Sumários

Alguns temas e problemas centrais na longa duração da História de África. Metodologia das fontes escritas europeias.

11 Novembro 2021, 09:30 José Augusto Nunes da Silva Horta

1. Alguns temas e problemas centrais ao longo da História de África: migrações e trocas culturais; a diversidade das formas de organização social e os processos de centralização política; O tráfico transatlântico de escravos e a integração da África nos sistemas comerciais internacionais; o poder colonial e o debate sobre o alcance da sua herança na África pós-colonial. Conclusão do comentário a "Legacies of the Past — Themes in African History" de John Akare Aden e John H. Hanson.

e considerações sobre o problema da periodização da História de África

 

2. As fontes escritas europeias para a História de África e os seus problemas.

As fontes europeias, quando existem, são fundamentais para o estudo dos espaços africanos litorais ou conectados com a presença europeia, a partir do século XV. A perspectiva enviesada ("baised") das fontes face às sociedades observadas  em que se projectam as categorias e juízos de valor europeus; identificação dos informantes dos autores europeus, muitas vezes africanos e as suas agendas; alcance geográfico limitado; temas e interesses cobertos pelas fontes; fontes escritas por africanos em línguas europeias; dispersão dos documentos; domínios das línguas da documentação.

Comentário ao capítulo de John Thornton, "European Documents and African History".


Entre visões académicas e uma visão redutora sobre as sociedades africanas no passado e no presente

9 Novembro 2021, 09:30 José Augusto Nunes da Silva Horta

1. Conclusão do comentário à segunda parte do capítulo de J.-L. Amselle.
2. Confronto das perspectivas de Donald Wright,  académica, e de um artigo de jornal "Elas querem Pôr as tribos de Angola na moda", baseado numa visão redutora sobre as sociedades africanas.
3. Os grandes temas e momentos da História de África. Início do comentário a um texto de John Akare Aden e John Hanson.


Continuação da análise ao Tratado de A. A. de Almada. O que se estuda na História de África? Uma proposta sobre a relações entre espaços e sociedades

4 Novembro 2021, 09:30 José Augusto Nunes da Silva Horta


1. Continuação da análise ao Tratado de A. A. de Almada: o que nos diz um índice de uma fonte histórica sobre a organização do discurso do autor?


 2. Continuação da análise do texto de Donald R. Wright (e de Amselle), em confronto com o discurso de uma notícia/entrevista publicada no Jornal  Público de  08/09/ 2018 intitulada “Elas querem pôr as tribos de Angola na Moda". Desconstrução de um discurso essencialista e estereotipado sobre as sociedades africanas a partir da categoria homogeneizadora de "tribo". Este contrasta vivamente com a abordagem de Ruy Duarte de Carvalho sobre os Kuvale (os "Mucubais" da notícia).

  3. Afinal, o que se estuda na História de África? Comentário à segunda parte do capítulo de Jean-Loup Amselle, "Etnias e Espaços: para uma Antropologia topológica".

Uma proposta de Jean-Loup Amselle para compreender o passado “pré-colonial” das sociedades africanas. Comentário à segunda parte do capítulo "Etnias e espaços: para uma antropologia topológica". 

1. Os espaços dos mundos africanos enquanto espaços socializados, construídos pelas relações entre sociedades. As cadeias de sociedades englobantes e englobadas e os espaços socializados dos mundos africanos:

- Os espaços de trocas — espaços hierarquizados de apropriação da produção, controle da circulação e de consumo (conclusão); lógicas comerciais africanas e signos monetários. 

- Espaços estatais, políticos e guerreiros — a natureza do poder político, poder sobre pessoas e não sobre terra sujeita a fronteiras; a dinâmica histórica de agregação, desagregação e nova agregação sucessivas entre estados, chefados e sociedades linhageiras (semelhante a fenómenos de diástole e sístole); relações tributárias, predatórias e deslocações de população. 

- Espaços linguísticos —tipos de línguas e tipologia de áreas linguísticas; relação dessas áreas com a composição e decomposição de espaços políticos, de trocas e 

- Espaços religiosos. 

- Mutações étnicas e os sistemas de classificação identitária "pré-coloniais" — escolhas identitárias e grupos categoriais relacionados com as cadeias de sociedades: a classificação identitária e a sua apropriação pelos actores sociais como o resultado de um jogo de forças; o valor performativo do "etnónimo" e a pluralidade dos seus significados; a identidade: um estado, consoante os contextos, e não uma essência cultural.


