Sumários

III. Representação Mental - 3

17 Outubro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


A. O problema da representação errada considerado no âmbito da TCR e os sub-problemas a que o mesmo dá nela origem.
A1. Os problemas da disjuntivite e da omnisciência. 
A2. A proposta de solução habitualmente apresentada para responder a estes problemas: os contextos nos quais a relação de representação se daria naqueles casos de representação errada que dariam origem às objecções da disjuntivite e da omnisciência não seriam contextos causais apropriados. 
A3. Análise da proposta descrita em 2.: ela é de natureza circular, e por isso inaceitável (i.e., à luz da TCR não há forma não circular de descrever em que consistiria um contexto causal apropriado).
A4. Proposta de solução causalista não circular para este problema apresentada por J. Fodor: o conceito de uma representação errada decorreria de um conceito relacional inter-representacional - o conceito de relação de dependência assimétrica entre tipos de representações. 
A5. Elucidação do conceito fodoriano de relação de dependência assimétrica entre tipos de representações: um certo tipo de representações B é assimetricamente dependente de um outro tipo de representações A se e somente se a possibilidade da ocorrência de representações do tipo B estiver dependente da ocorrência regular de representações do tipo A, enquanto que a possibilidade da ocorrência de representações do tipo A não está dependente da ocorrência regular de representações do tipo B. Uma representação errada seria então uma representação (de tipo B) assimetricamente dependente da ocorrência de representações de outro tipo (i.e., de tipo A, ou seja, de representações certas). 
A6. Alcance da proposta de solução de Fodor: os problemas da disjuntivite e da omnisciência ficariam resolvidos, uma vez que representações genuinamente disjuntivas seriam simetricamente dependentes uma da outra, não sendo nenhuma delas assimetricamente dependente da outra. 
A7. Avaliação crítica da proposta de Fodor: não parece de todo ser impossível imaginar casos empiricamente relevantes nos quais representações intuitivamente erradas e certas se encontrariam umas com as outras numa relação de dependência simétrica e não numa relação de dependência assimétrica. Nestas circunstâncias, a definição puramente inter-representacional de Fodor parece não capturar o conceito intuitivo de uma representação errada; parece haver aqui uma inversão da ordem explicativa.

B. A ideia de uma bio-semântica
B1. O conteúdo de uma representação definido como o papel adaptativo desempenhado pelo estado que a instancia no âmbito dos sistemas biológicos que a produzem e interpretam. 
B2. Apresentação geral desta concepção, tal como foi proposta por Ruth Millikan em Language, Thought, and other Biological Categories. Definição do conceito de Função Própria de uma qualquer estrutura resultante de replicação por selecção natural. Definição do conceito de Caso Normal para o desempenho de uma Função Própria pelos intérpretes de uma representação, concebida como uma estrutura biológica resultante de um processo de replicação por selecção natural. Definição do conceito de factor básico para o desempenho de uma Função Própria nas mesmas circunstâncias que as descritas acima. Definição do conceito de condições de verdade de uma representação mental à custa dos conceitos anteriormente introduzidos. 
B3. A semântica evolucionária de Millikan vista como uma forma de providenciar uma solução para o principal problema que aflige a versão standard da Teoria Causal da Representação Mental: o problema da representação errada.  

III. Representação Mental - 2

13 Outubro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


O problema da representação errada
1. O problema da representação errada considerado no âmbito da concepção mimética da representação mental: se o que determina que o item mental A gerado pela consciência C seja uma representação do estado de coisas B é a existência de uma semelhança relevante entre A e B, então não se compreende como a consciência C poderia gerar uma representação errada D do estado de coisas B; com efeito, se D é relevantemente semelhante a B, então D é uma representação de B; se D não é relevantemente semelhante a B, então D não representa B; deste ponto de vista, a geração de uma representação errada de B por C parece ser impossível; mas é intuitivamente óbvio que qualquer consciência C gera, de vez em quando, representações erradas.   
2. O problema da representação errada considerado no âmbito da teoria causal da representação mental: se o que determina que o item mental A gerado pelo sistema cognitivo C seja uma representação do estado de coisas B é a existência de uma co-variância entre ocorrências de B e gerações de A por C e a natureza causal da mesma, então não se compreende como o sistema cognitivo C poderia gerar uma representação errada D do estado de coisas B; com efeito, se D é uma resposta causal de C a B e se D co-varia com B, então D representa B; se D não é uma resposta causal de C a B e não co-varia com B, então D não representa B; deste ponto de vista, a geração de uma representação errada de B por C parece ser impossível; mas é intuitivamente óbvio que qualquer sistema cognitivo C gera, de vez em quando, representações erradas. 

2.1. O problema da disjuntivite: para a TCR ser consistente, o sentido de qualquer símbolo mental A deveria ser visto como a disjunção de todas as ocorrências que causam, causaram ou causarão a instanciação de A no sistema cognitivo C. Mas, para além de não deixar margem para a existência de representações erradas, isto parece ser absurdo.

