Sumários

A Art Outsider / Art Brut: o inconsciente criativo. A loucura na criação artística e a descoberta do Mundo Interior

22 Fevereiro 2018, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

A Art Outsider / Art Brut:  o inconsciente criativo. A loucura na criação artística e a descoberta do Mundo Interior. A Psicologia da arte. Definição dos problemas, com recurso a Freud e Jung: noção de inconsciente criativo. Arquétipos: 1910: Sigmund Freud, Uma Recordação de Infância de Leonardo da Vinci; 1914: Sigmund Freud, O Moisés de Michelangelo; 1932: Carl Gustave Jung, «Picasso» in O Espírito na Arte e na Ciência. Momentos significativos do encontro entre psicologia e reflexão sobre arte. O Palácio Ideal do carteiro / escultor Ferdinand Cheval  (1836-1924): um sonho esculpido. «Fils de paysan, paysan, je veux vivre et mourir pour prouver que dans ma catégorie il y a des hommes de génie et d’énergie». Cheval, Ernst, Picasso -- e o Manifesto surrealista de André Breton. A descoberta do mundo interior A interiorização do olhar em Gustave Courbet e Édouard Manet: •A diluição das fronteiras entre o interior e o exterior, entre o espaço pictórico e o espaço real. Hans Prinzhorn (1886 - 1933): em 1920 reúne na Clínica Psiquiátrica de Heidelberg 5. 000 peças de doentes mentais provenientes de asilos de vários pontos da Europa; em 1922  escreve a sua obra mais conhecida Artistery of the Mentally Ill onde analisa o trabalho de dez doentes psiquiátricos (the schizophrenic masters) seleccionados a partir da colecção de Heidelberg; a repressão nazi e a campanha contra a 'Arte degenerada'; a Colecção Prinzhorn: August Natterer, franz Pohl, Heinrich Anton Muller, etc. Em 1945 Jean Dubuffet cria a Collection d’Art Brut em que reúne um dos acervos mais significativos de arte realizada em contexto psiquiátrico e define o conceito de Arte Brut: «Nous entendons par-là des ouvrages exécutés par personnes indemnes de culture artistique […] Nous y assistons  à l’opération artistique toute pure, brute, réinventée dans l’entier de toutes ses phases par son auteur, à partir seulement de ses propres impulsions. De l’art donc où se manifeste la seule fonction de l’invention». A obra de Adof Wolfi, Aloise Corbaz, Carlo Zinelli. O trabalho de Nise da Silveira, psiquiatra brasileira com formação junguiana que em1949 cria o atelier de arte na Secção de Terapia Ocupacional do Hospital Psiquiátrico Pedro II  e em 1951 funda o Museu das Imagens do Inconsciente, onde expõe as obras dos seus pacientes. O Museu Miguel Bombarda: a obra de artistas como Jaime Fernandes. A ART BRUT como 'género' no campo vasto da História crítica da arte.


BIBLIOGRAFIA:

Hans Prinzhorn, Artistry of the Mentally Ill: A Contribution to the Psychology and Psychopathology of Configuration, 1922 (reed, 1972).

Jean Dubuffet, L’homme du commun à l’ouvrage, 1973.


Apresentação do Programa.

20 Fevereiro 2018, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TEORIA DA HISTÓRIA DA ARTE

LICENCIATURA EM HISTÓRIA DA ARTE E PATRIMÓNIO

3º ano --- 2º semestre, FLUL, 2017-2018

Docente: Prof. Doutor Vitor Serrão

 

Sinopse: objectivos gerais:

 

