Sumários

Porquê a Bauhaus? Com os Professores Sérgio Mascarenhas Pedro Florêncio e Alexandre Pieroni Calado

25 Janeiro 2021, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

JANEIRO                                     2ª FEIRA                                1ª AULA

 

 

25

 

 

Apresentação do programa dedicado ao estudo da Escola Bauhaus (1919-1933) no espaço alemão e para além dele. Este núcleo de investigação terá diferentes abordagens de acordo com as opções de trabalho de cada um dos professores envolvidos neste projecto: Anabela Mendes (artes plásticas, teatro, dança), Alexandre Pieroni Calado (teatro, teoria do actor) Sérgio Mascarenhas (teoria da ação) e Pedro Florêncio (cinema).

 

Será produzido comentário a metodologias de trabalho e à organização dos seus tempos. Conferiremos modos, processos e datas de avaliação.

Haverá espaço para todas as questões que os alunos entendam colocar a propósito deste programa.

 

Espectáculo e Cognição

Um trajecto experimental

 

O ponto é um ser introvertido cheio de potencialidades.

Wassily Kandinsky

O sistema nervoso entérico não é periférico, mas sim central!

António Damásio

 

1. O Seminário que agora iniciamos tem cerca de doze anos de existência e foi criado de raíz para satisfazer um projecto de investigação sobre Teatro e Tribunal. Publicámos um livro e tivemos um vasto número de colaboradores, todos de instituições exteriores à FLUL. Nessa época em que começámos, o Mestrado e o Doutoramento fundiam-se numa só sala de aula. O Pedro Florêncio era aluno do Doutoramento em Artes e trilhava caminho no cinema. É hoje Professor Auxiliar nesta área na Nova.

O Alexandre Calado passou a integrar o núcleo destes docentes faz agora três anos, reforçando a componente teatral dos nosso programas. Doutorado em Teatro pela Universidade de São Paulo, é Professor Adjunto na ESTC.

O Sérgio Mascarenhas implementou a criação deste Seminário desde a primeira hora, sendo, por isso, o nosso veterano. Jurista de formação, tem na História de Arte e na Filosofia forte empenho. Redige actualmente a sua Dissertação de Doutoramento na área do Direito.

Este Seminário nasceu abençoado e fez sempre questão de experimentar a transversalidade de temas e assuntos e de articular áreas investigativas que nos pudessem fustigar pela sua premência, como foi e ainda é o caso da Neurociência aplicada às Humanidades. Cada um dos que assegurou e volta a assegurar este projecto científico e pedagógico aceitou o compromisso de oferecer o que sabe e o que investiga. E digo oferecer porque é mesmo disso que se trata.

2. No passado ano lectivo resolvemos iniciar um programa que fosse ao mesmo tempo uma reflexão sobre o que outros haviam feito há 100 anos – serem a Escola da Bauhaus - e que se tornara desde sempre para nós num modelo de ensino e aprendizagem democrático para as artes.

 

http://www.tipografos.net/bauhaus/bibliografia.html

 

 Numa proporcionalidade justificada pelo modelo de ensino-aprendizagem que sempre tomámos como referência e que consiste na capacidade de cruzar e resgatar hipóteses de conhecimento diversificado, fazer uma abordagem cirúrgica e restrita ao trabalho teórico-prático e metodológico da Bauhaus, tornou-se para nós uma proposta de trabalho que quisemos experimentar e que este ano retomamos. E ela passou a configurar o nosso próprio entendimento não só das escolhas oferecidas pela Escola em campos como artes plásticas, design, teatro, dança, fotografia, cinema, música, a que poderíamos chegar com a nossa experiência, mas também por aquelas opções que saberíamos ter de abandonar. Deixámos para trás a arquitectura, o design (será que deixámos?), as artes gráficas, a gravura, a tecelagem, a moldagem em ferro e em madeira, a escultura, o uso de novos materiais, a decoração de interiores e os seus objectos inovadores e ajustados a um gosto simples e funcional. Ficam ainda para trás a formação de uma banda de Jazz, os passeios ao ar livre, os treinos desportivos, a nudez em danças de grupo, as festas ao fim-de-semana, as refeições conjuntas entre professores e alunos, entre artistas e artesãos. Todo um mundo que não vivemos, mas ao qual continuamos a querer chegar, porque ele nos interessa como proposta educacional.

 

https://www.bauhaus-dessau.de/en/departments/collection/collection-and-archive.html

 

A Bauhaus foi até ao limite possível uma Escola democrática, independentemente das influências ideológicas e filosóficas que marcaram as opções dos seus directores.

