Sumários
Novas centralidades e recomposições políticas: Pamplona, o império de Sancho III.
8 Maio 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. Leão: capital simbólica e transição urbana.
1.1 A mudança da corte de Oviedo para Leão (início do século X) marca uma viragem institucional:
o maior capacidade militar de controlar zonas baixas e férteis;
o vontade de controlar as regiões autónomas do Douro.
o dinâmicas de alargamento até à fronteira do Douro: o movimento de presúrias;
o vontade de se reconectar com símbolos urbanos e episcopais romanos.
1.2 Leão é construída como nova “Toledo do Norte”.
2. A fronteira como zona de negociação.
2.1 Zonas fronteiriças sem demarcação precisa:
o espaço de guerra limitada (expedições sazonais, escaramuças, fortificação de vilas);
o espaço de diplomacia (emissários, tratados, parias);
2.2 Fronteiras como zonas de oportunidade política, não apenas de conflito.
3. O reino de Pamplona na viragem do milénio
3.1 A região do Noroeste: a fragilidade da romanização + fragilidade de estruturas políticas + desinteresse muçulmano (que se estende até ao Ebro) + presença carolíngia nos Pirinéus e na Catalunha.
3.2 Século X: Pamplona como pequeno reino regional. A vizinhança com os condados aragoneses e catalães.
3.3 Consolidação do território frente aos condados aragoneses e catalães;
o afirmação sobre o vale do Ebro;
o articulação diplomática com Leão: a imitação ideológica;
o os mosteiros de La Rioja: San Millán de la Cogolla e Albelda. A reorganização do espaço.
4. Sancho III "o Maior" (1004–1035): ambição e construção hegemónica
4.1 Reunificação e expansão:
- herda Pamplona e expande o controlo sobre Aragão, Sobrarbe e Ribagorza;
- casa com Muniadona de Castela. O assassínio de García Sánchez de Castela (1028) e a disputa pelo poder; Sancho III torna-se regente em Castela: a sucessão de Fernando;
- intervém em Leão:
- o casamento de Urraca Garcez e Afonso V de Leão;
- a “tutoria” de Urraca (e Sancho III) sobre Bermudo III (1027);
- a intervenção na instabilidade leonesa e a presença em León (1032).
- o casamento entre Fernando de Castela e Sancha de Leão (1032); e de Bermudo III de Leão e Jimena Sánchez de Pamplona (1034-5).
4.2 Assunção de uma ideologia imperial:
- uso do título rex Hispaniarum;
- recuperação da linguagem de unidade peninsular e herança visigótica
- Sancho III e a recriação de uma monarquia pan-peninsular cristã.
5. Fragmentação após Sancho III: divisão do reino e recomposição política
5.1 À sua morte (1035), divisão dos seus domínios entre os filhos:
o Garcia Sánchez III → Pamplona;
o Ramiro → Aragão;
o Gonçalo → Sobrarbe e Ribagorza;
o Fernando → Castela.
5.2 A reorganização do mapa peninsular.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Barton, S. (2008), ‘Spain in the eleventh century’, The new Cambridge Medieval history ca. 1024-ca.1198, vol. 4.2, Cambridge, 154-190.
Collins, R. (1983), Early Medieval Spain. Unity in diversity. 400-1000, New York, 225-268.
Luis Corral, F. (2014), ‘Conquistas cristianas y evolución del mapa político peninsular en la Plena Edad Media (1035-1300)’, Historia de la España Medieval, Salamanca, 155-184.
--------
Álvarez Palenzuela, V. A., ed. (2005), Edad Media. Historia de España, Barcelona.
Collins, R. (1999), 'The Spanish kingdoms', The new Cambridge Medieval History 3. C. 900-c. 1024, Cambridge, 670-691.
Collins, Roger. (2012). Caliphs and Kings: Spain, 796–1031. Chichester: Wiley-Blackwell.
Martín Duque, Ángel J. (2007). Sancho III el Mayor de Pamplona: el rey y su reino (1004–1035). Pamplona: Gobierno de Navarra, Departamento de Cultura y Turismo, Institución Príncipe de Viana.
Martín Duque, Ángel J. (Ed.). (2004). Ante el milenario del reinado de Sancho el Mayor: Un rey navarro para España y Europa. Pamplona: Gobierno de Navarra, Institución Príncipe de Viana.
Martin, Georges. (2021). “Revisando las sucesiones de Sancho III de Pamplona y Fernando I de León: La teoría Muniadueña.” e-Spania, 39.
