Sumários

A Arqueologia enquanto disciplina científica

9 Outubro 2020, 16:00 Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

A Arqueologia enquanto disciplina científica.
De como a Arqueologia enquanto disciplina científica se caracteriza por convocar sistematicamente dois métdos de validade univesal, absolutaamente invariantes no Espaço e Tempo:
O Metodo Tipologico e o Método Estratigráfico.
O Método Tipológico em Aqueologia: origens e princípios gerais


Sugestões para a elaboração de uma Dissertação Científica, no âmbito do Mestrado

2 Outubro 2020, 16:00 Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

Sugestões para a organização de dissertações de Mestrado em Arqueologia

  

Generalidades

 

Escreva um pequeno texto de não mais de 25 p. A-4 sobre a sua dissertação, considerando os distintos tópicos que adiante se apresentam.

Estas orientações não devem ser entendidas como questões diferentes (isoladas) que deverão ser abordadas separada e sequencialmente, mas antes como pontos de orientação e reflexão, para a organização de um projecto e realização da dissertação. Os diferentes tópicos propostos devem ser todos tratados.

Necessário será um prévio trabalho de levantamento bibliográfico e de leitura.

 

O Trabalho

 Linhas de orientação para a realização do trabalho:

 Pretende-se, basicamente, um plano detalhado da dissertação. Deverão necessariamente ser tratadas os seguintes aspectos:

 A - A questão central e as hipóteses

B - O contexto historiográfico

C - As questões metodológicas

D - Questões relacionadas com as fontes que serão utilizadas

E - A estrutura da dissertação

F - Faseamento do trabalho e prioridades de pesquisa

 

Esclarecimentos

A - A questão central e as hipóteses

1. Qual é (ou quais são) a(s) questão(ões) central(is) e as principais hipóteses da dissertação?

2. Que subquestões e que subhipóteses derivam desta questão central?

3. Explique concretamente porque razão estas subquestões e subhipóteses serão desenvolvidas e não outras

4. Qual é o objectivo específico da dissertação?

B - O contexto historiográfico

1. A questão central da pesquisa relaciona-se com importantes debates, no âmbito da disciplina (ou das Ciências Sociais, em geral) e, em caso afirmativo, que debates?

2. Parte de alguma perspectiva teórica concreta?

3. Qual é o seu "contexto analítico"?

4. Pretende contestar alguma perspectiva previamente exposta, ou simplesmente ensaiar uma perspectiva original?

5. Como descreveria a natureza da sua investigação: histórico-culturalista, contextualista, processualista, hermenêutica, narrativista, comparativa, neo-marxista, ou uma síntese de algumas destas correntes? (é conveniente que saiba exactamente o que se entende por cada um destes conceitos, pelo que se recomenda a leitura de alguns manuais básicos no final destas folhas). 

C - As questões metodológicas

1. Pretende que os resultados da sua dissertação se transformem em generalizações aplicáveis a outras realidades concretas (em outros contextos espaciais e cronológicos)?

2. De que forma pretende atingir tais objectivos e a que tipo de generalização se refere?

3. A sua abordagem pretende ser quantitativa (isto é, deseja descobrir/estabelecer relações entre variáveis) ou qualitativa (isto é, deseja descobrir/identificar explicações casuísticas, aplicáveis a situações concretas)?

4. Quais as variáveis, independentes e dependentes, centrais para a sua pesquisa?

Que relações e conexões pretende descobrir/demonstrar e que dados novos pretende utilizar?

5. Tenciona empregar uma perspectiva comparativa na sua investigação? Em caso afirmativo, em que sentido e com que objectivos pretende fazer a comparação?

6. Porque razão escolheu este período de tempo e espaço geográfico para o seu estudo?

7. Pensa usar determinados modelos na sua abordagem, em caso afirmativo, quais e como?

8. Como pensa utilizar os conceitos centrais da sua pesquisa e porque razão o fará nessa orientação em concreto?

9. Se pretende aplicar determinados métodos e/ou técnicas na sua pesquisa, explique porque razão os escolhe (e não outros) e porque razão os supõe úteis?

D - Questões relacionadas com as fontes que serão utilizadas

1. Faça um breve inventário das fontes que irá utilizar, com indicação da sua presente localização (em que Museu, em que Instituição ou na posse de que particular).

2. Faça uma breve descrição da natureza e volume de fontes a utilizar. Apresente, também, uma estimativa do tempo necessário para o seu tratamento (identificação, classificação, descrição, desenho, fotografia).

3. Explique porque razão recorrerá a essas fontes e não a outras.

4. Indique as potencialidades e limitações das suas fontes.

5. Explique se vai usar as suas fontes numa perspectiva quantitativa ou qualitativa, ou uma combinação de ambas.

E - A estrutura da dissertação

1. Apresente os títulos dos Capítulos da Dissertação, pela ordem em que serão apresentados.

2. Esclareça qual será a sua opção na construção da dissertação e por que razão pensa ser essa, em particular, a mais adequada aos seus propósitos.

3. Indique que questões e subquestões serão tratadas em cada capítulo da dissertação.

4. Indique, sob o título de Conclusão qual é a sua expectativa de resposta às questões centrais colocadas.

5. Apresente a lista da principal bibliografia de referência que irá usar, correctamente citada (recomenda-se a utilização das normas de citação do IPA, visto que, potencialmente, poderá desejar editar a sua dissertação nas colecções deste organismo).

6. Apresente a lista dos potenciais apêndices a apresentar.

F - Faseamento do trabalho e prioridades de pesquisa

1. Apresente um faseamento do projecto de dissertação, com uma clara indicação de quando deverá estar concluída cada uma das suas partes. Com realismo e clareza, indique que compatibilidade existe entre o seu plano e os prazos disponíveis.

