Sumários
O Oriente bizantino: entre Teodósio II e Justiniano – a tentativa de reconquista do ocidente (cont.). Os atacantes vindos do deserto: as origens do Islão e o desafio ao monoteísmo cristão.
3 Março 2022, 11:00 • Rodrigo Furtado
1 Justiniano (527-568) (cont.)
1.3 A política do Ocidente:
1.3.1 Itália, Gália, Hispânia, Norte de África.
1.3.2 Disputas pelo poder:
- Vândalos: Hilderico vs. Gelimero (conquista de Belisário: 533-4)
- Ostrogodos: Amalasunta, Atalarico e Teodato / guerra Gótica: 535-40; a resistência itálica; a derrota de Vitigis (540); retomar da guerra: 542-552 (contra Totila; guerra, fome, devastação de Roma; as devastações do Norte de Itália por Francos e outras populações; os Lombardos: 568.
- Visigodos: a revolta de Atanagildo em 551-554.
1.4 Consequências: a Mediterranização da crise no Ocidente.
1. Reorientalização do Mediterrâneo: olhar para as conquistas muçulmanas como um classicista.
a. Os processos culturais do Mediterrâneo como processos de orientalização cultural e civilizacional;
b. A geografia da região: uma encruzilhada de continentes.
c. O Imperialismo cristão no Mediterrâneo.
2. Religiões da Antiguidade tardia.
a. Religião e política: o imperador ao serviço de Deus: criar a unidade política e religiosa do orbe – o eusebianismo político e o Império de Costantino.
b. Religião e universalismo: Cristianismo - ultrapassar a cidade ou o povo; a conversão da espécie humana.
c. Religião e verdade: o imperador ao serviço da imposição da verdade a todo o mundo. A verdade como afirmação racional.
O Oriente bizantino: entre Teodósio II e Justiniano – a tentativa de reconquista do ocidente.
24 Fevereiro 2022, 11:00 • Rodrigo Furtado
1. A nova figura do imperador: a dinastia de Teodósio I (395-457).
1.1 A sucessão de Teodósio I: os imperadores crianças. O triunfo do governo pelo magister officiorum e pelos cubicularii. O lugar simbólico do imperador.
1.2 A rivalidade Ocidente/Oriente: Estilicão vs. Rufino/Eutrópio. Uma corte de eunucos.
1.3 O ‘novo’ imperador’: a abdicação do comando militar; entre a fragilidade, a distância e a sacralidade – os casos de Arcádio (395-408) e de Teodósio II (408-450). Cf. Honório (395-423) e Valentiniano III (425-455).
1.4 A piedade no centro da representação do imperador e das suas irmãs: Teodósio II teria tornado o palácio num mosteiro e Constantinopla numa Igreja (Sócrates). A virgindade das irmãs de Teodósio II: Pulquéria, Marina e Arcádia..
1.5 O problema sucessório: o casamento de Pulquéria e Marciano (450-457) e o fim da dinastia. O concílio de Calcedónia (451).
1.6 O Codex Theodosianus (437).
2 A longa fronteira oriental.
2.1 O Danúbio: os bárbaros e a hipermilitarização dos Balcãs no século V.
2.1.1 Os conflitos endémicos com populações godas e a solução para Teodorico.
2.1.2 A contemporização com o Ocidente de Anastácio I: a atribuição do título de cônsul e patrício a Clóvis (507). A paz geral com Teodorico.
2.2 O Eufrates:
2.2.1 A estabilidade global a leste até ao ano 500.
2.2.1.1 Campanhas: 282-3; 363; 421-2; 440.
2.2.1.2 Uma política de tributos; decisao de manter paz a todo o custo;
2.2.1.3 Reinos satélites/clientes e a importância da cristianização.
2.2.2 A cada vez maior instabilidade do Eufrates:
2.2.2.1 Campanhas: 502-506; 518-532; 540-562; 572-574.
2.3 O exército bizantino e o sistema de mercenários.
3 O funcionamento da máquina administrativa, militar e fiscal.
3.1 Cidades prósperas – sistema fiscal; sistema militar; sistema burocrático.
3.2 A densidade populacional na Síria; o comércio regional e de longa distância pelo deserto – Arábia; Ásia Central; Golfo Pérsico.