Martínez Díez, Gonzalo. (2007). Sancho III el Mayor, Rey de Pamplona, Rex Ibericus. Madrid: Marcial Pons Historia.
Monsalvo Antón, J.M.ª, ed. (2014), Historia de la España medieval, Salamanca.
Pick, L. K. (2017). Her father’s daughter: Gender, power, and religion in the early Spanish kingdoms. Ithaca, NY: Cornell University Press.
Rubio Sadia, Juan Pablo. (2006). ‘Introducción del rito romano y reforma de la Iglesia hispana en el siglo XI: de Sancho III el Mayor a Alfonso VI’, Hispania Sacra, 58(117).
Ward, Aengus. (2010). “Sancho el Mayor, la reina calumniada y los orígenes del reino de Castilla.” In J. A. Jara Fuente, G. Martin & I. Alfonso Antón (Eds.), Construir la identidad en la Edad Media: Poder y memoria en la Castilla de los siglos VII a XV (pp. 209–224). Cuenca: Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha.
A invenção das Astúrias: de Toledo a Oviedo e Santiago – Afonso III, 883 e a ficção da reconquista
6 Maio 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. As Astúrias “antes do reino”.
1.1 A autonomia periférica do norte da Península: Ástures, Cântabros, Rucones. A frágil romanização do Norte: a rede urbana; a língua.
1.2 A fraca visigotização: a submissão sob Leovigildo, num território fragmentado.
1.3 O desinteresse muçulmano e a constituição de resistências locais. O território a norte do Douro: desestruturação ou manutenção da fragmentação?
1.4 Século VIII no norte cristão: marcado por liderança(s) não hereditária(s), itinerante(s), multifocais, sem corte(s) fixa(s) nem aparato formal. O poder é construído sobre a fragmentação e apenas lentamente se institucionaliza.
1.5 A lentidão de um processo que desinteressava os muçulmanos: de Oviedo à Galiza e à Cantábria.
2. Expressões documentais de realeza e território: a fundação da praxis política cristã no Norte.
2.1 Diploma de Silo (774-783) (ano 775): o primeiro documento régio conservado.
2.1 O Testamento de Afonso II (812).
1. A invenção das Astúrias.
1.1 Uma história feita a posteriori. Os líderes do norte e a ausência de passado. A união Ástures (Ermosinda) e Cântabros (Pedro).
1.2 Nascimento da monarquia asturiana é “uma construção posterior sobre realidades inicialmente frágeis e locais”.
1.3 Afonso II (791-842) e a primeira ideologia visigótica: o corte com o passado.
2. A ficção da continuidade goda e a produção historiográfica régia.
2.1 O neogoticismo;
2.2 Crónica de Afonso III (883):
· reis das Astúrias como legítimos herdeiros da monarquia visigoda, reconstruindo uma linha contínua desde Toledo.
· Interpreta a conquista muçulmana como castigo divino e a resistência asturiana como missão providencial.
2.3 Crónica Profética (Novembro de 883):
· introduz uma visão escatológica da história da Hispânia: os Godos foram castigados, mas um ciclo de reconquista e restauração está prometido.
2.4 O ano 883: o neogoticismo asturiano.
· a profecia do pseudo-Ezequiel:
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Collins, R. (1983), Early Medieval Spain. Unity in diversity. 400-1000, New York, 225-268.
--------
Álvarez Palenzuela, V. A., ed. (2005), Edad Media. Historia de España, Barcelona.
Carvajal Castro, Á. (2014). La construcción de una sede regia: León y la identidad política de los reyes asturleoneses en la crónica de Sampiro y en los documentos. e-Spania, 18.
Collins, R. (1999), 'The Spanish kingdoms', The new Cambridge Medieval History 3. C. 900-c. 1024, Cambridge, 670-691.
Collins, R. (2004), Visigothic Spain, 409–711, Oxford.
Collins, R. (2012). Caliphs and kings: Spain, 796–1031. Malden, MA: Wiley-Blackwel.
Deswarte, Th. (2003), De la destruction à la restauration. L’idéologie du royaume d’Oviedo-León (VIIIe-XIe siècles), Turnhout.
Escalona, J. (2004). Family memories: Inventing Alfonso I of Asturias. In I. Alfonso, H. Kennedy & J. Escalona (Eds.), Building legitimacy: Political discourses and forms of legitimacy in medieval societies (pp. 223–262). Leiden: Brill.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Martin, G. (2024). Un tópico historiográfico: la “pérdida y restauración de España” en la historiografía de los siglos VIII y IX. In El hilo infinito. Paris: e-Spania Books.
