Sumários

A Parede de Elfriede Jelinek - um obstáculo sem limites

1 Abril 2019, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

ABRIL                                              2ª FEIRA                                          9ª AULA

 

1

A aula de seminário de hoje foi dedicada exclusivamente ao dramatículo A Parede da série de peças do ciclo A Morte e a Donzela – Dramas de Princesas de Elfriede Jelinek.

Este módulo programático será desenvolvido pelo Prof. Alexandre Pieroni Calado e por mim.

Optámos por organizar a aula em torno de duas propostas:

1 – As grandes questões e as grandes interrogações que a peça suscita, a saber: o recurso a práticas sacrificiais vindas da Antiguidade e mantidas na contemporaneidade (um bode que pode estar em vez de um ser humano); a releitura de textos universais como A Odisseia e a Teogonia e suas inspirações; a escolha de escritoras austríacas e americana cujas vidas e obras são propícias ao assunto dominante da peça: a violência e as diferentes reacções a essa violência; a prioridade dada ao exercício de todo o tipo de violência sobre a mulher e nomeação de reacções e contrapartidas. São ainda questões prementes o nacional-socialismo, a rádio como instrumento de propaganda, as relações entre pais e filhos, as mitologias da Áustria, a cultura pop e o universo da banalidade, o acto de preparar uma refeição e de a deglutir.

Paralelamente aos temas e assuntos de que o tratamento da linguagem será um dos principais, reconfortamo-nos com a presença discreta de Heidegger e Wittgenstein, e por interposto véu (o humor, o sarcasmo, o Witz – dito de espírito) de Karl Kraus.

Foram assunto de debate a relação entre espaço e tempo, acções enquanto acontecimentos, presença e função de um subtexto ou texto secundário, metodologia da construção das personagens, invocação de figuras reais que estão na base da elaboração textual, referência a obra das mesmas, recurso a uma linguagem popular e publicitária em contraponto com uma linguagem de índole reflexiva, inquiridora e problematizadora. (Alexandre Calado)

2 – Um exercício de close reading orientado para o leit-motiv que estrutura a peça – a parede -, que é o seu título, e que por isso permite que lhe seja atribuído protagonismo. Esta proposta considera ainda a possibilidade de estabelecer num atravessamento da peça a elaboração de uma cartografia do espaço trans-histórico em que decorre a acção e a sua narrativa. Associada à cartografia da parede na peça poderemos ainda considerar o tipo de relação estabelecida como desenho de movimento, a partir do corpo em esforço, entre as personagens e o objecto designado como parede, muro, espelho. (Anabela Mendes)

O ponto 2 da proposta conjunta de trabalho ficou reservado para a próxima aula por impossibilidade temporal.

 

Leituras recomendadas por Alexandre Calado:

- "My Characters Live Only Insofar as They Speak": Interview with Elfriede Jelinek Author(s): Brenda L. Bethman and Elfriede Jelinek Source: Women in German Yearbook, Vol. 16 (2000), pp. 61-72 Published by: University of Nebraska Press Stable URL:

http://www.jstor.org/stable/20688906

 

- To cite this article: Karen Jürs-Munby (2009) The Resistant Text in Postdramatic Theatre: Performing Elfriede Jelinek's

Sprachflächen , Performance Research: A Journal of the Performing Arts, 14:1, 46-56, DOI: 10.1080/13528160903113197

To link to this article: http://dx.doi.org/10.1080/13528160903113197

 

Leituras recomendadas por Anabela Mendes:

-          Elfriede Jelinek The voice heads straightaway toward

(Oh, Voice), rendered into English by Margarete Lamb-Faffelberger 30.3.2009

- Elfriede Jelinek, Mode, tradução de Anabela Mendes, Süddeutsche Zeitung, 2000.


Subjetividade, corpo e movimento II: entre as Tapeçarias de D. João de Castro e O triunfo da vontade de Leni Riefenstahl

25 Março 2019, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

MARÇO                                           2ª FEIRA                                          8ª AULA

 

25

 

Saída de Campo - Quinta-feira, dia 21 de Março, entre as 18h30 e as 20:30, teve lugar uma mesa redonda no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, intitulada Atiro-me de cabeça contra a parede e desapareço, inserida no conjunto de iniciativas em torno de A Morte e a Donzela  Dramas de Princesas de Elfriede Jelinek.