4 Justiniano (527-568).
4.1 O Código de Justiniano (530; 534); o Digesto (533); os Institutos.
4.2 A revolta de Nika (532): problemas fiscais, de elite, religiosos (os Verdes são Monofisitas). A morte de 30 mil pessoas.
A morte de Vergílio? Educação e cultura entre a Itália ostrogoda e a Hispânia visigoda.
21 Fevereiro 2022, 11:00 • Rodrigo Furtado
1. Cultura e Antiguidade tardia.
a. As bases de uma cultura de segunda mão: manuais, breviários e comentários. Por que razão se perdem livros?
2. E depois do Império : a multiplicidade de caminhos.
a. A ‘inutilidade’ da cultura : em termos estritamente políticos; para a salvação.
b. A ‘utilidade’ da cultura : a administração e as leis. O papel da Igreja: os especialistas – na escola; na administração ; na interpretação das Escrituras.
c. Uma escola que não está ao serviço da polis antiga ou da ciuitas; uma educação que não serve como elemento de promoção ou emulação social. Para que serve a educação: ler; interpetar; ensinar; administrar.
d. O triunfo de uma visão enciclopédica da cultura clássica, de segunda mão, baseada em manuais e em repertórios de exemplos.
3. A colaboração com os novos reinos (s. V-VI): OSTROGODOS
3.1 Boécio (ca. 480-524).
3.1.1 Conhecedor da filosofia clássica: comentários a Aristóteles, Porfírio, neoplatonismo, Agostinho. Sabia Grego; plano de traduzir toda a obra de Platão e Aristóteles.
3.1.2 Consolatio Philosophiae: Cristianismo + Literatura + Filosofia.
3.2 Cassiodoro (ca. 485-ca. 585).
3.2.1 Filho de um Prefeito do Pretório para a Itália.
3.2.2 Vários cargos da administração de Teodorico. Prefeito do Pretório (533-536). As Variae: cartas públicas e privadas (507-537): mostrar que o reino ostrogodo era imperial na sua prática: desejado por Deus. O modelo do ‘Romano colaborador’.
3.2.3 O Vivarium: um mosteiro para as letras no sul de Itália (Squilace). A importância da biblioteca.
3.3 Gregório Magno (ca. 540-604). CONSTANTINOPLA/LOMBARDOS
3.3.1 Senador; patricius; prefeito da Cidade com 33 anos; monge; diácono; todas as irmãs fazem votos;
3.3.2 Embaixador em Constantinopla (579-585/6);
3.3.3 Papa (590-604): representa o imperador em Itália
3.3.4 Enorme influência na vida espiritual: Regula pastoralis (sobre os bispos); Dialogi (sobre o monaquismo);
4. Isidoro de Sevilha (ca. 560-636).
4.1 Família de hispano-romanos de Cartagena. Uma família de religiosos: Leandro de Sevilha, Fulgêncio de Écija, Florentina.
5. Cultura e Funcionalidade social.
5.1 formação escolar;
5.2 preservação do saber suficiente;
‘le dessein de cette oeuvre [d’Isidore] est de répondre aux exigences premières d’une culture religieuse fondée sur une instruction intellectuelle et théologique, mais aussi et d’abord morale et spirituelle’ (Fontaine, 1986 : 132).
6 Obra:
6.1 As Etymologiae ou Origenes (615-636).
6.1.1 Compêndio do saber;
6.1.2 Livros 1-5: artes liberais (trívio e quadrívio) – gramática, retórica, dialéctica, matemática, geometria, astronomia, música + medicina, direito;
6.1.3 Livros 6-8: Antigo e Novo Testamento, sobre Deus e os cargos da Igreja, sobre as heresias e as religiosidade pagã;
6.1.4 Livro 9: línguas, os povos, as relações de parentesco;
6.1.5 Livro 10: dicionário;
6.1.6 Livros 11-20: os animais, a geografia e fenómenos celestes, as construções e edifícios, minerais e metais, a guerra e os espectáculos, a navegação e vestuário, utensílios domésticos e agrícolas;
6.1.7 Fontes: autores cristãos (Agostinho, Jerónimo, Ambrósio, Cassiodoro); autores de escola da Antiguidade Tardia (Sérvio e outros comentadores, Donato e outros gramáticos, Lactâncio Plácido, Nónio Marcelo, Solino, Marciano Capela).