Nesta Escola estudaram muitas mulheres vindas de diversas partes do mundo. Muito poucas foram aquelas que chegaram a integrar o corpo docente. A notoriedade dos seus trabalhos e acções teve quase sempre lugar já fora da Escola.

Professores e alunos, em pequena escala, foram denunciantes de colegas por razões ideológicas.

Alunos e alunas da Bauhaus morreram em campos de concentração.

O arco democrático foi algumas vezes alvo de fissuras.

 

Anabela Mendes

24.1.2021

 

 

Ano lectivo de 2020-2021

2º Semestre

Curso de Doutoramento em Estudos de Teatro

Seminário de Espectáculo e Cognição (opção)

Docente: Anabela Mendes

Professores convidados: Alexandre Pieroni Calado, Pedro Florêncio, Sérgio Mascarenhas.

 

Objectivos e razões de ser do Seminário de Espectáculo e Cognição

Como pensamos a avaliação

 

1. O Seminário de Espectáculo e Cognição volta a ter este semestre uma área de desenvolvimento científico e artístico dedicado à Bauhaus. A Escola teve o seu centenário em 2019, o que tornou expressivo o número e a qualidade de intervenções dedicadas a esta instituição em seminários, conferências, fóruns, publicações, exposições, filmografia, actos artísticos e o que mais se possa imaginar. De repente todo o mundo acordou para homenagear uma Escola tão mal-amada e que é geralmente reconhecida pelas propostas ousadas e funcionais no domínio da arquitectura. Significa isto que uma das consequências desta acção de homenagem foi o facto de podermos passar a ter a oportunidade de aprender com mais qualidade e em campos só recentemente desbravados (o trabalho feminino nas diversas oficinas e o verdadeiro peso das mulheres no seio da Escola).

 

https://expresso.pt/cultura/2019-04-21-O-lado-oculto-da-Bauhaus

 

Na área das artes cénicas foram divulgados materiais audio e vídeo que estiveram em arquivo e que dão conta de experiências artísticas realizadas nos anos 60 e 80 como reconstrução e recriação autónomas.

Tendo em consideração o volume de informação e a sua qualidade científica, é natural que a Bauhaus venha a constituir motivo de interesse de investigadores de várias áreas, como por exemplo a área dos têxteis e performance que passou a estar substancialmente enriquecida. De qualquer modo o que viermos a realizar em conjunto será apenas e tão só abrirmos uma pequena frecha para metodologias, diversidade de experiências artísticas e vivências comunitárias que tiveram lugar naquela Escola.

 

2. Sabemos que o entendimento da expressão Espectáculo e Cognição tem a função de ser um apontador de rumo – título geral do seminário – que ano após ano se adapta, tanto quanto possível, às matérias em estudo. Assim, se a palavra Espectáculo se abriria a eventuais possibilidades de assistirmos ao vivo à exibição de obra cénica diversa, a actual situação pandémica e de que desconhecemos o fim, retira-nos a possibilidade de escolha e de assistência a espectáculos artísticos em tempo real. Prescindiremos de modo compulsivo ao que não podemos programar.

A palavra Cognição na sua leitura geral relaciona-se com processos de aquisição e transformação de conhecimento que põem em destaque diversas possibilidades de funcionamento do cérebro. Tal é o caso, por exemplo, das capacidades perceptivas, dos processos de atenção relacionados com a consciência, de modelos associativos, do trabalho com diversos tipos de memória, do exercício de raciocínio, mas também através do uso do pensamento lógico e que incluí a formulação de juízos de valor, o desenvolvimento de aptidões que treinem a imaginação, o pensamento de per si e naturalmente a aquisição e treino da linguagem, de linguagens. Caberá nesta espécie de repositório a presença e acção de emoções, de sentimentos? Só podemos dizer que sim.

Dito deste modo, procuraremos fazer com que os nossos núcleos de trabalho explícita ou implicitamente abram o interesse por processos cognitivos trabalhados à luz da Neurociência, mas aplicados ao estudo das Humanidades. No presente caso, porém, a investigação associada a cada um dos programas não tem obrigatoriamente de tornar representativa a presença de aspectos relacionados com esta área do conhecimento, mas poderá sempre a ela recorrer.

 

3. A escolha da Bauhaus como assunto do nosso programa permite criar quatro núcleos autónomos associados às áreas de investigação propostas pelos docentes. Distribuídas as aulas por 14 unidades lectivas, das quais 12 são dedicadas ao desenvolvimento de cada programa intercalar, e considerando que a primeira aula tem a função de que nos apresentemos uns aos outros, que debatamos o horizonte geral das propostas dedicadas à referencialidade bauhausiana, fica a faltar 1 aula última em que iremos aferir o andamento do trabalho final que se propuserem escrever.

