Sumários
O Mediterrâneo do ano 200: estruturas políticas, dinâmicas económicas e construções sociais
1 Março 2018, 14:00 • Rodrigo Furtado
I. Um império sem fim.
1. O mundo de Septímio Severo da Escócia ao Eufrates: um mundo próspero e globalmente estável.
2. Uma geografia diversa: entre o mar, o continente e o deserto. A extrema diversidade económica.
- O primitivismo simplista de Finley: agricultura de subsistência; cidades de consumo; falta de planeamento económico.
- As teses de K. Hopkins: extensão da terra arada; aumento demográfico; aumento do rendimento per capita; aumento da população em actividades secundárias e terciárias; desenvolvimento do comércio inter-regional de bens não agrícolas.
- No ano 200: crescimento da economia rural; da actividade marinha; das manufacturas urbanas; sectores não agrícolas.
- A regionalização do Império: centralidade, autonomia e governo provincial.
3. Um mundo de cidades
a. O elemento urbano como ideologicamente central;
b. Cidade vs. desordem: urbani vs. pagani. A fuga à cidade.
c. Cidade e comunicação: planear, dividir, gerir, governar – formalidade vs. informalidade; a quadrícula urbana e as novas centralidades –ágora/forum; templo; assembleia; porto; mercado.
II. Ideologia imperial: República e Império.
1. A República em Roma: o cursus honorum e o papel do senado.
2. O passo decisivo para a monarquia:
a. A monarquia hereditária:
- adopção de Septímio Severo;
- a sucessão: Caracala (César 196; Augusto 198); Geta (César 198; Augusto 209);
- Júlia Domna: Augusta; Pia, Felix, mater Augustorum, mater castrorum, mater senatus
3. Heliogábalo e Severo Alexandre.
III. Religiões cívicas e novas religiosidades.
1. As religiões e o seu papel cívico-político.
a. O que são os deuses clássicos?
b. O papel político da religião. É possível mudar de religião? Quais as obrigações de um cidadão?
c. Religiões sem fé?
2. ‘Outros’: Ísis, Cíbele, Mitra e o Sol – henoteísmo/soteriologia.
a. Conversão e relação pessoal com a divindade.
b. Religiões de grupo e de conversão. (In)compatibilidades com as religiões cívicas.
3. É o Cristianismo ‘romano’? Omnipotência e omnipaciência. Um deus romano-helenístico?
IV. As fronteiras.
Quem são os Bárbaros? Inimigos; vizinhos. Fora do Império; dentro do império; Romanos. O longo conhecimento mútuo. A cristianização. A atracção do Mediterrâneo.A longa Antiguidade Tardia: um período em definição.
26 Fevereiro 2018, 14:00 • Rodrigo Furtado
I. As origens de um período.
1. E. Gibbon (1776-1789), The history of the decline and fall of the Roman Empire, 6 vols. (96 d.C.-1590): as teses – a crise do ideal de cidadania; a crise do conceito de cidadão-soldado; o papel do Cristianismo. Bárbaros e cristãos e o fim da cultura antiga.
2. J. B. Bury (1889), The history of the Later Roman Empire; F. Lot (1927), La fin du monde antique et le début du moyen âge. The ‘Bas-Empire’.
3. A primeira edição da Cambridge Ancient History (1932) e a exclusão do período posterior a 324 na historiografia anglo-saxónica.
4. H. Pirenne (1937), Mahomet et Charlemagne: ruptura das estruturas clássicas.
5. H. I. Marrou (1938), Saint Augustin et la fin de la culture antique; A.H.M. Jones (1964), The Later Roman Empire. AD 284-602; P. Brown (1971), The world of Late Antiquity; H. I. Marrou (1978), Décadence romaine ou Antiquité tardive?
6. O boom científico dos anos 1990-2018:leituras de continuidade e assimilação (W. Goffart (1980), Barbarians and Romans. The Techniques of Accommodation; W. Pohl (1997), Kingdoms of the Empire. The Integration of Barbarians in Late Antiquity) e o regresso ao passado (P. Heather (2005), The Fall of the Roman Empire: a New History; B. Ward-Perkins (2005), The Fall of Rome and the End of Civilization).
7. Problemas: quando foi o apogeu do Império Romano? Qual o critério para avaliar a decadência? A cultura cristã: decadência ou dinamismo e criatividade? O Cristianismo é clássico? Quando começa? Quando termina? O que engloba? Continuidade ou ruptura? Late Antiquity=Late Roman?
II. Problemas de periodização e de geografia.
- Glen W. Bowersock, Peter Brown, Oleg Grabar, eds., Late Antiquity: A Guide to the Post- Classical World (Cambridge,MA: Harvard Univ. Press, 1999), ix (‘The time has come for scholars, students, and the educated public in general to treat the period between around 250 and 800 CE as a distinctive and quite decisive period that stands on its own’). Uma visão optimista do período; policentrismo.
- Av. Cameron et alii, ed. (2001), The Cambridge Ancient history. 14. Late Antiquity: Empire and successors. AD 425-600, Cambridge. A invasão lombarda.
- Ch. Wickham (2005), Framing the Early Middle Ages: Europe and the Mediterranean, 400–800.
