Sumários
De Vouillé ao III Concílio de Toledo: afirmação do poder visigótico, religião e centralização.
22 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. Antes de Leovigildo: instabilidade e fragmentação (Atanagildo e as décadas de 550-560).
1.1 Atanagildo sobe ao trono com apoio externo (bizantino).
1.2 Hispânia: várias zonas de controlo, facções locais, cidades e influência imperial.
1.3 O Reino neo-suevo no Noroeste: o problema das fontes.
1.4 A “re-invenção” das particularidades étnicas: Ástures, Cântabros e Rucões.
2. Leovigildo (r. 568–586): conquista, resistência e imperialização ideológica.
2.1 O domínio sobre o Norte: Cântabros, Ástures. Conquista do reino suevo da Galécia (585).
2.2 Revoltas internas e autonomias aristocráticas (e.g. caso Hermenegildo): especialmente no Sul.
2.3 Rei “imperial”.
3. Recaredo (r. 586–601): conversão e ortodoxia.
3.1 Conversão ao catolicismo no III Concílio de Toledo de 589: ruptura com o arianismo.
3.2 Recaredo e Constantino.
3.3 Aliança entre coroa e Igreja católica à semelhança do modelo imperial: o novo fundamento ideológico da monarquia visigoda.
4. Suíntila (r. 621–631) e o fim da presença bizantina.
4.1 Reconquista das últimas praças bizantinas (c. 624).
4.2 É o primeiro rei a governar toda a Península sem presença estrangeira nem reinos concorrentes.
5. A Igreja como instrumento de unidade.
5.1 A estrutura conciliar (concílios de Toledo) serve de parlamento aristocrático e espaço de controlo político.
5.2 A legislação eclesiástica ganha força de lei pública (visigótica).
6. O modelo ideológico “imperial”.
6.1 O mundo imperial como o único modelo ideológico disponível: a memória histórica no Ocidente.
6.2 Local Romanness: a sociedade romana quando já não existe “Roma”; e quando se combate “Roma”.
6.3 Translatio imperii: a interpretação ideológica do presente como uma transferência de poder.
7. Fragmentação efectiva no terreno.
7.1 Reino visigodo: modelo de unidade normativa com execução regional desigual.
7.2 A monarquia impõe símbolos e leis — mas a execução depende de cooperação local (cidades, aristocracia, episcopado).
7.3 As cidades mantêm grande autonomia, controladas por elites locais.
7.4 Aristocracia territorial exerce autoridade militar e fiscal informal, com poder local enraizado e lealdades voláteis.
7.5 Em tempos de crise (sucessões, invasões, revoltas), o reino fragmenta-se com facilidade, revelando a precariedade da centralização
8. Instabilidade: sucessões e deposições.
8.1 Após o assassínio de Liúva II (602): a monarquia torna-se instável: vários reis depostos ou assassinados.
- Liúva II (602): deposto e executado;
- Viterico (610): assassinado;
- Sisebuto (621): talvez assassinado;
- Suíntila (631): deposto;
- Tulga (641): deposto;
- Vamba (680): deposto;
- Vitiza (710): provavelmente deposto. O efeito em 711.
8.2 Uma monaquia sem normas claras de sucessão: favorece golpes e partidarismos, vulnerável a golpes palacianos e sem sucessão dinástica estável.
8.3 A autoridade régia depende de fidelidades frágeis e apoios voláteis nos concílios e entre os magnates.
Rodrigo Furtado
Bibliografia Básica:
Collins, R. (1983), Early Medieval Spain. Unity in diversity. 400-1000, New York, 41-58; 225-268.
----
Alvárez Palenzuela, V. A., ed. (2005), Edad Media. Historia de España, Barcelona.
Bowes, K. D.-Kulikowski, M. (2005), Hispania in Late Antiquity: current perspectives, Leiden.
Claude, D. (1998), ‘Remarks to the relationship between Visigoths and Hispano-Romans in the 7th Century’, Strategies of distinction: construction of ethnic communities, 300–800, Leiden.
Collins, R. (2004), Visigothic Spain, 409-711, Oxford, 197-246.
