Sumários

A globalização dos média e os média globais

15 Abril 2020, 12:00 Silvia Valencich Frota

Introdução ao quarto e último módulo do programa: a globalização dos média e os média globais.

Obs.: Aula ministrada na modalidade de ensino à distância. Número de utilizadores da plataforma Moodle: 59.


Crónica

3 Abril 2020, 16:00 Ernesto José Rodrigues

A crónica releva da História, da Literatura e do Jornalismo. A "chronica do dia", com que o Diário de Notícias abria nos seus primórdios, informava de entrada, ronceiramente, que «Suas Magestades e Altezas passam sem novidade em suas importantes saudes». Seguiam o calendário litúrgico, nascimento e ocaso do sol, efemérides, despachos telegráficos e locais que, hoje, nunca consideraríamos notícia. Era uma salada a sobrevoar a unidade do folhetim, firme no seu poiso. A História do dia cumpria-se no Jornalismo possível. Em breve, a Literatura tomaria o lugar daquela e, no presente, seria possível associar-lhes outras disciplinas (sociologia, psicologia, etc.).

       O que interessa, todavia, é que, deslaçando-se do folhetim, manteve a constante da voz pessoal, fez-se paleta de uma íntima e suspensa reportagem por que dá a cara o subscritor.

       É à luz daquelas três macro-estruturas que José Marques de Melo elabora um útil texto de síntese (“A crónica”, em Jornalismo e Literatura, 1988, pp. 41-53), contrapondo, depois, a crónica do jornalismo hispano-americano à do luso-brasileiro.

       Aqui, «é um gênero jornalístico opinativo, situado na fronteira entre a informação de atualidade e a narração literária, configurando-se como um relato poético do real».

       Contestamos, de seguida, que ela deva obedecer às «três condições essenciais de qualquer manifestação jornalística: atualidade, oportunidade e difusão coletiva». Não: a crónica pode, e deve, criar as duas primeiras, alargando a terceira. É, como não nota o articulista, uma das facetas do poético, que solta e se liberta do nada.

       O folhetinista sabia isso: acusado regularmente de não ter ideias, reinventava situações que o país não favorecia e brincava com essa desgraça no próprio texto. Queria-se menos crítico que bem-disposto; antes diletante que doutrinário; preferindo os brincos da frivolidade à sisudez conselheiral.

       Tudo isso passou para a crónica moderna, mais irónica do que austera, a favor de jogos linguísticos contra lugares conceituosos. A sua função «educativa» é bem menor do que pensam Nuno Rocha e o autor do artigo.

       Victor Silva Lopes (Iniciação ao Jornalismo, 2ª ed., 1981, p. 103), aí citado, é modelar: «A crónica é um pequeno texto narrativo que se ocupa de um episódio (às vezes, banal ou insólito) do quotidiano [pessoal ou colectivo, acrescentamos]. O cronista prevalece o comentário, numa linguagem expressiva, por vezes poética, mas simples e clara.»

       E depois: «A crónica permite uma interpretação subjectiva da realidade e, frequentemente, faculta ao seu autor a possibilidade de revelar seus ideiais. [...] A ironia, o humor ou a dureza do tema são formas geralmente escolhidas para rematar uma crónica. Aliás, o cronista num jornal procura observar a realidade (sem muitas das vezes se servir da entrevista), julga-a e procura extrair um comportamento social [não forçosamente, juntamos].»

       Daniel Ricardo (ob. cit., p. 31), opondo traços distintivos entre reportagem e crónica, na perspectiva de José A. Benitez (Tecnica Periodistica, 1971), oferece seis alíneas, sendo, todavia, problemáticas as duas últimas:

       «e) à vivência pessoal, na reportagem, contrapõe-se a reacção pessoal, na crónica.

       f) A reportagem explica, interpreta, analisa; a crónica propõe, sugere, convida a imaginar.»

       Bom: quanto a f), é um caso de gradação, porque estes géneros podem intercambiar-se; quanto a e), a inanidade da diferença vivência/reacção surge clara se fecharmos com a definição que defende Óscar Mascarenhas (“Crónica nada!”, Diário de Notícias, 26-11-1992): «Crónica é relato pincelado, é reportagem na primeira pessoa. Acompanha um acontecimento num dado tempo e transporta o leitor nos nossos olhos.»

       De imediato, como a negar a citada diferença: «Crónica é o recurso jornalístico a que se lança mão quando a descrição seria fastidiosa, impossível ou ociosa.»

       Ou seja: a oposição entre géneros não vinga; modelização de um programa, qualquer género é singular, contaminado embora. É notório que, nestas aspas de Mascarenhas, só há reacção com vivência.

            Informação alheia ou que de nós extraímos, a notícia pesa e a ela voltamos, porque, sobre as breves ou a síntese – de facto, só título e lead, e nem sempre aquele –, a apreensão dos elementos cronísticos nasce, muitas vezes, do hoje omnipoderoso fait divers.


Oficina 3: redes sociais (conclusão)

3 Abril 2020, 12:00 Silvia Valencich Frota

Conclusão da oficina 3.


Obs.: Aula ministrada na modalidade de ensino à distância. Número de ulilizadores da plataforma Moodle: 59


Géneros jornalisticos

1 Abril 2020, 16:00 Ernesto José Rodrigues

[Repete-se texto já constante de www.culturaport.blogs.sapo.pt. Visa-se maior atenção à 'crónica'.]

Temos falado, quase só, de Informação e aqui voltaremos no essencial deste capítulo. Ao referirmos os quinto e sexto elementos do lead, assinalámos que há um "como" as coisas acontecem e, também, um "porquê". São, já, domínios da análise e da interpretação – típicos, p. ex., da reportagem ou do inquérito, que, nem por isso, deixam de pertencer à Informação –, e, em termos gerais, da Opinião, a qual, partindo sempre do acontecido, dele se liberta paulatinamente. Vejamos as modalidades desta.

