Sumários

Uma máquina para a eternidade: uma nova estrutura político-administrativa para um novo império?

21 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

I.        Porquê uma máquina?

1.      O orçamento militar e administrativo e as necessidades fiscais.

2.      O sistema fiscal.

a.  Iugatio-capitatio;

b. Os pagamentos em género e em trabalho e a sua substituição por moeda;

c.  As indictiones.

d. A criação de uma administração fiscal e o desaparecimento dos publicanos.

e.  Principado: ca. 11% em média do rendimento de subsistência anual de um cidadão fora de Itália ia para impostos; talvez 5% da média de rendimento de um cidadão “médio”.

f.  Antiguidade tardia: ca. 10-20% dependendo da região.

g. O orçamento: ca. 50% era gasto em despesas militares (incluindo abastecimento)

3.      A importância da comunicação: o sistema de abastecimento+correio; as estradas; as mansiones.

 

II.      Máquina para a eternidade: Notitia omnium dignitatum et administrationum tam ciuilium quam militarium.

1.   A hierarquia da administração civil do império:

1.1   Os prefeitos do pretório: um poder civil quase absoluto. Tetrarquia: um por cada Augusto; Constantino: entre 2 e 5, um por cada Augusto+Césares; depois: 4 perfeituras regionais.

1.2   Os vigários (uicarius agens praefectorum praetorio): a geometria das doze dioceses.

1.3   Os praesides, consulares e correctores. Os três proconsules.

1.4   A importância da lei: os rescritos imperiais; os códigos de direito civil/administrativo de Diocleciano, Teodósio II e de Justiniano.

1.5   Ca. 20 mil funcionários administrativos+ 10 mil militares.

 

2    A hierarquia da administração militar.

2.1   Magister peditum e magister equitum/magíster militum: o comando militar do império.

2.2   Os comites rei militaris e os duces;

 

3    A corte imperial e o consistorium.

3.1   O magister officiorum: o ‘primeiro ministro’; a supervisão dos sacra scrinia.

3.1.1        Scrinium memoriae: anotações imperiais; resposta às petições;

3.1.2        Scrinium epistolarum: apelos de tribunais menores;

3.1.3        Scrinium libellorum: “negócios estrangeiros”; relação com dioceses/províncias/cidades.

3.1.4        Os agentes in rebus e o controlo da administração.

3.2   O quaestor sacri palatii: ministro para os assuntos legais; respostas às petições.

3.3   O comes sacrarum largitionum e o comes rei priuatae: os ministros das finanças.

3.4   O praepositus sacri cubiculi e os castrenses/cubicularii.

 

III.             Uma sociedade de estatutos e títulos.

1.     Os Senados

1.1   A exclusão dos cargos civis e militares ca. 260. A recuperação com Constantino.

1.2   Roma: características. Relevância e irrelevância. O cursus honorum: a morte dos edis e dos tribunos.

1.3   Constantinopla: o segundo senado. As diferenças iniciais de estatuto.

1.4   Senador e estatuto senatorial: hereditariedade; cerca três mil cargos que passam a ter estatuto senatorial.

1.5   A titulatura: Vir clarissimus; uir claris. Uma nova hierarquia: uir illustris; uir spectabilis; uir clarissimus.

 

2.     A ordem equestre.

2.1 A evolução anterior ao século IV.

2.2 A titulatura herdada: uir eminentissimus; uir perfectissimus [uir ducenarius; uir centenarius; uir egregius].


A complexificação de Deus – debates em torno da divindade cristã e a definição da Trindade.

17 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

I.                Niceia – 20 de Maio – 325.

1.      Um imperador; 318 (?) bispos de todo o império; c. 1800 participantes.

2.      Niceia (Iznik): uma cidade grega entre a Europa e a Ásia. No palácio imperial.

3.      Um problema: quem é/era Jesus de Nazaré. Um problema cristológico.

 

II.              O Arianismo.

1.     Ário (256?-336): um sacerdote que se incompatibiliza com Alexandre de Alexandria. Concílios locais e violência entre partes.

2.     Eusébio de Cesareia: entre apoiante de Ário e subscritor de Niceia.

3.     Subordinacionismo ou Coordenacionismo (no tempo e na essência)? Uma divindade una ou uma divindade trina? Igualdade ou diferença? Criatura?

4.     O Arianismo e a discussão acerca do lugar de Cristo na Trindade. A substância do Filho, as doutrinas de Ário e o concílio de Niceia (325). ‘Filho unigénito’?; ‘nascido do Pai antes de todos os séculos’?; ‘Deus de Deus’?; ‘Gerado não criado’?; ‘Consubstancial ao Pai’?.