Díaz, P., Valverde Castro, M. R. (2000), ‘The theoretical strength and practical weakness of the Visigothic monarchy of Toledo’, Rituals of Power: From Late Antiquity to the Early Middle Ages, Leiden, 59–93.
Ferreiro, A., ed. (1999), The Visigoths: Studies in Culture and Society, Boston.
Furtado, R. (2005), ‘Poder, diplomacia e religião no reino visigótico: a rainha Gosvinta’, Euphrosyne 34, 205- 223.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Heather, P. (1999), The Visigoths from the Migration Period to the Seventh Century: An Ethnographic Perspective, Rochester, NY.
James, E., ed. (1980), Visigothic Spain: New Approaches, Oxford.
King, P. D. (1972), Law and Socety in the Visigothic Kingdom, Cambridge.
Kulikowski, M. (2004), Late Roman Spain and Its Cities, Baltimore.
Martin, C. (2003), La géographie du pouvoir dans l’Espagne visigothique, Lille.
Valverde Castro, M. R. (2000). Ideología, simbolismo y ejercicio del poder real en la monarquía visigoda: un proceso de cambio, Salamanca.
O projecto imperial de Justiniano: conquista, fracasso e fronteira. As estratégias bizantinas no ocidente
10 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. A renovação imperial em tempos de crise: Justiniano e o Mediterrâneo fragmentado
1.1 O Mediterrâneo do século VI: espaço desarticulado, afectado por guerras prolongadas, instabilidade fiscal e choques climáticos e epidémicos.
1.2 Justiniano (r. 527–565): ambicioso programa de reconstrução imperial (a renovatio imperii) em nome da unidade política e da ortodoxia cristã;
1.3 Aproveitamento de disputas pelo poder:
· Vândalos: Hilderico vs. Gelimero (conquista de Belisário: 533-4)
· Ostrogodos: Amalasunta, Atalarico e Teodato
Guerra Gótica: 535-40; 542-552.
Guerra, fome, devastação de Roma;
As devastações do Norte de Itália por Francos e outras populações;
Os Lombardos: 568.
· Visigodos: a revolta de Atanagildo em 551-554.
2. A reconquista de Cartago (533) e o reequilíbrio parcial do sistema.
2.1 Derrube do reino vândalo de Cartago (533): reabertura do eixo Cartago–Hispânia.
2.2 Reocupação do vértice económico e estratégico do Sudoeste mediterrânico, relançando a hipótese de intervenção na Península.
2.3 Cartago: principal base logística e administrativa da África Proconsular restaurada + plataforma de projecção para a Bética.
3. Circunstâncias locais da intervenção na Hispânia
3.1 O “interregno” ostrogodo: Têudis (r. 531-548) e Teudisclo (548-549).
3.1.1 Por que razão aceitam Têudis, que é um ostrogodo?
3.1.2 Os Godos “recuam” para Toledo. Porquê?
3.1.3 Instabilidade: Têudis e Teudisclo são assassinados.
3.2 Os reizetes visigodos do sul – Ágila (?-554) e Atanagildo (?-568).
3.2.1 Ágila e a tentativa de controlo do Guadalquivir-Guadiana: Córdova (falha) e Mérida.
3.2.2 A usurpação de Atanagildo no sul (549/551?).
3.3 O império intervém em c. 552, aproveitando uma crise interna visigoda:
3.3.1 guerra civil entre Ágila e Atanagildo;
3.3.2 vazio de poder regional deixado pelo colapso do reino ostrogodo na Itália.
3.3.3 paisagem política profundamente fragmentada.
4. A presença bizantina: extensão, natureza e limites
4.1 “Província da Hispânia”: nunca foi uma província formal no sentido clássico.
4.2 Enclaves costeiros: Carthago Nova, Málaga, talvez Sevilha, articulados por mar.
4.3 Ausência de rede fiscal estável, nem aparato administrativo estruturado: o poder imperial era urbano, descontínuo e sempre desafiado.
