (opsis)
sustasis = estruturação
*Cap. 7: Exigências normativas: a organicidade: completude, totalidade e extensão apropriada.
A beleza, dimensão e ordem/ analogia da obra com o ser vivo
* Cap. 8: a unidade da acção / história (crónica) e poesia: “expressa o universal”
*Cap. 9: a verosimilhança e a persuasão
Cap. 10: tragédia simples e tragédia complexa
*Cap.11: a inversão (metabolè), o golpe de teatro (peripeteia), o reconhecimento (anagnorisis), o efeito violento (pathos)
Cap. 12: as partes faladas: prólogo, episódios, êxodo; as partes cantadas (párodo, estásimo)
*Cap. 13-14: o efeito trágico, a catarse; as paixões ou emoções (pathos, pl. pathè) de temor (phobos) e compaixão (eleos); o prazer próprio da tragédia.
15: os caracteres: qualidade, conveniência, semelhança, constância
16: tipos de reconhecimento: signos distintivos, signos elaborados, memória, raciocínio, supresa
17: recapitulação: o esquema da tragédia
18: espécies de tragédia: complexa, de efeito violento, de caracteres, de espectáculo
Caps. 19-22: linguagem e pensamento / lexis e dianoia
19: pensamento (retórica), lexis (actor)
20: partes da lexis (elocução: elemento, sílaba, conjunção, nome, verbo, articulação, caso, enunciado
*21-22: Nome, metáfora e dizer poético
Caps. 23-24-26: epopeia e tragédia
23-24: relação entre tragédia e epopeia
26: superioridade da tragédia
*25: modalidades da mimèsis: ser (real), parecer (opinião), dever-ser (ideal)
1. Uma prova escrita, a realizar na 1ª aula a seguir às férias da Páscoa. 4 de Abril.
2. Esta prova incidirá sobre a matéria leccionada e será realizada com consulta dos textos obrigatórios.
Estética de Platão
14 Março 2018, 17:00 • Filipa de Almeida Afonso
Estética de Platão: A condenação das artes (poesia); a desvalorização cognitiva da arte; a corrpução moral pela arte.
A metafísica do Belo
14 Março 2018, 14:00 • Adriana Veríssimo Serrão
A metafísica do Belo
Banquete: 198 ss (teoria filosófica de eros);
201 d-207 a (Sócrates e Diotima);
210 (dialéctica de eros);
215 a (dialéctica do amante e do amado)
Passos argumentativos do Banquete (Symposion)
- eros como desejo, posse e procriação na Beleza
- função mediadora de eros
- a sabedoria do amor; amor e filosofia.
- A ascensão dialéctica do sensível ao inteligível ou a pedagogia pelo desejo-amor.
um corpo, muitos corpos / virtude da alma, acções/ conhecimentos
- Da escala gradual (ordem exacta) à visão súbita (intuitiva) (210 e): a Beleza como Ideia
“não se vê uma imagem, mas a verdade” (212)
Graus/ degraus do ser = graus/ degraus da Beleza
Questão: é preferível ser amante ou ser amado?
- A dialéctica do amante e do amado (discurso de Alcibíades), Banquete 215 a e ss.
Sôbolos rios que vão
Por Babilônia, me achei,
Onde sentado chorei
As lembranças de Sião
E quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
De meus olhos foi manado;
E, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.
Ali, lembranças contentes
Na alma se representaram;
E minhas cousas ausentes
Se fizeram tão presentes
Como se nunca passaram.
Ali, depois de acordado,
Co rosto banhado em água,
Deste sonho imaginado,
Vi que todo o bem passado
Não é gosto, mas é mágoa.
E vi que todos os danos
Se causavam das mudanças
e as mudanças dos anos;
Onde vi quantos enganos
Faz o tempo às esperanças.
Ali vi o maior bem
Quão pouco espaço que dura;
O mal que depressa vem,
E quão triste estado tem
Quem se fia da ventura.
Vi aquilo que mais vale,
Que então se entende milhor,
Quando mais perdido for;
Vi ao bem suceder mal
E, ao mal, muito pior.
E vi com muito trabalho
Comprar arrependimento;
Vi nenhum contentamento,
E vejo-me a mim, que espalho
Tristes palavras ao vento.
Bem são rios estas águas
Com que banho este papel;
Bem parece ser cruel
Variedade de mágoas
E confusão de Babel.
Como homem que, por exemplo,
Dos transes em que se achou,
Despois que a guerra deixou,
Pelas paredes do templo
Suas armas pendurou:
Assim, depois que assentei
Que tudo o tempo gastava,
Da tristeza que tomei,
Nos salgueiros pendurei
Os órgãos com que cantava.