 

III.             O concílio de Constantinopla (381).

1.      Teodósio (379-395): convoca o concílio de Constantinopla, mas não participa nas sessões.

 

Creio em Deus, Pai todo poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em Jesus Cristo, seu único filho, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por ele, todas as coisas foram feitas e por nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria (Credo de Niceia-Constantinopla)

 

IV.             Éfeso (431) e Calcedónia (451).

1.      Os concílios de Éfeso (431) e de Calcedónia (451).

2.      O debate sobre as duas naturezas de Cristo – Monofisismo vs. Nestorianismo.

3.      A derrota do Monofisismo em Calcedónia: ἐν δύο φύσεσιν ἀσυγχύτως, ἀτρέπτως, ἀδιαιρέτως, ἀχωρίστως – in duabus naturis inconfuse, immutabiliter, indivise, inseparabiliter (=em duas naturezas, de forma inconfusa, imutável, indivisa e inseparável).

 

V.              O eusebianismo político: o triunfo das ideologias monárquicas.

1.      As raízes pré-clássicas e helenísticas das concepções monárquicas clássicas.

2.      Humanização, distância e sacralização: o imperador não é Deus; etiqueta distanciadora; o papel do incenso e do trono.

3.      Imperador e Hier-arquia. A reprodução na terra da hierarquia celeste. A escolha do Imperador por Deus. O Subordinacionismo e o imperador.

4.      Teodósio (379-395):

4.1   convoca o concílio de Constantinopla (381), mas não participa nas sessões.

4.2   O triunfo de Niceia e a proclamação de Arcádio como co-imperador (383). A legitimação religiosa dos pares imperiais: Teodósio – Arcádio – Honório.

5.      A Augusta virgem, Pulquéria (ca. 398-9; 414; 450; 453) e o debate sobre Maria: a defesa de Maria como Theotokos (Mãe de Deus). A identidade implícita entre Maria e Pulquéria.

 

VI.             A evolução da concepção republicana: o ‘urbanismo político’.

1.      O elemento colectivo da República romana e a constante reacção anti-monárquica: e.g. Heliogábalo; Aureliano. A necessidade de fugir a Roma para haver monarquia.

2.      O elemento colectivo da República romana. Qual o seu lugar, quando o império prescinde de Roma?

3.      A defesa da preeminência simbólica da Vrbs: os senadores e o seu prestígio. Símaco e o caso da altar da Victória. A narrativa senatorial é pagã: o império como produto de guerras justas, pela obediência às tradicionais priscae uirtutes, e como consequência do favor concedido pelos deuses.

 

VII.           O episcopalismo de Ambrósio de Milão.

1.      O caso do altar da Victória e a ‘guerra’ com o Senado;

2.      O conflito com a imperatriz Justina e a proibição das igrejas arianas de Milão.

3.      O massacre de Tessalónica e o conflito com Teodósio I (390).

4.      A submissão ideológica do imperador ao bispo e a defesa do império cristão.

 


O Louvor de Constantino: a conversão ao Cristianismo e o triunfo da monarquia orientalizante

14 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

I.        Um grande escritor: Eusébio de Cesareia.

  1. A História Eclesiástica e a Crónica. Os textos finais: a Vida de Constantino e o Louvor de Constantino e a Teologia Eclesiástica. História e Teologia; Deus e Providência.

II.              O Louvor de Constantino: os tricennalia (25 de Julho de 336).

1.      A tradição do panegírico: o basilikos logos e a teorização retórica.

2.      Um panegírico como teologia: a quadratura do círculo?

3.      Prólogo e laus 1: a metáfora do ‘Grande imperador’ e o louvor universal.

‘Que aqueles, entretanto, que estão dentro do santuário, e têm acesso aos seus recessos mais íntimos e inexplorados, fechem as portas contra todos os ouvidos profanos e revelem, por assim dizer, os mistérios secretos do carácter do nosso imperador apenas aos iniciados. E que aqueles que purificaram os seus ouvidos nas correntes da piedade, e levantaram os seus pensamentos nas asas elevadas da própria mente, se juntem à companhia que cerca o Soberano Senhor de todos, e aprendam em silêncio os mistérios divinos [...].

Hoje é a festa do nosso grande imperador: e nós, seus filhos, regozijamo-nos, sentindo a inspiração do nosso tema sagrado. Aquele que preside à nossa solenidade é o próprio Grande Soberano [...].

 

4.      Laus 2: a origem divina do poder; o papel do imperador cristão.

‘É Ele (Deus) que detém o domínio supremo sobre todo o mundo, que está acima e em todas as coisas e permeia todas as coisas visíveis e invisíveis; o Verbo (Logos) de Deus. De quem e por quem o nosso divinamente favorecido imperador, recebendo, por assim dizer, uma cópia da soberania divina, dirige, em imitação do próprio Deus, a administração dos negócios deste mundo. Este Verbo unigénito de Deus (=Cristo) reina, desde os tempos que não tiveram princípio, até aos tempos infinitos e sem fim, como parceiro do reino de seu pai. E [o nosso imperador] sempre amado por ele (Deus), que deriva a fonte da autoridade imperial de cima e é forte no poder de seu título sagrado, controlou já o império do mundo por um longo período de anos; o nosso imperador a quem ele (Deus) ama, trazendo aqueles a quem ele (Constantino) governa na terra até ao único Verbo e Salvador torna-os súditos adequados do seu reino. [...]