4.4 A autoridade bizantina é um corpo estranho num espaço sem hegemonia, mas ainda com memória imperial.
5. Late Antique Little Ice Age (536-660): LALIA
5.1 Origem provável: o Inverno vulcânico de 536 (causado por 3 erupções vulcânicas talvez na América). Queda das temperaturas entre 2-2,7º. Período mais frio do final do Holoceno + excesso de chuvas
5.2 As fontes: a nuvem de pó que obscureceu o céu durante cerca de um ano.
5.3 Consequências nas regiões húmidas europeias:
· quebra drástica da produção;
· colapso do mercado;
· consequências demográficas, urbanas, fiscais, militares.
Büntgen et al., 2016:3
Büntgen et al., 2016:4
6. A peste bubónica (Yersinia pestis).
6.1 541 – Pelúsio. A região mais dinâmica do Mediterrâneo.
6.2 542: Constantinopla.
6.3 543: Itália e Gália. Arménia. Pérsia.
6.4 Até 25% de mortalidade.
6.5 Ondas contínuas de peste endémica.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Abulafia, D. (2012), The Great Sea: a human history of the Mediterranean, Oxford, 226-233.
Kulikowski, M. (2004), Late Roman Spain and its cities, Baltimore, 197-214.
--------
Bowes, K. D.-Kulikowski, M. (2005), Hispania in Late Antiquity: current perspectives, Leiden.
Büntgen, U., Myglan, V., Ljungqvist, F. et al. (2016), ‘Cooling and societal change during the Late Antique Little Ice Age from 536 to around 660 AD’ Nature Geoscience 9, 231–236.
Cameron, Av. (1996), Procopius and the Sixth Century, London, 1996.
Cameron, Av. (2012), ‘Justinian and reconquest’, The Mediterranean World in Late Antiquity AD 395-700, 2nd ed., Abingdon and New York, 104-127.
Evans, J.A.S. (2002), The Empress Theodora - Partner of Justinian, Austin.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Gillett, A., ed. (2002), On Barbarian Identity: Critical Approaches to Ethnogenesis Theory, Turnhout.
Goetz, H.-W., Jarnut, J. Pohl, W., eds. (2003), Regna and Gentes: The Relationship Between Late Antique and Early Medieval Peoples and Kingdoms in the Transformation of the Roman World, Leiden.
Haldon, J. et al. (2018), ‘Plagues, climate change, and the end of an empire: A response to Kyle Harper’s The Fate of Rome (3): Disease, agency, and collapse,” History Compass 16:
Harper, K. (2017), The Fate of Rome: Climate, Disease and the End of An Empire, Princeton.
Heather, P. (1998), The Goths, Oxford.
Heather, P. (2015), ‘La creación de los visigodos’, Cuadernos Medievales-Cuadernos de Cátedra 2,1-44.
Heather, P., ed. (1999), The Visigoths from the Migration Period to the Seventh Century: An Ethnographic Perspective, Rochester, NY.
Horden, P. (2005), ‘Mediterranean Plague in the Age of Justinian’, The Cambridge Companion to the Age of Justinian, Cambridge, 134-60.
Keller, M. et al. (2018), ‘Ancient Yersinia pestis genomes from across Western Europe reveal early diversification during the First Pandemic (541-750)’, 1-32.
Koch, M. (2006), ‘Gothi intra Hispania sedes accceperunt. Consideraciones sobre la supuesta inmigración visigoda en la Península Ibérica’, Pyrenae 37.2, 82-104.
Little, L. K., ed. (2007), Plague and the End of Antiquity – The Pandemic of 541-750, Cambridge.
López Quiroga, J. (2006), Gentes Barbarae. Los Bárbaros, entre el mito y la realidad, Murcia.
Maas, M., ed. (2005), Cambridge Companion to the Age of Justinian, Cambridge, 2005.
Mathisen, R. W., Shanzer, D., eds. (2011), Romans, Barbarians, and the Transformation of the Roman World: Cultural Interaction and the Creation of Identity in Late Antiquity, Burlington.
Mathisen, R. W., Sivan, H. (1999), ‘Forging a New Identity: The Kingdom of Toulouse and the Frontiers of Visigothic Aquitania (418-507)’, The Visigoths: Studies in Culture and Society, Leiden, 1–62.
McCormick, M. (2015), ‘Tracking Mass Death During the Fall of Rome’s Empire (I), Journal of Roman Archaeology 28, 325-357.