Monsalvo Antón, J.M.ª, ed. (2014), Historia de la España medieval, Salamanca.
Ordóñez Cuevas, A. M. (2016). La legitimidad de los reyes asturianos en las crónicas de Alfonso III. Estudios Medievales Hispánicos, 5, 7–43.
Pérez Marinas, I. (2013). Regnum Gothorum y regnum Hispaniae en las crónicas hispano-cristianas de los siglos VIII y IX: ¿Continuación, fin o traslado en el relato de la conquista árabe? Estudios Medievales Hispánicos, 2, 175–200.
Pick, L. K. (2017). Her father’s daughter: Gender, power, and religion in the early Spanish kingdoms. Ithaca, NY: Cornell University Press.
Solano Fernández-Sordo, Á. (2009). La ideología del Reino de Asturias a través de sus crónicas. Boletín de Letras del Real Instituto de Estudios Asturianos, 63(173–174), 109–158.
O Emirado e o Califado: hegemonia e conectividade mediterrânea. Arabização, islamização e moçarabismo.
29 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. O fim do domínio visigótico.
a. A instabilidade crónica e a fragmentação persistente do mundo visigótico.
b. O aproveitamento da fragmentação e conflitualidade visigótica. A guerra civil Rodrigo-filhos de Vitiza-Ágila II-Ardão.
c. ‘No sudeste da Hispânia, o sistema de importações a partir de África parece ter colapsado sensivelmente por altura da conquista árabe de Cartago, em 698. A economia interna da Meseta já tinha colapsado num localismo puro durante os séculos VI e VII, com concentrações residuais de riqueza aristocrática encontradas em Mérida. Nas décadas anteriores a 700, as cidades da Tarraconense atingiram os níveis mais baixos de continuidade urbana alguma vez registados – o que significa que a ocupação continuada de muitos sítios nem sequer pode ser comprovada. As trocas de cerâmica a longa distância e em grande volume caíram abruptamente, e as pedras talhadas deixaram de ser produzidas ou comercializadas em grandes quantidades. Uma consequência deste último desenvolvimento foi que os Hispanos começaram a construir os seus edifícios quase exclusivamente em madeira, ou (muito ocasionalmente) com pedra reaproveitada’ (Fynn-Paul, 2024: 234).
d. ‘A conquista muçulmana em avanço foi uma bênção para as províncias que nela foram incorporadas, e economicamente desastrosa para as províncias que ficaram de fora’ (Fynn-Paul, 2024: 234).
2. Refazer redes comerciais no Mediterrâneo: o domínio muçulmano do Mediterrâneo.
a. A tese de Henri Pirenne e a sua crítica.
i. A integração da Hispânia na órbita económica e cultural do Islão: rotas comerciais, circulação de moedas, mercadorias e elites.
ii. Exportação de azeite, cereais, metais, escravos: as exportações tradicionais hispânicas.
3. O império muçulmano no Ocidente.
a. 695: conquista de Cartago.
b. 711-716: conquista da Hispânia;
c. 827: entrada na Sicília. Queda de Siracusa em 878. Conquista termina no início do s. X.
d. Conquista de Tarento (840-870); Bari (841-871); o saque do Vaticano (846).
e. 847-871: emirado de Bari.
4. A entrada dos muçulmanos na Hispânia.
a. O prolongamento da conquista no Norte de África. A chegada a Tânger (703) e o controlo do estreito.
b. O colapso é mais político do que militar: ausência de resistência unificada, fragmentação interna e legitimações concorrentes: o Islão entra num espaço político já fraturado; e não o vai resolver.
c. O primeiro alvo: Sevilha. A batalha de Guadalete. Depois: Córdova – Toledo; Mérida (713); Ebro (714); León, Astorga (714); Lusitânia (715); Catalunha e o Nordeste (716).
5. Um novo equilíbrio de poderes e de grupos sociais.
a. O pacto de Teodomiro (716). Os filhos de Vitiza: a garantia de protecção de propriedade, culto e cargos — em troca de tributo e lealdade.
b. A cooperação das elites locais: a islamização das elites: os muwalladun.
c. Fluxos de imigrantes árabes, berberes, e em menor grau persas e sírios
d. O fim do monolonguismo ibérico.
e. OU SEJA:
· Sociedade profundamente heterogénea: árabes de origens distintas, berberes, hispano-romanos convertidos, judeus e moçárabes.