      O programa da disciplina visa definir conceitos, fundamentos, objectivos fundamentais e também limites da História da Arte como ramo científico da Ciência das Humanidades que visa estudar, interpretar, avaliar e dialogar com as obras artísticas. Importa, assim, estruturar as bases de teorização dos fenómenos de criação, recepção, re-criação e fruição, com recurso ao estudo de artistas, movimentos estéticos, correntes, posições críticas, discurso das obras segundo uma reflexão plural e, em especial, a conceitos e princípios ligados à produção das artes. Dá-se enfoque à Iconografia e à Iconologia, instrumentos operativos da ciência histórico-artística, e ao modo como a disciplina foi posta em prática desde Aby Warburg a Erwin Panofsky, passando por E. H. Gombrich, Ernst Cassirer, Meyer Schapiro, Gertrud Bing, Frances Yates, Michael Baxandall, George Kubler, David Freedberg, George Didi-Huberman ou Daniel Arasse a fim de se explicar a operacionalidade da análise iconológico, até à Sociologia da Arte (Pierre Francastel), ao marxismo (Frédéric Antal, Theodor Adorno, Nicos Hadjinicolaou), ao feminismo (Linda Nochlin, Griselda Pollock) e demaios correntes ‘de género’, à tradição recente de estudos iconológicos (Hans Belting, Axel Bolvig), sem se esquecer as visões sobre a ‘obra aberta’ (Umberto Eco) e a ‘indústria cultural’ (Adorno) e, sobretudo, os conceitos de ‘artworld’ de Arthur C. Danto, Howard Becker e Raymonde Moulin.

     Estudam-se a essência e transcendência das obras de arte e seus tipos comportamentais (trans-contextuais, trans-memoriais) incluindo os fenómenos de repulsa e fascínio (iconofilia, iconoclastia), com recurso a exemplos medievais, modernos e contemporâneos. Aborda-se a prática da História da Arte na sua base de teorização com enfoque nas correntes positivistas e formalistas, na História Social da Arte, na Semiótica, na Psicologia da Arte, nos novos «géneros» como o Feminismo, o Pós-Colonialismo, a Micro-História da Arte, a Art Outsider e a Art Brut, a Street Art, e o que, em suma, se chama História da Arte Total, com suas visões globalizantes. Estudam-se, enfim, os conceitos de liberdade individual e de produção e as instâncias do mercado contemporâneo à luz das circunstâncias da Globalização e das novas tecnologias.

     A disciplina visa, assim, dar um balanço necessário sobre os problemas teóricos a par do bom uso das novas metodologias pluri-disciplinares no campo da investigação em História da Arte, sem perder nunca a conceptualização analítico-descritiva e crítica dos fenómenos do mundo da criação que envolvem o facto artístico. Assim, o programa estrutura-se, com naturalidade, por estes e outros pontos de análise, propondo uma reflexão sobre os modos de ver a arte e de problematizar tanto o acto criativo como a sua plena fruição.

 

PROGRAMA

 

1. A História da Arte e a globalização: eppure si muove

1.2. Consciência da trans-contemporaneidade das artes.

1.2. Perspectivas e discursos: os conceitos de aura (Benjamin) e de inexprimível (Adorno).

1.3. Fortuna crítica da globalização: mercado, consumismo e discurso das artes.

1.4. Globalização, arte e progresso: como investigar com a arte, hoje.

1.5. História e Crítica da Arte, um destino comum.

 

2. A Iconologia como proposta metodológica.

2.1. História das imagens e das ideias expressas pelas imagens, ou a alternativa às correntes positivistas, deterministas e formalistas.

2.2. Antecedentes da Iconologia: desde Jacob Burckhard a Aby Warburg (1866-1929), a Fritz Saxl (1890-1948), a Erwin Panofsky (1892-1968) e à criação do Warburg Institute.

2.3. Desenvolvimento do método: a obra de Panofsky e suas relações com a Filosofia, a Semiótica, a Psicanálise e a Antropologia. Heranças panofskianas: a iconologia como disciplina humanística.