McCormick, M. (2015), ‘Tracking Mass Death During the Fall of Rome’s Empire (II), Journal of Roman Archaeology 29, 1004-1046.
Mitchell, S. (2007), A History of the Later Roman Empire, AD 284-641, Oxford.
Mordechai, L, Eisenberg, M. (2019), ‘Rejecting Catastrophe: the case of the Justinianic Plague’, Past & Present.
Mordechai, L, Eisenberg, M., et al. (2019). ‘The Justinianic Plague: An inconsequential pandemic?’, PNAS https://doi.org/10.1073/pnas.190379711
Pohl, W. (1998), ‘Conceptions of Ethnicity in Early Medieval Studies’, Debating the Middle Ages: Issues and Readings, London, 13-24.
Pohl, W., Heydemann, G., eds., (2013), Post-Roman Transitions: Christian and Barbarian Identities in the Early Medieval West, Turnhout.
Pohl, W., Reimitz, H. eds. (1998), Strategies of Distinction: The Construction of Ethnic Communities, 300-800, Leiden.
Sarris, P. (2002), ‘The Justinianic Plague: Origins and Effects’, Continuity and Change 17, 169-182.
Sarris, P. (2007), ‘Bubonic Plague in Byzantium: The Evidence of Non-Literary Sources’, Plague and the End of Antiquity – The Pandemic of 541-750, Cambridge, 119-134.
Sarris, P. (2011), Empires of Faith: The Fall of Rome to the Rise of Islam, 500-700. Oxford.
Sarris, P. (2020), ‘Climate and Disease,’ A Companion to the Global Middle Ages, Blackwell-Willey, 511-538.
Wagner, D. M. et al. (2014), ‘Yersinia pestis and the Plague of Justinian 541-543 AD: A Genomic analysis’, Lancet Infectious Diseases. 319-26.
O projecto imperial de Justiniano: conquista, fracasso e fronteira. As estratégias bizantinas no ocidente
8 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. A renovação imperial em tempos de crise: Justiniano e o Mediterrâneo fragmentado
1.1 O Mediterrâneo do século VI: espaço desarticulado, afectado por guerras prolongadas, instabilidade fiscal e choques climáticos e epidémicos.
1.2 Justiniano (r. 527–565): ambicioso programa de reconstrução imperial (a renovatio imperii) em nome da unidade política e da ortodoxia cristã;
1.3 Aproveitamento de disputas pelo poder:
· Vândalos: Hilderico vs. Gelimero (conquista de Belisário: 533-4)
· Ostrogodos: Amalasunta, Atalarico e Teodato
Guerra Gótica: 535-40; 542-552.
Guerra, fome, devastação de Roma;
As devastações do Norte de Itália por Francos e outras populações;
Os Lombardos: 568.
· Visigodos: a revolta de Atanagildo em 551-554.
2. A reconquista de Cartago (533) e o reequilíbrio parcial do sistema.
2.1 Derrube do reino vândalo de Cartago (533): reabertura do eixo Cartago–Hispânia.
2.2 Reocupação do vértice económico e estratégico do Sudoeste mediterrânico, relançando a hipótese de intervenção na Península.
2.3 Cartago: principal base logística e administrativa da África Proconsular restaurada + plataforma de projecção para a Bética.
3. Circunstâncias locais da intervenção na Hispânia
3.1 O “interregno” ostrogodo: Têudis (r. 531-548) e Teudisclo (548-549).
3.1.1 Por que razão aceitam Têudis, que é um ostrogodo?
3.1.2 Os Godos “recuam” para Toledo. Porquê?
3.1.3 Instabilidade: Têudis e Teudisclo são assassinados.
3.2 Os reizetes visigodos do sul – Ágila (?-554) e Atanagildo (?-568).
3.2.1 Ágila e a tentativa de controlo do Guadalquivir-Guadiana: Córdova (falha) e Mérida.
3.2.2 A usurpação de Atanagildo no sul (549/551?).
3.3 O império intervém em c. 552, aproveitando uma crise interna visigoda:
3.3.1 guerra civil entre Ágila e Atanagildo;
3.3.2 vazio de poder regional deixado pelo colapso do reino ostrogodo na Itália.
3.3.3 paisagem política profundamente fragmentada.
