Sumários

A arqueologia das Ciências Humanas segundo Michel Foucault

19 Fevereiro 2021, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

Apesar de o Homem ser um dos mais antigos problemas colocados à civilizaçao ocidental, as ciências que fizeram do Homem o seu objecto foram as últimas a constituir-se. Depois da geometria e aritmética, depois da Física, da Química e da Biologia, as ciências humanas como a Sociologia, a Psicologia, a História, a Linguística, a Antropologia, a Economia, surgiram apenas no sec.XIX. Como explicar este "atraso"? Tradicionalmente atribui-se a constituição tardia das ciências humanas à enorme complexidade do seu objecto. Dotado de livre-arbítrio e, portanto, de imprevisibilidade, o Homem escaparia a todas as tentativas de formulação de leis universais sobre os seus comportamentos (individuais e colectivos) e sobre os seus estados de consciência. 

Michel Foucault contesta esta explicação pela "complexidade" do objecto das ciências do Homem, uma vez que qualquer objecto - seja da Física, da Química ou da Biologia - tem múltiplas dimensões de idêntica complexidade.Segundo Foucault as ciências humanas foram as últimas a constituir-se porque o "objecto Homem" se constituiu apenas no final do sec.XVIII, enquanto par empírico e transcendental, enquanto realidade analisável pelas mesmas categorias das ciências empíricas na sua condição de ser que trabalha, que fala e que vive, e realidade transcendental, isto é, fornecendo as condições de possibilidade da constituição das próprias ciências Físicas, Químicas, Biológicas que tomam o Homem como entidade empírica. 


Os conceitos de "racionalidade" no modelo explicativo de Elster e na História da Loucura de Foucault

16 Fevereiro 2021, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

O carácter central do conceito de "racionalidade" nos modelos de explicação do comportamento social. A importância da teoria dos jogos no modelo de Elster.

A racionalidade tem sempre o estatuto de efeito de uma composição estratégica e não de uma condição de possibilidade. Se Elster rejeita uma antropologia da razão, reconhece porém a necessidade de uma psicologia das faculdades, com a composição dos factores de estratégia e dos elementos emocionais. 
Foucault, na História da Loucura, pensa a razão sempre em espelho diante das experiências da desrazão. As figuras da racionalidade no ocidente aparecem assim como efeito de repulsa e de domínio de fenómenos de irracionalidade.


os conceitos de "norma" de "instituição" na obra de Jon Elster. O contraste com a tradição continental

15 Fevereiro 2021, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

Na teoria da decisão racional, as normas e as instituições são consideradas apenas elementos das crenças dos indivíduos. As normas são descritas por Jon Elster como convenções sociais, que podem ou não ser respeitadas, do mesmo modo que as instituições (como a escola, a polícia, a justiça) não têm um efeito de constrangimento forte sobre os agentes individuais. Nesse sentido, Elster não dedica mais do que um capítulo a essas esferas do constrangimento colectivo, porque precisamente rejeita o próprio conceito de "consciência colectiva". 

Ao contrário de Elster, a tradição continental das ciências humanas, como nos casos de Weber, Mauss, Durkheim, trabalha sobretudo os factores normativos e institucionais na compreensão do comportamentos colectivos.
Diferentes conceitos de "norma". Mauss, Lévi-Strauss e Foucault. Dos hábitos à disciplina passando pela proibição do incesto


A arqueologia das ciências humanas segundo Michel Foucault

12 Fevereiro 2021, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

Apesar de o Homem ser um dos mais antigos problemas colocados à civilizaçao ocidental, as ciências que fizeram do Homem o seu objecto foram as últimas a constituir-se. Depois da geometria e aritmética, depois da Física, da Química e da Biologia, as ciências humanas como a Sociologia, a Psicologia, a História, a Linguística, a Antropologia, a Economia, surgiram apenas no sec.XIX. Como explicar este "atraso"? Tradicionalmente atribui-se a constituição tardia das ciências humanas à enorme complexidade do seu objecto. Dotado de livre-arbítrio e, portanto, de imprevisibilidade, o Homem escaparia a todas as tentativas de formulação de leis universais sobre os seus comportamentos (individuais e colectivos) e sobre os seus estados de consciência. 

Michel Foucault contesta esta explicação pela "complexidade" do objecto das ciências do Homem, uma vez que qualquer objecto - seja da Física, da Química ou da Biologia - tem múltiplas dimensões de idêntica complexidade.
Segundo Foucault as ciências humanas foram as últimas a constituir-se porque o "objecto Homem" se constituiu apenas no final do sec.XVIII, enquanto par empírico e transcendental, enquanto realidade analisável pelas mesmas categorias das ciências empíricas na sua condição de ser que trabalha, que fala e que vive, e realidade transcendental, isto é, fornecendo as condições de possibilidade da constituição das próprias ciências Físicas, Químicas, Biológicas que tomam o Homem como entidade empírica. 


Jon Elster como representante da tradição da filosofia analítica em ciências humanas

9 Fevereiro 2021, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

O programa de uma "explicação" do comportamento social a partir de uma teoria da decisão racional na obra de Jon Elster.

A diferença entre "explicar" e "compreender" em ciências humanas. A tradição positivista da filosofia analítica e o modelo de von Wright para a psicologia. Jon Elster retoma o programa de "explicar" a psicologia social. com a distinção entre explicar a partir de causas (ciências físicas e químicas), a partir de funções (biologia) e a partir de intenções (ciências humanas). As intenções nos comportamentos humanos são explicativas supondo que cada decisão depende de um fim a realizar, de um conjunto de crenças sobre esse fim e sobre as condições da sua realização, e a capacidade de cálculo dos passos a dar e da interação com outros agentes. O princípio do individualismo metodológico na explicação de acontecimentos colectivos.