Sumários

Exercício escrito

3 Junho 2020, 16:00 Ernesto José Rodrigues

Linguagem dos Media

 

Enviar as respostas até às18,10 horas para

ernestorodrigues@campus.ul.pt

 

Este exercício consta de quatro partes: três relativas a uma notícia e redacção de crónica, até 20 linhas.

 

1. Esta notícia tem alguns erros ortográficos, de adequação vocabular e topográfica. Assinale cada um dos erros e coloque, à frente, a designação correcta.

2. Comente a peça quanto à técnica jornalística.

3. Refaça o texto, seguindo as regras do lead e partes da notícia.

Nota: Seja coerente na obediência, ou não, ao Acordo Ortográfica de 1990.

 

O Josué da telenovela despediu-se de nós

UM CRIME INCENSATO

 

Hoje, na Parede, Oeiras, foi morto um homem simpático por 4 vizinhos sem coração.

José Vigente da Fonseca, o epico Zezinho da telenovela, acorria ao toque da campainha, e, ao abrir a porta, solicito, terá sido esfaqueado á bruta, até devolver a alma ao Criador. Ainda exclamou, segundo fontes no local, que correram aos seus gritos e já o encontraram em sangue: «Morro bem. Salvem a pátria!» Um vizinho confessou: «Perderam a tramontana.» Concerteza que tais opiniões esdrúxulas dizem muito a cerca de quem as prefere. A polícia tomou conta da escorrência.

 

4. Título de crónica: «Isto assim não vai lá»


Exercício escrito

3 Junho 2020, 14:00 Ernesto José Rodrigues

Linguagem dos Media

 

Enviar as respostas até às16 horas para

ernestorodrigues@campus.ul.pt

 

Este exercício consta de quatro partes: três relativas a uma notícia e redacção de crónica, até 20 linhas.

 

1. Esta notícia tem alguns erros ortográficos, de adequação vocabular e topográfica. Assinale cada um dos erros e coloque, à frente, a designação correcta.

2. Comente a peça quanto à técnica jornalística.

3. Refaça o texto, seguindo as regras do lead e partes da notícia.

Nota: Seja coerente na obediência, ou não, ao Acordo Ortográfica de 1990.

 

Primeiro Ministro vítima de atentado?

Quando visitava o Parque Eduardo VI, em Lisboa, seriam as 5 da tarde, o senhor primeiro ministro viu-se na iminência de um grandíssimo perigo, que os guarda-costas todavia atalharam. De baixo de uma raiz, bem cozido ao chão, encontrava-se um engenho mergulhado em álcool, que um assessor sossegadamente desencravou aparte e fez deslisar para a Praça Conde de Pombal, acerca duma hora, apesar deste perito em milhas e armadilhas concluir, há margem da conferência de Imprensa, que fora uma benção ele não se ter desiquilibrado, e lamentando que se não deferisse uma visita á Feira do Livro, sendo ineludível o impato que a explosão teria na política nacional.

Fontes fidedignas, cuja a atenção devemos respeitar, não corroboram esta versão e diz-se que, apesar da enorme aderência do primeiro ministro, não há ali obsessão pela leitura, mas podem haver intenções escondidas de caça ao voto. Vá-se lá saber.

 

4. Título de crónica: «Isto assim não vai lá»


Questões de imagem (2)

8 Maio 2020, 16:00 Ernesto José Rodrigues

Neste interlúdio, não esqueçamos a publicidade: ela já 'marcou' muitas páginas e deixou o espaço que os redactores se dividem. Torna-se relativamente fácil, para quem está dentro, escrever à luz dessa contingência. Quanto àquela, paga-se à altura dos espaços que ocupa: da 'orelha' na primeira página à última, das segunda e terceira às centrais, do ângulo superior direito na ímpar (esquerdo na par) à utilização de cor, tudo serve para cobrar mais. 

       Cada jornal escolhe, pois, as suas páginas e espaços 'nobres' e trata-os em conformidade: no século passado, os rodapés folhetinescos eram os de mais vasta leitura e, em muitos lares, religiosamente recortados.

       A quarta e última caía, então, sob a alçada da publicidade e o mesmo fazem, hoje, conspícuos diários internacionais. Mas costuma guardar-se para as 'últimas' – textos de última hora –, ou fazendo actualidade com a primeira, que lhe lança os continuados.

       Ainda existe Imprensa de província que nela insere longas colaborações, cujas continuações revertem para páginas interiores, não raro de mistura com a publicidade, o que é desaconselhável: andar para trás é perder tempo. [Já agora, escreva-se: Continua na p. / pág./página 3, e não: na 3ª pág.]

       As centrais são importantíssimas na Imprensa regional. Em terras pequenas e em jornais de poucas páginas, subsiste a ideia de centro, onde todos se encontram. Sem as quebras das outras, as centrais significam a mais vasta respiração de peças fortes, necessariamente com chamada na primeira.