· Tensões étnicas e sociais persistem: rivalidades entre árabes "sírios" e "qaysitas" (árabes do Norte), entre berberes e árabes, entre convertidos e imigrados.
· A manutenção do cristianismo e a cultura moçárabe: o tributo e a tolerância.
· A arabização da Bética e do sul.
f. A islamização rápida a partir da segunda metade do século IX. A desestruturação do cristianismo visigótico.
g. O moçarabismo residual a partir do final do século IX.
6. A cronologia:
i. Os governadores (714-756).
ii. O emirado Omíada de Córdova (756-929).
iii. O califado Omíada de Córdova (929-1031).
7. O poder muçulmano na Hispânia:
a. A Península passa de periferia cristã a fronteira ocidental de uma nova civilização global.
b. Entre 800–1000, Al-Andalus era a região mais rica da Europa ocidental.
c. Um mundo de cidades: ausência de ruptura. Córdova: ca. 500 mil habitantes. E.g. Roma em 800: 30 mil hab.
d. Integra-se no circuito económico islâmico: rotas com o Magrebe, Sicília, Egipto e Médio Oriente.
e. Introdução de técnicas e produtos agrícolas: irrigação intensiva (noria), arroz, cenoura, cítricos.
f. Córdoba torna-se um polo de produção, redistribuição e consumo urbano sofisticado.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Abulafia, D. (2012), The Great Sea: a human history of the Mediterranean, Oxford, 241-257.
Fynn-Paul, J. (2024), ‘The Iberian Economy in Global Perspective, 700–1500’, An economic history of the Iberian Peninsula, 700-2000, Cambridge, 221-247.
Kennedy, H. (1995), ‘The Muslims in Europe’, The new Cambridge Medieval history ca. 700-ca.900, vol. 2, Cambridge, 249-271.
___________
Cameron, Av. (2012), The Mediterranean World in Late Antiquity, AD 395-700. Routledge History of Classical Civilization, London, 168-207.
Crone, P. (2005), Medieval Islamic political thought, Edinburgh.
Fisher, G. (2013), Between empires: Arabs, Romans, and Sasanians in late antiquity, Oxford.
Griffith, S. (1997), ‘Byzantium and the Christians in the world of Islam: Constantinople and the Church in the Holy Land in the Ninth Century’, Medieval Encounters 3, 231-265.
Howard-Johnston, J.D. (2010), Witnesses to a world crisis: historians and histories of the Middle East in the seventh century, Oxford.
Hoyland, R. (2012), ‘Early Islam as a late antique religion’, The Oxford handbook of Late Antiquity, Oxford.
Kaegi, W. E. (1992), Byzantium and the early Islamic conquests, Cambridge.
Kennedy, H. (1986), The Prophet and the age of the Caliphates: the Islamic Near East from the sixth to the eleventh centuries, London.
Lapidus. I. M. (20022), A history of Islamic societies, Cambridge.
Madelung, W. (1997), The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate, Cambridge.
Robinson, C. (2010), The New Cambridge History of Islam. 1. The formation of the Islamic world (sixth to eleventh centuries), Cambridge.
Wickham, Ch. (2005), Framing the early Middle Ages: Europe and the Mediterranean, 400-800, Oxford.
Wickham, Ch. (2009), The inheritance of Rome. A history of Europe from 400 to 1000, London.
Os atacantes vindos do deserto: os colapsos militares bizantino, sassânida e visigótico
24 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. Reorientalização do Mediterrâneo: olhar para as conquistas muçulmanas como um classicista.
a. Os processos culturais do Mediterrâneo como processos de orientalização cultural e civilizacional;
b. A geografia da região: uma encruzilhada de continentes.
c. O Imperialismo cristão no Mediterrâneo.
2. Muhammad (ca. 570-632).
a. Uma matriz comum: a influência judaico-cristã;
b. Líder político-militar; legislador; líder religioso.
c. A comunidade politico-religiosa (umma): crença num Deus único; apocalipticismo.
d. O êxodo (hijra) para Medina (622).
e. A guerra (jihād); a conquista de Meca (630).
f. O califado.
3. Omíadas (661-750).
a. O Islão torna-se o que o Cristianismo tinha sido em termos ideológicos e culturais.
b. Helenização/Bizantinização em Damasco.
i. O imaginário bizantino: a criação de uma ideologia que encontra no califa o fundamento do funcionamento ordenado do universo em termos ‘humanos’; a eleição divina do califa; o califa como ponto de fuga da corte, com uma relação com a divindade semelhante à do imperador.
