Sumários

Aristóteles: a poética da obra singular

14 Março 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

2. Aristóteles: a poética da obra singular. Analogia entre a tragédia e o ser vivo. O princípio estético da verosimilhança. A catharsis: o apelo ao espectador.

 

Aristóteles, Poética (technè poiètikè)

Trad. port. de Eudoro de Sousa (IN/CM); e de Ana Maria Valente, Gulbenkian.

 

Conceitos centrais: poièsis, mimèsis, catharsis

poièsis : sentido positivo da arte poética: saber que conduz à produção de um resultado / de uma obra que seja bela.

theôria / poièsis / praxis: Metafísica A 2, 982b; E 1, 1025b

mimèsis

Poética, caps. 1-5

Cap. 4: Causas naturais da imitação; fonte de conhecimentos / e prazer

(prazer do reconhecimento /prazer imediato, sensitivo/ agradável

Arte como imitação da natureza (physis), Física II, 2, 194a 21;

II, 8, 199a 15: “a technè termina (realiza) o que a natureza não pôde levar a cabo”.

Mimèsis como processo. Transposição para o plano da arte

 

Caps. 1-3: arte poética e mimèsis

  • Meios (por meio de quê): ritmo/ metro/ palavras / canto: imitação poética

    cores /sons /figuras: imitação não poética

  • Objecto (o quê): acções: de homens bons ou maus: tragédia e epopeia / comédia

  • Modo (como): narração (epopeia) ou drama (tragédia e comédia)

 

Caps. 4-5: comparação dos géneros

 Caps. 6-18: a poièsis trágica

  

Sobre Aristóteles

Paul Ricœur, La métaphore vive. Paris, Seuil, 1975 (1º estudo); trad.port. A metáfora viva.

----, Temps et récit, Paris, Seuil, 1975, 1983, vol. I ( I. 1. e 2.); trad.port. Tempo e Narrativa.

Stephen Halliwell, diversos estudos sobre a Poética (na Bib FLUL)

António Freire, A catarse em Aristóteles (Bib FLUL)

José Pedro Serra, Pensar o Trágico. Categorias da Tragédia Grega, Lisboa, Gulbenkian, 2006.

  

Umberto Eco, O Nome da Rosa

Sófocles, Édipo

 

Avaliação

1. Um comentário de texto (com temas previamente indicados) a entregar a 4 de Abril (3/4 pp.).

2. Um teste (com temas previamente indicados) a realizar em 6 de Junho;

ou um trabalho (6/7 pp.) (previamente combinado) a entregar em 6 de Junho.

 

Comentário de texto (com temas previamente indicados) a entregar a 4 de Abril (3/4 pp.).

Escolha um dos seguintes temas da filosofia de Platão

 

  • - É a pintura uma arte (technè)?

  • - Critérios distintivos da boa e da má imagem

  • - Pode a arte produzir beleza?

  • - A essência da Beleza e seus atributos

  • - A analogia entre amor (eros) e filosofia

  • - A dinâmica do amante e do amado

     

1. Seleccione duas passagens dos Diálogos relevantes para o esclarecimento do tema.

2. Transcreva-as e comente-as.

3. Partindo do comentário, elabore uma síntese, tendo em conta o seu conhecimento da Estética platónica.

 

Critérios de classificação: nível de conhecimentos, organização formal dos textos, clareza e correcção da expressão oral, maturidade de pensamento e espírito crítico.

 


Eros e Beleza no Banquete e no Fedro

7 Março 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

 

Passos argumentativos do Banquete:

- eros como desejo, posse e procriação na Beleza

  A ascensão dialéctica do sensível ao inteligível ou a pedagogia pelo amor.

- Da escala gradual (ordem exacta) à visão súbita (intuitiva) (210 e): a Beleza como Ideia

Questão: é preferível ser amante ou ser amado?

- A dialéctica do amante e do amado (discurso de Alcibíades), Banquete 215 a e ss.

 

A revelação da Beleza no Fedro

- 1º discurso de Sócrates (237 a – 243 e) - Retomação das teses do Banquete

- 2º discurso de Sócrates (244 – 247 e): - eros como mania

- 245c e ss: a natureza heterogénea e tensional da alma. A imagem mítica da atrelagem:

- Eros entre elevação e queda. O delírio depende do reconhecimento: a explicação pela reminiscência

 -  250 b – 252: a revelação da Beleza como Luz e o privilégio da Beleza

253 c- 257 b: as alternativas do amor: Pode o desejo cessar?