Aquele instrumento ledo
Deixei da vida passada,
Dizendo: — Música amada,
Deixo-vos neste arvoredo,
À memória consagrada.
Frauta minha que, tangendo,
Os montes fazíeis vir
Pra onde estáveis correndo,
E as águas, que iam descendo,
Tornavam logo a subir,
Jamais vos não ouvirão
Os tigres, que se amansavam;
E as ovelhas que pastavam,
Das ervas se fartarão
Que por vos ouvir deixavam.
Já não fareis docemente
Em rosa tornar abrolhos
Na ribeira florescente;
Nem poreis freio à corrente,
E mais se for dos meus olhos.
Não movereis a espessura,
Nem podereis já trazer
Atrás de vós a fonte pura,
Pois não pudestes mover
Desconcertos da ventura.
Ficareis oferecida
À Fama, que sempre vela,
Frauta de mim tão querida;
Porque, mudando-se a vida,
Se mudam os gostos dela.
Acha a tenra mocidade
Prazeres acomodados,
E logo a maior idade
Já sente por pouquidade
Aqueles gostos passados.
Um gosto que hoje se
alcança,
Amanhã já o não vejo:
Assim nos traz a mudança
De esperança em esperança
E de desejo em desejo.
Mas, em vida tão escassa,
Que esperança será forte?
Fraqueza de humana sorte,
Que quanto da vida passa
Está recitando a morte!
Mas deixar nesta espessura
O canto da mocidade!
Não cuide a gente futura
Que será obra da idade
O que é força da ventura.
Que idade, tempo, o espanto
De ver quão ligeiro passe,
Nunca em mim puderam tanto,
Que, posto que deixe o canto,
A causa dele deixasse.
Mas em tristezas e nojos,
Em gosto e contentamento,
Por sol, por neve, por vento,
Tendré presente á los ojos
Por quien muero tan contento.
Órgãos e frauta deixava,
Despojo meu tão querido,
No salgueiro que ali estava,
Que pera troféu ficava
De quem me tinha vencido.
Mas lembranças da afeição
Que ali cativo me tinha,
Me perguntaram então:
Que era da música minha
Que eu cantava em Sião?
Que foi daquele cantar
Das gentes tão celebrado?
Porque o deixava de usar?
Pois sempre ajuda a passar
Qualquer trabalho passado.
Canta o caminhante ledo
No caminho trabalhoso,
Por entre o espesso arvoredo;
E de noite o temeroso,
Cantando, refreia o medo.
Canta o preso docemente,
Os duros grilhões tocando;
Canta o segador contente,
E o trabalhador, cantando,
O trabalho menos sente.
Eu, que estas cousas senti
Na alma, de mágoas tão cheia,
Como dirá, respondi,
Quem alheio está de si
Doce canto em terra alheia?
Como poderá cantar
Quem em choro banha o peito?
Porque, se quem trabalhar
Canta por menos cansar,
Eu só descansos enjeito.
Que não parece razão
Nem parece cousa idónea,
Por abrandar a paixão,
Que cantasse em Babilónia
As cantigas de Sião.
Que, quando a muita graveza
De saudade quebrante
Esta vital fortaleza,
Antes moura de tristeza
Que, por abrandá-la, cante.
Que, se o fino pensamento
Só na tristeza consiste,
Não tenho medo ao tormento:
Que morrer de puro triste,
Que maior contentamento?
Nem na frauta cantarei
O que passo e passei já,
Nem menos o escreverei;
Porque a pena cansará
E eu não descansarei.
Que, se a vida tão
pequena
Se acrescenta em terra estranha,
E se Amor assim o ordena,
Razão é que canse a pena
De escrever pena tamanha.
Porém se, pera
assentar
O que sente o coração,
A pena já me cansar,
Não canse pera voar
A memória em Sião.
Terra bem-aventurada,
Se, por algum movimento,
Da alma me fores mudada,
Minha pena seja dada
A perpétuo esquecimento.
A pena deste desterro,
Que eu mais desejo esculpida
Em pedra ou em duro ferro,
Essa nunca seja ouvida,
Em castigo do meu erro.
E se eu cantar quiser,
Em Babilónia sujeito,
Hierusalém, sem te ver,
A voz, quando a mover,
Se me congele no peito.
A minha língua se apegue
Às fauces, pois te perdi,
Se, enquanto viver assi,
Houver tempo em que te negue
Ou que me esqueça de ti!
Mas, ó tu, terra de
Glória,
Se eu nunca vi tua essência,
Como me lembras na ausência?
Não me lembras na memória,
Senão na reminiscência.
Que a alma é tábua
rasa
Que com a escrita doutrina
Celeste tanto imagina,
Que voa da própria casa
E sobe à Pátria divina.