4. A presença bizantina: extensão, natureza e limites
4.1 “Província da Hispânia”: nunca foi uma província formal no sentido clássico.
4.2 Enclaves costeiros: Carthago Nova, Málaga, talvez Sevilha, articulados por mar.
4.3 Ausência de rede fiscal estável, nem aparato administrativo estruturado: o poder imperial era urbano, descontínuo e sempre desafiado.
4.4 A autoridade bizantina é um corpo estranho num espaço sem hegemonia, mas ainda com memória imperial.
5. Late Antique Little Ice Age (536-660): LALIA
5.1 Origem provável: o Inverno vulcânico de 536 (causado por 3 erupções vulcânicas talvez na América). Queda das temperaturas entre 2-2,7º. Período mais frio do final do Holoceno + excesso de chuvas
5.2 As fontes: a nuvem de pó que obscureceu o céu durante cerca de um ano.
5.3 Consequências nas regiões húmidas europeias:
· quebra drástica da produção;
· colapso do mercado;
· consequências demográficas, urbanas, fiscais, militares.
Büntgen et al., 2016:3
Büntgen et al., 2016:4
6. A peste bubónica (Yersinia pestis).
6.1 541 – Pelúsio. A região mais dinâmica do Mediterrâneo.
6.2 542: Constantinopla.
6.3 543: Itália e Gália. Arménia. Pérsia.
6.4 Até 25% de mortalidade.
6.5 Ondas contínuas de peste endémica.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Abulafia, D. (2012), The Great Sea: a human history of the Mediterranean, Oxford, 226-233.
Kulikowski, M. (2004), Late Roman Spain and its cities, Baltimore, 197-214.
--------
Bowes, K. D.-Kulikowski, M. (2005), Hispania in Late Antiquity: current perspectives, Leiden.
Büntgen, U., Myglan, V., Ljungqvist, F. et al. (2016), ‘Cooling and societal change during the Late Antique Little Ice Age from 536 to around 660 AD’ Nature Geoscience 9, 231–236.
Cameron, Av. (1996), Procopius and the Sixth Century, London, 1996.
Cameron, Av. (2012), ‘Justinian and reconquest’, The Mediterranean World in Late Antiquity AD 395-700, 2nd ed., Abingdon and New York, 104-127.
Evans, J.A.S. (2002), The Empress Theodora - Partner of Justinian, Austin.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Gillett, A., ed. (2002), On Barbarian Identity: Critical Approaches to Ethnogenesis Theory, Turnhout.
Goetz, H.-W., Jarnut, J. Pohl, W., eds. (2003), Regna and Gentes: The Relationship Between Late Antique and Early Medieval Peoples and Kingdoms in the Transformation of the Roman World, Leiden.
Haldon, J. et al. (2018), ‘Plagues, climate change, and the end of an empire: A response to Kyle Harper’s The Fate of Rome (3): Disease, agency, and collapse,” History Compass 16:
Harper, K. (2017), The Fate of Rome: Climate, Disease and the End of An Empire, Princeton.
Heather, P. (1998), The Goths, Oxford.
Heather, P. (2015), ‘La creación de los visigodos’, Cuadernos Medievales-Cuadernos de Cátedra 2,1-44.
Heather, P., ed. (1999), The Visigoths from the Migration Period to the Seventh Century: An Ethnographic Perspective, Rochester, NY.
Horden, P. (2005), ‘Mediterranean Plague in the Age of Justinian’, The Cambridge Companion to the Age of Justinian, Cambridge, 134-60.
Keller, M. et al. (2018), ‘Ancient Yersinia pestis genomes from across Western Europe reveal early diversification during the First Pandemic (541-750)’, 1-32.
Koch, M. (2006), ‘Gothi intra Hispania sedes accceperunt. Consideraciones sobre la supuesta inmigración visigoda en la Península Ibérica’, Pyrenae 37.2, 82-104.
Little, L. K., ed. (2007), Plague and the End of Antiquity – The Pandemic of 541-750, Cambridge.
López Quiroga, J. (2006), Gentes Barbarae. Los Bárbaros, entre el mito y la realidad, Murcia.