2.4. Problemas de ordem metodológica, teórica e prática na definição do pensamento iconológico.

2.5. A «Nova Iconologia»: renovação de usos, métodos de análise e bases interpretativas.

 

3. Da Antiguidade Clássica à Idade Moderna: o surgimento da Teoria da Arte.

3.1. Imagem mitológica e fontes literárias: breve noção. Ovídio e as Metamorfoses. Divindades e heróis. Signo, sinal, imagem descritiva. A cosmologia e o panegírico nas artes.

3.2. A secularização da imagem e as correspondências pagãs. Revitalização dos ciclos astrológicos. A scintilla divina de Alberti (e de Francisco de Holanda) e o triunfo da idea motriz.

3.3. Conceito de liberalidade artística. A Emblemata de Alciato, a Iconologia de Ripa, as obras de Horapollo, Colonna, Valeriano, Otto Vaenius. O movimento neoplatónico florentino: o pensamento de Marsilio Ficino.

3.4. A Igreja Católica e a Contra-Reforma. Os princípios estéticos tridentinos (Cesare Baronio) e o combate à iconoclastia protestante: o decorum. Renovação iconográfica no Concílio de Trento: propaganda e imagem sacra.

3.5. Estética como ética: um novo humanismo no campo das artes. Benito Arias Montano e a defesa da bondade inata das artes. Arte para crer ? Ver para crer ? Ou crer na arte ? 

 

4. A época contemporânea: novas visões, novas globalizações.

4.1. Uma História da Arte ideologicamente comprometida: novos géneros de pesquisa. A Art Brut (Prinzhorn, Dubuffet). O Feminismo (Griselda Pollock, Linda Nochlin). Os estudos pós-coloniais: conceitos de mestiçagem e miscigenação (Peter Burke, Serge Gruzinski). A micro-história da arte (Ginzburg). A disciplina face a novos géneros artísticos nela integrados (Fotografia, BD, Land Art, Street Art, Arte Digital, etc).

4.2. O iconoclasma e a iconofilia na era contemporânea: o poder imenso e a fragilidade absoluta da obra artística. A visão iconológica face à «arte degenerada» e à «arte de resistência» (a propósito da produção artística hitleriana, mussoliniana, estalinista, franquista e salazarista). Os iconoclasmas do milénio.

4.3. A era da reprodutibilidade das artes: Walter Benjamin. Do original à banalização da réplica.

4.4. A visão iconológica (Nova Iconologia), o marxismo (Adorno, Antal, Hadjinicolaou) e a possibilidade de ‘novas vanguardas’ na viragem do milénio (Hobsbawm e o debate em torno da ‘morte das vanguardas’).

4.5. O conceito de História da Arte total e como parte integrante de uma interpretação globalizante das obras de arte particulares.

 

5. Conclusões.

5.1. De Ripa-Baudoin à Ciência das Imagens de Warburg e Panofsky.

5.2. A liberdade criadora, a indústria cultural e os conceitos de artworld (Danto).

5.3. A Iconologia face às suas múltiplas abordagens (sociológica, marxista, filosófica, psicanalítica, semiótica). A dimensão cripto-artística. De Arthur Belting à Nova Iconologia: novas problematizações.

5.4. Teoria da trans-contemporaneidade das artes.

5.5. História da Arte total. Sentido e limites da abordagem iconológica.

 

Objectivos de aprendizagem:

Estimular e desenvolver a prática de investigação na perspectiva de maiores conhecimentos no campo da Teoria da Arte e da Estética, definindo o objecto de estudo da História da Arte, as definições de «arte», «cliente», «mercado» e «mundo da arte, questionando as grandes linhas do debate teórico nesta área e os saberes em campos como a Iconologia, a Semiótica, a Sociologia da Arte e os novos géneros da História da Arte. Promover a autonomia crítica com base na solidez dos conhecimentos adquiridos. Desenvolver competências de acordo com o perfil de um Doutorando: planeamento e execução de uma dissertação, com peso na problematização teórica de um tema específico, alargando as perspectivas multidisciplinares e globalizantes.

