Sumários

A consciência auto-reflexiva da literatura como arte

14 Dezembro 2016, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Oscar Wilde, "The Decay of Lying".
A tradição dos diálogos socráticos como forma de maiêutica, reencenada através das personagens ficcionais (variante do manuscrito encontrado como legitimação ficcional) Vivian e Cyrill. "An Observation" vs. "A Protest". Diferenças retóricas entre as duas posições. O texto como herança dramática. A consubstanciaçºao das duas principais posições sobre o valor da Arte, e assunção irónica e convicta da arte perfeita como sendo a mais "inútil" (legado kantiano). Algumas passos desta herança: Platão na República vs. Poética aristotélica; Coleridge, "Fancy and Imagination"; Mark Twain, "The Decay of the Art of Lying". A mentira como imaginação e energeia.

FINAL DAS ACTIVIDADES LECTIVAS.


Literatura e História

7 Dezembro 2016, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Fernºao Lopes, "Prólogo" à ´Crónica de Dom João I; Alexandre Herculano, "A Dama Pé-de-Cabra"; Livro de Linhagens, "Dom Rodrigo"
As fronteiras e as porosidades entre o discurso histórico, historiográfico e narrativo. Efabulação e "emplotment" (Hayden White): de que modo se encontram nos textos analisados.
A consciência historiográfica de Fernºao Lopes: o recurso às fontes, documentos e testemunhos; a construção de "personagens" e heróis individuais (D. João, sobretudo o Condestável) e colectivos (o "povo" de Lisboa, isto é, as corporações burguesas e urbanas). O contraste entre este texto e os Livros de Linhagens, ainda ligados a uma concepçºao de linhagens aristocráticas e de cruzamento entre História e lenda.
O aproveitamento herculaniano destas questões: a lenda da Dama Pé-deCabra no Livro das Linhagens. Suas transformaçºoes pela consciência efabulatória romªantica. A fábula do perigo que é importado de fora para dentro. A subscrição da efabulação do incesto.


Poema filosófico

30 Novembro 2016, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Voltaire, "Poema sobre o Desastre de Lisboa". O terramoto de 1755 e suas repercussões: leituras teológicas, leituras literárias, leituras (proto-)científicas, leituras filosóficas. A resposta de Voltaire a Leibniz e Pope, sobre a teoria de que "vivemos no melhor dos mundos possíveis": "o mal está sobre a terra". Deslocação do foco para a responsabilidade humana, individual e colectiva. Iluminismo, racionalidade e construção da "esperança", com que o poema termina.


Reflexão metafísica

23 Novembro 2016, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Dois sonetos barrocos (Chassignet e André Nunes da Silva): o tema da fragilidade da vida humana e sua concretização alegórica na concretude das imagens e das brevíssimas narrativas aludidas. Discurso gnómico e aforismo no barroco. A extremosidade (Maravall) como característica do excesso ou do vazio barrocos. Sua relevância e significação para o tema indicado.

Victor Hugo, A Villequier: a construção de uma coincidência simbólica entre vida e poesia na construção de Les Contemplations. A integração deste poema na recolha poética. Reflexão sobre a morte, diálogo com Deus: da aparente conformação a uma revolta impossível de resolver. O poeta e a escuridão do mundo.


Cosmogonia e sagrado

16 Novembro 2016, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

S. Francisco de Assis, "Hino ao Sol" e Holderlin, "Pão e vinho"


As aproximações teoréticas e conceptuais de Roger Caillois, Mircea Eliade e René Girard sobre as relações entre o sagrado e o profano, bem como sobre a constituição da violência como elemento estruturante do sagrado. Coincidências e diferenças entre estas 3 aproximações. Os elementos "puros" e "impuros"; a vítima sacrificial. A estrutura do poema de Francisco de Assis (3 partes bem marcadas(, a estrutura anafórica da 2.ª parte ("Laudato si") e a estrutura injuntiva, e por isso persuasiva, do final. O louvor como canção de elogio. A concepção da natureza como fraternidade universal e manifestação imanente do divino. O poema de Holderlin e o momento de viragem em que é escrito (1801): a coincidência entre a figura pagã de Dioniso e os excessos da embriaguez e da pulsão sexual e violenta e a figura redentora de Cristo como vítima sacrifical da comunidade. O contraste entre ambas as figuras e o "homem ponderado" que representa o mundo burguês do consumo e da estrutura moderna da sociedade. A figura do Poeta e da Poesia como aquele que é capaz de trazer ao mundo da ponderação o carácter "excessivo" da invenção de outros mundos e de outras lnguagens.