Sumários
A Escultura Maneirista.
23 Novembro 2022, 09:30 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
Sobre a escultura e a talha na segunda metade do século XVI.
teste
21 Novembro 2022, 09:30 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
TESTE DE ARTE DO
RENASCIMENTO E DO MANEIRISMO EM PORTUGAL / ARTE MODERNA EM PORTUGAL
Licenciatura de História
da Arte – 21 de Novembro de 2021, 9h-10h30 -- Prof. Vitor Serrão
I
Leia atentamente as cinco seguintes
questões e responda em moldes adequados, suficientes, claros e bem
estruturados, recorrendo a exemplos se e quando necessário, a apenas DUAS delas:
1.
Em que medida os Painéis de São
Vicente, de Nuno Gonçalves (cª 1470), se podem considerar uma obra não só
marcante no contexto da pintura europeia no dealbar da Idade Moderna mas,
também, já integrada num contexto proto-renascentista ?
2.
. O testemunho do poeta Garcia de
Resende, na sua famosa Miscellanea,
de que «Pintores, luminadores,
agora no cume estam», mostra que no tempo de D. João III era uma
realidade o ascenso social dos artistas e o estatuto de privilégio que muitos
auferiam (Gregório Lopes, Vasco Fernandes, Nicolau Chanterene, João de Ruão,
António de Holanda, etc), fruto de uma consciencialização que paulatinamente se
impusera. Comente.
3.
Como e porque razão a viagem a Roma empreendida por vários artistas
portugueses no reinado de D. João III abriu a nossa arte à influência da Bella
Maniera italiana e abriu as consciências de artistas e mecenas no
sentido de uma maior liberdade artística ?
4.
Em que medida a chegada a Portugal
dos escultores franceses Nicolau
Chanterene e João de Ruão influiu
na viragem estética operada na arte portuguesa, sobretudo no campo da Escultura
(sacra e profana), à luz do generalizado debate entre antigo e moderno ?
5.
O conceito de Micro-História da Arte aplica-se bem a uma situação artística
como a arte portuguesa do «largo tempo do Renascimento», justamente por nela
coabitarem, em registos distintos, peças de vanguarda all’antico e outras de
resistência, perduração ou mesmo de epigonismo. Qual a importância deste
‘olhar’ crítico-comparativo aplicado à arte portuguesa do século XVI
II
Desenvolva e comente, com a maior clareza e objectividade, num discurso
estruturado e fluente, e recorrendo a factos e exemplos adequados sempre que
necessário, UM dos dois seguintes
temas:
1. Comente, à
luz dos seus conhecimentos sobre a novidade absoluta constituída pela
descoberta dos grottesche nos palazzi romanos, e pela vasta expansão
europeia que logo recebeu, a arte do chamado Grotesco romano (de origem clássica e «arqueológica»). Não deixe de
ter em conta, também, o inédito processo português que, com a Contra-Reforma,
adaptará essa «linguagem licenciosa»
à mais comedida mas muito popularizada arte do Brutesco (decoração com sentido mais «decoroso»). As duas imagens
servem de exemplo de um e outro caso.
Fresco da igreja de Santa Leocádia
(Chaves), c. 1509-1511, e tecto de caixotões da igreja da Misericórdia de
Torres Novas, 1678.
2. A defesa da
LIBERALIDADE
e a reivindicação de um novo estatuto social moveu os artistas do século XVI na
senda de uma nova consciência social e laboral. Tal decorre da inovação trazida
para o campo das artes por Francisco de
Holanda ao defender com raíz neoplatónica o primado da ideia criadora (fruto da
scintilla divina, como lhe chamara Léon Battista Alberti) e ao
definir «o disegno ou
debuxo, raiz de todas as sciencias». Comente a essa luz este trecho do
tratado Da Pintura Antigua (escrito entre Roma e Lisboa em 1540-48)
quando põe Miguel Ângelo a defender o seguinte:
«Eu
estou seguro, que se no vosso Portugal, Messer Francisco, vissem a fremosura da
pintura que está por algumas casas desta Itália, que não poderiam ser tão
desmúsicos (incultos, ignorantes) lá,
que a não estimassem em muito e a desejassem de alcançar; mas não é muito não
conhecerem nem prezarem o que nunca viram, e o que não têm» (Diálogos de Roma).