Não é logo a saudade
Das terras onde nasceu
A carne, mas é do Céu,
Daquela santa Cidade
De onde esta alma descendeu.
E aquela humana
figura,
Que cá me pôde alterar,
Não é quem se há-de buscar:
É o raio da Fermosura
Que só se deve de amar.
Que os olhos e a luz
que ateia
O fogo que cá sujeita,
— Não do sol, mas da candeia —
É sombra daquela ideia
Que em Deus está mais perfeita.
E os que cá me
cativaram
São poderosos afeitos
Que os corações têm sujeitos;
Sofistas que me ensinaram
Maus caminhos por direitos.
Destes o mando tirano
Me obriga, com desatino,
A cantar, ao som do dano,
Cantares de amor profano
Por versos de amor divino.
Mas eu, lustrado co santo
Raio, na terra de dor,
De confusão e de espanto,
Como hei-de cantar o canto
Que só se deve ao Senhor?
Tanto pode o benefício
Da Graça, que dá saúde,
Que ordena que a vida mude:
E o que eu tomei por vício
Me faz grau pera a virtude.
E faz que este natural
Amor, que tanto se preza,
Suba da sombra ao real,
Da particular beleza
Pera a Beleza geral.
Fique logo pendurada
A frauta com que tangi,
Ó Hierusalém sagrada,
E tome a lira dourada
Pera só cantar de ti;
Não cativo e ferrolhado
Na Babilónia infernal,
Mas dos vícios desatado
E cá desta a ti levado,
Pátria minha natural.
E se eu mais der a cerviz
A mundanos acidentes,
Duros, tiranos e urgentes,
Risque-se quanto já fiz
Do grão livro dos viventes.
E, tomando já na mão
A lira santa e capaz
Doutra mais alta invenção,
Cale-se esta confusão,
Cante-se a visão da paz!
Ouça-me o pastor e o rei,
Retumbe este acento santo,
Mova-se no mudo espanto;
Que do que já mal cantei
A palinódia já canto.
A vós só me quero ir,
Senhor e grão Capitão
Da alta torre de Sião,
À qual não posso subir,
Se me vós não dais a mão.
No grão dia singular
Que na lira o douto som
Hierusalém celebrar,
Lembrai-vos de castigas
Os ruins filhos de Edom.
Aqueles que tintos vão
No pobre sangue inocente,
Soberbos co poder vão,
Arrasai-os igualmente,
Conheçam que humanos são.
E aquele poder tão duro
Dos afeitos com que venho,
Que incendem a alma e engenho;
Que já me entraram o muro
Do livre alvídrio que tenho;
Estes, que tão furiosos
Gritando vêm a escalar-me,
Maus espíritos danosos,
Que querem como forçosos
Do alicerce derrubar-me,
Derrubai-os, fiquem sós,
De forças fracos, imbeles;
Porque não podemos nós
Nem com eles ir a Vós,
Nem sem Vós tirar-nos deles.
Não basta minha fraqueza
Pera me dar defensão,
Se Vós, santo Capitão,
Nesta minha fortaleza
Não puserdes guarnição.
E tu, ó carne que encantas,
Filha de Babel tão feia,
Toda de misérias cheia,
Que mil vezes te levantas
Contra quem te senhoreia,
Beato só pode ser
Quem com a ajuda celeste
Contra ti prevalecer,
E te vier a fazer
O mal que lhe tu fizeste;
Quem com disciplina crua
Se fere mais que uma vez,
Cuja alma, de vícios nua,
Faz nódoas na carne sua,
Que já a carne na alma fez
E beato quem tomar
Seus pensamentos recentes
E em nascendo os afogar,
Por não virem a parar
Em vícios graves e urgentes;
Quem com eles logo der
Na pedra do furor santo
E, batendo, os desfizer
Na Pedra, que veio a ser
Enfim cabeça do Canto;
Quem logo, quando imagina
Nos vícios da carne má,
Os pensamentos declina
Àquela carne divina
Que na Cruz esteve já;
Quem do vil
contentamento
Cá deste mundo visível,
Quanto ao homem for possível,
Passar logo o entendimento
Pera o mundo inteligível,
Ali achará alegria
Em tudo perfeita e cheia
De tão suave harmonia,
Que nem, por pouca, escasseia,
Nem, por sobeja, enfastia.
Ali verá tão profundo
Mistério na suma Alteza,
Que, vencida a Natureza,
Os mores faustos do Mundo
Julgue por maior baixeza.
Ó tu, divino aposento,
Minha Pátria singular,
Se só com te imaginar
Tanto sobe o entendimento,
Que fará, se em ti se achar?