  

Diálogos esotéricos e exotéricos de Platão.

  

BELO E BEM

República VI, 509 b-c: “Logo, para os objectos do conhecimento, dirás que não só a possibilidade de serem conhecidos lhes é proporcionada pelo Bem, como também é por ele que o ser e a essência lhes são adicionados, apesar de o Bem não ser uma essência, mas estar acima e para além da essência (ousia) pela sua dignidade e poder [potência/ dunamis].

Fedro 250 b – 252: “É certo que a Justiça, a Sabedoria, tudo o que há ainda de precioso para as almas não possuem nenhuma luminosidade nas imagens deste mundo […] Mas a Beleza era resplandecente, nesse tempo em que, unidos a um coração afortunado, esses tinham como espectáculo a beatífica visão […],

Só a Beleza obteve esse privilégio de poder ser o que é mais evidente e cujo encanto é o mais amável.”

 Filebo 64 e: “A essência do Bem refugiou-se na natureza do Belo, porque a medida e a proporção realizam em toda a parte a beleza e a virtude.”

 

Leituras:

 A ascensão à Beleza em Luís de Camões, Redondilhas de Babel e Sião

[Lysis]

Warner Jaeger, Paideia

 

PRÓXIMA AULA: ARISTÓTELES, Poética

 

 

 

 

 


Questão: Pode a beleza ser produzida?

29 Fevereiro 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

 

Questão: Pode a beleza ser produzida?

Da pergunta socrática: o que é a beleza? à fundamentação metafísica: a Beleza como Ideia (ser)

1. A questão socrática: o que é a beleza?. Hípias Maior : as respostas de Hípias

 

2. A fundamentação platónica: dialéctica do saber e dialéctica da Beleza

Banquete (Symposion) (ou Do Amor): 198 ss (teoria filosófica de eros); 201 d-207 a (Sócrates e Diotima); 210 (dialéctica de eros); 215 a (dialéctica do amante e do amado)

 - O elogio de Eros nos convivas – Fedro (mitologia), Pausânias (eros celeste e eros popular); Erixímaco (eros e as artes); Aristófanes (mito de Andrógino e as variedades do amor); Agaton (o mais belo dos deuses).

 - A intervenção de Sócrates (do esclarecimento do conceito à teoria filosófica do amor.

Eros é um em si ou um relativo?

- A aporia do desejo e da privação / e sua resolução: a revelação de Diotima: o nascimento de eros de Poros e Penia sob a égide de Afrodite

- Amor-filósofo, a sabedoria do amor: desejo, posse e procriação

 - A ascensão dialéctica do sensível ao inteligível ou a pedagogia pelo amor.

“um corpo, muitos corpos / virtude da alma, pensamentos

 Da escala gradual à visão intuitiva (210 e):

“não se vê uma imagem, mas a verdade” (212)

Graus/ degraus do ser = graus/ degraus  da beleza


MUDANÇA DA SALA DE AULA: SALA 11 PN

Próxima aula:  A dialéctica do amante e do amado (discurso de Alcibíades)

 

Fedro: 245c (natureza da alma); 250 (revelação da Beleza: a especificidade da Ideia de Belo)

 

 

 

 


PLATÃO: A TEORIA DA ARTE

22 Fevereiro 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

PLATÃO: A TEORIA DA ARTE

 

1. O conceito platónico de arte (technè).

 Questão: São poesia, pintura, escultura technai? Possuem um modelo? Possuem logos?

 

2. A concepção platónica de mimèsis.

2.1. No livro III da República (República III (393 c ss): análise dos modos do discurso poético: Diegético – narrativo (narrativa do poeta, o ditirambo)

·         Mimético – imitativo (tragédia e comédia) ,   Misto: epopeia     

 Condenação da poesia mimética.

Conceito positivo de imitação: a identificação do bom modelo 

2. 2. No livro X (República 595 c e ss). Exemplificação dos graus do ser: a Ideia (inteligível, una) e os entes sensíveis múltiplos, particulares, mas referidos ao modelo, como reproduções (imitações).