4. Religiões da Antiguidade tardia.
a. Religião e política: o imperador ao serviço de Deus: criar a unidade política e religiosa do orbe a influência imperial.
b. Religião e universalismo: Cristianismo - ultrapassar a cidade ou o povo; a conversão da espécie humana.
c. Religião e verdade: o imperador ao serviço da imposição da verdade a todo o mundo. A verdade como afirmação racional.
d. Religião e apocalíptica: a pregação do fim do mundo e a guerra contra Bizantinos e Sassânidas.
e. Religião e livro: o Corão (Qur’an) (as 114 suras e a compilação em meados do s. VII).
5. Entretanto na fronteira do Eufrates: a guerra Bizantinos vs. Sassânidas – 1.ª fase: 610-626.
5.1 613: Conquista de Antioquia.
5.2 614: Conquista de Damasco e Jerusalém. O roubo da Santa Cruz.
5.3 617: Conquista de Alexandria e de Calcedónia. A chegada ao Egeu: saque de Éfeso
5.4 A perda do trigo do Egipto.
5.5 O cerco a Constantinopla: 626.
5.6 A desagregação da máquina fiscal bizantina no Oriente.
6. A guerra com os Sassânidas – 2.ª fase: 626-628.
6.1 A aliança com os turcos e a campanha de 627-628.
6.2 A batalha de Nínive (627). A rebelião persa contra Cosroés II, deposição e morte (628). A sucessão de Cavades II (628). A Pérsia entra em guerra civil (628-632).
6.3 A Paz (629).
· A fronteira no Eufrates.
· O regresso da Santa Cruz (630).
· Um Império em sérios problemas: durante quinze anos sem abastecimento de trigo e sem impostos.
7. A chegada dos muçulmanos.
7.1 Os primeiros raids na Palestina (629).
7.2 A conquista da Palestina e da Síria (634-638). A conquista de Jerusalém (638).
7.3 A conquista de Alexandria (642) e do Egipto (639-646).
7.4 A captura de Cartago (695).
7.5 A entrada na Hispânia (711).
8. Motivos:
7.1 A destruição da máquina militar Romana.
7.2 Surpresa e desconhecimento.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Abulafia, D. (2012), The Great Sea: a human history of the Mediterranean, Oxford, 241-257.
Kennedy, H. (1995), ‘The Muslims in Europe’, The new Cambridge Medieval history ca. 700-ca.900, vol. 2, Cambridge, 249-271.
___________
Cameron, Av. (2012), The Mediterranean World in Late Antiquity, AD 395-700. Routledge History of Classical Civilization, London, 168-207.
Crone, P. (2005), Medieval Islamic political thought, Edinburgh.
Fisher, G. (2013), Between empires: Arabs, Romans, and Sasanians in late antiquity, Oxford.
Griffith, S. (1997), ‘Byzantium and the Christians in the world of Islam: Constantinople and the Church in the Holy Land in the Ninth Century’, Medieval Encounters 3, 231-265.
Howard-Johnston, J.D. (2010), Witnesses to a world crisis: historians and histories of the Middle East in the seventh century, Oxford.
Hoyland, R. (2012), ‘Early Islam as a late antique religion’, The Oxford handbook of Late Antiquity, Oxford.
Kaegi, W. E. (1992), Byzantium and the early Islamic conquests, Cambridge.
Kennedy, H. (1986), The Prophet and the age of the Caliphates: the Islamic Near East from the sixth to the eleventh centuries, London.
Lapidus. I. M. (20022), A history of Islamic societies, Cambridge.
Madelung, W. (1997), The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate, Cambridge.
Robinson, C. (2010), The New Cambridge History of Islam. 1. The formation of the Islamic world (sixth to eleventh centuries), Cambridge.
De Vouillé ao III Concílio de Toledo: afirmação do poder visigótico, religião e centralização.
22 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. Antes de Leovigildo: instabilidade e fragmentação (Atanagildo e as décadas de 550-560).