Ditoso de quem se partir
Pera ti, terra excelente,
Tão justo e tão penitente,
Que, despois de a ti subir,
Lá descanse eternamente!
Luís de Camões, Redondilhas de Babel e Sião
Estética de Platão
7 Março 2018, 17:00 • Filipa de Almeida Afonso
A estética de Platão: o problema da definição do belo; o belo sensível e o belo ideal; o amor pelo belo. Leituras de excertos de Hípias Maior e Banquete.
A hierarquia das technai segundo o duplo critério da mimèsis o bom modelo e a boa imitação.
7 Março 2018, 14:00 • Adriana Veríssimo Serrão
Continuação do tema em República X
A hierarquia das technai
segundo o duplo critério da mimèsis o bom modelo e a boa imitação.
No livro X (República 595 c e ss): Exemplificação dos graus do ser
Ideia (inteligível, una)
“no que diz respeito à Ideia não existe nenhum artífice que a possa executar”
Entes sensíveis
múltiplos, particulares, mas referidos ao modelo, como produções múltiplas (da unidade).
O artesão “fixa os seus olhos na Ideia para fazer, a partir dela, as camas, as mesas e os objectos de que nos servimos” (technè)
Imagens (eidolon, pl: eidola)
Coisas aparentes (phainomena) mas sem qualquer verdade (aletheia)
“este mesmo artesão não tem apenas o talento de fazer todos os móveis,
mas ainda todas as plantas e modela todos os seres vivos e a si mesmo; faz a terra, o céu, os deuses, tudo o que existe no céu e tudo o que existe na terra…”
Pergunta:
“imita as coisas como são ou como parecem? (598a)
- alteração do ângulo de visão, multiplicação das perspectivas, diferenças de estilo, produção de irrealidades (phantasma/ pl: phantasmata)
“os poetas só criam phantasmata e não entes (ta onta)”
“Mas vê agora que nome dás ao artesão que te vou dizer […], que faz todas as coisas que os diversos artesãos fazem cada um no seu género”.
Analogia com o espelho: Pintor
Ser (inteligível)
· Aparecer (sensível)
· Parecer – sombras / imagem
Agravamento do parecer:
O primado da filosofia (pensamento) sobre a poesia e pintura (produções de imagem)
Livro III: critério pedagógico e moral; critério político
Livro X: fundamentação ontológica
A mimèsis em O Sofista
219 a - 221 c
technai →da aquisição →troca / captura →caça
→da produção (poiètikè)
264 c- 268d
artes da produção (poiètikè)→ produção divina → realidade (mundo)
→ imagens (sonhos)
→ produção humana → realidade (coisas, entes)
→ imagens (eidolon / pl. eidola)
232 b-235 c
produção humana de imagens (arte mimética)
→ cópia (eicastikè technè).
→ simulacro (phantastikè technè)
Cópia: eikôn (ícone)
Simulacro (phantasma)
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-- São as produções de imagem technai?
-- Technai da medida: - astronomia, arquitectura, música, geometria
Leituras recomendadas: obras de Guy Debord e Jean Baudrillard
Próxima aula:
1. A mimèsis em O Sofista: 232 b-235 c
2. A Metafísica do Belo
Banquete: 198 ss (teoria filosófica de eros); 201 d-207 a (Sócrates e Diotima); 210 (dialéctica de eros); 215 a (dialéctica do amante e do amado)
Obras de carácter geral e introdutório
France Farago, L'art, Paris, Armand Colin, 1998, trad, port. A Arte, Porto, Porto Editora, 2002.
Raymond Bayer, Histoire de l'Esthétique, Paris, Armand Colin, 1961, trad. port. História da Estética, Lisboa, Ed. 70, diversas edições.
David Cooper (ed.), A Companion to Aesthetics. Oxford/Cambridge (USA), Blackwell, 1996.
Dizionario di estetica. A cura di Gianni Carchia e Paolo d’Angelo, Roma-Bari, Laterza, 1999, há trad. port.: Dicionário de Estética.
Jean Lacoste, La Philosophie de l'art, Paris, PUF, 1981
Sobre Platão
Pierre‑Maxime Schuhl, Platon et l'art de son temps. Paris, F. Alcan, 1933.
Léon Robin, La théorie platonicienne de l'amour. Paris, PUF, 1964.
Erwin Panofsky, Idea. Ein Beitrag zur Begriffsgeschichte der älteren Kunsttheorie. Berlin, W. Volker Spiess, 1985, 5ª ed; trad. franc.; Idea. Contribution à l'histoire du concept de l'ancienne théorie de l'art. Paris, Gallimard, 1983; múltiplas traduções.
José Pedro Serra, Pensar o Trágico. Categorias da Tragédia Grega, Lisboa, Gulbenkian, 2006.