Sumários

VI. Livre Arbítrio -1

21 Novembro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


1. A questão do Determinismo: universos regulares vs. universos caóticos; tipos de universos regulares: universos deterministas vs. Universos indeterministas; algumas definições de determinismo e de indeterminismo; consequência contra-intuitiva que se segue da hipotética verdade do determinismo: o passado está aberto enquanto que o futuro está fechado.

2. Incompatibilismo e Compatibilismo

2.1. O Princípio das Possibilidades Alternativas (PPA) - breve caracterização.

2.2. Argumento incompatibilista (de J. L. Austin) baseado no Princípio das Possibilidades Alternativas (PPA): 

i) se temos livre arbítrio, então o PPA tem que ser verdadeiro; ii) se o determinismo é verdadeiro, então o PPA é trivialmente falso; iii) o comportamento do senso comum e o modo como entendemos as nossas próprias acções apoia-se sobre a suposição de que o PPA é trivialmente verdadeiro; iv) logo, a hipótese de que o determinismo seria verdadeiro choca (no mínimo) com o senso comum e põe em causa (no mínimo) o modo como entendemos as nossas próprias acções; v) por contraste, a suposição de que temos livre arbítrio deixa-se facilmente harmonizar com o senso comum e com o modo como entendemos as nossas próprias acções.  

2.3. Contra-argumento compatibilista (de James Clerk Maxwell) ao argumento incompatibilista baseado no Princípio das Possibilidades Alternativas (PPA): 

i) é necessário distinguir entre o princípio metafísico da causalidade e o axioma físico da causalidade; ii) a verdade do PPA só é trivialmente contraditória com a hipotética verdade do determinismo quando o PPA é interpretado à luz do princípio metafísico da causalidade; iii) quando o PPA é interpretado à luz do axioma físico da causalidade, a sua verdade não tem que ser contraditória com a hipotética verdade do determinismo; iv) a suposição do senso comum de que o PPA seria trivialmente verdadeiro decorre da interpretação desse princípio à luz do axioma físico da causalidade e não à luz do princípio metafísico da causalidade; v) logo, nem a verdade do PPA, nem a existência de livre arbítrio, nem o senso comum, nem o  modo como entendemos as nossas próprias acções, têm que ser contraditórios com a possível verdade do determinismo.

V. Consciência - 3

17 Novembro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


1. A resposta materialista/fisicista aos argumentos anti-materialistas centrados na consciência: o Ilusionismo. A tese central do ilusionismo: aquilo a que habitualmente se chama consciência fenomenal é uma ilusão - na realidade, não existe; apenas parece existir. Os argumentos positivos apresentados pelos ilusionistas para sustentar a tese central do ilusionismo: i) o argumento do carácter anómalo da consciência fenomenal; ii) o argumento da coincidência. 


2. A resposta anti-materialista ao ilusionismo: o argumento "Mooreano" de Chalmers contra o ilusionismo. 

3. A resposta ilusionista de Kammerer ao argumento anti-ilusionista de Chalmers: análise de o que distingue argumentos "Mooreanos" fortes de argumentos "Mooreanos" fracos. Análise do argumento de Chalmers à luz desta distinção. A conclusão que Kammerer extrai desta análise: o argumento anti-ilusionista de Chalmers é um argumento "Mooreano" fraco; tipicamente, os argumentos "Mooreanos" fracos não são procedentes; este é também o caso do argumento de Chalmers. 

V. Consciência - 2

14 Novembro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


1. O Argumento do Conhecimento (Frank Jackson): 2ª parte - o caso de Fred, que vê duas cores distintas naqueles casos em que nós apenas vemos uma (vermelho). A conclusão do mesmo: a totalidade do conhecimento físico-químico acerca do sistema óptico-visual de Fred deixa de fora o conhecimento de como é que é a cor que Fred vê e nós não vemos. Logo, o Fisicismo é falso.
2. O Argumento do Mundo Zombi (David Chalmers). A conclusão do mesmo - não há qualquer contradição na imaginação da hipótese de um mundo físico-quimicamente idêntico ao nosso do qual a consciência estaria ausente; logo, a consciência não é logicamente superveniente no mundo físico-químico; logo, o Fisicismo é falso. Distinção de natureza entre conceitos reconhecionais (de estados fenomenais conscientes) e conceitos estrutural/funcionais (de estados e processos físico-químicos). 
3. Os argumentos que recorrem a fenomenologias invertidas. Origem dos mesmos em John Locke no seu 'Essay', no âmbito de uma discussão em torno do cepticismo semântico. Sua introdução no contexto da Filosofia da Mente contemporânea: 1) O Argumento da colocação num sujeito experimental de lentes de contacto inversoras do espectro luminoso seguida de acidente e amnésia (Sidney Shoemaker); 2) O Argumento da Terra Invertida (Ned Block). A estrutura similar de todos estes argumentos: os qualia existem; os qualia não são caracterizáveis no âmbito de uma perspectiva fisicista; logo, nem tudo o que existe é caracterizável no âmbito de uma perspectiva fisicista; logo, o Fisicismo tem que ser falso.