III. O que mudou?
1. Até 500:
a. Cristianismo: a substituição das religiões cívico-políticas.
b. Monarquia: a derrota de uma concepção republicana do poder.
c. Pseudomorfose: a complexidade da cultura tardia.
d. Centrifugação: o eclipse de Roma, as novas cidades imperiais e o triunfo das periferias. ‘The Destruction of Central Romanness’ (P. Heather).
e. O colapso do sistema fiscal imperial no Ocidente e da economia itálica.
f. Invasões, migrações, etnogénese e colaboração: a alteração do panorama político no Ocidente.
2. Até 800:
- Regna: novas realidades políticas e o contributo das elites provinciais romanas.
- Demografia e clima: trends científicos.
- Urbanização e Ruralização: o atrofio urbano e a melhoria das condições de vida campesinas.
- Imitatio imperii: no Reno, no Norte de Itália, na Hispânia e em Damasco.
- Agonia/Queda: Bizâncio e a Pérsia sassânida. Mahomet: a irrupção árabe e o Islão
- Classicismo: transmissão da cultura no Mediterrâneo e na Europa.
Apresentação. Bibliografia. Avaliação
22 Fevereiro 2018, 14:00 • Rodrigo Furtado
PROGRAMA
0. Prólogo.
A ‘longa’ Antiguidade Tardia: um período em definição.
O Mediterrâneo do ano 200: estruturas políticas, dinâmicas económicas e construções sociais.
I. O Império de Constantino: a vitória monárquica e a refundação do Império.
A Vida de Constantino: a conversão ao Cristianismo e a revolução monárquica orientalizante.
Houve alguma crise no século III? Cinquenta anos alucinantes e a solução (?) da tetrarquia.
Constantino e a construção da máquina imperial: um homem, um colosso, mais distante, maior, mais santo.
A disputa ideológica sobre o poder – que tipo de monarchia? Urbanismo, Eusebianismo e Episcopalismo.
O Mediterrâneo do ano 400: um mundo de prosperidade e/ou à beira do precipício?
II. O Império de Deus: the early mood, a vitória do Cristianismo e a pseudomorfose cultural.
Orósio: contra os pagãos e a felicidade dos Christiana Tempora. A revolução do tempo: Deus e a história.
Fírmico, Jerónimo e Claudiano: Christianus vs Ciceronianus. A revolução da estética: Deus e a cultura.
Agostinho: Confissões, Livro Arbítrio e Cidade de Deus. A revolução do pensamento: Deus e o homem.
Antão e Pascásio: anacoretismo e monasticismo. A revolução religiosa: Deus e a sociedade.
III. O fim do mundo: histórias de destruição e sobrevivência.
A queda de Roma: a resposta ideológica ao saque de Roma. Como explicar o inexplicável?
As invasões germânicas: migrações, etnogénese, refugiados e integrações. Medo, destruição e adaptação.
Alterações climáticas; recessão económica; atrofiamento demográfico; colapso urbano; iliteracia.
Ano 500: quando o mundo não acaba – a conversão de Clóvis e corrida pelo Mediterrâneo - Vouillé.
Ano 500: a Itália de Teodorico, Amalasunta, Justiniano e Albuíno; Boécio, Cassiodoro, Bento e Gregório.
IV. Os reinos germânicos: política e cultura na Hispânia sueva e visigótica.
Os Versos sobre a biblioteca de Isidoro: a cultura clássica no séc. VII nas margens do Guadalquivir.
O mistério dos dois reinos – entre Requiário e Miro. Suevos e Neo-Suevos. O papel de Martinho de Braga.
Vrbs regia Toletana: a territorialização e institucionalização ideológica do reino visigodo. Os concílios.
Isidoro e a cultura clássica: enciclopedismo, erudição e transmissão, entre o Norte de África e a Hispânia.
V. Reconstruções do Império: Constantinopla, Bagdad, Córdova, Aquisgrano, Oviedo.
A Crónica Profética: o anúncio da vitória do imperador cristão entre Isidoro e o Pseudo-Metódio.
Neo-imperialismo, imaginário clássico e etiqueta cristã no Bósforo. Derrota, atrofiamento e fossilização.
Reorientalização do Mediterrâneo: islamismo e tardo-classicismo. Califas, emires e imaginário bizantino.
Do Natal à Capela Palatina: Eginardo e o imperador do Norte; Teodulfo e os Visigodos entre Fleury e Verona.
Epílogo: Quando acaba a Antiguidade tardia?
AVALIAÇÃO
1. Três curtos ensaios (temas a determinar ao longo do semestre):
a) Irão ser propostos cinco ensaios. Os alunos escolhem fazer três dos cinco primeiros ensaios propostos. Podem fazer os cinco e contam as duas melhores notas.
b) 1500 palavras cada um (cerca de 4 páginas, escritas em Times New Roman, 12, single space).
c) Entregar em Word, para o mail: rodrigo.furtado@campus.ul.pt.
d) Datas de entrega: ver abaixo
2. Teste final
Elementos de Avaliação |
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Ponderação |
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1º ensaio |
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até 21 Mar. |
qua. |
23h59m |
por mail |
fazer três à escolha ou até cinco e contam os três melhores |
50% : 3 |
2º ensaio |
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até 15 Abr. |
dom. |
23h59m |
por mail |
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3º ensaio |
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até 2 Maio |
qua. |
23h59m |
por mail |
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4º ensaio |
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até 16 Maio |
qua. |
23h59m |
por mail |
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5º ensaio |
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até 3 Jun. |
dom. |
23h59m |
por mail |
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Teste final |
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22 Jun. |
6ª f. |
14h-17h |
a determinar |
obrigatório |
50% |