 1.º grau . A ideia: “no que diz respeito à Ideia não existe nenhum artífice que a possa executar”

2.º grau . O artesão “fixa os seus olhos na Ideia para fazer, a partir dela, as camas, as mesas e os objectos de que nos servimos” (technè)

 3.º grau.  Analogia com o espelho: Pintor de objectos aparentes (phainomena) mas sem qualquer verdade (aletheia)

O primado da filosofia (pensamento) sobre a poesia e pintura (produções de imagem)

Livro III: critério pedagógico e moral; critério político

Livro X: fundamentação ontológica

 

2.3. A mimèsis em O Sofista

 219 a - 221 c:  technai  →da aquisição →troca / captura →caça    →da produção (poiètikè)

  264 c- 268d artes da produção                                                 

232 b-235 c: a produção humana  de imagens (arte mimética):  → cópia (eicastikè technè).

                                                           → simulacro (phantastikè technè)

 Próxima aula: A Metafísica do Belo

Hípias Maior

Banquete: 198 ss (teoria filosófica de eros); 201 d-207 a (Sócrates e Diotima); 210 (dialéctica de eros); 215 a (dialéctica do amante e do amado)

Fedro: 245c (natureza da alma); 250 (revelação da Beleza)

 

 

Obras de carácter geral e introdutório

France Farago, L'art, Paris, Armand Colin, 1998, trad, port. A Arte, Porto, Porto Editora, 2002.

Raymond Bayer, Histoire de l'Esthétique, Paris, Armand Colin, 1961, trad. port. História da Estética, Lisboa, Ed. 70, diversas edições.

David Cooper (ed.), A Companion to Aesthetics. Oxford/Cambridge (USA), Blackwell, 1996.

Dizionario di estetica. A cura di Gianni Carchia e Paolo d’Angelo, Roma-Bari, La­terza, 1999, há trad. port.: Dicionário de Estética.

Jean Lacoste, La Philosophie de l'art, Paris, PUF, 1981


Sobre Platão

Pierre‑Maxime Schuhl, Platon et l'art de son temps. Paris, F. Alcan, 1933.

Léon Robin, La théorie platonicienne de l'amour. Paris, PUF, 1964.

Erwin Panofsky, Idea. Ein Beitrag zur Begriffsgeschichte der älteren Kunsttheorie. Berlin, W. Volker Spiess, 1985, 5ª ed; trad. franc.; Idea. Contribution à l'histoire du con­cept de l'ancienne théorie de l'art. Paris, Gallimard, 1983; múltiplas traduções.

José Pedro Serra, Pensar o Trágico. Categorias da Tragédia Grega, Lisboa, Gulbenkian, 2006.

 

 

 

 

 

 


I. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA II. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

15 Fevereiro 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

I. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Multiplicidade de acepções e usos correntes do termo.

Uso como substantivo. Uso como adjectivo: “estético”:

O campo teórico da Estética. A ambiguidade fundamental: sentido estrito e o sentido amplo.Em sentido amplo: conjunto de doutrinas que reflectem sobre a Beleza, a Arte, a experiência (estética) do sujeito e a criação artística. Em sentido estrito: doutrina da sensibilidade.

A invenção da Estética como disciplina independente: Alexander Gottlieb Baumgarten, Aesthetica, 1750. Leibniz-Wolff

Advento da sensibilidade na demarcação com o pensamento lógico. Reconhecimento de uma lógica da sensibilidade.

 § 1. A ESTÉTICA (teoria das artes liberais, gnoseologia inferior, arte do pensar belamente, arte do análogo da razão) é a ciência do conhecimento sensitivo).

 § 1. AESTHETICA (theoria liberalium artium, gnoseologia inferior, ars pulcre cogitandi, ars analogi rationis) est scientia cognitionis sensitivae).

Trad. port. Ana Rita Ferreira, “Prolegómenos” da Estética de Baumgarten”, Philosophica, 44 (2014).

O objectivo da Estética é o de conhecer e produzir a beleza.

§ 14. O fim da Estética é a perfeição do conhecimento sensitivo enquanto tal. Ora este fim é a beleza.

§ 14. Aesthetices fines est perfectio cognitionis sensitivae, qua talis. Haec autem est pulcritudo.