 

Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objectivos de aprendizagem da unidade:

A análise e o debate dos casos de estudo enunciados permitem alcançar os objectivos de aprendizagem pretendidos em torno da Teoria da Arte. Os temas escolhidos procuram abranger diferentes épocas e tipos de produção artística, bem como circunstâncias distintas de identificação, estudo, teorização e qualificação estética. Procura-se, ainda, atender às formas de divulgação dos resultados da pesquisa, segundo diferentes tipos de discurso, consoante os públicos a que se destinam. Este exercício destina-se a desenvolver as competências no campo da realização das teses de doutoramento dos alunos.

 

Metodologias de ensino (avaliação incluída):

O ensino assente numa tipologia de Seminário, onde se procura uma exposição clara e objectiva dos casos de estudo. Estimula-se o debate, com a participação crítica dos alunos. A acompanhar a perspectiva conceptual, são referidos exemplos práticos resultantes da aplicação dos critérios de actuação. É fornecida uma abundante documentação visual para estimular a compreensão do processo de actuação. A avaliação é ponderada entre o nível e qualidade de participação (10%), um teste presencial (40%), e a realização de um trabalho prático de reflexão original sobre uma questão de Teoria das Artes, que será objecto de apresentação e discussão (70%). Este Trabalho Prático, texto crítico sobre um texto, um autor ou uma problemática teórica relacionada com a História e Crítica da Arte, a entregar até ao final do Semestre (em fim de Maio no limite) e a apresentar oralmente (início de Junho) numa aula suplementar de avaliação e discussão.

 

BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL

ADORNO, Theodor W., Asthetische Theorie , Frankfurt am Main (trad., Teoria Estética, Edições 70, 1970).

AFONSO, Luís Urbano, O Ser e o Tempo. As Idades do Homem na Tumulária Gótica Portuguesa, ed. Caleidoscópio, Lisboa, 2003.

AGAMBEN, Giorgio, «Aby Warburg e la scienza senza nome», Aut aut, nº 199-200, Nuova Italia, 1984.

ALBUQUERQUE, Martim de, O Poder Político no Renascimento Português, Lisboa, 1981.

ARASSE, Daniel, On n’y voit rien, Paris, Denoel, 2000.

ARGAN, Giulio-Carlo, Immagine e persuasione, Milão 1986; trad. Arte e Crítica de Arte, Estampa, 1995.

Hans BELTING, Likeness and Presence: a history of the image before the era of art (trad. Brasileira: Semelhança e Presença. A história da imagem antes da era da arte, Ars Urbe, Rio de Janeiro, 2010).

AVELAR, Mário, Ekphrasis: o poeta no atelier do artista, Lisboa, Cosmos, 2006.

BEGEMAN, Edgert Haverkamp, Creative Copies, 1998.

BELTING, Hans, The End of the History of Art ?, University of Chicago Press, 1987.

Idem, Likeness and Presence: A History of the Image before the Era of Art, University of Chicago Press, 1997.

Idem (com Mitch Cohen e Kenneth J. Northcott), Art History after Modernism, University of Chicago Press, 2003.

Idem, Florence and Baghdad: Renaissance Art and Arab Science, Paris, 2011.

BENJAMIN, Walter, «A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica», publicado na revista do Institute for Social Research, de 1936 (trad. port.: Walter Benjamin, Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, introd. de T. W. Adorno, ed. Relógio de Água, Lisboa, 1992).

BELTING, Hans, The Global Art World. A Critical Estimate, ed. com Andrea Buddensieg, Ostfildern 2009.

Idem, L´Histoire de l´Art est-elle finie? Paris: Ed. J. Chambon, 1989.

BEARDSLEY, Monroe C. e HOSPERS, John, Estética. Historia y fundamentos. Cátedra, Madrid, 1990.

BECKER, Howard S., Mundos da Arte, trad. Livros Horizonte, Lisboa, 2010.

BESANÇON, Alain, L’image interdite. Une histoire intellectuelle de l’iconoclasme, Arthème Fayard, 1994.