7 Os Auctores clássicos:
7.1 Abundância de citações e remissões para os autores clássicos: Varrão, Cícero, Salústio, Énio, Vergílio, Estácio, Séneca.
7.2 CONTUDO: acesso à cultura clássica em segunda mão: ‘en el mejor de los casos, los autores paganos eran consultados, no leídos; o dicho con otras palabras, se podía llegar a ellos a través de pequeñas citas, antologías o resúmenes. La gran mayoría de los hombres cultos nunca habían abordado una obra de esta clase para leerla de la primera a la última línea’ (Díaz, 1982: 83-4).
7.3 Os intermediários : Sérvio, Nónio Marcelo, Lactâncio Plácido, Festo, Agrécio, Agostinho, Ambrósio, Mário Victorino, e outros textos gramaticais e de comentário. GRANDES AUTORES DE MANUAIS DOS SS. IV-V
7.4 Acesso à cultura clássica em segunda e terceira mão; recurso a comentários, escólios, obras gramaticais e escolares da Antiguidade Tardia; fragmentação dos textos clássicos e descontextualização desses fragmentos; ausência de leitura do texto completo; estatuto gramatical da sua funcionalidade; alarde de erudição.
Ano 500: quando o mundo não acaba – o caso ostrogodo.
17 Fevereiro 2022, 11:00 • Rodrigo Furtado
1. O complicado século V na Europa Ocidental: a queda do Império Romano no Ocidente e os reinos bárbaros.
2. Pode haver mundo sem Roma?
3. O fim do Império:
3.1 De novo, imperadores/usurpadores nas províncias: época de Honório; Avito (455-456) e a falta de reconhecimento em Constantinopla;
3.2 Na Itália, imperadores sucedem-se: Majoriano (457-461); Líbio Severo (461-5); Antémio (467-472); Olíbrio (472); Glicério (473-4); Júlio Nepote (474-480); Rómulo Augústulo (475-476).
3.3 o papel do suevo Ricimero (magister militum 457-472); do burgúndio Gundobaldo (472-474), de Odoacro (476-493) e de Teodorico (489-526); a continuidade.
4. A Itália do ano 500:
4.1 Roma e o senado romano: em vias de ‘empobrecimento’; as magistraturas, a prefeitura da Cidade e a prefeitura do pretório de Itália;
4.2 Odoacro e a sua posição política em Ravena: patricius e rex; as nomeações consulares; o controlo do consulado e o apoio senatorial; ‘nada muda’; o abandono do Nórico;
4.3 A chegada de Teodorico:
4.3.1 Os Godos dos Balcãs e a conflitualidade interna;
4.3.2 Um homem educado em Constantinopla que sabia mais Grego que a maioria dos Itálicos;
4.3.3 Repetir a estratégia para com Alarico: empurra-los para Ocidente;
4.3.4 Os títulos de patricius e de rex;
4.3.5 A guerra contra Odoacro (489-493).
5. O valor da estabilidade e a ‘conquista’ da aristocracia senatorial: prosperidade e crescimento económico na primeira metade do s. VI.
5.1 A ciuilitas goda; a imitação romana;
5.2 O restauro e construção de monumentos; panes et circenses; o aduentus e os tricennalia em Roma do ano 500; semper Augustus;
5.3 A participação do senado na administração imperial: Símaco, Boécio (cônsul em 510, magister officiorum em 522) e Cassiodoro;
5.4 A lei romana: o Edicto de Teodorico.
6 A política externa:
6.1 Francos: o casamento com Audofleda (ca. 493);
6.2 Visigodos: o casamento de Alarico II e Teudigoto (ca. 493)
6.3 Burgúndios: o casamento de Sigiberto e Ostrogotho (ca. 493);
6.4 Vândalos: o casamento de Trasamundo e Amalafrida (500);
6.5 Turíngios: o casamento de Hermenfredo e Amalaberga (510);
6.6 O acolhimento dos Alamanos, postos ao serviço da protecção dos Alpes;
6.7 A conquista da Panónia (504-505).