No âmbito da mesa redonda Atiro-me de cabeça contra a parede e desapareço organizada pelas Artes e Engenhos, Anabela Mendes, Vera San Payo de Lemos e Bruno Monteiro leram e apresentaram os seus contributos inspirando desse modo o diálogo com os presentes em sala. Alexandre Pieroni Calado apresentou e moderou a acção com grande virtuosismo e vivacidade.

 

Subjetividade, corpo e movimento II: entre as Tapeçarias de D. João de Castro O triunfo da vontade – Sérgio Mascarenhas

 

ESPETÁCULO E COGNIÇÃO

Sessão de 25 de março de 2019

 

SUMÁRIO

Na presente sessão, a segunda de duas dedicadas ao tema geral de “Subjetividade, corpo e movimento: entre ética, direito e estética”, demos continuidade ao trabalho sobre as “Tapeçarias de D. João de Castro” e abordámos o filme O triunfo da vontade.

Quanto ao trabalho sobre as “Tapeçarias de Dom João de Castro”, retomámos a linha condutora iniciada na sessão anterior de análise das estruturas de movimento que se estruturam a partir das tapeçarias e que dinamizam a leitura das mesmas pelo espetador. Recordámos como a estrutura das tapeçarias e as diferentes linhas narrativas nelas expressas se articulam com as estruturas de movimento e de disposição no espaço dos espetadores, participantes em cerimónias solenes onde as tapeçarias seriam expostas (armadas).

A esta dinamização do movimento do espetador para as tapeçarias, movimento espetavelmente de grupo e não individual, associámos a consideração do movimento do espetador perante as tapeçarias. Está aqui em causa o movimento de leitura das mesmas onde se articula a visão sinóptica do todo com a apreciação dos detalhes. Vimos como as soluções formais adotadas na conceção do conjunto reforçam e sofisticam estes movimentos.

Num terceiro momento abordámos um terceiro movimento o movimento no espetador suscitado pelas tapeçarias. (ou outra obra de arte), recorrendo ao testemunho de Fernão Mendes Pinto na sua Peregrinação.

Concluímos a sessão com uma breve proposta de leitura do filme O triunfo da vontade de Leni Riefenstahl. Destacámos os paralelismos de conteúdo e de propósito entre este filme e as tapeçarias. Referimos como a diferença de meios (cinema vs. tapeçarias; arte da imagem em movimento vs. arte da imagem estática) obriga ou pressupõe uma diferente relação com o espetador.

No entanto, propomos como conclusão que a diferença de meio é, de certa forma, anulada pela maneira diversa como a obra suscita a atenção e o comportamento do espetador. De um lado temos uma obra estática e um espetador dinâmico; do outro temos uma obra dinâmica e um espetador estático. Para além destes dados absolutos, o que se observa é que, em termos relativos, a relação obra-espetador é dinâmica e, num caso e noutro, é esse dinamismo relativo que marca a construção de sentido que a obra procura.

REFERÊNCIAS

Alves, Pedro Manuel. “Observing. A Phenomenological Approach”. Phainomenon (2012) 25: 175-184.

Arasse, Daniel.  Le détail : Pour une histoire rapprochée de la peinture. France: Flammarion, 2010.

Bisol, Benedetta. “Corpo e corporeidade no pensamento de J.G. Fichte. Estudos e perspectivas”. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea (2014) 2-2: 20-33.

Fichte, Johann Gottlieb. Fundamento do Direito Natural segundo os princípios da Doutrina da Ciência. Lisboa: FCG, 2005. (93-102)

Mascarenhas, Sérgio. “Moving Images: The D. João de Castro Tapestries”. In Anabela Mendes et al. (orgs.), Qual o tempo e o movimento de uma elipse? Estudos sobre Aby M. Warburg, Lisboa: UCP, 2012.

--. “Imaging Movement from Immobile Art: The D. João de Castro Tapestries”. In Cruz, Maria Teresa, Babo, Maria Augusta, Pinto, José (org.). Tecnologias culturais e artes dos media. Lisboa: CECL/UnYLeYa, 2016.

--. “As figuras cortesãs nas tapeçarias de D. João de Castro: Etapa de uma viagem no tempo e na arte”. In Mendes, Anabela (org.) Viagens de Longo Curso. Roteiros e Mapeações. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2016 (55-68).

Mendes Pinto, Peregrinação & Cartas. Lisboa: Edições Afrodite, 1989.

Michaud, Philippe-Alain.  Aby Warburg and the Image in Motion. New York: Zone Books, 2004.