1.1 Atanagildo sobe ao trono com apoio externo (bizantino).
1.2 Hispânia: várias zonas de controlo, facções locais, cidades e influência imperial.
1.3 O Reino neo-suevo no Noroeste: o problema das fontes.
1.4 A “re-invenção” das particularidades étnicas: Ástures, Cântabros e Rucões.
2. Leovigildo (r. 568–586): conquista, resistência e imperialização ideológica.
2.1 O domínio sobre o Norte: Cântabros, Ástures. Conquista do reino suevo da Galécia (585).
2.2 Revoltas internas e autonomias aristocráticas (e.g. caso Hermenegildo): especialmente no Sul.
2.3 Rei “imperial”.
3. Recaredo (r. 586–601): conversão e ortodoxia.
3.1 Conversão ao catolicismo no III Concílio de Toledo de 589: ruptura com o arianismo.
3.2 Recaredo e Constantino.
3.3 Aliança entre coroa e Igreja católica à semelhança do modelo imperial: o novo fundamento ideológico da monarquia visigoda.
4. Suíntila (r. 621–631) e o fim da presença bizantina.
4.1 Reconquista das últimas praças bizantinas (c. 624).
4.2 É o primeiro rei a governar toda a Península sem presença estrangeira nem reinos concorrentes.
5. A Igreja como instrumento de unidade.
5.1 A estrutura conciliar (concílios de Toledo) serve de parlamento aristocrático e espaço de controlo político.
5.2 A legislação eclesiástica ganha força de lei pública (visigótica).
6. O modelo ideológico “imperial”.
6.1 O mundo imperial como o único modelo ideológico disponível: a memória histórica no Ocidente.
6.2 Local Romanness: a sociedade romana quando já não existe “Roma”; e quando se combate “Roma”.
6.3 Translatio imperii: a interpretação ideológica do presente como uma transferência de poder.
7. Fragmentação efectiva no terreno.
7.1 Reino visigodo: modelo de unidade normativa com execução regional desigual.
7.2 A monarquia impõe símbolos e leis — mas a execução depende de cooperação local (cidades, aristocracia, episcopado).
7.3 As cidades mantêm grande autonomia, controladas por elites locais.
7.4 Aristocracia territorial exerce autoridade militar e fiscal informal, com poder local enraizado e lealdades voláteis.
7.5 Em tempos de crise (sucessões, invasões, revoltas), o reino fragmenta-se com facilidade, revelando a precariedade da centralização
8. Instabilidade: sucessões e deposições.
8.1 Após o assassínio de Liúva II (602): a monarquia torna-se instável: vários reis depostos ou assassinados.
- Liúva II (602): deposto e executado;
- Viterico (610): assassinado;
- Sisebuto (621): talvez assassinado;
- Suíntila (631): deposto;
- Tulga (641): deposto;
- Vamba (680): deposto;
- Vitiza (710): provavelmente deposto. O efeito em 711.
8.2 Uma monaquia sem normas claras de sucessão: favorece golpes e partidarismos, vulnerável a golpes palacianos e sem sucessão dinástica estável.
8.3 A autoridade régia depende de fidelidades frágeis e apoios voláteis nos concílios e entre os magnates.
Rodrigo Furtado
Bibliografia Básica:
Collins, R. (1983), Early Medieval Spain. Unity in diversity. 400-1000, New York, 41-58; 225-268.
----
Alvárez Palenzuela, V. A., ed. (2005), Edad Media. Historia de España, Barcelona.
Bowes, K. D.-Kulikowski, M. (2005), Hispania in Late Antiquity: current perspectives, Leiden.
Claude, D. (1998), ‘Remarks to the relationship between Visigoths and Hispano-Romans in the 7th Century’, Strategies of distinction: construction of ethnic communities, 300–800, Leiden.
Collins, R. (2004), Visigothic Spain, 409-711, Oxford, 197-246.
Díaz, P., Valverde Castro, M. R. (2000), ‘The theoretical strength and practical weakness of the Visigothic monarchy of Toledo’, Rituals of Power: From Late Antiquity to the Early Middle Ages, Leiden, 59–93.
Ferreiro, A., ed. (1999), The Visigoths: Studies in Culture and Society, Boston.
Furtado, R. (2005), ‘Poder, diplomacia e religião no reino visigótico: a rainha Gosvinta’, Euphrosyne 34, 205- 223.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Heather, P. (1999), The Visigoths from the Migration Period to the Seventh Century: An Ethnographic Perspective, Rochester, NY.
James, E., ed. (1980), Visigothic Spain: New Approaches, Oxford.
King, P. D. (1972), Law and Socety in the Visigothic Kingdom, Cambridge.
Kulikowski, M. (2004), Late Roman Spain and Its Cities, Baltimore.
Martin, C. (2003), La géographie du pouvoir dans l’Espagne visigothique, Lille.
Valverde Castro, M. R. (2000). Ideología, simbolismo y ejercicio del poder real en la monarquía visigoda: un proceso de cambio, Salamanca.