Sumários

O imaginário religioso “encantado” do Neo-Pentecostalismo africano

14 Abril 2023, 14:00 José Augusto Nunes da Silva Horta


O Catolicismo "encantado" em África, em particular com ênfase no exorcismo. O Cristianismo “encantado” do Neo-Pentecostalismo africano: na resposta às necessidades de explicação, previsão e controlo (Robin Horton), cria e mobiliza um imaginário religioso que se apropria e resignifica o universo das forças sobre-humanas que rodeiam e condicionam a existência dos seres humanos. O exemplo da igreja Mountain of Fire and Miracles Ministries (MFM) liderada por Daniel Olukoya, na actual Nigéria. 

Em discussão:  “Enchanted Christianity” de Paul GIFFORD

A Pentecostalização da bruxaria

11 Abril 2023, 14:00 José Augusto Nunes da Silva Horta


A distinção clássica entre witchcraft e sorcery e a sua diluição na prática

Política spiritual (ou a espiritualização da política) na Bruxaria pentecostal (ou na pentecostalização da bruxaria): um discurso global demonológico (independente das crenças locais mas que as resignifica).

Análise do texto de  Knut RIO, Michelle MACCARTHY, Ruy BLANES, “Introduction to Pentecostal Witchcraft and Spiritual Politics in Africa and Melanesia"

Conclusão da matéria da aula anterior. O Neo-pentecostalismo. Comparação com as Igrejas Independentes Africanas.

31 Março 2023, 14:00 José Augusto Nunes da Silva Horta


1. Conclusão da matéria da aula anterior. 


2. O Neo-pentecostalismo. Comparação com as Igrejas Independentes Africanas. O carisma dos pastores, os poderes de cura pelo Espírito Santo, o evangelho da prosperidade e a luta contra os espíritos africanos resignificados como demónios. A prevalência do idioma da bruxaria.

Problemática: as dimensões de continuidade e de descontinuidade na afirmação dos Cristianismos em África. Primeiro comentário a um texto de Birgit MEYER.

O Cristianismo no Kongo (conclusão). Dos primeiros profetismos no Kongo às primeiras igrejas independentes africanas. O caso do Kimbanguismo.

28 Março 2023, 14:00 José Augusto Nunes da Silva Horta


1. Os primeiros contactos das sociedades oeste-africanas com o cristãos e o Cristianismo. Evolução da apropriação/assimilação do Cristianismo nos séculos XVI e XVII. 

Ver artigo de Carlos Almeida e no Powerpoint "A experiência religiosa nos primeiros contactos afro-portugueses", a secção "A recepção dos Cristãos e do Cristianismo no antigo Kongo".

2. Dos primeiros profetismos no Kongo às primeiras igrejas independentes africanas. 
O Kimbanguismo, uma igreja independente africana. O contexto colonial do seu surgimento. A sua acção desenvolvimentista.  A dupla dimensão centrífuga (de expansão e de universalismo, com expressão nas suas diásporas) e a dimensão centrípeta (centrada na origem política e "étnica" kongo), as transformações operadas na religião por via dessa dupla dimensão.

Comentário a um artigo de Ramon Sarró e Anne Mélice, "Kongo and Lisbon. The dialectics of 'centre' and 'periphery' in the Kimbanguist Church".

Os primeiros contactos entre os congoleses e os portugueses e o Cristianismo. Convidado: Prof. Carlos Almeida.

24 Março 2023, 14:00 José Augusto Nunes da Silva Horta


Convidado: Prof. Carlos Almeida.

Os primeiros contactos entre os portugueses, os congoleses e o Cristianismo. Uma interpretação da relação e da crónica de Rui de Pina.

 

Do modo de dizer e de pensar próprios da mundividência cristã de Pina às percepções kongo que os seus textos permitem reconstituir. 

1. Vinculação do que vem do outro lado do mar como do outro mundo. A cruz já é um símbolo a que se reconhece poder.

 O poder trazido pelo ritual do baptismo e pela ligação à cruz trazida do outro mundo são testados pelo soberano do Kongo, na guerra. Localmente, o reconhecimento da força protectora do baptismo, assemelhado a um ritual de iniciação, não significava abraçar toda a proposta cristã. A cruz (e outros objectos cristãos) é reconhecida como mais poderosa do que os outros objectos que eram cultuados localmente (os minkisi, a que os portugueses chama “ídolos”). A adopção dos novos objectos implica a destruição dos anteriores. Existência de um “diálogo de surdos” reforçado pelo uso de catecismos bilingues. Nzambi Pungu, de início expressão usada para designar o rei de Portugal, designa o Deus criador, pelos menos a partir de 1548. Os padres são entendidos localmente como banganga (sing. nganga).

 

 

2. Agenda da Coroa de Portugal: processo de expansão, fixar alianças, em que o Cristianismo é um instrumento, uma linguagem de comunicação dessa aliança.

A agenda e interpretação congolesa  da relação com os cristãos — e, portanto a proposta de aliança com o rei de Portugal — centra-se no soberano do Kongo (o Mwenekongo), reforçado na sua autoridade pela recepção dos novos saberes e novas tecnologias que os portugueses trazem: os clérigos, a educação dos jovens em várias dimensões, os rituais, a doutrina, a missa, a escrita, o entendimento do português, como novo saber que reforça o titular do poder, etc. Não se trata apenas do Mwenekongo querer ser cristão e de converter todos os seus ao Cristianismo (visão de Rui de Pina e dos portugueses), mas sim de um todo, de que fazem parte o que artificialmente dividimos em religião, economia, política...  A agenda do soberano do Kongo é autónoma daquilo que o rei de Portugal está a pensar sobre a relação que quer ter com o rei do Congo.