       A terceira (la terza, como dizem os italianos) também assegura continuados da primeira, nuns, ou liberta-se por completo: reserva-se, em Itália, para os cronistas de nomeada (a que Le Monde dá a segunda, logo seguindo pela diplomacia estrangeira, como desde a segunda faz El País), enquanto os tablóides sensacionalistas ingleses oferecem a tradicional jovem sem adereços...

       Experiências modelares como Libération e o Público anunciam uma primeira linha forte que se constitui dossiê nas páginas 2, 3 e, eventualmente, seguintes.

       São órgãos, de resto, que abrem 'janelas' e jogam com brancos, como para respirar da densidade informativa.

       O debate sobre a primeira – 'montra'? diagramação mista? ou nada disso? – está para durar.

       O mesmo no campo minado e excitante da titulação: esta já não cobre, na totalidade, os textos e (parcialmente) as ilustrações a que se re

fere, embora haja maior cuidado em não deixar tocar-se dois títulos.

       Um a toda a largura da página (seis colunas) nem sempre é a melhor solução: quantas vezes a peça não aguenta a importância que lhe querem conceder? 

       A melhor Imprensa espanhola, p. ex., parte a linha de título no artigo ou, mesmo, a palavra, o que nunca ocorre entre nós. Quando houver números a abrir título, escrevam-se por extenso.

       Duas cercaduras também não podem tocar-se. Os filetes não devem formar 'escadas'. Intertítulos em fim de coluna atordoam mais do que as também lamentáveis palavras penduradas ao cimo da coluna formando uma linha caída.

       Sentimos que deveríamos tratar longamente a encenação em que a actividade jornalística se metamorfoseou, mais por culpa do pequeno ecrã, onde o repórter e pivô viraram actores. Quebrando a velha sobriedade na apresentação e postura, são chamados, entretanto, a dar a cara a campanhas publicitárias, que tudo dominam.

       A mensagem fabrica vedetas que, por seu lado, se oferecem ou entregam às máquinas de vender outro tipo de estrelas, desde sabonetes a automóveis. Entre o meio e a mensagem havia alguém; deixou de haver, pois o próprio intermediário já é mensagem.

       Em crónica do Diário de Notícias (29-10-1993), Pedro Rolo Duarte não esteve com meias medidas: «O jornalismo faz-se cada vez mais de imagens fortes, de títulos apelativos, de grafismos arrojados e de um estilo que o aproxima da mensagem publicitária. Uma primeira página, uma capa, um lead, não são muito mais do que anúncios. No mesmo plano, a publicidade já não é mais o papão mentiroso que impinge e vende indiscriminadamente.»

       O conhecimento dos públicos a que se destina o produto jornalístico é, assim, uma urgência, o que, nas parcas tiragens e terras pequenas, vem facilitado, quer se faça uma sondagem de audiência, quer se analise a correspondência recebida (incluindo, p. ex., um cupão em sucessivas edições).

       A intenção é aproximar a linguagem e as temáticas dos estratos receptores, não ignorando que há uma linguagem massmediática com características próprias, que os redactores aceitam ou não. [Ver o cap. V de A Comunicação Social, por Adriano D. Rodrigues, 2ª ed., 1980. Para a invasão publicitária, e do mesmo autor, O Campo dos Media, 2ª ed., s/d.]

       Da conjugação destes factores - que vão de uma simples legenda à relação com a publicidade - nasce a imagem de um jornal enquanto instituição e do seu destino na sociedade. Sobre ele e os seus redactores, entretanto, pesam responsabilidades cada vez mais diluídas na vertigem dos dias.


Final do semestre.


Importante: 

O exame final para Não Avaliados ou com nota negativa será no dia 3 de Junho, às 16 horas. As respectivas questões serão colocadas nesta página. As respostas, até às 18 horas, serão enviadas para ernestorodrigues@campus.ul.pt  


Trabalhos em Grupo + EXAME (Orientações)

8 Maio 2020, 12:00 Silvia Valencich Frota

Apresentação dos trabalhos em grupo, via Zoom. Conclusão da disciplina. Obs.: Aula ministrada na modalidade de ensino à distância. Número de utilizadores da plataforma Moodle: 59.

EXAMES


Para os/as alunos/as que optem pela realização do exame, seguem algumas orientações:
1. O exame será realizado via e-mail (conta campus/edu), no dia 03/06, quarta-feira,  até às 14h00.
2. As questões serão enviadas na véspera para que o aluno já tenha acesso às mesmas no início da quarta-feira, dia 03/06.
3. No dia 25/05, segunda-feira, às 12h00, haverá uma sessão de orientação e apoio, via Zoom: 
  • https://videoconf-colibri.zoom.us/j/99568355297?pwd=NUVJN0U4ZjBFVzAzeFRuaG55SmNPUT09
  • ID da reunião: 995 6835 5297
  • Senha: 717074
4. Em caso de dúvida, o/a aluno/a deve enviar mensagem para silviafrota@letras.ulisboa.pt.