2. Estabeleça, com rigor e clareza, uma hierarquia de prioridades nas distintas partes do plano da dissertação: que partes são essenciais e que partes poderão ser abandonadas ou aligeiradas, se o tempo lhe faltar.       

 

Leituras recomendadas, para um esclarecimento das principais correntes teóricas:

ALARCÃO, J. (1996) - Para uma conciliação das arqueologias. Porto: Afrontamento.

GAMBLE, C. (2001) - Archaeology: the basics. London, Routledge

HODDER, I. (1986) - Reading the past. Current approaches to interpretation in archaeology. Cambridge: Cambridge University Press (há uma tradução espanhola publicada na editora Crítica: Barcelona).

JOHNSON, M. (1999) - Archaeological Theory. An introduction. Oxford: Blackwell

(há tradução espanhola publicada na editora Cátedra, de Madrid).

RENFREW, C. / BAHN, P. (Eds.) 2005 – Archaeology. The Key Concepts. London: Routledge.


A Arqueologia enquanto disciplina científica (uma introdução genérica)

25 Setembro 2020, 16:00 Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

A Arqueologia no contexto das Ciências Humanas e Sociais:
Uma abordagem das realidades humanas do passado combinando sempre três varáveis: população considerada / espaço / tempoEstudar cultura em contexto e as responsabilidades éticas e deontológicas dos arqueólogos:

THE ILLICIT ANTIQUITIES RESEARCH CENTRE
against the theft & traffic of archaeology
Established 1996, closing September 2007:

Culture without Context

http://www.mcdonald.cam.ac.uk/projects/iarc/home.htm

ICOM code of ethics for museums

(Seul, 2006)

http://icom.museum/fileadmin/user_upload/pdf/Codes/code_ethics2013_eng.pdf


Estudar culturas passadas através de amostras pobres e truncadas (explicitação destes conceitos)


os artefactos arqueológicos e seus atributos: intrínsecos (semprre presentes), contextuais (nem sempre presentes)


mobilizando o método tipológico.



Apresentação do Programa e métodos de avaliação

18 Setembro 2020, 16:00 Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

Apresentação do Programa da unidade Curricular: 

Métodos e técnicas de produção de conhecimento em Arqueologia

Carlos Fabião

Objectivos de aprendizagem

O Seminário pretende apresentar uma trajectória epistemológica da Arqueologia desde os inícios do século XX, no contexto das Ciências Sociais, apresentando e comentando os objectivos, virtualidades e limitações das distintas “escolas” de pensamento.

Pela selecção de autores e obras consideradas significativas, devidamente enquadradas e contextualizadas, pretende-se que os estudantes aprendam a entender como se foi produzindo conhecimentos gerais sobre o passado das sociedades humanas a partir do registo arqueológico. Pretende-se explicar como as diferentes correntes de pensamento contribuíram para o enriquecimento das práticas arqueológicas Um enriquecimento que se fez mais numa óptica aditiva / cumulativa (“estratigráfica”) do que por rupturas paradigmáticas.

O objectivo final é treinar o estudante a construir conhecimento a partir do registo arqueológico e a preparar um primeiro esboço da sua própria dissertação de Mestrado.


Conteúdos programáticos

A Arqueologia seus fins e métodos (método tipológico e método estratigráfico).

Estudar sociedades do passado através de amostras pobres e truncadas.

Uma vocação transdisciplinar e interdisciplinar.

Arqueologia: entre a História e a Antropologia.

O Nascimento da Pré-História e a afirmação da Arqueologia.

Do Positivismo ao Histórico-Culturalismo.

A Teoria Geral de Sistemas e o ”processualismo” nas suas distintas versões.

A Arqueometria como área de análise neutra.

O “linguistic turning” e o pós-processualismo

A Arqueologia Hoje


Bibliografia

Alarcão, J. 1996 - Para uma conciliação das arqueologias. Porto: Afrontamento.

Gamble, C. 2001 - Archaeology: the basics. London: Routledge

Johnson, M. 1999 - Archaeological Theory. An introduction. Oxford: Blackwell.

Renfrew, C. / Bahn, P. (Eds.) 1991 – Archaeology Theories, Methods and Practice. London: Thames and Hudson.

Id. (Eds.) 2005 – Archaeology. The Key Concepts. London: Routledge.

Trigger, B. G., 1989  - A History of Archaeological Thought. Cambridge: C.U.P.


Avaliação:

Trabalhos práticos: 

Análise comparada de duas destas obras:

Binford, Lewis R 1991 - Em busca do passado : a descodificação do registo arqueológico. Mem Martins: Europa-América.

Childe, V. Gordon 1976 - Para uma recuperação do passado : a interpretação dos dados arqueológicos. Lisboa: Bertrand.

Clarke, D. L. 1978 – Analytical Archaeology. 2ª ed., London: Methuen.

Hodder, I. 1986 - Reading the past. Current approaches to interpretation in archaeology. Cambridge: Cambridge University Press.


Exemplo: Childe vs Clarke; Childe vs Binford; Childe vs Hodder; Clarke vs Binford; Binford vs Hodder, etc…


Ficha de leitura de uma das seguintes obras:

BINFORD, Lewis R (1991) - Em busca do passado : a descodificação do registo arqueológico. Mem Martins: Europa-América.

Gamble, C., 2001 - Archaeology: the basics. London: Routledge.

Johnson, M., 1999 - Archaeological Theory. An introduction. Oxford: Blackwell.

Renfrew, C.; Bahn, P. (Eds.) 2005 – Archaeology. The Key Concepts. London: Routledge.

Trigger, B. G., 2006 - A History of Archaeological Thought, 2ª ed., Cambridge, C.U.P.