Prévost, Bertrand.

Sierek, Karl.  Images oiseaux: Aby Warburg et la théorie des médias. Paris: Klincksieck, 2009.

 

 

 

 

 

Aulas previstas em Março – 3

Aulas dadas em Março - 3

Saídas culturais – 1

 


Subjetividade, corpo e movimento I: Entre ética, direito e estética

18 Março 2019, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

Subjetividade, corpo e movimento I: Entre ética, direito e estética – Sérgio Mascarenhas

 

ESPETÁCULO E COGNIÇÃO

Sessão de 18 de março de 2019

 

SUMÁRIO

Na presente sessão, a primeira de duas dedicadas ao tema geral de “Subjetividade, corpo e movimento: entre ética, direito e estética”, focámo-nos no tema mais específico de “corpo e sociabilidade”.

Desenvolvemos uma linha condutora que procurou articular a radicação na corporeidade da pessoa. Nestes termos, partimos do corpo como sujeito ou indivíduo, sujeito ou indivíduo estabelecido no contraste com o que não é seu na sua esfera de apreensão sensível. Procurámos ver como o indivíduo se faz eu/pessoa na interação com outros eus/pessoas, um e outros inscritos num espaço comum de corporeidade e sensibilidade. Enunciámos brevemente que esta passagem do indivíduo ao eu/pessoa ocorre num processo reflexivo e intersubjetivo.

Na sequência procurámos estabelecer a ponte entre estas ideias iniciais e as conceções teóricas sobre a produção artística antes trabalhadas noutras sessões da unidade curricular em torno das propostas de Kandinsky, em particular no que respeita à maneira como este articula o par concetual abstrato-concreto.

Na segunda parte da sessão iniciámos a exploração das propostas acima enunciadas na leitura do corpo estético conhecido como “Tapeçarias de Dom João de Castro”.

 


Discussão de ideias para projectos de trabalho finais

11 Março 2019, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

MARÇO                                2ª FEIRA                               6ªAULA

 

 

11

 Estão incluídos neste sumário sugestões de trabalho enviadas por e-mail pelo Prof. Pedro Florêncio.

Olá a todos,

 

Cintya: 

 

 

João: 

  • aqui fica um excerto do Gilles Deleuze a falar sobre uma particularidade do cinema deles e que se articula bem com algumas considerações feitas, na aula de há pouco, sobre potenciais relações entre palavra e imagem, que me parece que são do vosso interesse explorar: https://www.youtube.com/watch?v=eI1zLKFM-do
  • aqui fica um famoso filme do casal disponível no youtube (nem que seja só para "picar" a timeline e ficarem com uma noção geral do tipo de estética em causa): https://www.youtube.com/watch?v=ZStHAdfdNyY

 

Abraços e até breve,

Pedro

Boa tarde a todos,

A propósito das últimas duas aulas, seguem um artigo de um bom site de crítica português e uma entrevista do Expresso ao próprio Michael Snow. Em ambos se aborda de forma sucinta a obra do realizador no contexto do cinema estrutural norte-americano.

http://www.apaladewalsh.com/2019/02/o-cinema-de-michael-snow/?fbclid=IwAR0EIG1ZePR3jWhDj_J1ppLqPCm0nkAyrFfqfkSBPoZcAn5fMsH8XNWWPcQ

https://leitor.expresso.pt/diario/quinta-14/html/caderno1/temas-principais/Michael-Snow-um-visionario-a-nossa-frente?fbclid=IwAR1sB8K7anni0dmBMozvIq7-buPglHGeZzKcV4nEb78AGxEMG3jhnTSgzBM

Em baixo, deixo o link para o importante e muitas vezes referido "Wavelenght" (1967):

https://www.youtube.com/watch?v=aBOzOVLxbCE

Deixo, também, um outro artigo do mesmo site de crítica de cinema sobre a obra de Stanley Brackhage e um link para o PDF online de "Metaphors on Vision", o famoso livro de teoria cinematográfica escrito pelo próprio artista:

