Sumários

The frozen waste theory e a reacção democrática: o (im)possível lugar ideológico do populus Romanus.

10 Abril 2025, 11:00 Rodrigo Furtado


I.               Conquistar o populus romanus.

1.1  Os temas de campanha. Comentário a comm. 53.

                           A ausência de temas políticos: uma campanha que não se centra nas alternativas ideológicas;

                           O que se disputa: a dignitas. O significado ideológico da dignitas.

1.2  As técnicas:

Comm. 41, 52: Nomenclatio; blanditia; adsiduitas; benignitas; rumor; species in re publica;

Os apoiantes: deductores; salutatores; adsectatores.

 

II.             As teorias sobre a sociedade e a política romanas durante a República:

 

A frozen waste theory: tese mais tradicional e mais antiga.

1.     Teses:

    1. Há uma pequena oligarquia muito fechada e endogâmica que controla a cidade (cf. árvore genealógica dos Cipiões-Paulos-Semprónios: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:GeneSPC.png);

b.     As eleições e votações são determinadas pelas relações de clientela: sistema de caciquismo muito forte.

c.      Processo eleitoral e votações meramente formal: comportamento eleitoral determinado por condições clientelares.

d.     A generosidade aristocrática e o interesse do cliente: o do ut des (“eu dou para que tu me dês”).

e.     Os critérios das escolhas eleitorais.

                                               i.     Nascimento/Família;

                                              ii.     Currículo político e militar;

‘A maior parte dos Romanos concorda (o voto é o meio através do qual se mostra a concordância) que este homem, Lúcio Cipião, foi o melhor de entre os homens bons. Filho de Barbato, aqui foi cônsul, censor, edil [?]. Ele tomou a Córsega e a cidade de Aléria. Ofereceu às Tempestades um templo merecido’ (CIL 12.8–9).

                                            iii.     Mos maiorum (=tradição).

‘Conseguiu as dez coisas maiores e melhores que os homens sábios passam a vida a procurar: quis ser um o primeiro dos guerreiros, o melhor orador, o general mais forte, administrar os mais elevados assuntos com a sua autoridade, gozar da máxima honra, ter a máxima sabedoria, ser tido como o mais importante senador, conseguir grande riqueza de forma honesta, deixar muitos filhos e ser o mais ilustre homem na cidade’ (elogio fúnebre de Lúcio Cecílio Metelo, cos. 251, 247 apud Plin. nat. 7. 62).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A reacção democrática.

1.     Textos fundamentais:

a.      K. Hopkins, - G. Burton (1983), Death and Renewal. Sociological studies in Roman history, Cambridge.

b.     F. Millar (1984), ‘The political character of the classical Roman Republic’, JRS 74, 1 -19.

 

2.     Os dados sociológicos [cf. Hopkins-Burton (1983)].

 Quadro 1

232-183 a.C.

182-133 a.C.

132-83 a.C.

82-33 a.C.

Gentes patrícias cujos membros tinham chegado a cônsules

13

11

10

7

Nº total de cônsules patrícios

47

34

22

20

Gentes plebeias cujos membros tinham chegado a cônsules

25

28

40

39

Nº total de cônsules plebeus

43

53

67

65

Gentes patrícias ou plebeias com apenas um cônsul eleito durante o período

17

17

30

24

 

 

Quadro 2

Número de cônsules de (datas a.C.) que tiveram antepassados consulares (não era ‘homens novos’):

 

249-220

219-195

194-170

169-140

139-110

109-80

79-50

Avô e Pai foram cônsules

4

8

10

13

14

13

10

Apenas Pai foi cônsul

16

6

5

10

20

8

10

Apenas Avô foi cônsul

4

3

8

6

3

6

9

Apenas Bisavô foi cônsul

1

2

0

2

1

4

9

Cônsules com pelo menos um antepassado consular

25

19

23

31

38

31

38

Cônsules sem antepassados consulares

28

18

27

24

22

20

20

 

Quadro 3

 

249-220 a.C.

219-195 a.C.

194-140 a.C.

139-80 a.C.

79-50 a.C.

%de cônsules/pretores que tiveram filhos com sucesso político

53%

62%

48%

43%

34%

% de cônsules/pretores provenientes de famílias que já tinham tido antepassados cônsules ou pretores

64%

86%

59%

52%

36%

% de cônsules/pretores que eram homines noui (homens novos)

36%

14%

41%

48%

64%

 

3.     Conclusões.

a.      final da República cerca de 2/3 a 4/5 da elite consular não era estável (a percentagem de cônsules cujos pai e avô tb foram cônsules nunca ultrapassou os 25%);

b.     Contudo: confirma-se existência de uma elite senatorial hereditária (=nobiles) (ver quadro 3), como a tese tradicional defendia, embora muito mais pequena percentualmente;

 

4.     Teses: 

a.      Oligarquia muito mais pequena do que se pensava e aberta à entrada de novas gentes/familiae no sistema;

b.     Relações clientelares: menos fechadas e previsíveis, mais negociadas; os clientes mudam frequentemente de patrono, de acordo com as vantagens que podem obter

c.      Carácter imprevisível das votações, de acordo com o que as fontes mostram.