Este é primeiro e maior sacrifício nosso imperador primeiro dedica a Deus: como pastor fiel, ele oferece, não "famosas hecatombes de cordeiros primogénitos", mas as almas daquele rebanho que é objeto dos seus cuidados, aqueles seres racionais que ele conduz ao conhecimento e à adoração piedosa de Deus.

 

5.      Laus 3: o triunfo da ideologia monárquica cristã.

Por último, investido como está com a aparência da soberania celestial, ele (Constantino) dirige o seu olhar para cima e configura o seu governo terreno de acordo com o padrão daquele original Divino, sentindo força na sua conformidade com a monarquia de Deus. E essa conformidade é concedida pelo Soberano universal apenas a um homem (Constantino) entre todas as criaturas desta terra: pois só ele é o autor do poder soberano, que decreta que todos devem estar sujeitos ao governo de um. E certamente a monarquia transcende em muito todas as outras constituições e formas de governo: pois essa igualdade democrática de poder, que é o seu oposto, pode ser descrita como anarquia e desordem. Consequentemente, há um Deus, e não dois, ou três, ou mais: pois afirmar uma pluralidade de deuses é claramente negar a existência de Deus em tudo.

 

III.             O eusebianismo político: o triunfo das ideologias monárquicas.

1.      As raízes pré-clássicas e helenísticas das concepções monárquicas clássicas.

2.      Humanização, distância e sacralização: o imperador não é Deus; etiqueta distanciadora; o papel do incenso e do trono.

3.      Imperador e Hier-arquia. A reprodução na terra da hierarquia celeste. A escolha do Imperador por Deus.

 

IV.             O Arianismo de Eusébio:

1.     Eusébio de Cesareia: entre apoiante de Ário e subscritor de Niceia.

 

V.              A representação do Imperador.

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Cabeça identificável com Constantino, Musei Capitolini

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Colosso de Barletta (s. V.)

 


Primeira prova escrita presencial

10 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

Primeira prova escrita presencial


O colapso político bizantino e sassânida: o fim do mundo antigo?

7 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

1.     O fim da família de Justiniano (602).

1.1   A política de colaboração com os Persas: a intervenção nas disputas dinásticas e o favorecimento de Cosroés II (590-628).

1.2   A deposição e execução de Maurício (582-602) e da família imperial.

1.3   Focas (602-610) e o recomeço da guerra no Oriente: o início da guerra por Cosroés II – o regresso da instabilidade ao Oriente – a 1.ª fase: 602-610.

2.     Heráclio (610-641).

2.1   Origem arménia. O pai era exarca da África (600-610).

2.2   A revolta de Heráclio o velho: a conquista de Alexandria e do Chipre.

2.3   A expedição de Heráclio a Constantinopla e a deposição de Focas (610).

 

3.     A guerra com os Sassânidas – a 2.ª fase – 610-626.

 

Uma imagem com mapa

Descrição gerada automaticamente

 

3.1   608: Raid até Calcedónia.

3.2   611: Captura de Cesareia da Capadócia.

3.3   613: Conquista de Antioquia.

3.4   614: Conquista de Damasco e Jerusalém.

3.5   617: Conquista de Alexandria e de Calcedónia. A chegada ao Egeu: saque de Éfeso

3.6   A perda do trigo do Egipto.

3.7   A desguarnição da fronteira do Danúbio e o saque dos Ávaros a Tessalónica (618).

3.8   A aliança Ávaros-Persas e o cerco a Constantinopla: 626.

3.9   A desagregação da máquina fiscal bizantina no Oriente.

3.10                 A manutenção das cidades e do quadro administrativo romano.

3.11                 Apocalipticismo e fim do mundo: o boom literário.

 

4.     A guerra com os Sassânidas – a 3.ª fase – 626-628.

4.1   A aliança com os turcos e a campanha de 627-628.

4.2   A batalha de Nínive (627). A rebelião persa contra Cosroés II, deposição e morte (628). A sucessão de Cavades II (628). A trégua. A Pérsia entra em guerra civil (628-632).

 

5.     A Paz (629).

5.1   A fronteira no Eufrates.

5.2   O regresso da Santa Cruz (630).

5.3   Um Império em sérios problemas: durante quinze anos sem abastecimento de trigo e sem impostos.

 

6.     A chegada dos muçulmanos.

6.1   Os primeiros raids na Palestina (629).

6.2   A conquista da Palestina e da Síria (634-638). A conquista de Jerusalém (638).

6.3   A conquista de Alexandria (642) e do Egipto (639-646).

6.4   A captura de Cartago (695).

 

7.     Motivos:

7.1   A destruição da máquina militar Romana.

7.2   Surpresa e desconhecimento.

 

8.     O fim da Antiguidade tardia?

8.1   A capital em Damasco e o califado Omíada: 661-750.

8.2   A ausência de ruptura arqueológica.

8.3   A tese de Henri Pirenne e a sua crítica: o fim do sistema mediterrâneo de economia-mundo (ca. 700-800)?

8.4   O que marca o fim da Antiguidade tardia?