BLUNT, Anthony, Artistic Theory in Italy, 1450 to 1600, Oxford, 1940 (La teoría de las artes en Italia del 1450 a 1560. Madrid: Cátedra, 1979).

BOLVIG, Axel e Ph. Lindley (coord.), History and Images. Towards a New Iconology, Turnhout, 2003.

BOZAL, Valeriano ed alii, Historia de las ideas estéticas y de las teorías artísticas contemporâneas, 2 vols, Visor, Madrid, 2000.

BURKE, Peter, What is Cultural History ?, London, Polity, 2008.

CALABRESE, Omar, Como ler uma obra de arte, trad. port., Ed. 70, Lisboa, 1999.

CALAFATE, Pedro, «A Filosofia Políticas nos séculos XVI e XVII em Portugal», História do Pensamento Filosófico Português, direcção de Pedro Calafate, vol.II, Lisboa, 2001.

CASSIDY, Brendan (coord.), Iconography at the Crossroads, Princeton University, 1993;

CASTIÑEIRAS GONZÁLEZ, Manuel, Introducción al Método Iconográfico, ed. Ariel, Barcelona, 1998.

CHRISTIN, Olivier, Une révolution symbolique. L’iconoclasme protestant et la reconstruction catholique, Paris, 1991.

CIERI VIA, Claudia, Nei dettagli nascosto. Per una storia del pensiero iconologico, Carocci, Roma,1994.

CLARK, Timothy, Image of the People: Gustave Courbet and the 1848 Revolution, Berkeley, University of California Press, 1973 (trad.: Image du peuple: Gustave Courbet et la révolution de 1848, Les Presses du Réel, 2007).

Idem, The Absolute Bourgeois: Artists and Politics in France, 1848–1851, Berkeley, University of California Press, 1973 (trad.: Le Bourgeois Absolu. Les Artistes et la Politique en France de 1848 À 1851, Art édition, 1992).

COLLINGWOOD, C.,The Principles of Art, Oxford, Oxford University Press, 1974.

CURTO, Diogo Ramada (coord.), Estudos sobre a Globalização, Lisboa, Edições 70, 2016.

DANTO, Arthur C., After the End of Art. Contemporary art and the Pale of History, New Jersey, Princeton Univ., 1987 (nova ed., 2014).

IDEM, The Transfiguration of the Commonplace, Cambridge, Harvard University Press, 1981.

IDEM, «The Artworld», The Journal of Philosophy, vol. 61, issue 19, 1964.

DESWARTE, Sylvie (coord.), À travers l'image. Lecture iconographique et sens de l'œuvre, Actes du Séminaire Histoire de l'art et iconographie, CNRS, dir. Catherine Monbeig-Goguel, Paris, Klincksiek, 1994.

Idem, «Contribution à la connaissance de Francisco de Holanda», Arquivos do Centro Cultural Português, vol. VII, Paris, 1970.

Idem, Ideias e imagens em Portugal na Época dos Descobrimentos, Lisboa, Difel, 1992.

DICKIE, Georges, Introduction to Aesthetics. An Analytic Approach, New York, 1997 (trad. de Rolando Almeida, El circulo del arte, una teoria del arte, Barcelona, ed. Paidos, 2005).

DIDI-HUBERMAN, Georges, L’Image Survivante. Histoire de l’art et temps des fantômes selon Aby Warburg, Paris, Éditions de Minuit, 2002.

Idem, Ce que nous voyons, ce qui nous regarde, Paris, 2007 (trad. Portuguesa : ed. Ymago, 2014).

Idem, Imagens apesar de tudo, trad. de V. Brito e J. P. Cachopo, Lisboa, Ymago, 2012.

DUBOIS, Claude-Gilbert, Le Bel Aujourd’hui de la Renaissance. Que reste-t-il du XVIe siècle?, Seuil, 2001.

DUBUFFET, Jean, L’homme du commun à l’ouvrage, Paris, 1973.