 

II. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

Objectivos: Enquanto disciplina introdutória da licenciatura em Filosofia, mas frequentada também por alunos de outras licenciaturas (Estudos Gerais, Línguas e Literaturas C, Artes do Espectáculo, História da Arte, Artes e Culturas Comparadas, Arte e Humanidades, Ciências da Comunicação), o programa oferece uma visão panorâmica dos principais problemas, correntes e orientações da Estética.

Tendo em conta o nível dos alunos, optou-se por um programa que incide em autores clássicos, estudados em textos fundadores de todo o pensamento estético. A diversidade dos modelos propostos cobre também o arco temporal da Antiguidade até à actualidade.

Esta diversidade justifica que a Estética não tenha um objecto teórico preciso e que o termo “estético” seja um aglutinador de orientações muitas vezes contraditórias, ora designando qualidades intrínsecas dos objectos, ora os modos pelos quais o sujeito apreende e sente o mundo circundante.

No final do curso, os alunos estarão habilitados a identificar problemas, a usar correctamente conceitos operatórios e a analisar crítica e comparativamente as diferentes teorias estudadas.

 Conteúdos: Esta unidade curricular, disciplina obrigatória do 1.º ano da licenciatura em Filosofia, oferece uma visão ampla dos grandes problemas da Estética Filosófica.

Tendo por base o estudo de doutrinas e obras fun­­­damentais, apresenta a evolução da concepção de Estética e a diversidade dos seus principais modelos:

a metafísica do Belo.a poética da obra singular; a experiência sensível e sentimental do mundo; a filosofia da história do belo na arte; a fenomenologia da expressão artística.

 Tópicos do Programa:

Introdução. O lugar da Estética no âmbito do saber filosófico. Multiplicidade de acepções e usos correntes do termo. O campo teórico da Estética. A invenção da Estética como disciplina independente.

1. Platão: o belo como ideia. A desvalorização do plano da aisthèsis. A dinâmica erótica no ca­minho do "ho­mem" até à alma. A ideia‑arquétipo como modelo e critério da apreciação.

2. Aristóteles: a poética da obra singular. Analogia entre a tragédia e o ser vivo. O princípio estético da verosimilhança. A catarsis: o apelo ao espectador.

 3. Kant: a autonomia da experiência estética. Gosto e sen­timento. Re­ciprocidade da contemplação e da cria­ção. A tensão imaginação-razão na génese do sublime. Ideia estética e intuição criadora.

4. Hegel: a historicidade da arte. A ar­te como manifestação sensível do absoluto. O primado da beleza artística. Linguagem poética e pen­sar filo­sófico.

5. Merleau-Ponty e Paul Klee: fenomenologia e ontologia da expressão artística. A ar­te como visão exemplar e linguagem originária.

Bibliografia Primária

Consta dos seguintes textos fundamentais (com os títulos em português)

Platão, Hípias Maior, República, livros III, X; Sofista (excerto), Banquete, Fedro [serão indicados os principais excertos].

Aristóteles, Poética.

Kant, Crítica da Faculdade do Juízo (Analítica do Belo e Analítica do Sublime).

Hegel, Estética (Introdução, O ideal do belo).

Merleau-Ponty, O Olho e o Espírito. L’Oeil et l’Esprit

Paul Klee, Teoria da Arte Moderna.

 

A Bibliografia Secundária acompanha os diversos pontos da matéria e inclui Estudos e Obras Instrumentais: Histórias da Filosofia, Histórias da Estética e Manuais de Estética e Filosofia da Arte.

 Avaliação

1. Um comentário de texto (com temas previamente indicados) a entregar a 4 de Abril (3/4 pp.).

2. Um teste (com temas previamente indicados) a realizar em 6 de Junho; ou um trabalho (6/7 pp.) (previamente combinado) a entregar em 6 de Junho.

 Critérios de classificação: nível de conhecimentos, organização formal dos textos, clareza e correcção da expressão oral, maturidade de pensamento e espírito crítico.

 adrianaserrao@fl.ul.pt

Atendimento: 2ª  feira - 17h-19h

Leituras para a próxima aula:

Platão: República III  (393 c ss) e X (595 c e ss).

Sofista 219 a- 221 c; 232 b-235 c; 264 c.