 

       OPINIÃO

       Qualquer assunto noticiado pode merecer uma tripla abordagem opinativa: editorial (da direcção), comentário (do jornalista ou editor) e opinião propriamente dita (de colaborador).

       O primeiro decorre de um estatuto editorial por que toda a publicação se rege. Assinado, ou não, pelo director e/ou director-adjunto, responsabiliza a linha do jornal.

       Carreados elementos informativos e argumentos clara e metodicamente expressos, toma-se uma posição, evitando transformá-lo em panfleto.

       Nasceu do artigo de fundo que inundava a primeira página na Imprensa oitocentista, maioritariamente votada à defesa do partido ou de famílias políticas, religiosas e outras. O redactor político, que não precisava de assinar, ascenderia, cedo ou tarde, a lugares de eleição.

       Hoje, pede-se verdade, isenção e objectividade, além de brevidade (alguém chega a propor uma média de 4 600 caracteres) e clareza. Caluniar ou difamar não constam do programa; e hemos de equacionar a relação público-privado, denunciando este se, de facto, vem reflectir-se negativamente na coisa pública.

       Há uma exposição sucinta do acontecimento confirmado, segue-se um desenvolvimento cartesiano que opera do mais simples para o mais complexo, desaguamos em conclusão não forçosamente unilateral ou dogmática.

       Para bom compreendedor, o colorido do tom e a veemência de algumas posições só por milagre, acaso ou grande arte não deitarão a perder a suposta objectividade. Mas é um horizonte a atingir.

       O comentário (em princípio, graficamente solto) do jornalista ou editor da página, precedido de breve análise e propostas de interpretação, é antecâmara de sentido para o editorial.

       Sem querer ludibriar o leitor, ou apertá-lo numa teia de posições alheias que o redactor toma como suas, passa-se tal responsabilidade para colaboradores regulares/episódicos, que marcarão o ponto de vista que, sempre dentro do estatuto editorial, entenderem marcar.

       Os equívocos e dados positivos que desta tripla conjugação aflorarem justificam a participação dos leitores, enquanto partes directa ou indirectamente interessadas.

       Para lá da secção própria de correspondência – desde as primeiras décadas de Oitocentos, e mesmo no espaço nobre do folhetim –, a publicação faz prova de isenção se do próprio corpo redactorial fizer emergir um jornalista provedor dos leitores (ombusdman), independente da direcção e administração.

       Neste quadro – quando não é a folha a motivá-la –, nasce uma forma rica e de largas tradições na Imprensa e na literatura que é a polémica, desembocando tantas vezes num registo "baixo".         Tivemos cinco grandes momentos nesse âmbito: a recepção setecentista ao Verdadeiro Método de Estudar, de Verney, e, com larguíssimo e fundamental desenvolvimento na Imprensa periódica, a polémica à volta da públicação do poema anti-ibérico D. Jaime (1862), de Tomás Ribeiro, que prenunciava a ruidosa Questão do Bom Senso e Bom Gosto (1865-66) e a dissolução das Conferências do Casino (1871). A derradeira seria a reacção popular e intelectual ao Ultimatum inglês de 1890.

       Entre os autores, Camilo Castelo Branco, multímodo colaborador de Imprensa, leva, por certo, a palma, seja pela quantiosa actividade neste domínio, seja pela virulência com que respondia aos detractores.

       Espécies da tipologia que avançamos são, pois, o artigo de análise e de opinião (se conseguirmos destrinçar entre ambos), o artigo de fundo propriamente dito (que não responsabiliza quanto o editorial), o apontamento, o bilhete, o eco - conforme a mancha gráfica se reduz e ganha em densidade, pessoalização, crítica e humor, mesmo.

       Estas serão devidas a gente da casa ou de fora, assinadas também por iniciais e, até, nomes enigmáticos (vejam-se os bilhetes de Vítor Direito na página 2 do Correio da Manhã, brevíssimos editoriais que já trazia da última página do antigo República, e o cortante Au Jour le Jour, antes, não-assinado, na primeira página do Monde, agora regressado à última sob nome factício).

       Já o colunismo, por seu lado, convida personalidades de fora, sendo mister referir o que decorre da crítica e da crónica.

       A crítica varia quanto à matéria (desportiva, tauromáquica, teatral, etc.; o mesmo se passa com a crónica) e quanto à sua formalização. Se descermos à particularidade literária, subdivide-se em mera impressão ou juízo de valor, em nota, recensão, ensaio, tratado, sistema.

       Há uma importância crescente nesta hierarquização, já com foros de revista literária e até universitária a partir da recensão: é preciso dizer do que consta a obra ou artigo em causa e questionar os pontos mais fracos, dando-lhes solução ainda que provisória. O ensaio também chega a ocupar as efémeras páginas de um diário; jamais os dois últimos.

       A crítica e a crónica tiveram uma infância jornalística próxima, que chegou a confundir-se. Muito ficaram a dever a outro espaço - aquele que, efectivamente, mais concorreu para que se fale em mass-media e que, hoje, ressurge de forma insuspeitada. Estamos a falar do folhetim.

       Pela sua importância, algumas breves palavras na próxima aula.



Oficina 3: redes sociais

1 Abril 2020, 12:00 Silvia Valencich Frota

Realização da terceira oficina, sobre o uso das redes sociais pelos veículos de comunicação analisados nas oficinas anteriores. Atividades realizadas:  descrição, interpretação e análise da linguagem.


Obs.: Aula ministrada na modalidade de ensino à distância. Número de ulilizadores da plataforma Moodle: 59