Sumários

Aristóteles, Retórica; Pico della Mirandola

20 Outubro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Aristóteles, Retórica 

Pico della Mirandola, Discurso sobre a dignidade do homem

As duas tríades propostas por Aristóteles: 3 meios de persuasão ( ethos, o carácter do orador; pathos, o estado emocional do ouvinte; logos, o argumento); 3 géneros de discurso público: deliberativo, judicial, epidíctico. Principais características do discurso epidíctico: o presente; elogio/censura. A dimensão axiológica e comunitária do epidíctico e a sua função de coesão social. 

Como a teoria geral do persuasivo contribui para a estruturação da obra de Pico. A afirmação da dignidade do homem como manifesto humanista e renascentista. O homem: a metáfora do camaleão como plasticidade humana. A combinação entre dimensão terrestre e dimensão metafísica do homem enquanto forma de perspectivar o mundo também de forma imanente. O livre arbítrio. Filosofia e religião, aliadas na concepção do homem integral do Humanismo. O tema da Concórdia como horizonte utópico do Renascimento. Discórdia e Concórdia como co-implicadas.


Ilíada e Lusíadas

13 Outubro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

1) Final da última sessão : Louise Labbé e Keats: a tradição do soneto italiano e inglês: estrutura formal e composição semântica. O amor erótico (sua expressão no Renascimento); a fusão entre amor e escrita: o Poeta romântico.


2) Apresentação oral da estudante Teresa Líbano Monteiro.
  Os  Lusíadas: I, 1-3; VII, 78-87; X, 146-156. As reflexões metapoéticas e a inscrição do Poeta no poema. A fama; a emulação como estética renascentista. O Poeta como vencedor do Tempo. A reflexão sobre o próprio poema: o canto sobre o canto. Do herói-guerreiro ao herói-poeta. A fase final do poema como resposta ao seu início.
Homero, Ilíada: Canto 24. Contextualização. A "excrescência" deste canto e o seu efeito de "revisão" de toda a obra. A contraposição entre 3 modelos de herói: Aquiles, o feroz; Heitor, o herói da polis;  Príamo, o herói da humildade. A necessidade de estabelecimento do carácter heróico de Heitor (pelo respeito do seu inimigo Aquiles), para que Aquiles possa, por seu turno, acabar a epopeia como herói. As lágrimas de Príamo e Aquiles. O funeral de Pátroclo e o funeral de Heitor: respeito e reconhecimento. O carácter signgular do último verso e do final do poema: discussão.


Representações da paixão amorosa

6 Outubro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Emoções e paixões: alguns conceitos.

Duas matrizes da literatura amorosa europeia: Ovídio, as Metamorfoses e Petrarca, Rimas. Análise de textos. O amor como ponto de ruptura existencial, metaforicamente assinalado pela metamorfose ovidiana. Petrarca e a pessoalização do sentimento amoroso: o dia em que vê Laura, a internalização sentimental, a representação do Poeta, o amor não-correspondido. Amor e Morte.
Apontamentos iniciais sobre a tradição do soneto: o seu nascimento na Sicília, as matrizes da oitava e da sextilha como formas fechadas e fixas associadas a uma  especial capacidade de enorme variação. Alguns exemplos de sonetos "outros" (soneto duplo, soneto em espelho).
Confronto com vários poemas de Guido Guinizelli, para compreensão da viragem efectuada por Petrarca: em Guinizelli, ainda a herança do amor cortês, da representação feudal do sentimento amoroso, a espiritualização do sentimento e a dimensão escolástica e religiosa a que o amor é submetido.
Louise Labé, o soneto renascentista e a tradição italiana (e francesa) do soneto: duas quadras e dois tercetos. Consequências para a arquitectura estrutural e semântico do soneto. A dimensão erótica como elemento central do texto, a sua autoria feminina e a interrogação de alguns estereótipos e silenciamentos.
Keats e a tradição do soneto shakespeariano: o dístico final como forma de encontrar o epicentro semântico do texto. A representação da paixão amorosa como inelutavelmente ligada à capacidade de escrita. Amor e poesia: aquilo que define o Poeta e o seu estro.


Sófocles, Ájax

29 Setembro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Apresentação de Francisco Marques, à luz do texto crítico de P. J. Finglass, sobre Ajax.


Discussão em torno da unidade do texto, da intensidade do seu início, e do efeito de estranhamento provocado pela quebra de unidade de acção e de lugar. 
A questão do heróis: "a redução do mundo associada à morte de Ajax" . os heróis Ájax e Ulisses como modelos de transição antropológica da polis ateniense: Ájax, o herói arcaico e guerreiro (homérico); a incorporação da vergonha e da sua imagem à sua identidade; Ulisses, o herói astuto e prudente (novo mundo), capaz de, pela argúcia e pelo pragmatismo, se afastar do paradigma heróico arcaico. A questão da herança das armas de Aquiles, central na Ilíada e no texto de Sófocles.
A importância do agon nesta tragédia: a batalha retórica e jurídica: o tribunal, o tópico, os argumentos, a acusação e a defesa; a batalha hermenêutica sobre o estatuto do herói Ájax; a batalha poética sobre o estatuto do texto; a batalha política sobre as virtudes da democracia ateniense, baseada na litigação. A necessidade das duas partes para fazer transitar do mundo guerreiro ao mundo político.
Pathos e bathos (Pope).
Agendamento de uma quinta apresentação.


Europa, Europas, Weltliteratur

22 Setembro 2020, 10:00 Helena Carvalhão Buescu

Breve apresentação de algumas questões pelo estudante Alberto Simões, seguida de discussão guiada proveniente da leitura dos textos de Erich Auerbach, "Philology and Weltliteratur"; Roberto Dainotto, "World Literature and European Literature"; e Susan R. Suleiman, "The Idea of Europe".


Contextualização histórica dos textos e sua interrogação: exílios, dinâmicas e movimentos. A dinâmica europeia descentrada: interrogação sobre a necessidade de uma reflexão sobre a Europa que ultrapasse o silenciamento do eurocentrismo. Algumas imagens a questionar: espiral; vai-vem; Norte-Sul: hierarquização. As frases inicias do ensaio de Auerbach: passado e futuro; grande é pequeno; estandardização e especificidade nacional.

A experiência da multiplicidade histórica: kairós. O empobrecimento de um sistema histórico de educação, a cf com Walter Benjamin (1933), "o empobrecimento da experiência". De que empobrecimentos estamos a falar?

A importância do Ansatzpunktı: um ponto de partida que é, desde logo, um ponto de chegada. Ensaio, risco, hipótese e argumentação: Montaigne. Retoma de Curtius e do seu topos: a tradição retórica.