Não estamos habituados ao regime de aulas expositivas. A exposição requer contra-propostas, descobertas e contributos que possam enriquecer o diálogo. Haverá, pois, espaço para intervenção em aula no sentido de enriquecer a conversação preparada também com a vossa reflexão.

Cada núcleo de trabalho pedirá a cada aluno uma breve exposição escrita (um a dois A4) que nos forneça a medida do vosso entendimento e gosto/desprazer por aquilo que fazemos juntos.

Se é verdade que a regularidade promovida pela participação e assistência a 14 aulas (25 de Janeiro a 10 de Maio) do calendário escolar solicita a vossa intervenção em função de leituras pedidas, visionamento de imagens e filmes, materiais vários sobre os quais se irão pronunciar, existirá em paralelo um tempo que vos iremos dedicar como apoio à escrita do ensaio individual/trabalho final e à sua apresentação como estrutura de partida, em presença ou on line, na última aula. Quer isto dizer que estaremos atentos a uma calendarização atempada que permita a todos as mesmas oportunidades. Seremos exigentes na coordenação e gestão dos tempos. Não desejamos receber trabalhos atabalhoados.

 

4. Metodologicamente seguiremos o princípio do trabalho colaborativo, o que implica a presença regular de todos em aula, a natural participação crítica e colectiva e a vontade de nos informarmos em relação, por exemplo, às apresentações escritas propostas, a realizar e a apresentar em aula.

 

5. Partindo do princípio que todos irão ser capazes de escolher os temas para os seus trabalhos finais de modo atempado e eficaz, isso permitirá também o acompanhamento dos mesmos com a regularidade requerida e ajustada. Poderemos, assim, considerar que chegaremos ao fim do semestre sem sobressaltos. Pelo menos sobressaltos científicos.

 

6. Daqui resulta de forma consequente que a leccionação do Seminário será concluída com a apresentação dos documentos escritos na sua forma preparatória. Estes documentos, na fase de elaboração final, poderão sempre requerer discussão com os docentes quando necessário.

A valorização do conjunto de resultados encontrará particular definição na reflexão sobre o processo em curso mais do que na sua finalidade.

Em termos gerais e independentemente do recurso a materiais complementares como vídeos, imagens visuais e/ou sonoras, esquemas, gráficos, etc., pede-se que seja seguida uma matriz uniforme para o ensaio final:

wTipo de letra: times new roman 12 em corpo de texto;

wEspaçamento no corpo de texto: um espaço e meio;

wNotas de rodapé: times new roman 10 a um espaço;

wApresentação de bibliografia, sitiografia e fontes de imagens: corpo 12 a um espaço.

wCitações: até três linhas de texto, incorporadas na mancha gráfica principal; com mais de três linhas de texto, recolhidas e em corpo 10 a um espaço.

 

Este documento não deverá ultrapassar 9.000 palavras em nenhuma circunstância.

A entrega do ensaio acontecerá até 31 de Maio e em envio por e-mail. Agradece-se o formato WORD.

 

7. O entendimento da avaliação baseia-se nos dados a serem fornecidos pelos alunos e que abarcam todos os seus contributos no âmbito deste Seminário. Esses dados serão sempre interpretados como qualitativos, à excepção da nota final em pauta que será numérica e no termo do semestre. A opção por uma avaliação nestes moldes pretende abrir espaço para uma sempre necessária margem de tolerância em situações de dúvida.

Apresenta-se naturalmente a escala valorativa de correspondências para conhecimento de todos:

 

Muito Bom 18 – 20

Bom   16 – 17

 bom 14 – 15

Suficiente 12 – 13

suficiente 10 – 11

Insuficiente 8 – 9

Medíocre 5 – 7

Mau 0 – 4

 

Serão consideradas aproximações até às décimas, sempre que se justifique (+ / -).

Ajustamentos à legislação vigente serão feitos sempre com conhecimento dos alunos.

Os resultados da avaliação geral e específica serão apresentados presencialmente (?) a 28 de Junho em horário a combinar, prevendo-se o lançamento das notas (Portal Fenix) nesse mesmo dia.

A data da avaliação final deverá obedecer à disponibilidade de todos os professores e será aferida com os alunos.

 

8. Num cenário tão invulgar e verdadeiramente aterrador como aquele que nos rodeia, deixei de poder dizer que estaremos sempre abertos a sugestões de índole cultural e artística que nos possam vir a motivar e que constituam formas de enriquecimento para todos nós.

 

Anabela Mendes

24.2.2021