Bom estudo!


Questões de imagem

6 Maio 2020, 16:00 Ernesto José Rodrigues

Um jornal dito de referência não costumava primar, nos seus cadernos informativos, por um aspecto gráfico revolucionário. A imagem compunha a página, sim, mas não se autonomizava ou despertava para o texto que acompanha.

       Aos poucos, mesmo esses títulos da Imprensa internacional passaram a cuidar-se, em lentas mudanças internas, do grafismo à colocação dos "bonecos", que, numa civilização do olhar, adquiriram outra mobilidade.

       Em Portugal, conquistada a mancha tablóide na maioria dos casos, são raras as excepções que diária ou semanalmente se cuidam: a carga informativa do material iconográfico é quase nula, por repetitivo, vendo-se obrigado a tapar buracos; ignora-se, também, o jogo com outros elementos além da fotografia: o tão precioso cartoon, a aposta nas caixas, a apresentação em negativo, a abertura dos filetes (e que tipo de filetes), as vinhetas, capitulares, etc.

       A própria tipografia (tipos e corpos usados, relação entre caixa alta e baixa...) deixa muito a desejar e os avanços tecnológicos escamoteiam dramas mínimos, mas significativos, qual o da translineação, em que a divisão silábica sofre tratos de polé.

       O repórter fotográfico está ao nível de quem redige a mesma reportagem. Acompanhando, em repetidos instantâneos, a actualidade, concorre no interesse que a folha pode reforçadamente despertar e acumula, na sua câmara, um arquivo explosivo a utilizar em data oportuno.

       A força dos seus cliques, antes ainda de ela valer por si, já se nota nas fotolegendas: o breve apanhado substitui o artigo esforçado de que qualquer redactor é capaz, embora a contragosto. Observa-se a sua autonomia quando – a despeito do que alguns asseveram – a curta legenda joga com o título e lhe acrescenta, mesmo, a faísca informativa que responde por completo à curiosidade do leitor apressado. Com o título, é uma das primeiras coisas que lemos.

       A colocação da legenda – em baixo, centrada ou à esquerda, com ou sem pontuação, em negativo ou não; ao lado, em cima ou em baixo, eventualmente em escada – decorre da linha gráfica da publicação. O mesmo para o número de linhas, quase sempre uma. Retratos pessoais ou reproduções no corpo da peça facilmente inteligíveis não requerem legenda.

       É mau, todavia, aceitar cegamente as indicações que procedem dos inúmeros gabinetes de Imprensa, sempre solícitos no envio de material legendado, ou das agências: o risco é repetir, por preguiça, um conjunto não-inédito cujo texto saiu igualmente noutros jornais. Aí, o leitor desconfia da falta de imaginação.

       Essa imaginação depaupera-se, ainda, no repetitivo enquadramento das fotos, sobretudo de personalidades regularmente em página – e mais se o arquivo não as renova, o que cria desfasamentos, de idade e físico, por fim risíveis.

       Se não há tempo para retoques, há, pelo menos, para cortes, valorizando aspectos que, no conjunto, passariam despercebidos. Cada foto tem, nas costas, a vida atribulada por que passou: publicação a que se destina, tamanho, página, lugar, ao alto, ao baixo, reduzida ou ampliada...

       Justapô-la ou colocá-la ao lado de outra com iguais medidas não se faz. Personagem de perfil não se põe na margem a olhar para fora da página.

       O senão destes processos é a manipulação, em que todos os regimes políticos – incluindo os democráticos – fazem gala: é fácil apagar de um acto solene o responsável caído em desgraça ou que não nos interessa; fabricar verdades 'históricas' com a magia da fotomontagem.

       É bem verdade, todavia, que tudo o que acima fica dito integra a agradável paginação universalmente procurada (item em que há jornais de província pavorosos, mas enfim...). Parte daí o convite à leitura. E, claro, se um jornalista perdeu o dia a recolher, seleccionar e valorizar material, ele quer ver o trabalho graficamente reconhecido; de outro modo, desanima.

       Regionalmente falando, a hierarquização de sentidos que cada peça constitui depende do supracitado conceito de proximidade.

       A paginação, distribuindo, fá-lo por escalas e medidas de importância, cria relações entre os materiais, destaca colunas, lateralizações ou assuntos. Tudo isso já era evidente na maquetagem.

       Com um mínimo de referências a que o leitor se habituará – título das secções, colocação do nome da publicação, data e número de página, índice ou sumário, ficha técnica, chamadas, remissões, sínteses, etc. –, persegue-se um equilíbrio que se deseja harmonioso. Nasce, com certas publicações, uma relação afectiva extraordinária, propósito, afinal, de todas elas.

            Um editor (quando não o chefe de redacção ou o director, no caso da primeira página) tem, assim, não pequena responsabilidade; ideal, por congraçar as diversas vontades e melhor conhecer esse objecto na sua globalidade, será um redactor-paginador.