III. Representação Mental - 1

10 Outubro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


A noção de representação mental. 
Os dois grandes problemas colocados pela noção de representação mental: 

1) O Problema das Representações Mentais - apresentação geral.

2) O Problema da Representação Mental - apresentação geral. 

1) Soluções propostas para o Problema das Representações Mentais na tradição filosófica:  A) Representações mentais como objectos mentais informados pelas mesmas formas que as que informam os objectos físicos dos quais elas seriam representações (Aristóteles);  B) Representações mentais como imagens produzidas pela mente que seriam relevantemente semelhantes aos estados de coisas físicos que elas representariam (Berkeley, Hume); C) Representações mentais como símbolos mentais (Hobbes);  D) Representações mentais como estados neuronais ontologicamente irredutíveis.   

2) Soluções propostas para o problema da Representação Mental na tradição filosófica:  A) A relação de representação concebida como uma relação de semelhança (mimesis) entre representante e representado. B) Teoria causal da representação mental e hipótese da co-variância: i) a relação de representação concebida como uma relação de co-variância de um tipo de item mental (de natureza simbólica ou não) com um certo tipo de aspecto do mundo, relação essa na qual a co-variância seria determinada por um nexo de natureza causal. 

II - Atitudes Proposicionais - 4

6 Outubro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


Objecções de Davidson e Fodor à proposta fusionista de Quine de interpretar frases de atribuição de atitude proposicional como frases predicativas monádicas sintacticamente complexas mas semanticamente simples: i) ela faria do segmento atitudinal de uma linguagem natural um segmento inaprendível da mesma; ii) ela faria com que os dados linguísticos se tornassem fortuitos, o que é sempre a marca de uma má teoria. 
A proposta positiva de Fodor: restabelecimento do ponto de vista relacionista (contra Quine) e consideração de que o segundo termo da relação expressa numa frase de atribuição de atitude preposicional seria, tal como Carnap defendeu, uma frase, só que da linguagem do pensamento e não de uma língua natural. Elucidação do conceito fodoriano de linguagem do pensamento: a crítica ao behaviorismo e a afirmação de um programa de investigação em Psicologia baseado nas hipóteses de que o cérebro seria um computador digital natural e de que a linguagem do pensamento seria um analogon cognitivo natural da linguagem-máquina de um tal computador digital. 
Análise do modo como a proposta positiva de Fodor permite, prima facie, acomodar as objecções passadas em revista às propostas de Frege, Carnap ou Quine, sem suscitar novas objecções do mesmo género. 
O grande problema por resolver suscitado pela proposta positiva de Fodor: como se constitui o valor semântico das representações mentais expressas nas frases e nos segmentos sub-frásicos da linguagem do pensamento? O projecto fodoriano de desenvolver uma Psicossemântica.

II. Atitudes Proposicionais - 3

3 Outubro 2022, 11:00 António José Teiga Zilhão


A tentativa de definir 'proposição' por analogia com a definição fregeana de 'número': proposição como uma classe de frases; em particular, a proposição como a classe de todas as frases que se encontrariam numa relação de sinonímia com uma dada frase de referência k. Esta definição supõe, porém, uma noção prévia de 'sinonímia'. Definição de 'sinonímia entre frases': a intersubstituibilidade de frases salva veritate constituiria a condição necessária e suficiente para a sinonímia e, portanto, defini-la-iaMas é possível encontrar contra-exemplos, tanto de frases singulares como de frases gerais, à tese de que a intersubstituibilidade de frases salva veritate constituiria condição suficiente para a sinonímia entre frases. Ora, outras definições disponíveis de sinonímia entre frases tendem ou a ser circulares ou a pressupor uma referência a proposições. 


A proposta de Carnap de substituir proposições por frases de línguas naturais como o segundo termo da relação expressa numa frase de atribuição de atitude proposicional. A identidade de notação como critério de identidade para frases e, por conseguinte, também como critério de identidade para individuar conteúdos de atitude proposicional. Objecções à adopção da identidade de notação como critério de identidade para conteúdos de atitude proposicional: é possível encontrar frases notacionalmente idênticas em línguas distintas que não podem ser vistas como exprimindo o mesmo conteúdo atitudinal. Reformulação da proposta original por Carnap por meio da inclusão de uma referência a línguas na definição. Esta reformulação depara-se com três dificuldades: i) a dificuldade de encontrar um critério de identidade não circular para línguas; ii) a dificuldade de traduzir satisfatoriamente frases de atribuição de atitude proposicional de umas línguas para outras, caso se siga realmente a proposta de Carnap; iii) no âmbito de uma mesma língua, frases notacionalmente distintas podem ser usadas para individuar o que é, intuitivamente, o mesmo conteúdo atitudinal.

A proposta anti-relacionista de Quine: o Fusionismo. De acordo com o fusionismo, as frases de atribuição de atitude proposicional deveriam ser concebidas como frases predicativas simples, ainda que sintacticamente complexas, e não como frases relacionais.