FRANÇA, José-Augusto, Memórias para o Ano 2000, Livros Horizonte, Lisboa, 2000.

Idem, O Ano X. Lisboa, 1936. Estudo de Factos Socioculturais, ed. Presença, 2010.

FREEDBERG, David, (ed. francesa), Le Pouvoir des Images, Paris, Monfort, 1998.

GÁLLEGO, Julián, Imágenes y simbolos en la pintura española del Siglo d’Oro, Cátedra, Madrid, 1968.

GELLNER, Ernest, Pós-modernismo, razão e religião. Sobre as principais correntes de pensamento actuais, Ed. Instituto Piaget, Lisboa, 1994.

GINZBURG, Carlo, A Micro-História e outros ensaios, Difel, col. ‘Memória e Sociedade’, Lisboa, 1992.

GOMBRICH, E.H., Aby Warburg: an Intellectual. Biography, 2ª ed., London, 1986 (ed. Aby Warburg: una biografia intelectual. Alianza Forma, Madrid, 1992.

Idem, Symbolic Images. Studies in the Art of the Renaissance, Phaidon Press, Londres, 1972 (trad.: lmágenes simbólicas. Estudios sobre el arte deI Renacimiento, Alianza Ed. Madrid 1983).

Idem, Los usos de las imagenes, Debate, Barcelona, 2003 (trad.).

Idem, “The Social History of Art”, Meditations on a Hobby Horseand Other Essays on the Theory of Art, London, Phaidon Press, 1963, pp. 86-94.

GOMES, Hélder, Relativismo Axiológico e Arte Contemporâneda. Critérios de Recepção Crítica da Obra de Arte – Uma leitura de Filosofia da Arte de Arthur C. Danto, Dep. Filosofia Universidade Coimbra, 2002.

GONÇALVES, Flávio, História da Arte. Iconografia e Crítica, Lisboa, INCM, 1983.

GRUZINSKI, Serge, O Pensamento Mestiço, trad. port., Lisboa, 2001.

GUILLOUET, Jean-Marie e RABEL, Claudia, «En quête du programme», Le Programme. Une notion pertinente en histoire de l'art médiéval ?, Paris, Éd. Léopard d'Or, CNRS - Institut de recherche et d'histoire des textes, 2011.

HADJINICOLAOU, Nicos, «La Liberté guidant le peuple de Delacroix devant son premier public», Actes de la Recherche en Sciences Sociales, nº 28, 1979, pp. 3-26.

Idem, Histoire de l’art et lutte des classes, Maspero, Paris, 1973.

Idem, Art History and Class Struggle, London, Pluto Press, 1978.

HALL, Stuart, Questions of Cultural Identity, London, 1996 (trad.: A Identidade cultural na Pós-Modernidade, ed. Rio de Janeiro, 1999).

HANSEL, Sylvaine, Benito Árias Montano. Humanismo y Arte en España, trad. espanhola, Univ. Huelva, 1999.

HASKELL, Francis, L’Historien et les Images, Paris, Gallimard, 1995.

HAUSER, Arnold, The Social History of Art, London, Routledge & Kegan Paul, 2 vols., 1951 (ed. de 1962).

Idem, Mannerism: The Crisis of the Renaissance and the Origin of Modern Art, Routledge & Kegan Paul, 1965.

HENIN, Emmanuelle, ‘Ut Pictura Theatrum’. Théatre et Peinture de la Renaissance italienne au Classicisme français, Genève, ed. Droz, 2007.

HOBSBAWM, Eric, Através dos tempos: declínio e queda das vanguardas do século XX (título original Behind the times - the decline and fall of twentieth-century avant-gardes), Campo de Letras, Porto, 2001.

KHUN, Thomas, A estrutura das revoluções científicas, ed. Brasileira, Perspectiva, S. Paulo, 2003.