Para além da etnia: uma visão dos Kuvale no seu contexto socio-histórico. Uma crítica à visão da história do continente dividida em “tribos”.

2 Novembro 2021, 09:30 José Augusto Nunes da Silva Horta

1. Conclusão da análise aos textos de Amselle e M'Bokolo (1ª parte)

2. Para além da etnia: uma visão dos Kuvale no seu contexto socio-histórico. Comentário a um texto de Ruy Duarte de Carvalho.

1. O olhar implicado sobre sociedades pastoris: os Kuvale do sul da actual Angola, da História ao passado recente

Apreensão de uma singularidade Kuvale (povos Herero do Sul de Angola) — feita de várias singularidades — a partir do trabalho de Ruy Duarte de Carvalho Aviso à Navegação, Olhar sucinto e preliminar sobre os pastores Kuvale da província do Namibe com um relance sobre as outras sociedades agro-pastoris do Sudoeste de Angola. 

. A singularidade geográfico-ecológica (resultante da adequação do seu saber aos condicionamentos naturais) e a, consequente, singularidade económica dos Kuvale. A singularidade histórica marcada por "guerras" em que os Kuvale estiveram envolvidos com destaque para os conflitos com outros povos pastores e para a dominação colonial que procurou desestruturar o seu modo de vida pastoril, depois recuperada, na própria era colonial com o recurso, provisório, à actividade agrícola e consolidada depois da independência usufruindo do fim dos impostos e das restrições ao território dos Kuvale. Singularidade como escolha, sujeita às circuntâncias históricas.

Uma crítica à visão da história do continente dividida em “tribos”: análise de um texto de Donald R. Wright.

Entre outros tópicos, discussão dos seguintes: o problema da projecção inadequada do conceito ocidental de "boundaries" (fronteiras/limites), enquanto limites territoriais lineares e rígidos para os contextos africanos "pré-coloniais" (através de conceitos europeus como "reinos" ou "impérios"), ideia desenvolvida a partir do caso da entidade política do Niumi (na actual Gâmbia); em alternativa compreender a importância do controlo/poder sobre os homens e não sobre a terra; o problema da aplicação do conceito de "grupo étnico" com limites rígidos, em contraponto de um conceito flexível de identidade e de identidade étnica (na sequência de um textos de Amselle e M'Bokolo).


Metodologia da análise de fontes históricas. Os condicionamentos epistemológicos da produção do conhecimento (conclusão). A desconstrução do objecto étnico

28 Outubro 2021, 09:30 José Augusto Nunes da Silva Horta

1. Continuação da aplicação da metodologia de análise de fontes: conclusão a análise do Prólogo e do índice do Tratado de A. A. de Almada. 

2. Discussão do comentário a dois excertos de V. Y. Mudimbe. O peso da ordem epistemológica ocidental da qual dependem as categorias e sistemas conceptuais, quer nos intérpretes ocidentais, quer nos analistas africanos. O questionamento das imagens ocidentais da África: uma África inventada. Estrutura colonizadora e sistema dicotómico de avaliação da alteridade. Filiação epistemológica e etnocentrismo cultural.

3. A desconstrução do objecto étnico. A "Etnicidade" e o "Tribalismo" questionados como factores explicativos da história contemporânea e como representações eurocêntricas e estereotipadas das sociedades africanas. Início do comentário a excertos da obra Pelos Meandros da Etnia de Jean-Loup Amselle e Elikia M'Bokolo (Introdução de Amselle e M'Bokolo, 1ª parte do capítulo de Jean-Loup Amselle, "Etnias e espaços: para uma antropologia topológica", bem como o prefácio à 2ª edição, por Amselle e M'Bokolo,  todos pertencentes à obra Pelos Meandros da Etnia)

Os conceitos herdados de outras disciplinas interpelados na sua operatividade para a História de África:  a desconstrução do objecto étnico da Antropologia colonial. Os denominadores comuns das definições de "tribo" e "etnia" — as de um estado-nação de tipo inferior — a revisão desta concepção, fixista e fechada a outras interacções e contextos, por algumas definições mais fluídas e abertas da corrente dinamista da Antropologia. Afinal: a identidade que se designa por "étnica" é uma invenção colonial ou antes foi a sua rigidificação que foi inventada?