Vítor Serrão - 21 de Novembro de 2022
Congresso História da Arte em Portugal- Modus Operandi. -- comunicações.
16 Novembro 2022, 09:30 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
Congresso História da Arte em Portugal- Modus Operandi. -- comunicações.
Congresso História da Arte em Portugal- Modus Operandi.
14 Novembro 2022, 09:30 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
Congresso História da Arte em Portugal- Modus Operandi. -- comunicações.
Sobre a tratadística das artes em Portugal no século XVI.
9 Novembro 2022, 09:30 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
Em clima de desenvolvimento das artes e letras no Portugal do séc. XVI, sob signo do neoplatonismo e influência do Humanismo (quadro alterado com a Contra-Reforma), a cultura do tempo de Camões, disse Sylvie Deswarte, situa-se num «campo de criação dotado de uma forma mentis, com uma imagística e uma inspiração filosófica idênticas».
Tal clima não gerou um tratadismo artístico como género autónomo, mas abriu debates a mudanças de paradigma e uma efervescência criadora que exprimiu discursos de actualização face à Bella Maniera a seguir à viagem a Roma de Francisco de Holanda, António Campelo, Gaspar Dias, Venegas, etc.
O ambiente de cortes literárias em que as humaniores litterae eram matéria de estudo e se abria ao debate arqueológico, ao bucolismo do locus amoenus, à ressonância das antigualhas, a reflexões em torno de Vitrúvio e as ruínas, a obra de Alberti e Serlio, os templos do Mundo Antigo, as novidades cosmológicas, estudos da matemática, temas agrícolas, citações de Hermes Trimegistro e demais autores clássicos, tudo gerou um ambiente propício à recepção da tratadística italiana, castelhana, flamenga e francesa.
Existiu um re-conhecimento da ideia motriz da arte, da consciência liberal dos praticantes. e mesmo em clima de Contra-Maniera (que fechava a irreverência dos artistas) a tradição do legado intelectual permanecia em aberto, e é de crer que dentro da Irmandade de São Lucas no Mosteiro da Anunciada, se seguissem linhas de debate teórico sobre o primado do debuxo e a ideia motriz da criação, à luz do que ensinavam os tratados disponíveis.
São exemplos de tratadistas portugueses do século XVII Francisco de Sólis, autor da Vida de alguns pintores, esculptores e architectos, do pintor, arquitecto e iluminador Luís Nunes Tinoco, cujo Elogio da Arte da Pintura foi estudado por Luís de Moura Sobral, e Luís da Costa, tradutor de Durer.
Existiu interesse, em círculos intelectuais não forçosamente restritos, pela literatura sobre arte se produziam opiniões sobre o estatuto social a tributar aos praticantes. O desaparecido manuscrito do tratado de Francisco de Sólis é vagamente referenciado na Collecção de Memorias de Cyrillo Volkmar Machado, de 1823.
Luís das Costa, pintor de têmpera, dourado e estofado, nasce em 1599, ocupa cargos de relevo na Irmandade de São Lucas entre 1638 e 1654. Foi pai do escritor Félix da Costa Meesen. Trabalhou com mestres da caligrafia e da iluminura, como o agostinho Frei Luís das Neves, e realizou a tradução comentada da edição de Paolo Gallucci Saludiano (Veneza, 1591) dos quatro livros de Albrecht Dürer De Symmetria Partium in Rectis Formis Humanorum Corporum (Nuremberg, 1532-1538), obra que intitulou Quatro Livros de Symetria dos Corpos Humanos e se destinava a publicação. 3
Falhou a empresa, que tinha objectivo de alargar a base de conhecimentos artísticos dos seus colegas pintores na Irmandade de São Lucas, e desconhece-se o destino do manuscrito (que bem precioso seria, também, pelas anotações aduzidas), mas o facto de ter sido realizado atesta o interesse pelo conhecimento e discussão em torno dos princípios teorizadores que prevalecia, apesar de tudo, em círculos nacionais.