LAPA, Pedro, Linguagem e Experiência. Obras da Colecção da Caixa Geral de Depósitos, Culturgest, Lisboa, 2010.

LESCOURRET, Marie-Anne, Aby Warburg ou la tentation du regard. Biographie, Paris, Hazan, 2014.

LYOTARD, François, The Postmodern Condition (1979), ed. Manchester University Press, 1984.

LÓPEZ TORRIJOS, R., La mitología en la pintura espanola dei sigla de oro, Ed. Cátedra, Madrid 1985.

MÂLE, E., L'art religieux en France, Paris, Armand Colin. 3 vols., 1985.

MARX, Karl, e ENGELS, Friedrich, «Feuerbach. Oposição das Concepções Materialista e Idealista», in Obras Escolhidas em 3 tomos, 1º tomo (Ideologia Alemã), Ed. Avante!.

MELO, Alexandre, Sistema da Arte Contemporânea, Lisboa, Documenta, 2012.

MOULIN, Raymonde, De la Valeur de l’Art, Paris, Flammarion, 1995.

IDEM, L’artista, l’institution et le marché, Paris, Flammarion, 1997.

IDEM, Le marché de l’art. Mondialisation et nouvelles technologies, Paris, Flammarion, 2009.

NOCHLIN, Linda, Women, Art and Power and Other Essays, New York, 1991.  

PACHECO, F., El Arte de la Pintura (1649), Madrid, ed. Cátedra, 1990.

PANOFSKY, Erwin, Estudos de Iconologia. Temas humanísticos na arte do Renascimento (Oxford, 1939) (ed. Lisboa, Estampa, 1986).

Idem, ldea. Contribución a la historia de la teoría del arte, Ed. Cátedra. Madrid, 1982.

Idem, Meaning in the Visual Arts (New York, Garden City, 1955) (trad.: O Significado nas artes visuais, ed. Presença).

Idem, Renascimento e Renascimentos na Arte Ocidental, trad., Lisboa, ed. Presença, 1981

POLI, Francesco, Il Sistema dell’arte contemporanea, Bari, Laterza, 2011.

POLLOCK, Griselda e PARKER, Rozsika, Old Mistresses, New York, L. B. Tauris, 1985.

PRINZHORH, Hans, Artistery of the Mentally Ill, Viena, 1922 (2ª ed., introd. James L. Foy, Wien, New York, Springer-Verlag, 1972).

PUJAS, Sophie, Street Art. Poésie Urbaine, Paris, Tana éd., 2015.

RIBEIRO, António Pinto, Questões Permanentes , Ensaios escolhidos sobre cultura contemporânea, Lisboa, Livros Cotovia, 2011.

SCHMITT, Jean-Claude, Le corps des images. Essais sur la culture visuelle au Moyen Âge, Paris, Gallimard, 2002.

SEBASTIÁN, Santiago, Contrarreforma y barroco, Madrid, Alianza.

SCHAPIRO, M., Estudios sobre el arte de la Antigüedad tardía, el cristianismo primitivo y la Edad Media, Alianza ed., Madrid 1987.

SERRÃO, Adriana Veríssimo, «Estética e Teorias da Arte em Portugal nos séculos XVI e XVII», História do Pensamento Filosófico Português, vol. II, direcção de Pedro Calafate, Lisboa, 2001.

SERRÃO, Vitor, A Cripto-História da Arte. Análise de Obras de Arte Inexistentes, Horizonte, Lisboa, 2001.

Idem, A Trans-Memória das Imagens. Análise Iconológica de Pintura Portuguesa (sécs. XVI-XVIII), Lisboa, ed. Cosmos, 2007.

Idem, «Iconoclastia e Cripto-História da Arte. Casos de estudo e acertos teórico-metodológicos no património artístico português, ARTisON (revista on line do ARTIS-IHA-FLUL), nº 5, 2017.

STOICHITA, Victor I., O Efeito Pigmalião. Para uma antropologia histórica dos simulacros, trad. R. C. Botelho e R. P. Cabral, Lisboa, ed. Ymago, 2011.

