Sumários

Presença portuguesa em Marrocos nos primeiros tempos (1415-1425/26) (aula ministrada por João Cosme)

18 Março 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

O contexto da tomada de Ceuta (1415): o Cisma do Ocidente; a Guerra dos Cem Anos; as convulsões internas em Marrocos e os conflitos sucessórios na dinastia merínida; a morte de D. Fernando e considerações em torno da vacatura do trono português. O Dr. João das Regras. Uma nova dinastia e a necessidade de afirmação nos planos político e diplomático interno e externo. A tomada de Ceuta como um feito de cavalaria em exaltação de Deus, de Portugal e do Rei e como uma oportunidade para armar cavaleiros os filhos de D. João I, com feitos e honras militares que os distinguiam sobre todos os outros. A nomeação de D. Pedro de Meneses para capitão da praça. A guarnição (2 000/2700 homens de armas, os cavalos da Sicília, as lanças de Inglaterra); a nomeação do infante D. João como governador e defensor de Ceuta e a doação dos direitos e rendas da Ordem de Santiago para custear a manutenção da praça; a intervenção do Papa, a cedência dos direitos espirituais e a bula Abe ae qui humani. As repercussões internacionais da conquista de Ceuta junto do rei de Aragão e no Concílio de Constança. O descerco da cidade em 1419.


Fontes: Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Conquista de Ceuta,
Leituras: Aires do Nascimento, Egídio Martins


Ciência, tecnologia, saberes locais e império no mundo atlântico, séculos XV-XIX

16 Março 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

A importância das participações indígenas e dos conhecimentos locais na colonização e na compreensão e conhecimento do mundo extra europeu. O conceito de comunidade epistémica e as novas técnicas e conhecimentos sobre a natureza. A Casa do Cosmógrafo Mor como exemplo das plataformas de conhecimento existentes com base no saber dos práticos e dos locais.



Como fazer história do império asiático português no século XXI (aula ministrada por Jorge Flores)

11 Março 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

O império asiático português como uma realidade política e administrativa que se estende de Moçambique à China e ao Japão, constituído por feitorias e fortalezas, formado desde o século XVI. Novos problemas: pensar este império como sendo um império à distância, a circulação e a comunicação, o tempo da viagem. O império português da Ásia visto pelos historiadores nos últimos 50 anos. O período do Estado Novo: uma visão apologética do império, uma história linear e centrada em factos e grandes figuras heroicas, valorizando a conquista e o pioneirismo dos portugueses. A historiografia deste período foi condicionada pelo regime político-intelectual-ideológico. A valorização das fontes e a edição de coletâneas documentais. A historiografia depois dos anos de 1970: o triunfo da história econômica e social e a influência da historiografia dos Annales. Debates em torno da gênese dos descobrimentos e da expansão portuguesa: uma expansão moldada pela ideia de economia-mundo, pela circulação de produtos, mercadores, redes de comércio, quantidades, preços. O império visto como uma máquina económica. Os novos caminhos para uma história dos império português em conexão com outros impérios europeus. A noção, cada vez mais nítida, que os "outros" não são passivos; outras formas de estudar os impérios e as dinâmicas imperiais. A importância de se conhecerem a sociedade, a política, a geografia das outras organizações políticas em contacto com o império; a história marítima. O processo de "desnacionalizar" as perspectivas nacionais imperiais com o objetivo de obter visões globais e conectadas, que quebrem as "insularidades" da história dos impérios europeus. A importância da cultura visual e da circulação das formas. Embora não se esquecendo o que se fazia antes, deve-se, contudo, estar atento às novas problemáticas do século XXI.