Maas, M., ed. (2005), Cambridge Companion to the Age of Justinian, Cambridge, 2005.
Mathisen, R. W., Shanzer, D., eds. (2011), Romans, Barbarians, and the Transformation of the Roman World: Cultural Interaction and the Creation of Identity in Late Antiquity, Burlington.
Mathisen, R. W., Sivan, H. (1999), ‘Forging a New Identity: The Kingdom of Toulouse and the Frontiers of Visigothic Aquitania (418-507)’, The Visigoths: Studies in Culture and Society, Leiden, 1–62.
McCormick, M. (2015), ‘Tracking Mass Death During the Fall of Rome’s Empire (I), Journal of Roman Archaeology 28, 325-357.
McCormick, M. (2015), ‘Tracking Mass Death During the Fall of Rome’s Empire (II), Journal of Roman Archaeology 29, 1004-1046.
Mitchell, S. (2007), A History of the Later Roman Empire, AD 284-641, Oxford.
Mordechai, L, Eisenberg, M. (2019), ‘Rejecting Catastrophe: the case of the Justinianic Plague’, Past & Present.
Mordechai, L, Eisenberg, M., et al. (2019). ‘The Justinianic Plague: An inconsequential pandemic?’, PNAS https://doi.org/10.1073/pnas.190379711
Pohl, W. (1998), ‘Conceptions of Ethnicity in Early Medieval Studies’, Debating the Middle Ages: Issues and Readings, London, 13-24.
Pohl, W., Heydemann, G., eds., (2013), Post-Roman Transitions: Christian and Barbarian Identities in the Early Medieval West, Turnhout.
Pohl, W., Reimitz, H. eds. (1998), Strategies of Distinction: The Construction of Ethnic Communities, 300-800, Leiden.
Sarris, P. (2002), ‘The Justinianic Plague: Origins and Effects’, Continuity and Change 17, 169-182.
Sarris, P. (2007), ‘Bubonic Plague in Byzantium: The Evidence of Non-Literary Sources’, Plague and the End of Antiquity – The Pandemic of 541-750, Cambridge, 119-134.
Sarris, P. (2011), Empires of Faith: The Fall of Rome to the Rise of Islam, 500-700. Oxford.
Sarris, P. (2020), ‘Climate and Disease,’ A Companion to the Global Middle Ages, Blackwell-Willey, 511-538.
Wagner, D. M. et al. (2014), ‘Yersinia pestis and the Plague of Justinian 541-543 AD: A Genomic analysis’, Lancet Infectious Diseases. 319-26.
A fragmentação imperial, a persistência das estruturas locais e o fim do eixo comercial Cartago–Hispânia.
3 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. Entretanto na Hispânia: construção e destruição do reino suevo
1.1 A travessia do Reno em 406. A chegada em 409. Vândalos, Suevos e Alanos
1.2 Números e espaços dos Suevos: 25 mil pessoas? A Galécia: litoral e as cidades – Lugo, Astorga, Braga;
1.3 Uma economia de saque em direcção ao sul: os objectivos? Mérida (439); Sevilha (441); Saragoça e Lérida (449).
1.4 Um novo rei dos Visigodos + um novo imperador: a batalha do rio Órbigo (5/10/456): regnum destructum et finitum est Sueuorum (Hyd. 168).
1.5 O futuro difícil: o caos no Noroeste.
2. Entretanto fora da Hispânia.
2.1 A conquista vândala de Cartago em 439.
2.1.1 O papel de Cartago como mais vital do que a Itália para o sistema peninsular: o vértice mediterrâneo do abastecimento da Hispânia: azeite, trigo; o mercado de luxo.
2.1.2 A conquista da cidade pelos vândalos em 439 quebra a espinha dorsal da economia e da articulação regional que tinha durado no Mediterrâneo Ocidental desde o fim da segunda guerra púnica (201 a.C.).
3. 470s-507: o reino de Toulouse.
3.1 Perante os imperadores-fantoches de Roma nos 460s, enorme incerteza por parte dos próprios actores em presença na Gália e na Hispânia.
3.2 Independência de facto: Eurico (466-484) e Alarico II (484-507).
3.3 Apenas nos 470s se dá a conquista visigótica da Narbonense. Nesta altura, Visigodos de Eurico e os Burgúndios de Gundobaldo controlam todo o sul da Gália.