http://www.apaladewalsh.com/2018/03/stan-brakhage-a-arte-da-visao/

https://monoskop.org/images/d/de/Brakhage_Stan_Metaphors_on_Vision.pdf 

Pedro Florêncio

1. Comentámos o que vimos em ensaio no CCB, a 28.2.2019 (19:30 – 22:30), na presença do João Henriques, colaborador dramatúrgico directo do espectáculo O Castelo do Barba Azul (ópera em um acto de Béla Bartók com libreto de Béla Balázs) e Voz Humana (com música de Francis Poulenc, tragédia lírica em um ato com libreto de Jean Cocteau). Manifestámos a nossa perplexidade relativamente à primeira das obras que na altura nos pareceu desequilibrada, quer na ocupação do espaço, quer na ligação entre os cantores – Marcell Bakonyi (Barba-Azul) e Allison Cook (Judite). Naturalmente que nenhum de nós estaria à espera que o ensaio fosse resultado final. No entanto, tivemos a grata surpresa de apreciar com prazer a prestação de Alexandra Deshorties, em Ela, que nos satisfez unanimemente com o seu desempenho de cantora e de actriz na segunda obra.

Fomos sensíveis à opção de cenário através de vídeo, de João Pedro Fonseca, apesar de haver algumas imagens que desenvolviam menores possibilidades de expansão de imagem e que, por isso,  talvez desgastassem o conjunto das mesmas.

Ocupou-se Olga Roriz da concepção cenográfica (com Cristina Piedade e João Pedro Fonseca) e foi sua a encenação. Um ensaio não permitiu apurar das opções da criadora que, não duvidamos, colocou neste trabalho o profissionalismo que tão bem lhe conhecemos. Registo apenas um apontamento lateral que vem em abono desta sua qualidade. Mal o ensaio terminou, Roriz correu para os seus cantores-actores para com eles dialogar. Estávamos demasiado longe para sabermos ao certo o que foi dito. Mas os gestos e o envolvimento dos visados deixavam perceber que a quente era preciso fazer mudanças, apurar ideias, experimentar talvez o que não tinha sido experimentado. Exactamente este exercício acompanhado das mãos da encenadora no fato-calça (Manuel Alves) de Alexandra Deshorties, como se os dedos pudessem dizer mais do que as palavras, fixou para nós um momento inesperado que nenhum espectáculo jamais nos daria a ver.

O ensaio foi isto mesmo: prestar atenção ao que calculamos seja um tempo de experimentação, tentar ler em cada rosto (por vezes nos movimentos das costas) o que cada elemento da equipa, incluindo os que estão em cena, terá para dizer ou não acerca dos passos caminhados nessa noite. Este é um tempo laboratorial e continua a sê-lo mesmo que pareça que nada mudou do ensaio anterior para o que virá a seguir.

Deste ponto de vista o ensaio a que assistimos tem semelhanças com ensaios por nós já observados antes. E talvez por isso este ensaio preserve em nós não uma memória extraordinária mas o registo de um percurso, o daquela equipa artística e técnica, que procurava conjugar o previsto e o imprevisto.

Pouco mais pudemos dizer acerca do que vimos e ouvimos. Afinal aquele era um ensaio de géneros musicais que não estávamos habituados a acompanhar. Qual de nós assiste a espectáculos operáticos (neste caso modernistas) com regularidade? Talvez devêssemos ter tido acesso aos libretos. Não os procurámos. A nossa preparação para esta saída de campo terá sido quase nula. E, apesar disso, pudemos juntar à nossa experiência de espectadores de artes performativas um objecto – o ensaio – que poderia ter suscitado em nós o desejo de acompanhar presença em cena, para a qual teríamos tido instrumentos de apreço e avaliação que talvez não tenhamos posto em prática de forma sistematizada. Exercício difícil sem dúvida, mas possível.

Em jeito de pobre resumo de ideias deixo aqui a informação presente no endereço electrónico do CCB:

Numa noite dupla de ópera, apresentam-se duas obras que nos fazem pensar sobre a condição humana e sobre a solidão.
Na primeira o duque Barba-Azul chega ao castelo com a nova mulher, Judith. O espaço escuro e frio vai ganhando diferentes tonalidades à medida que a noiva consegue convencer o marido a abrir cada uma das sete portas. É uma luta de resistência. Ele resiste. Ela persiste e leva a melhor. A ópera em um ato O Castelo do Barba-Azul, com música de Béla Bartók e libreto de Béla Balázs, inspirada num famoso conto de Charles Perrault, encerra uma reflexão profunda sobre a sociedade atual e a dificuldade de integração do indivíduo, tantas vezes condenado pelo seu próprio individualismo à solidão. 
Na segunda ópera, uma voz, talvez mais humana porque cantada, uma mulher sem nome, Elle, expõe a intimidade e o drama do último contato telefónico com o seu antigo amante que rompe com ela. Esta é  A Voz Humana, uma tragédia lírica em um ato com música de Francis Poulenc, a partir do texto de Jean Cocteau, sobre o medo de romper, de ficar só, de perder quem se ama.

