Sumários
Futuros contingentes (3)
10 Fevereiro 2020, 11:00 • Ricardo Santos
Um mau argumento fatalista, que envolve uma falácia modal (uma confusão a respeito do âmbito do operador modal, na premissa “se é verdade que irá ser o caso que p, então necessariamente irá ser o caso que p”). O argumento da batalha naval não é esse mau argumento fatalista.
A proposta de Łukasiewicz: a bivalência implica o fatalismo, mas os futuros contingentes são indeterminados (sendo indeterminado um terceiro valor de verdade, a acrescentar ao verdadeiro e ao falso). O desenvolvimento de uma lógica (proposicional) trivalente. As novas tabelas da negação, da conjunção e da disjunção. A manutenção das regras clássicas de inferência: eliminação da negação dupla, leis de De Morgan, silogismo disjuntivo. O caso especial da condicional. A diferença entre as lógicas Ł3 e K3. A semântica de Ł3 para a condicional. A rejeição do princípio do terceiro excluído. A separação entre rejeitar algo e aceitar a sua negação.
Avaliação da proposta de Łukasiewicz. Alguns casos em que a rejeição do terceiro excluído pode parecer uma boa solução: afirmações com nomes vazios e o paradoxo do mentiroso. Os futuros contingentes não parecem ser um caso desses. A posição tradicionalmente atribuída a Aristóteles – rejeitar a bivalência, mantendo o terceiro excluído – é viável?
A proposta de Craig Bourne: mudar a tabela da negação (fazendo a negação do indeterminado ser verdadeira, i.e. interpretando “não” como “não é verdade que”) e definir a condicional como “não-(A e não-B)”. O terceiro excluído e o princípio da não-contradição são válidos. Algumas consequências lógicas estranhas: efeitos sobre a negação dupla e sobre algumas das leis de De Morgan; todas as condicionais com antecedente indeterminado seriam verdadeiras. O problema da interacção entre a negação e o operador de futuro: haverá ambiguidade em “Marcelo não irá a Bruxelas”?
Futuros contingentes (2)
3 Fevereiro 2020, 11:00 • Ricardo Santos
Recapitulação: (i) caracterização do fatalismo; (ii) apresentação do argumento da batalha naval (em defesa do fatalismo). O pressuposto de uma noção de verdade objectiva (independente do conhecimento). A perspectiva tradicional segundo a qual a verdade é relativa ao tempo (e pode mudar com o tempo). A alternativa defendida por Frege, segundo a qual os ‘pensamentos’ são essencialmente não-temporais.
A ontologia do tempo: a controvérsia entre presentistas e eternistas. Segundo o presentismo, os objectos e acontecimentos (completamente) futuros não existem. A aparente assimetria entre passado e futuro: a fixidez do passado e o carácter “em aberto” do futuro. Verdades e ‘fazedores de verdade’. É plausível pensar, numa perspectiva presentista, que as afirmações contingentes acerca do futuro não têm nenhum fazedor-de-verdade e, por isso, não são verdadeiras nem falsas. Os futuros contingentes como razão para rejeitar o princípio da bivalência.
Apresentações. Introdução ao 1º módulo: o problema dos futuros contingentes
27 Janeiro 2020, 11:00 • Ricardo Santos
Sessão de abertura do curso com a participação de ambos os docentes. Apresentação dos dois módulos do curso e das regras de funcionamento e de avaliação.
O fatalismo e o problema dos futuros contingentes. Caracterização do fatalismo: tese de que nada é contingente, tudo é ou necessário ou impossível – com a consequência de que tudo o que acontece era inevitável. O conceito de necessidade histórica. Distinção entre fatalismo e determinismo. O conflito entre o fatalismo e o livre arbítrio.
Um argumento clássico em defesa do fatalismo: o argumento da batalha naval (apresentado e criticado por Aristóteles, Da Interpretação, capítulo 9). O princípio do terceiro excluído e o princípio da bivalência implicam o fatalismo? Verdades e falsidades (i.e., proposições que são verdadeiras ou falsas agora) acerca do futuro.
As premissas do argumento: (i) se (não) irá ser o caso que p, então é verdade que (não) irá ser o caso que p; (ii) se é verdade que (não) irá ser o caso que p, então inevitavelmente (não) irá ser o caso que p.