Fontes: Documentação para a História das Missões do Padroado Português no Oriente, Documentação Ultramarina Portuguesa; Boletim da Filmoteca Ultramarina Portuguesa

Historiadores: António da Silva Rego, Fernand Braudel, Vitorino Magalhães Godinho, António Borges Coelho, Virginia Rau, A.H. de Oliveira Marques, Romain Bertrand, George Winius. Sarah Mazer, Bruno Cardoso Reis


Uma comparação da cronologia e do enquadramento entre os Descobrimentos e as Expansões portuguesa e a espanhola

9 Março 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

Uma comparação entre as principais linhas de expansão portuguesa e espanhola: uma cronologia. A anterioridade da expansão portuguesa e a existência de viagens de referência no Atlântico (Gil Eanes, Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral), a celebração de tratados diplomáticos na partilha de áreas de influência entre as duas coroas ibéricas no seu processo expansionista, a intervenção do Papado, a rendição de Granada e a viagem de Cristóvão Colombo (1492), a formação e o fortalecimento da Espanha dos Reis Católicos (1512), a rotas das Índias de Castela, a navegação do Pacífico e a rota do Galeão de Manila.


A dinâmica da presença mercantil brasileira no Índico (século XVIII-XIX) (aula ministrada por Luís Frederico Dias Antunes)

4 Março 2022, 12:30 Ângela Vieira Domingues

A posição da historiografia portuguesa na exaltação da natureza multicontinental e plurioceanica de um grande império multicultural, mas uma análise predominantemente centrada na atuação dos portugueses. Este predomínio de análises centradas na história e na presença dos portugueses no Oriente muda a partir de c. 2001, com amplas e diversificadas visões sobre o império colonial: na sua articulação com várias comunidades, em função de redes comerciais ligadas por laços familiares e pessoais. A dimensão económica do Brasil no Índico: a presença mercantil, os mercados, os negociantes, as mercadorias, a criação dum mercado inter-colonial que incorpora a América Portuguesa. 1º tema: A importância da Carreira da Índia e a integração dos portos brasileiros na rota, como escalas planeadas e obrigatórias e de importante comércio legal e ilegal ou clandestino, mas altamente lucrativo; a participação dos comerciantes da Bahia e do Rio de Janeiro nos negócios associados à carreira; o ouro e o tabaco brasileiro contra os têxteis de algodão indianos, essenciais ao tráfico de escravos e ao vestuário dos estratos mais pobres da população brasileira; as conexões comerciais causadas pelas "caixas das liberdades", formas encontradas pela coroa para pagar o soldo às tripulações,  concedendo-lhes permissão para transportar mercadorias da Índia livres do pagamento de direitos alfandegários para comerciar nas escalas; 2º tema: A presença brasileira no Índico africano durante a segunda metade do século XVIII como uma consequência das políticas mercantilistas pombalinas para o Estado da Índia. A Carreira como a "coluna vertebral" dos contatos entre a Europa e o Oriente até à abertura do Canal do Suez. A participação de pequenos negociantes baianos e cariocas, que acumulam cargos oficiais na administração do Império, no comércio com a Índia. As alianças matrimoniais vantajosas e o enriquecimento com um comércio feito com a ilha de Moçambique e Inhambane, baseado em carregações de escravos, marfim, ébano, tecidos e o seu peso numa economia pré-monetária. O desconhecimento, por parte dos mercadores brasileiros, das diferentes regras de funcionamento dos mercados entre as duas costas africanas. 3º tema: O comércio privado feito por famílias abastadas brasileiras com a Índia (Goa, Surrate, Diu, Bombaim, Damão) em finais do século XVIII; a base da riqueza: os têxteis indianos e o tabaco brasileiro; os escravos especializados de Moçambique (pedreiros, cabouqueiros); a diversificação dos investimentos por parte de grandes comerciantes brasileiros que procuram proteger os seus negócios com a diversificação de produtos e de mercados: o comércio de longa distância e o comércio de cabotagem entre portos brasileiros; as lojas de retalhos e os prédios urbanos e agrícolas. Ascensões sociais e a sua participação na formação das elites brasileiras na primeira metade do século XIX. Novos caminhos de investigação.


Autores: José Roberto do Amaral Lapa, Jorge Pedreira, João Fragoso, Pedro Puntoni