Sumários

V. Paradoxos Práticos - 3

20 Abril 2023, 09:30 António José Teiga Zilhão


D. O Problema de Newcomb como um Dilema do Prisioneiro

1. A tese de Schmidt-Petri de que, da tese de Lewis (ver sumário anterior), se segue que um Problema de Newcomb (PN) é uma das duas metades de um Dilema do Prisioneiro (DP).
2. Da tese de que um PN é uma das duas metades de um DP segue-se que, se a estratégia adequada a seguir num DP reiterado, em que o futuro permanece aberto, é a estratégia Pareto-superior (Tit-for-tat), então a estratégia adequada a seguir num PN reiterado, em que o futuro permanece aberto, é, do mesmo modo, a estratégia Pareto-superior, a qual, nas circunstâncias ditadas por um tal Problema, é a estratégia ditada pela solução evidencialista.
3. Neste sentido, as intuições dos causalistas e dos evidencialistas não são contraditórias; elas estão ambas correctas: a solução causalista é a solução correcta no caso do PN simples, enquanto que a solução evidencialista é a solução correcta no caso do PN reiterado.
4. A apresentação clássica do PN é estruturalmente ambígua: ela tanto pode ser legitimamente lida como apresentando o caso de um PN simples como pode ser legitimamente lida como apresentando o caso de um PN reiterado. Daí que, sem uma qualificação de qual é a interpretação dessa apresentação que se pretende empreender, não faça sentido discutir qual é a solução correcta para o PN.

 

V. Paradoxos Práticos - 2

14 Abril 2023, 12:30 António José Teiga Zilhão


C. O Dilema do Prisioneiro como um Problema de Newcomb

1. A tese defendida por D. Lewis (1979) de que o Dilema do Prisioneiro (DP) é, na realidade, um Problema de Newcomb (PN).
2. Demonstração da tese de Lewis: DP deixa-se reconstruir como uma apresentação lado a lado de dois PN - um por prisioneiro. Na reconstrução de Lewis: i) os payoffs tradicionais do DP são substituídos pelos payoffs do PN; ii) o previsor do PN, bem assim como as suas previsões, são substituídos pela informação fornecida pela polícia a ambos os prisioneiros de que, de acordo com as estatísticas em seu poder, em 99% dos casos anteriores os prisioneiros escolheram ambos a mesma opção; iii) o ganho do milhão de dólares é feito depender, não do facto de a escolha estar em acerto ou em desacerto com a previsão do previsor, mas da atitude cooperativa ou desertora do outro prisioneiro.     
3. Nestas circunstâncias, torna-se claro que, tal como é prescrito pela abordagem tradicional à teoria dos jogos, a escolha racional, tanto em DP como em PN, é aquela que resulta do único equilíbrio Nash neles existente (i.e., a opção dominante em DP e a solução causalista em PN), mesmo sendo estas escolhas Pareto-inferiores. 

V. Paradoxos Práticos - 1

13 Abril 2023, 09:30 António José Teiga Zilhão


A. O Dilema do Prisioneiro

1.  Exposição do Dilema do Prisioneiro e do problema teórico-decisional que ele coloca: como é possível que a opção dominante não seja aquela que parece ser a opção intuitivamente racional?
2. Distinção entre Dilema do Prisioneiro singular e Dilema do Prisioneiro reiterado.
3. Demonstração de como, no caso do Dilema do Prisioneiro reiterado, em que os agentes têm que escolher estratégias em vez de decisões únicas, uma estratégia cooperativa (Tit-for-Tat) pode tornar-se dominante, desde que o futuro seja aberto. 

B. O Problema de Newcomb

1. Apresentação do problema de Newcomb, tal como originalmente exposto por R. Nozick em 1969.
2. Como escolher nas circunstâncias definidas no problema de Newcomb? O rationale subjacente a cada uma das soluções rivais: a solução 'monocaixista' e a solução 'bicaixista'.
3. O rationale 'monocaixista' - Evidencialismo e noção de escolha auspiciosa.
4. O rationale 'bicaixista' - Causalismo e noção de escolha eficaz.