3.4 Pouca evidência sobre a presença visigótica na Hispânia. Provavelmente nenhuma.
3.1.1 O interesse de Eurico e de Alarico II pela Tarraconense e a tentativa de controlo de Tárraco e por Saragoça.
3.1.2 Incapacidade visigótica para um controlo efectivo de território: provavevelmente mantinha pequena presença militar nas principais capitais de província. A inscrição de Salla em Mérida (483).
3.1.3 Os “independentistas” hispânicos dos 490s (~Egídio e Siágrio?): Burdunelo e Paulo. Os jogos de anfiteatro em Saragoça (até 560s).
3.1.4 O concílio de Agde de 506 e a ausência de bispos hispânicos. O que significa?
4. 507-568 – o caos pós-Vouillé. O desmoronar da unidade.
4.1 O caos pós-Vouillé:
4.1.1 O controlo da Aquitânia pelos Francos e a tentativa de chegar ao mar. A intervenção de Teodorico, o Grande e a derrota franca.
4.1.2 O efémero Amalarico (526-531). O domínio visigótico: entre a Catalunha e a Septimânia – Barcelona e Narbonne. A derrota e morte de Amalarico.
5. A persistência das estruturas locais na Hispânia:
5.1 O colapso do Império Romano do Ocidente foi um processo lento e desigual.
5.2 A Hispânia sofre desinstitucionalização progressiva, mas não desaparecimento do quadro romano: continuidades urbanas, fiscais, religiosas
5.3 As cidades mantêm a sua função política e fiscal mesmo sem apoio imperial direto.
5.4 O poder local é exercido pelas aristocracias urbanas, romanizadas e cristianizadas.
5.5 Ausência de hegemonia até finais do século VI: nenhuma autoridade se impõe de forma estável.
5.6 O controlo visigótico é periférico e incompleto.
5.7 A monarquia visigoda no início do século VI é uma entre várias forças regionais.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Abulafia, D. (2012), The Great Sea: a human history of the Mediterranean, Oxford, 226-233.
Kulikowski, M. (2004), Late Roman Spain and its cities, Baltimore, 197-214.
--------
Bowes, K. D.-Kulikowski, M. (2005), Hispania in Late Antiquity: current perspectives, Leiden.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Gillett, A., ed. (2002), On Barbarian Identity: Critical Approaches to Ethnogenesis Theory, Turnhout.
Goetz, H.-W., Jarnut, J. Pohl, W., eds. (2003), Regna and Gentes: The Relationship Between Late Antique and Early Medieval Peoples and Kingdoms in the Transformation of the Roman World, Leiden.
Heather, P. (1998), The Goths, Oxford.
Heather, P., ed. (1999), The Visigoths from the Migration Period to the Seventh Century: An Ethnographic Perspective, Rochester, NY.
Heather, P. (2015), ‘La creación de los visigodos’, Cuadernos Medievales-Cuadernos de Cátedra 2,1-44.
Koch, M. (2006), ‘Gothi intra Hispania sedes accceperunt. Consideraciones sobre la supuesta inmigración visigoda en la Península Ibérica’, Pyrenae 37.2, 82-104.
López Quiroga, J. (2006), Gentes Barbarae. Los Bárbaros, entre el mito y la realidad, Murcia.
Mathisen, R. W., Shanzer, D., eds. (2011), Romans, Barbarians, and the Transformation of the Roman World: Cultural Interaction and the Creation of Identity in Late Antiquity, Burlington.
Mathisen, R. W., Sivan, H. (1999), ‘Forging a New Identity: The Kingdom of Toulouse and the Frontiers of Visigothic Aquitania (418-507)’, The Visigoths: Studies in Culture and Society, Leiden, 1–62.
Pohl, W. (1998), ‘Conceptions of Ethnicity in Early Medieval Studies’, Debating the Middle Ages: Issues and Readings, London, 13-24.
Pohl, W., Heydemann, G., eds., (2013), Post-Roman Transitions: Christian and Barbarian Identities in the Early Medieval West, Turnhout.
