Três aspectos do cinema de Hong Kong (a partir dos anos 70):

1) Modernidade e representações da Cidade: 1.1. o cinema como reconfigurador (crítico) da arquitectura da cidade; problematização e reinvenção da sua imagem (Wong Kar Wai);1.2.  a cidade com Puzzle=palimpsesto e o cinema de géneros;1.3. as duas Novas Vagas - final dos anos 70 e entre 1984-1990;

2) a problemática da Identidade: 2.1. Hong Kong como cidade sem história/ raízes,num estado "colonial crónico" (Abbas); lugar aberto de trânsito num espaço e num tempo "emprestados"; com uma consciência não de "residente" mas de "inquilino" ("sejourn mentality"); multiplicidade (indeterminação) de origens e "integração" de influências translocais e transnacionais; 2.2. importância do Festival Internacional de cinema de Hong Kong (desde 1997) para a redefinição da história do cinema de Hong Kong e da "identidade" local; 2.3. de um cinema de Emigração (anos 30/40) a um cinema da Diáspora ( anos 90): menos um "cinema nacional" do que um cinema "local global" (D. Bordwell);

3) o sentimento do Tempo: "angústia" do fim (1997); uma cultura do "desaparecimento" ,  sentimento do "dejà-disparu" e "love at last sight" (Abbas).

4) o melodrama (musical ) mandarim - dois exemplos: as duas versões de "Love without end", a de 1961 (de Qin Tao) e a de 1970 (de Lei Pan) , do cinemascope a p/b  (de uma modernidade discreta) ao uso da cor (barroquismo kitsche) (projecção de fragmentos).

Bibliografia; Ackbar Abbas, Hong Kong - Culture  and the Politics of Disappearence,Universitu of Minnesota Press, 1997

3.  da "xangaização" de Hong Kong (1945-1955) - um cinema em mandarim elaborado em função dos modelos do cinema chinês de Xangai dos anos 30 (o melodrama-social, o wuxia) à "hongkonguização" do cinema (anos 60) - um cinema em cantonês, mais popular (comédia, melodrama); do cinema de "artes marciais" (Wuxia) dos anos 6o ao" Kung-fu" nos anos 70 (Bruce Lee); do cinema "feminino" (melodrama mandarim) ao cinema de "acção" masculino dos anos 70 (virilização do herói e "boom" económico);  a influência da TV (TVB cantonesa) nos anos 60 e 70 (transformação e miscigenação dos "géneros; desenvolvimento de uma cultura jovem, popular e local mas ocidentalizada); 

4.  anos 7o/80: uma cinema de "géneros" e das "atracções" (=efeitos): formalismo, estrutura episódica (da intriga), descontinuidade narrativa, sensorialismo e espectacularidade; elogio dos simulacros e das superfícies mas também "realismo" localizado e exposição (estetização) do corpo;

5. projecção da sequência final de "A princesaChang Ping" de John Woo (1976): entre "tradição" 8adaptação de um ópera cantonesa) e "modernidade" da mise en scène cinematográfica (formalismo e simbolismo).

Bibliografia: texto de David Bordwell na pasta da cadeira (fotocopiadora verde, nº 2) 

1. Apresentação do Programa: materiais de apoio - Antologia na fotocopiadora azul e pasta da cadeira (nº1) na verde.

2. Avaliação: dois testes escritos : 4 de Novembro + 18 de Dezembro.

Possibilidade de pequenos trabalhos a combinar com o docente.

Aula de Avaliação: 6 de janeiro (2010)

3. O Cinema de Hong Kong: panorâmica histórica

1. dupla insularidade de Hong Kong: como "ilha" e como "colónia" (inglesa) desde 1842 (em consequência da "Guerra do Ópio" e do Tratado de Nanjing);

2. das décadas de 10 e 20 ao período de 1937-1941: Hong Kong rectaguarda de Xangai, "a national defense cinema"; interrupção da prodição entre 1941 (ocupação japonesa) e 1945 (libertação); o pós-guerra: duas vagas migratórias, 1945/6 (fim da guerra) e 1949/50 (com declaração da República Popular da China); boom populacional (quadriplica população entre 1945 e 1949) e de produção cinematográfica (em mandarim e cantonês) (cont.).