IV. Paradoxos Indutivos - 6

31 Março 2023, 12:30 António José Teiga Zilhão


D. O Paradoxo da Apensação (por Conjunção)


1. O Modelo Hipotético-Dedutivo (H-D) da Confirmação.
1.1. Os antecedentes deste modelo em William Whewell (1847).
1.2. Versão mais recente do mesmo -  o falsificacionismo de Popper.
2. Um paradoxo gerado pelo modelo H-D da confirmação - o Paradoxo da Apensação (por Conjunção).
2.1. Caracterização do paradoxo e do modo como o mesmo se deixa derivar a partir dos princípios do modelo H-D: se uma dada hipótese se deixa confirmar pela observação de evidência dela logicamente derivável, então, e dado o carácter monotónico da dedução, a mesma evidência confirma também a conjunção dessa hipótese com uma qualquer outra hipótese, por mais disparatada que esta seja. Nestas circunstâncias, o conceito de confirmação torna-se excessivamente permissivo. 
3. O tratamento probabilístico da confirmação permite dissolver o paradoxo da apensação (por conjunção).
3.1. A confirmação como probabilidade posterior da hipótese (desde que superior a um patamar de referência) de Carnap, i.e., a confirmação como firmeza (c = p(h|e)), atribui um valor confirmatório bastante mais elevado à hipótese original h por comparação com o valor confirmatório que atribui à sua conjunção com a hipótese disparatada h*. Demonstração de que este é o caso.
3.2. Várias das medidas bayesianas incrementais da confirmação (e.g., c = p(h|e) - p(e)) comportam-se também do mesmo modo dissolvente perante o paradoxo da apensação. Demonstração de que este é o caso.
3.3. Todavia, uma das medidas de confirmação mais relevantes para o bayesianismo - a confirmação como factor de probabilidade (i.e., c = p(h|e)/p(e)) - é, também ela, vulnerável ao paradoxo da apensação (por conjunção) em todos aqueles casos nos quais os valores da verosimilhança da hipótese original e da verosimilhança da sua conjunção com a hipótese disparatada forem os mesmos (i.e., todos aqueles casos nos quais p(e|h) = p(e|h&h*). Demonstração de que este é o caso.   

  


IV. Paradoxos Indutivos - 5

30 Março 2023, 09:30 António José Teiga Zilhão


C. O Paradoxo dos Corvos - 3

8. A Teoria Bayesiana da Confirmação (TBC) como teoria da confirmação alternativa à Teoria Lógica da Confirmação (TLC).
8.1. Princípios básicos da Teoria Bayesiana da Confirmação (TBC) - a confirmação (ou desconfirmação) como uma medida incremental do quanto a submissão à evidência contribui para aumentar (ou diminuir) o grau de crença na verdade de uma hipótese.
8.2. Crítica ao carácter insatisfatório da resposta de Hempel às objecções legítimas de contra-intuitividade levantadas contra a sua proposta de dissolução do Paradoxo dos Corvos (abandono da CNC). 
8.3. Modos probabilísticos de medir a confirmação (desconfirmação) de uma hipótese pela evidência (e.g., o factor de probabilidade, i.e., a razão entre a probabilidade posterior e a probabilidade prévia de uma hipótese).
8.4. Os diferentes relatórios observacionais que a evidência, com a qual uma hipótese de carácter geral é confrontada, pode originar. 
8.5. Diferentes factores de probabilidade associados à confrontação da hipótese com cada um desses relatórios observacionais.
8.6. Conclusão: tal como a TLC, a TBC também advoga o abandono da Condição de Não Confirmação (CNC) como modo de evitar o Paradoxo dos Corvos. Mas o aparato metodológico da TBC permite acolher as objecções de contra-intuitividade levantadas contra o abandono de CNC pela TLC e, nesse sentido, responder-lhes de forma satisfatória, o que não está ao alcance da TLC.   
8.7. No âmbito da TBC, o tratamento da confirmação proposto pela TLC consiste apenas na descrição de um caso particular (e bastante implausível) de entre uma enorme multiplicidade de casos possíveis