Sumários

Tradição e Catástrofe

24 Novembro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Textos: poemas do Abade de Jazente sobre o Terramoto de 1755; Luciano, Uma História Verídica (excerto da batalha entre os habitantes da Lua e do Sol); Bernardo Gomes de Brito (ed.), "Naufrágio do Galeão Grande São João na terra do Natal no ano de 1552.


Catástrofe: a importância do testemunho como garante de conhecimento da História. A ruptura vivida como destruição do mundo (Jazente) ou como abertura à imaginação delirante (Luciano). O imprevisto e o inimaginável como condições literárias.

Início da discussão do relato de naufrágio (a continuar na sessão seguinte).


Revisitar o passado: antiguidade, medievalismo, historicismo.

17 Novembro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Textos de 1) Alexandre Herculano, "A Dama Pé-de-Cabra" e de 2) Kavafis, "Nobre Bizantino. Exilado. Feitor de Versos".

1) A inspiração historicizante a partir do Livro de Linhagens do Conde Dom Pedro. História, lenda, linhagem: o fim da família Haro. A imbricação temporal na construção do passado a partir do presente. , desde o século VII (ou antes) até ao século XIX. A "Trova Primeira" como modelação de um leitor/auditor futuro, actualizado em cada momento de leitura. A transmissibilidade histórica dos discursos. O Contador de histórias. Predação e domesticidade. Os topoi do caçador caçado e do tabú do incesto.

2) O contexto bizantino e as interferências entre os discursos teológico e poético. Porquê "nobre"? Porquê "vizantino"? Porquê no exílio? Porquê poeta? Uma revisitação da expulsão platónica do poeta da República. Uma arte poética. 


República das Letras

10 Novembro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Civilidade, instituições literárias e esfera pública. Epistolaridade, Universidade, imprensa, salons, Respublica litterarum, academias, gabinetes de curiosidades, jornais e revistas. Circulação: produção, leitura e temas.

Textos de Elias Canetti ( A Língua posta a Salvo); Marcel Proust, Do Lado de Swann; Marcel Proust, À Sombra das Raparigas em Flor (excertos).


Apresentações de planos de ensaio e discussão

3 Novembro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Exposição, pelos estudantes, dos planos de ensaio final (5m), seguida de discussão (10-15m).


Literatura e metafísia

27 Outubro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Poemas de Góngora ("Coisas, Celalba, tenho visto estranhas"), John Donne ("Death, be not proud"), Hölderlin (Elegia "Pão e Vinho") e Antero de Quental ("Despondency"). O progressivo escurecimento do mundo, "resposta" metafísica à confiança humanista expressa por Pico. 
1) A catástrofe do fim do mundo; a viragem do v. 9 e a reinterpretação das quadras como descrição oblíqua do dilúvio; o Poeta como contemporânea de Noé e de Celalba; a agudeza do último verso, transformando o Poeta de espectador para actor do locus onde o mal acontece. A importância da tutelação invocativa de Celalba na criação de uma subjectividade ("Celalba mía") que converge e atinge o seu clímax no último verso do poema. A maior catástrofe vem a ser a que ocorre dentro do humano. A estética do Barroco, expressa na concretude de imagens e pequenas histórias que se sucedem.

2) A estética barroca como especialmente propensa à dimensão metafísica, mesmo quando guarda o carácter conceptual do Maneirismo, expresso pela relação Eu-Tu, Poeta-Morte. O Poeta como a expressão de um lugar supra-mundano capacitado para argumentar e contrariar a tese básica de que a Morte é o último poder. A importância de 1Coríntios: 15, releitura da Bíblia que sustentar o discursivo persuasivo de demonstração do impoder da Morte. O uso do paradoxo e do oximoro como catalisadores da afirmação de que "the Second Coming", a Ressurreição, será a morte da Morte. A estruturação do poema e a importância da forma 3 quadras+1 dístico para a construção deste poema metafísico.
3) Início da análise da Elegia, com a leitura aproximada da parte 4 e do topos do Ubi sunt para a compreensão da leitura metafísica do decurso da História e do tempo do humano. A criação nostálgica do tempo da plenitude e dos "Celestiais", convergindo para a ideia de uma Grécia que foi já perdida. Relação com o início da parte 7, "Mas nós, amigos, chegamos demasiado tarde". A oscilação irresolvida e irresolúvel entre plenitude e regresso. A suspeita da "morte de Deus". 
4) Para a próxima sessão, regresso a este topos a propósito ainda de Hölderlin e do soneto de Antero.