2. Reservámos ainda a aula de hoje para escutarmos os alunos sobre as suas propostas para o trabalho final de seminário. Ainda que já haja alguns esboços de ideias nas exposições dos nossos alunos, pareceu-nos, por ora, que existe um factor que pode condicionar qualquer tomada de decisão: estamos a meio do programa.

Empenhámo-nos todos de forma aberta em inquirir percursos, estratégias, metodologias que possam já ter contornos de virem a sustentar uma ideia sólida que possa ser apresentada como sumário descritivo dentro de algumas semanas. Estabelecemos o dia 1 de Abril como meta para aqueles que já tenham encontrado o seu rumo. Este instrumento de trabalho existirá para que possamos voltar a dialogar.

Expôs o aluno João Henriques, no campo das suas pesquisas sobre voz, a substancialidade da função de um director vocal, área de estudo a que se dedica como professor e investigador há muitos anos. Gostámos de o ouvir sobre aquilo que não conhecíamos de forma tão explícita e que congrega hábitos de linguagem, trabalho de mesa, na acepção dramatúrgica do termo, criação de imagética consequente, reconhecimento de diversas sensações, alcance de imagens mentais, entendimento da repetição como criação e não como exercício de repetição pela repetição. Reforçou o aluno a necessidade de uma imagem interior que pré-existe e se prolonga de modo a transformar um texto em som.

Cintya Floriani deu-nos conta de que mantém actualmente um diário de campo como registo para tudo o que a vai movendo e comovendo na área de investigação que pretende desenvolver no futuro: o estudo comportamental sobre cegos no âmbito da assistência a espectáculos artísticos e outras manifestações culturais, por exemplo, exposições.

Foram várias as sugestões feitas à aluna no campo cinematográfico, sugestões essas que já antes tinham sido mencionadas. A intenção, neste caso, e partindo do princípio que Cyntia Floriani já tinha visto, por exemplo, o filme Land of Silence and Darkness (1971) de Werner Herzog, foi pedir-lhe a redacção de um documento que nos elucidasse sobre o que vê Cintya Floriani naquilo que outros não vêem, porque não podem; como acontecem outras formas de ver que não dependem desse sentido, o que será para o realizador deste filme um acto empático que não precisa de ser explicado ou dissecado porque a sua natureza sendo dos sentidos está para além deles.

A aluna Rita Rodrigues manifestou grande agilidade na exposição dedicada à vertente de projecto do seu doutoramento. Pareceu-nos, no entanto haver a necessidade de melhor enquadrar na sua pesquisa o conceito de abstracto derivado de Kandinsky. Posteriormente a Rita foi esclarecida por mim e, por isso contamos com boas propostas e melhores desenvolvimentos.

A aula decorreu ao ar livre, por sugestão do Professor Alexandre Pieroni Calado. O debate instalado entre todos pareceu-nos ter sido bastante proveitoso.

Acertámos datas e lugares para as próximas saídas de campo:

Dia 21 de Março – Atiro-me de cabeça contra a parede e desapareço - Conversa literária sobre a obra de Elfriede Jelinek

Nessa quinta-feira, às 18h30, terá lugar uma mesa redonda no auditório do Goethe-Institut em Lisboa intitulada Atiro-me de cabeça contra a parede e desapareço inserida no conjunto de textos Dramas de Princesas. A Morte e a Donzela da nobel austríaca Elfriede Jelinek.

No âmbito da mesa redonda Atiro-me de cabeça contra a parede e desapareço organizada pelas Artes e Engenhos, Anabela Mendes, Vera San Payo de Lemos e Bruno Monteiro conversam em torno da versátil obra literária da autora. A conversa será moderada por Alexandre Pieroni Calado. (Informação retirada do site do Goethe Institut).

Dia 27 de Março – assistência a um ensaio de A Parede de Elfriede Jelinek, em encenação de Alexandre Calado e com a actriz Paula Garcia, no espaço da Latoaria (Escadas do Monte nº 9) entre as 19:30 e as 20:30.

 

Dia 12 de Abril – assistência à estreia de A Parede no Teatro-Estúdio António Assunção, Rua Conde Ferreira, Almada.


FÉRIAS DE CARNAVAL

4 Março 2019, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

FÉRIAS DE CARNAVAL