Rodrigo Furtado

 

 

Bibliografia Sumária

Tatum, W. Jeffrey (2009), ‘Roman democracy?’, A companion to Greek and Roman political thought, Malden, MA, Oxford, Victoria, 214-227.

………………………………………

Brunt, P. A. (1988), The fall of the Roman Republic, Oxford.

Burckhardt, L. A. (1990), ‘The political elite of the Roman Republic: comments on recent discussion of the concepts of Nobilitas and Homo Novus’, Historia 39, 77–99.

Develin, R. (1985), The practice of politics at Rome, Bruxelles.

Flower, H. I. (1996), Ancestors masks and aristocratic power in Roman culture, Oxford.

Gelzer, M. (1969), Roman nobility, Oxford.

Hölkeskamp, K.-J. (1987), Die Entstehung der Nobilität. Stuttgart.

Hopkins, K., Burton, G. (1983), Death and Renewal. Sociological studies in Roman history, Cambridge.

Millar, F. (1984), ‘The political character of the classical Roman Republic’, JRS 74, 1 -19;

Münzer, F. (1920), Römische Adelsparteien und Adelsfamilien, Suttgart (trad. ingl. Roman Aristocratic Parties and Families, Baltimore and London, 1999rev.).

North, J. (1990), ‘Politics and aristocracy in the Roman Republic’, Classical Philology 85, 277-287.

Perelli, L. (1982), II movimento populare nell'ultimo secolo della repubblica, Turin.

Rawson, B., ed. (2011), A companion to families in the Greek and Roman worlds, Malden, Oxford, Victoria.

Rouland, N. (1979), Pouvoir politique et dépendance personelle dans l’antiquité romaine, Bruxelles.


O commentariolum petitionis ou como ganhar eleições em Roma: a República romana era democrática?

8 Abril 2025, 11:00 Rodrigo Furtado


I.               O Commentariolum petitionis

1.     A situação retórica.

                  Ano: 64 a.C.

                        Eleição consular de M. Túlio Cícero; epistolografia de Q. Túlio Cícero.  

2.     Os candidatos:

Marco Túlio Cícero: um homo nouus;

Lúcio Sérgio Catilina: um patrício, de uma família desprestigiada;

    Gaio António Híbrida: o filho de um brilhante orador e cônsul.

 

II.             Pontos prévios

1.     A discussão constitucional na Grécia: Heródoto, Platão, Aristóteles.

1.1  Os três tipos de constituição e o seu contrário.

1.2  As constituições mistas.

1.3  Constituição ideal e a descrição das constituições: as ‘constituições’ perdidas.

2.     O que é a democracia na antiguidade? A democracia na Atenas: isocracia; isonomia; isegoria; sorteio; eleição; votação; o misthos.

3.     Roma é a República. Questões de identidade: Senatus populusque Romanus.

4.     As condições para se ser eleito: a lex Villia de 180 a.C. e as alterações de Sula (80 a.C.) – idade; cursus honorum; intervalos.

 

MAGISTRATURA

ordinárias

extraordinárias

cum imperio

sine imperio

Eleitos por

Idade

Número

180 a.C.

80 a.C.

Antes de 80 a.C.

80 a.C.

45 a.C.

Questores

x

 

 

x

comitia tributa

28

30

4-10

20

40

Edis Curuis (patr.+pleb)

x

 

 

x

comitia tributa

31

36

2

4

Pretores

x

 

x

 

comitia centuriata

34

40

1-6

8

16

Cônsules

x

 

x

 

comitia centuriata

37

43

2

Censores

 

x

 

x

comitia centuriata

44

2

Ditador

 

x

x

 

conselho do Senado a determinar que os cônsules escolhessem um ditador

ter sido cônsul

1

Mestre de Cavalaria/de Cavaleiros

 

x

x

 

designado pelo ditador

 

1

Tribunos da Plebe

tecnicamente não são magistrados

concilium plebis

27

Inicialmente: 2

Data incerta: 10

Edis da plebe

tecnicamente não são magistrados

concilium plebis

31

36

2

4

 

III.            Conquistar o populus romanus.

1.1  Os temas de campanha. Comentário a comm. 53.

                           A ausência de temas políticos: uma campanha que não se centra nas alternativas ideológicas;

                           O que se disputa: a dignitas. O significado ideológico da dignitas.

1.2  As técnicas:

Comm. 41, 52: Nomenclatio; blanditia; adsiduitas; benignitas; rumor; species in re publica;

Prensatio (o episódio de Cipião Nasica: Val. Max. 7.5.2);

Os apoiantes: deductores; salutatores; adsectatores.

Rodrigo Furtado

Bibliografia Sumária

Q. Cícero, Commentariolum petitionis

. ………………………………………

Harris, W. V. (1990), ‘On defining the political culture of the Roman Republic: some comments on Rosenstein, Williamson, and North’, Classical Philology 85, 288-294.