VICENTE, Filipa Lowndes, A arte sem história. Mulheres e cultura artística (Séculos XVI­‑XX), Lisboa, Babel, 2012.

WARBURG, Aby M., Images from the Region of the Pueblo Indians of North America (1923), trad. e estudo de Michael P. Steinberg, Cornell Univ., 1995.

Idem, Essais Florentins, ed. Kliensick, 1990.

Idem, The renewal of Pagan Antiquity, intr. Kurt W. Foster, The Getty Research Inst., Los Angeles, 1999.

Idem, El renacimiento del paganismo-Aby Warburg, ed. Felipe Pereda, Elena Sánchez Vigil, Alianza, 2005.

Idem, "O Nascimento de Vénus" e "A Primavera" de Sandro Botticelli, trad. A. Morão, Lisboa, Ymago, 2012. 

Idem, Domenico Ghirlandaio, trad. A. Morão, Lisboa, Ymago, 2015. 

WARBURTON, Nigel, O que é a arte ?, trad. Lisboa, ed. Bizâncio, 2007.

WITTKOWER, Rudolf e WITTKOWER, Margot, Born Under Saturn: The Character and Conduct of Artists, N.Y, 1963.

Idem, Allegory and the Migration of Symbols, Thames & Hudson, 1977.

 


 

Textos para reflexão:

 

 

1º texto:

 

A noção de PROGRAMA ARTÍSTICO é o objectivo fundamental de uma História de Arte moderna, actuante, útil, operativa, socialmente comprometida. Como disse Warburg, «a História da Arte mais não é do que a investigação orientada e sempre interdisciplinar que visa o entendimento globalizante (estético, histórico, ideológico, contextual, etc) das obras de arte particulares à luz da compreensão dos seus ’pontos de vista’ intrínsecos, isto é, das condições culturais, políticas, socio-económicas, laborais, de perdurações e continuidades, de ideologias, etc – numa palavra, «o entendimento iconológico das obras» (ABY WARBURG, 1866-1929)

 

 

2º texto:

 

«A SINGULARIDADE é idêntica à sua forma de se instalar no contexto da tradição. Esta tradição é, ela própria, algo de inteiramente vivo, de extraordinariamente mutável. Uma estátua antiga de Vénus, por exemplo, situava-se num contexto tradicional diferente, para os gregos que a consideravam um objecto de culto, e para os clérigos medievais que viam nela um ídolo nefasto. Mas o que ambos enfrentavam da mesma forma era a sua singularidade, por outras palavras, a sua AURA». Pretende-se entrever aqui as relações entre tudo o que parecia disperso e amalgamado, numa capacidade de perceber as relações, afinal estreitas e clarificantes, entre a matéria bruta e o imaginário da produção de bens de consumo. (WALTER BENJAMIN, A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica, 1936).

 

 

3º texto:

 

«Diz o gramático indiano ao barqueiro: sabes gramática? E quando este responde que não, ele diz-lhe: perdeste metade da tua vida. Diz o barqueiro ao gramático, quando a barca se vira: sabes nadar? e quando este responde que não, ele diz-lhe: então perdeste toda a tua vida. Mas o que poderia haver de melhor que um gramático que soubesse nadar e um barqueiro que percebesse de gramática?» (UMBERTO ECO, Sobre os Espelhos e Outros Ensaios, Difel, Lisboa, 1989, p. 52). Esta história retomada por Eco serve a abordagem da obra de arte, com base nas imagens artísticas privilegiadas, num autor como OMAR CALABRE, ao longo de sete capítulos reunidos no livro Como se Lê uma Obra de Arte, com olhares complementares incluindo a apreciação estética e o entendimento global das obras de arte, englobando as suas características específicas enquanto objecto estético, as mutações dos valores estéticos e os juízos de valor subjacentes na apreciação do observador/receptor/usufruidor.