V. Consciência - 1

10 Novembro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


1. Os argumentos positivos a favor do Materialismo ou Fisicismo: i) o Argumento do Fechamento Causal do Mundo Físico (descrição e análise); ii) O Argumento do Naturalismo Metodológico (descrição e análise). 

2. A reacção ao carácter aparentemente compulsivo da conclusão destes argumentos por meio da direcção da nossa atenção para os fenómenos da consciência. O argumento que institui o "hard problem" da consciência: 1) As propriedades fenomenais das vivências da consciência (os qualia) não são enquadráveis numa perspectiva materialista ou fisicista; 2) Elas são, todavia, reais; 3) Logo, nem todo o real é físico ou material; 4) Por conseguinte, o materialismo ou fisicismo é falso.

3. A fundamentação das premissas do argumento que institui o "hard problem" da consciência: 1) O Argumento do Conhecimento (de Frank Jackson). A primeira parte do mesmo: o experimento conceptual de Mary no quarto a preto e branco. Mary, uma super-especialista em física, química, fisiologia, neurologia, etc. encontra-se encerrada desde a nascença num quarto a preto e branco; não obstante, ela conhece tudo o que é possível conhecer no âmbito destas disciplinas (incluindo a física e a neurofisiologia da visão cromática); mas Mary não conhece como é a vermelhidão de um tomate maduro antes de ver um pela primeira vez; logo, há conhecimentos factuais acerca de aspectos da vida mental dos outros que não figuram na totalidade do conhecimento a esse respeito que pode adquirir-se no âmbito daquelas disciplinas. 

IV. O Problema Mente-Corpo - 5

7 Novembro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


O Argumento anti-materialista de Kripke 


Apresentação e discussão do argumento: 1) O materialismo (pelo menos na sua versão reducionista) afirma que existiriam identidades psico-físicas. 2) O materialismo (pelo menos na sua versão reducionista) afirma que essas identidades psico-físicas (e.g., dor=disparo das fibras-C) devem ser entendidas como sendo do mesmo género que as identidades teóricas descobertas pela ciência (e.g., água=H2O; calor=energia cinética molecular média). 3) As identidades teóricas descobertas pela ciência, se verdadeiras, são, (pace Kant), verdades necessárias a posteriori (i.e., são, efectivamente, identidades - as suas negações não podem ser afirmadas sem que se incorra numa contradição; todavia, a descoberta da sua verdade é mediada por trabalho empírico efectivo). 4) Mas as supostas identidades psico-físicas propostas pelos filósofos materialistas podem ser negadas sem que se incorra numa contradição; por exemplo, mesmo que seja efectivamente verdade que, em nós, o disparo das fibras-C constitui o suporte neurofisiológico da dor, nós podemos imaginar, sem incorrer em qualquer espécie de contradição, que a evolução por selecção natural na Terra teria seleccionado outro mecanismo neurofisiológico, que não o disparo das fibras-C, para ser o suporte material da dor; sendo este o caso, as supostas identidades psico-físicas não são necessárias. 5) Porém, todas as identidades, se verdadeiras, são necessárias; logo, as supostas identidades psico-físicas não podem ser identidades. 6) Caso elas exprimam concatenações realmente existentes no mundo empírico, as supostas identidades psico-físicas exprimem então concatenações contingentes (i.e., elas exprimem concatenações de natureza causal). 7) Mas causas e efeitos são eventos distintos entre si e independentes um do outro. 8) Logo, o que o materialismo (pelo menos na sua versão reducionista) contende efectivamente é que poderíamos 'reduzir', por meio de uma definição com a forma de uma identidade, o termo que designa um efeito ao termo que designa a sua causa. 9) Uma tal contenção é, todavia, espúria - as causas nem definem, nem são idênticas a, os seus efeitos. 10) Conclusão: o materialismo (pelo menos na sua versão reducionista) é improcedente.