Sumários
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23 Março 2020, 11:00 • Maria Adriana Sequeira da Silva Graça
Enviado e-mail aos alunos sobre o primeiro texto do curso e primeiras orientações para a sua leitura.
Futuros contingentes (7)
16 Março 2020, 11:00 • Ricardo Santos
A solução ockhamista para o problema dos futuros contingentes (continuação). A semântica TRL Simples e a objecção de Belnap-Green. Para os ockhamistas (ou pelo menos para muitos deles), muitas predições contrafactuais (declarações que dizem o que iria acontecer se uma certa condição, que não vai realizar-se, se realizasse) são verdadeiras; mas na semântica TRL simples, elas são sempre falsas, pois se um momento está fora da TRL, nenhum momento no seu futuro pertence à TRL – mesmo uma predição como F(p Ú Øp) seria falsa em momentos fora da TRL.
A semântica TRL Dinâmica: a TRL é uma função que atribui a cada momento a sua história verdadeira. Revisão da definição de verdade. Como deve a função TRL(m) ser especificada? Duas condições necessárias: (i) todo o momento pertence à sua própria TRL; (ii) os momentos que pertencem ao futuro verdadeiro de um momento m herdam de m esse mesmo futuro verdadeiro. Problema: o princípio p ® PFp não é válido nesta semântica. A solução proposta por Øhrstrøm (2009) abandona um elemento essencial do ockhamismo, pois deixa de estar disponível uma noção absoluta de verdade num momento.
Balanço final: o ockhamismo enfrenta um impasse. Poderão os ockhamistas abandonar simplesmente a TRL (como sugeriu Iacona 2014)?
[Por causa do problema do covid-19, esta aula foi dada por videoconferência em 19/03/2020.]
Futuros contingentes (6)
9 Março 2020, 11:00 • Ricardo Santos
A solução ockhamista para o problema dos futuros contingentes: aceita o terceiro excluído e a bivalência, mas considera que a bivalência não implica o fatalismo. A solução de Ockham para o problema de como conciliar a presciência divina com a liberdade humana. As verdades acerca do futuro podem ser verdades acerca daquilo que irá acontecer apenas contingentemente. A semântica TRL (“Thin Red Line”) proposta por Peter Øhrstrøm (1981): nos modelos de tempo ramificado, uma das histórias é seleccionada como sendo aquela que contém o ‘futuro verdadeiro’, i.e. a possibilidade que vai realmente realizar-se. As definições de verdade (num momento) e de tautologia de acordo com a TRL Simples. Os futuros contingentes parecem facilmente acomodáveis nesta teoria. O terceiro excluído é válido, a semântica é bivalente, mas a conclusão fatalista não se segue. Problemas resolvidos: (i) a verdade é transparente; (ii) as condicionais com a forma “A ® VA” são tautologias; (iii) não há coincidência entre verdade e inevitabilidade; (iv) os problemas da asserção e do conhecimento são superados.
A distinção ockhamista entre factos duros e factos moles (Plantinga 1986). A dificuldade de tornar clara esta distinção. O conhecimento é um facto mole?
A objecção de Belnap e Green (1992) à semântica TRL Simples: como avaliar predições feitas fora da TRL? Análise do exemplo do lançamento de dados.
Futuros contingentes (5)
2 Março 2020, 11:00 • Ricardo Santos
A solução supervalorativista para o problema dos futuros contingentes (Thomason 1970). Uma linguagem formal com estrutura proposicional e com operadores temporais (de passado e de futuro). Uma semântica formal com o objectivo de representar rigorosamente a solução tradicionalmente considerada “aristotélica”: aceitar o terceiro excluído, mas rejeitar a bivalência, de maneira a evitar o fatalismo. O uso de modelos de tempo ramificado. A noção de história e de verdade num momento de uma história. A técnica das supervalorações (Bas van Fraassen 1966) para lidar com ‘gaps’ ou falhas de valor de verdade. Sua aplicação à linguagem temporal. A verdade (num momento) como verdade em todas as histórias (que incluem esse momento), ou ‘super-verdade’. Frases indeterminadas (num momento): verdadeiras em algumas histórias e falsas nas restantes. A validade do terceiro excluído. As conectivas não são verofuncionais. Enriquecimento da linguagem com operadores de verdade e de necessidade (ou inevitabilidade). Avaliação do argumento da batalha naval: o argumento é inválido, uma vez que a regra da eliminação da disjunção (“raciocínio por casos”) não é válida nesta semântica. Principais problemas para esta teoria: (i) condicionais com a forma “A ® VA” não são tautologias (ainda que A tenha como consequência VA); (ii) a coincidência entre verdade e inevitabilidade é objectável; (iii) se os futuros contingentes não são verdadeiros, como é que, em muitos casos, parece correcto afirmá-los ou parece que podemos conhecê-los?
Futuros contingentes (4)
17 Fevereiro 2020, 11:00 • Ricardo Santos
A posição tradicionalmente atribuída a Aristóteles – rejeitar a bivalência, mantendo o terceiro excluído – é viável? A proposta de Craig Bourne: mudar a tabela da negação (fazendo a negação do indeterminado ser verdadeira, i.e. interpretando “não” como “não é verdade que”) e definir a condicional como “não-(A e não-B)”. Intuitivamente, parece razoável pensar que, se “Será o caso que p” é indeterminada, a sua negação “Não será o caso que p” é também indeterminada. Em resposta, Bourne alega que, em geral, as negações de futuros contingentes são ambíguas (quanto aos âmbitos relativos da negação e do operador de futuro), possuindo uma leitura verdadeira e uma leitura indeterminada. A resposta é implausível, pois a ambiguidade é sintáctica, mas não semântica. Razões para pensar que, se os futuros contingentes são indeterminados, então as conectivas não são verofuncionais.
A relativização da verdade ao tempo, e o enriquecimento da linguagem formal com operadores temporais. A semântica bivalente simples com modelos de tempo linear.
Introdução ao supervalorativismo. Modelos de tempo ramificado: um presente, um passado, múltiplos futuros possíveis. A noção de história. Proposições verdadeiras (ou falsas) num momento relativamente a uma história. A super-verdade definida como verdade relativamente a todas as histórias. As valorações são interpretações clássicas, bivalentes, mas as supervalorações são trivalentes, admitem ‘gaps’.
Avaliação do argumento da batalha naval à luz da semântica supervalorativista. A questão de saber se “Será o caso que p” implica “É verdade que será o caso que p”.