Millar, F. (1984), ‘The political character of the classical Roman Republic, 200-151 B.C.’, Journal of Roman Studies 74, 1-19.

North, J. (1990a), ‘Democratic politics in Republican Rome’, Past & Present 126, 3-21.

North, J. (1990b), ‘Politics and aristocracy in the Roman Republic’, Classical Philology 85, 277-287.

North, J. (1990c), ‘Responses to W. V. Harris’, Classical Philology 85, 297-98.

Tatum, J. (2009), ‘Roman Democracy?’, The companion to the Greek and Roman political thought,

Yakobsen, A. (1992), ‘Petitio and largitio: popular participation in the centuriate assembly of the late Republic’, Journal of Roman Studies 82, 32-52.


O commentariolum petitionis ou como ganhar eleições em Roma: a República romana era democrática?

3 Abril 2025, 11:00 Rodrigo Furtado


I.                O Commentariolum petitionis

1.     A situação retórica.

                           Ano: 64 a.C.

                                    Eleição consular de M. Túlio Cícero; epistolografia de Q. Túlio Cícero.            

2.     Os candidatos:

Marco Túlio Cícero: um homo nouus;

Lúcio Sérgio Catilina: um patrício, de uma família desprestigiada;

    Gaio António Híbrida: o filho de um brilhante orador e cônsul.

 

II.              Pontos prévios

1.     A discussão constitucional na Grécia: Heródoto, Platão, Aristóteles.

1.1   Os três tipos de constituição e o seu contrário.

1.2   As constituições mistas.

1.3   Constituição ideal e a descrição das constituições: as ‘constituições’ perdidas.

2.     O que é a democracia na antiguidade? A democracia na Atenas: isocracia; isonomia; isegoria; sorteio; eleição; votação; o misthos.

3.     Roma é a República. Questões de identidade: Senatus populusque Romanus.

4.     As condições para se ser eleito: a lex Villia de 180 a.C. e as alterações de Sula (80 a.C.) – idade; cursus honorum; intervalos.

 

MAGISTRATURA

ordinárias

extraordinárias

cum imperio

sine imperio

Eleitos por

Idade

Número

180 a.C.

80 a.C.

Antes de 80 a.C.

80 a.C.

45 a.C.

Questores

x

 

 

x

comitia tributa

28

30

4-10

20

40

Edis Curuis (patr.+pleb)

x

 

 

x

comitia tributa

31

36

2

4

Pretores

x

 

x

 

comitia centuriata

34

40

1-6

8

16

Cônsules

x

 

x

 

comitia centuriata

37

43

2

Censores

 

x

 

x

comitia centuriata

44

2

Ditador

 

x

x

 

conselho do Senado a determinar que os cônsules escolhessem um ditador

ter sido cônsul

1

Mestre de Cavalaria/de Cavaleiros

 

x

x

 

designado pelo ditador

 

1

Tribunos da Plebe

tecnicamente não são magistrados

concilium plebis

27

Inicialmente: 2

Data incerta: 10

Edis da plebe

tecnicamente não são magistrados

concilium plebis

31

36

2

4

 

III.            Conquistar o populus romanus.

1.1   Os temas de campanha. Comentário a comm. 53.

                                       A ausência de temas políticos: uma campanha que não se centra nas alternativas ideológicas;

                                       O que se disputa: a dignitas. O significado ideológico da dignitas.

1.2   As técnicas:

Comm. 41, 52: Nomenclatio; blanditia; adsiduitas; benignitas; rumor; species in re publica;

Prensatio (o episódio de Cipião Nasica: Val. Max. 7.5.2);

Os apoiantes: deductores; salutatores; adsectatores.

Rodrigo Furtado

Bibliografia Sumária

Q. Cícero, Commentariolum petitionis

. ………………………………………

Harris, W. V. (1990), ‘On defining the political culture of the Roman Republic: some comments on Rosenstein, Williamson, and North’, Classical Philology 85, 288-294.

Millar, F. (1984), ‘The political character of the classical Roman Republic, 200-151 B.C.’, Journal of Roman Studies 74, 1-19.

North, J. (1990a), ‘Democratic politics in Republican Rome’, Past & Present 126, 3-21.

North, J. (1990b), ‘Politics and aristocracy in the Roman Republic’, Classical Philology 85, 277-287.

North, J. (1990c), ‘Responses to W. V. Harris’, Classical Philology 85, 297-98.

Tatum, J. (2009), ‘Roman Democracy?’, The companion to the Greek and Roman political thought,

Yakobsen, A. (1992), ‘Petitio and largitio: popular participation in the centuriate assembly of the late Republic’, Journal of Roman Studies 82, 32-52.


A República Romana

2 Abril 2025, 14:00 Martim Nunes França Aires Horta

O exército romano e aliado durante a República

As Magistraturas: as funções e o cursus honorum.

O senado e o poder de auctoritas.

As assembleias e o poder popular em Roma. 


1.º teste - 2.ª chamada

1 Abril 2025, 11:00 Rodrigo Furtado

1.º teste - 2.ª chamada