Sumários

Os futuros contingentes e a lógica trivalente: as supervalorações

29 Abril 2025, 09:00 Ricardo Santos

A ideia de que os futuros contingentes (quer dizer: asserções acerca de acontecimentos futuros contingentes) não são, agora, verdadeiros nem falsos. Pressupostos do problema: as verdades requerem algo na realidade que as faça ser verdadeiras; mas o futuro não existe. O debate metafísico entre presentismo e eternismo. O ‘argumento da batalha naval’ procurando mostrar que a bivalência implica o fatalismo. O problema lógico de reconciliar a rejeição da bivalência com a aceitação do terceiro excluído. A lógica supervalorativista como solução. A noção de super-verdade: pressupondo que há fórmulas atómicas indeterminadas, uma fórmula complexa é super-verdadeira se for verdadeira em todas as maneiras de ‘resolver’ as indeterminações.


A lógica paraconsistente LP

24 Abril 2025, 09:00 Ricardo Santos

Uma proposta alternativa para responder aos paradoxos: aceitar a conclusão contraditória como verdadeira. A tese do dialeteísmo: todas as contradições (i.e. proposições com a forma “A e não A”) são falsas, mas algumas são também verdadeiras. Abandono do pressuposto clássico de que a verdade e a falsidade são incompatíveis. As tabelas de verdade da lógica LP (iguais às de K3) e a definição de consequência lógica como necessária preservação de verdade (sendo que os valores 1 e ½ representam ambos proposições verdadeiras). A invalidade em LP do princípio da explosão, da regra do silogismo disjuntivo e do modus ponens. Aplicação ao paradoxo do mentiroso: a frase L não é verdadeira, mas também é verdadeira. A crítica segundo a qual o defensor de LP tem um entendimento demasiado fraco da negação: poderíamos negar algo e continuar a concordar com (ou a aceitar) aquilo que negamos.


Paradoxos semânticos e paradoxo de Russell

22 Abril 2025, 09:00 Ricardo Santos

Os elementos do paradoxo do mentiroso: auto-referência e predicação de falsidade (ou de não-verdade, no caso do ‘mentiroso reforçado’). O papel do Esquema V: equivalência entre afirmar que uma frase é verdadeira e afirmar essa frase. O paradoxo de Russell. O conjunto R dos conjuntos que não pertencem a si próprios: se R pertence a si próprio, então não pertence; e se R não pertence a si próprio, então pertence. Uma via de solução: rejeição da lei do terceiro excluído e adopção de uma lógica trivalente. A diferença entre as lógicas trivalentes K3 e L3. Como avaliar uma condicional cujos antecedente e consequente são ambos indeterminados: indeterminada ou verdadeira? A dificuldade em expressar linguisticamente o estatuto ‘patológico’ ou ‘semanticamente deficiente’ da frase mentirosa.


A lógica trivalente K3 (cont.)

10 Abril 2025, 09:00 Ricardo Santos

Aplicação da lógica K3 ao problema da vagueza e ao paradoxo sorites: a premissa universal (que expressa a tolerância) não é verdadeira nem falsa; muitas das condicionais que a exemplificam (referentes aos casos de fronteira) não são verdadeiras nem falsas. Objecções a esta solução: (i) a solução postula dois novos limites exactos; (ii) a rejeição do terceiro excluído é injustificada; (iii) a semântica está em conflito com os casos de “conexões de penumbra”.

Aplicação da lógica K3 ao paradoxo do mentiroso. Apresentação do paradoxo. Se a frase “Esta frase é falsa” é verdadeira ou falsa, então é verdadeira e falsa. Se a frase “Esta frase não é verdadeira” é verdadeira ou não é verdadeira, então é e não é verdadeira. A solução consiste em rejeitar a instância relevante da lei do terceiro excluído. Rejeitar uma proposição sem aceitar a sua negação. Rejeição da bivalência: o lógico trivalente não aceita a afirmação “A frase mentirosa não é verdadeira nem falsa”.


A lógica trivalente K3

8 Abril 2025, 09:00 Ricardo Santos

A ideia de que algumas proposições não são verdadeiras nem falsas (mas indeterminadas ou neutras). O paradoxo sorites. Propriedades como rico, careca, velho, etc. são tolerantes ou ‘bounded’ (i.e. têm um limite exacto)? O sorites mostra que, se são tolerantes, então são universais (todas as pessoas são ricas, carecas, velhas, etc.), o que é absurdo. Mas parece inacreditável que sejam ‘bounded’ (i.e. que haja um número mágico desconhecido – de cêntimos, cabelos, segundos vividos, etc. – que faz realmente a diferença). Uma saída: se os casos de fronteira não são verdadeiros nem falsos, então nem é verdade que as propriedades são tolerantes nem é verdade que elas são ‘bounded’; há uma zona de penumbra entre os casos positivos e os casos negativos.

As tabelas de verdade trivalentes de K3. Uma lógica sem verdades lógicas. A validade continua a definir-se como preservação da verdade. O modus ponens é válido em K3.

Aplicação de K3 ao sorites: a premissa universal (que expressa a tolerância) não é verdadeira nem falsa.