Pohl, W., Reimitz, H. eds. (1998), Strategies of Distinction: The Construction of Ethnic Communities, 300-800, Leiden.
A etnogénese dos Visigodos entre o Danúbio e a Aquitânia: a formação de um reino-cliente.
1 Abril 2025, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. Em 376: um império estável, sólido e próspero
2. O colapso do Baixo Danúbio e a travessia dos “Godos”.
2.1 Quem são os Godos?
2.2 Migração: 376 e a passagem do Danúbio; uma acção conhecida. A necessidade de controlar danos.
2.3 Rejeição: 378, a batalha de Adrianópolis e o colapso do exército oriental.
2.4 O primeiro assentamento: o ‘tratado’ de 382’.
2.5 Deslocações entre o Oriente e o Ocidente e as dificuldades de assentamento.
2.6 As utilizações pelos imperadores:
· batalha do Lago Frígido em 394; Eugénio vs. Teodósio I
· Átalo vs. Honório (409).
2.7 Uma migração sob pressão e em negociação.
2.8 O saque de Roma (24 de Agosto de 410).
3. O foedus de Vália (418):
3.1 Terras.
3.2 Fiscalidade.
3.3 Um reino cliente no interior do império.
3.4 Entre 422-439: o reino cliente na Aquitânia torna-se uma presença permanente.
3.5 A intervenção contra os Hunos (453).
3.6 A intervenção contra os Suevos (456).
3.7 Não há uma força centrífuga. Mas há um novo elemento de poder na região, que apesar de tudo não é o império (mas não quer a “independência”).
4. Etnogénese: identidades políticas e a construção do “povo visigodo”
4.1 O conceito de “povo” ou “etnia” como uma construção política e jurídica.
4.2 A identidade visigoda resulta de negociações com Roma, das práticas militares e da autoatribuição de um papel político
4.3 Etnicidade não herdada — ela constrói-se na interação com estruturas imperiais.
Rodrigo Furtado
Bibliografia:
Kulikowski, M. (2004), Late Roman Spain and its cities, Baltimore, 197-214.
--------
Bowes, K. D.-Kulikowski, M. (2005), Hispania in Late Antiquity: current perspectives, Leiden.
García Moreno, L. A. (2008r), Historia de España visigoda, Madrid.
Gillett, A., ed. (2002), On Barbarian Identity: Critical Approaches to Ethnogenesis Theory, Turnhout.
Goetz, H.-W., Jarnut, J. Pohl, W., eds. (2003), Regna and Gentes: The Relationship Between Late Antique and Early Medieval Peoples and Kingdoms in the Transformation of the Roman World, Leiden.
Heather, P. (1998), The Goths, Oxford.
Heather, P., ed. (1999), The Visigoths from the Migration Period to the Seventh Century: An Ethnographic Perspective, Rochester, NY.
Heather, P. (2015), ‘La creación de los visigodos’, Cuadernos Medievales-Cuadernos de Cátedra 2,1-44.
Koch, M. (2006), ‘Gothi intra Hispania sedes accceperunt. Consideraciones sobre la supuesta inmigración visigoda en la Península Ibérica’, Pyrenae 37.2, 82-104.
López Quiroga, J. (2006), Gentes Barbarae. Los Bárbaros, entre el mito y la realidad, Murcia.
Mathisen, R. W., Shanzer, D., eds. (2011), Romans, Barbarians, and the Transformation of the Roman World: Cultural Interaction and the Creation of Identity in Late Antiquity, Burlington.
Mathisen, R. W., Sivan, H. (1999), ‘Forging a New Identity: The Kingdom of Toulouse and the Frontiers of Visigothic Aquitania (418-507)’, The Visigoths: Studies in Culture and Society, Leiden, 1–62.
Pohl, W. (1998), ‘Conceptions of Ethnicity in Early Medieval Studies’, Debating the Middle Ages: Issues and Readings, London, 13-24.
Pohl, W., Heydemann, G., eds., (2013), Post-Roman Transitions: Christian and Barbarian Identities in the Early Medieval West, Turnhout.
Pohl, W., Reimitz, H. eds. (1998), Strategies of Distinction: The Construction of Ethnic Communities, 300-800, Leiden.